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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

18.4.11

17 de abril

17 de abril de 1996: 21 trabalhadores rurais foram assassinados no Massacre de Eldorado de Carajás (19 executados na hora e mais dois que não se recuperaram e morreram no hospital), em operação da Polícia Militar, no município de Eldorado dos Carajás, no Pará.

 

Depois de 15 anos de um massacre de repercussão internacional, o país ainda não resolveu os problemas dos pobres do campo, que continuam sendo alvo da violência dos fazendeiros e da impunidade da justiça.

 

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Leia depoimentos de intelectuais, artistas, dirigentes de movimentos sociais e partidos

sobre os 15 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás

 

ARTISTAS

 

Nos 15 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, eu espero que a primeira mulher presidente do país, Dilma Rousseff, tenha a sensibilidade de poder fazer com que o Poder Judiciário definitivamente possa fazer a reparação desse crime hediondo, que é a morte de 19 trabalhadores rurais. Esse criminosos devem ser punidos e deve haver a Reforma Agrária neste país. A sociedade brasileira espera uma satisfação do governo federal.

Leci Brandão, cantora e compositora sambista e deputada estadual em São Paulo (PcdoB)

 

Me dói amargamente ver a terra concentrada, devastada e improdutiva. Envenenada, queimada, exaurida. Me dói fundo saber da madrugada camponesa sem terra, sem trabalho, sem alimento. Eu quero ver chegar o dia da partilha, o cio da terra, a doçura do mel. Sigo sonhando com a terra dividida, ocupada pelas mãos que trabalham e transformam a vida, que alimentam. Que semeiam a esperança essencial à alma de ter terra, trabalho e pão!

Beth Carvalho, cantora e compositora sambista

 

Junto-me a todos os de bem que até hoje assistem assombrosamente o descaso com o massacre, essa impunidade, enfim, essa vergonha. Não podemos esquecer jamais que a "Curva do S" é apenas mais um dos muitos fatos que nos envergonham e que nossos ilustres não têm moral para resolver.

Marcos Winter, ator

 

Tentaram apagar da memória do povo, o massacre de Canudos, com o desvio das águas do rio que banhava a região, submergindo os escombros de morte e destruição que, ali se instalara, na luta entre jagunços e as forças militares, no alvorecer da República. Ledo engano: a natureza, a despeito do homem, teima, quando o nível das águas baixa, em mostrar às novas gerações, as provas do genocídio de irmãos, perpetrado por irmãos, patrocinado pelo Estado. Assim será com o "Massacre de Eldorado dos Carajás", onde 19 sem-terra, foram friamente assassinados por forças do Estado, em 17 de abril de 1996. Até que, finalmente se faça no Brasil, justiça no campo: a tão necessária e sonhada Reforma Agrária.

Osmar Prado, ator

 

Saúdo a memória dos mártires de Eldorado dos Carajás, com a confiança de que sua luta por justiça no campo será vitoriosa. A luta pelos direitos agrários está viva e forte em todas as Américas, como as recentes vitórias dos trabalhadores da Fazenda Imokolee, nos EUA, atestam. A terra nos dá o sustento e as pessoas que trabalham a terra são merecedoras de dignidade e respeito. Estou feliz em levar uma saudação de solidariedade a todos os nossos amigos, fãs, companheiros e o povo do Brasil no 17 de abril, o Dia Nacional de Luta por Reforma Agrária

Tom Morello, guitarrista da banda Rage Against the Machine

 

Defendo o MST e seus ideais que vão muito alem da questão da terra,fazendo com que mesmo que haja um dia a tão sonhada reforma agraria a sua existencia continuará sendo nesessária para o Brasil, América Latina e porque não dizer do Mundo!

MC Leonardo, funkeiro, presidente da Apafunk e colunista da Caros Amigos

 

É um CHOQUE nos depararmos com, passados 15 anos, não só permanecer impune o crime contra 19 trabalhadores rurais sem terra, em Eldorado de Carajás, como também a TROPA DE CHOQUE que permanece agindo em benefício da morte, por massacre, ou mais continuamente, por falta de terra e trabalho, que os latifundiários impõem à população lavradora brasileira. Não adianta argumentar que há muitos trabalhadores na agricultura empregados, pois a terra dos latifúndios é terra improdutiva, e a luta dos trabalhadores sem terra é para usar esta terra produzindo e dando alimento às suas famílias e a milhares de conterrâneos. Deixo este apelo às Autoridades de nosso Governo Federal, para honrar as vítimas deste massacre, dando claro julgamento aos autores e mandantes do crime, e ampliando a Reforma Agrária a quem, por direito, merece terra para trabalhar

Bete Mendes, atriz

 

Os mortos de Eldorado dos Carajás nos apontam a tragédia da concentração da terra no Brasil. Não há nenhuma possibilidade de justiça social sem uma reforma agrária que acabe com essa concentração. A criminalização dos movimentos sociais e, especialmente do MST nos mostra a lógica perversa do nosso país, onde as vítimas se tornam culpadas, até que provem o contrário. Se não estiverem mortas. Toda solidariedade aos mortos de Eldorado, às famílias das vítimas, aos companheiros de luta pela reforma agrária e ao MST.

Tuca Moraes, atriz, e Luiz Fernando Lobo, diretor, da Companhia Ensaio Aberto / RJ

 

Deixo registrada minha indignação contra a impunidade e a morosidade da Justiça em apurar as responsabilidades do crime do massacre de trabalhadores rurais em Eldorado de Carajás, em abril de 1996. Faz 15 anos que aconteceu esse deplorável crime no Pará e até agora nenhum responsável está preso. Eu tive experiência pessoal com esse grupo de pessoas. Em 96, eu apresentava um espetáculo no Pará, quando encontrei o padre Ricardo Resende. Íamos levar um trecho do espetáculo ao município de Rio Maria. No caminho, quando íamos pela estrada, avistamos o acampamento do MST. O padre Ricardo quis se aproximar. Nós fomos até a entrada do acampamento e encontramos um homem na portaria, um caboclo que tinha uma faca numa mão e um livro na outra. Perguntamos o que ele estava lendo. Ele disse que estava lendo um cabra muito bom, Nelson Rodrigues. Era uma peça do Nelson Rodrigues. Fomos convidados para entrar, assistamos uma reunião da cultura e do teatro e tivemos a oportunidade de conversa com a turma.

Cristiana Pereira, atriz

 

Fico chocada com os 15 anos do massacre de carajás, quando 19 trabalhadores perderam a vida. Até agora, não foram presos e devidamente punidos os culpados. Ficamos muito tristes. Se isso fosse uma vez só... Mas a impunidade continua em nosso país. As pessoas têm que compreender que o trabalho do MST é pra todos. Todos têm direito a ter uma terra, moradia e um trabalho. Quinze anos se passaram e não foi punido o governador, o chefe de polícia que deu a ordem para matar a queima roupa tantos trabalhadores. A gente fica muito triste, em saber que ainda hoje, no governo Dilma, ainda esses trabalhadores e essas famílias continuam sem uma resposta. O meu pedido, como cidadã e atriz, é para que haja uma resposta e o governo Dilma preste atenção e dê uma resposta a essas pessoas familiares. E que isso não mais se repita, que a gente não tenha nunca mais no Brasil um massacre como esse em Eldorado dos Carajás.

Priscila Camargo, atriz

 

INTELECTUAIS

 

Dentre as características marcantes da sociedade brasileira, ao longo dos seus cinco séculos de existência, nenhuma é mais evidente do que a impunidade das classes dirigentes, quando esmagam criminosamente a população pobre e indefesa. Tal como na época da escravidão e do regime militar de 1964 a 1985, no episódio do massacre dos Carajás a Justiça Brasileira acumpliciou-se com o crime politicamente organizado.

Fábio Konder Comparato, jurista e professor titular aposentado de direito da USP

 

Em 15 anos, devemos refletir criticamente sobre o Massacre de Eldorado de Carajás. Uma das lições que, a meu ver, podemos extrair é que a nossa classe dominante se mostra disposta a consultar especialistas (de jurídicos a agrimensores), desde que em momento algum perca o dominio sobre a situação no campoe impeça a Reforma Agrária.

Leandro Konder, filósofo

 

Nas sociedades modernas, nos últimos 200 anos, os trabalhadores sempre lutaram pela democracia e pela justiça social, ou por terra e salário. E foram sempre reprimidos, em certos momentos com violência e crueldade, como aconteceu em Eldorado de Carajás. Foram então derrotados, mas podem vencer e fazer avançar a liberdade e a igualdade quando se organizam para lutar como hoje o fazem em torno do MST.

Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista

 

Já se passaram 15 anos do Massacre de Eldorado de Carajás? Incrível como o tempo corre e o cenário de terra de ninguém não muda naquela região sem lei, sem justiça e cada vez mais sem esperança. A caminho de outras reportagens na Amazônia, passei algumas vezes pelo local da tragédia, e me lembrava do que aconteceu, das mortes em vão, da impunidade premiada. Pois era sempre a mesma paisagem humana de abandono em meio aos latifúndios que abriram pastos na mata, o boi expulsando o homem, a vida perdendo para a violência. Por que tem que ser assim? Até quando será assim?

Ricardo Kotscho, jornalista

 

A desigualdade social comprovada pela multidão de sem-terras do nosso país, com direito à vida, à liberdade, à reforma agrária, se reflete também no Poder Judiciário. À agilidade que ele usa para reprimir protestos massivos de movimentos sociais, corresponde a lerdeza e a injustiça com que dá andamento aos processos penais quando as vítimas são trabalhadores pobres sem-terra, deixando impunes os crimes como o do massacre de Eldorado de Carajás, ocorrido há quinze anos.

Jacques Alfonsin, procurador aposentado do Estado do Rio Grande do Sul.

 

Depois de 15 anos sem se fazer justiça às vítimas, às famílias e a toda a companheirada camponesa, o Massacre de Eldorado dos Carajás grita como uma dívida de sangue, de justiça nacional, pela realização de uma Reforma Agrária, que é causa prioritária do Brasil. Frente ao agronegócio latifundiário e depredador revindicamos, com os mártires de Eldorado dos Carajás, a agrovida ecológica e solidária.

Pedro Casaldàliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia – MT

 

O Brasil deveria reverenciar a memória dos mártires da chacina de Eldorado dos Carajás todos os anos, todos os meses, todos os dias. Só a lembrança permanente dos nomes dos mortos no massacre manterá aberta essa ferida e chamará a atenção da sociedade para um dos mais medievais sistemas fundiários do mundo.

Fernando Morais, jornalista e escritor

 

O massacre dos trabalhadores rurais em Eldorado dos Carajás não é diferente do comportamento que tem a burguesia em relação aos camponeses de todo o país. O único problema lá é que houve uma pequena resistência dos trabalhadores e a repressão veio com uma ferocidade total. Também não é fora do normal no país e impunidade das pessoas que ofendem os trabalhadores do campo. Ao contrário, essa é a regra. A regra neste país é que aqueles que massacram camponeses não sejam punidos. Esse país não é democrático nem civilizado. É um país selvagem e tirânico em relação aos pobres. É fundamental que esse episódio terrível não seja esquecido. É preciso que fique como um marco de luta dos trabalhadores e e de todos os democratas. O MST diz com muita propriedade que a reforma agrária é uma luta de todos. Quem se rebela contra Eldorado dos Carajás e quem apoia a Reforma Agrária não está lutando só pelos camponeses, mas está lutando por todos o país.

Plínio de Arruda Sampaio, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária

 

CENTRAIS SINDICAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS

 

No dia 17 de abril de 1996, eu estava no alojamento da FUP em Brasília batalhando pela lei de anistia aos punidos e aos Sindicatos, devido a perseguição sofrida por termos realizado a greve de 1995 contra a privatização da Petrobrás, quando recebemos um telefonema dos petroleiros do Pará relatando o massacre. Ficamos atônitos a que ponta chegava um estado privatizado aos interesses do latifúndio. De la para cá, muitas luta fizemos juntos. Enquanto brasileiro, me sinto orgulhoso da existência de um movimento com o MST em minha pátria. Somar forças com os companheiros Sem Terra é lutar pelas causas mais nobres de nossa gente. Viva a Reforma Agrária, viva os trabalhadores do campo e da cidade.

João Antonio de Moraes, Coordenador Geral da Federação Única dos Petroleiros e da Central Única dos Trabalhadores

 

Recordamos o massacre de Eldorado de Carajás, perpetrado há 15 anos e ainda hoje impune, como uma prova dolorosa do cenário de injustiça e perversidade que prevalece no campo brasileiro, dominado pelo latifúndio e o agronegócio, e um alerta à consciência de que é fundamental continuar a luta pela reforma agrária, bandeira histórica da classe trabalhadora e das forças progressistas brasileiras.

Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

 

O massacre de Eldorado de Carajás é um triste capítulo da história de violação dos direitos humanos no nosso País. É importante pensarmos que a ausência de uma efetiva política voltada para a justa distribuição de terras induz de forma perversa os conflitos no campo.É preciso sempre ressaltar a resistência dos trabalhadores que perderam suas vidas e lembrar que nossa luta continua em busca de sociedade mais justa, com a implantação de uma verdadeira reforma agrária com emprego e renda para todos.

Paulo Pereira da Silva (Paulinho), presidente da Força Sindical e deputado federal (PDT)

 

Não existirá democracia plena no Brasil sem que os massacres de trabalhadores rurais que lutam pela terra sejam esclarecidos e os seus responsáveis julgados e punidos. A impunidade no caso do massacre de Eldorado de Carajás serve de alerta para que a defesa da Reforma Agrária seja vista como parte fundamental da luta pela democracia.

Sérgio Leitão, diretor do Greenpeace

 

É muito triste vermos que a impunidade ainda existe. O Massacre de Eldorado de Carajás é um exemplo de que devemos, toda a sociedade, cobrar das autoridades competentes a punição dos culpados. Impunidade é injusta e gera violência. A luta do Movimento dos Sem Terra não é uma luta em vão. É um movimento muito sério, organizado e que tem uma pauta de reivindicação que é a diminuição da desigualdade entre pessoas que têm tanta terra e pessoas que não têm nada. Toda solidariedade ao MST.

Toni Reis, presidente da ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

 

PARTIDOS POLÍTICOS

 

Há 15 anos voei para Eldorado dos Carajás e junto com os Sem Terra choramos nossos mortos, ate hoje não se fez justiça, a luta pela terra continua, mas a memória dos que caíram vitimas da brutalidade e covardia da repressão clama por justiça. É chegada a hora de colocar um fim a impunidade que alimenta a sanha dos inimigos da reforma agrária, julgamento já.

José Dirceu, do diretório nacional do PT e ministro da Casa Civil no governo Lula

 

A estrutura da sociedade de classes percorre todas as relações políticas do Estado. Ou seja, sociedade de classes quer dizer justiça de classe, no nosso caso, a serviço da propriedade, isto é da classe dominante, dos ricos e dos poderosos. Por isso, a punição de pobres, negros, camponeses, trabalhadores, favelados e a impunidade dos senhores da terra, como demonstra o Massacre de Eldorado dos Carajás. Contra tudo isso luta o MST, e por isso sou seu aliado.

Roberto Amaral, vice-presidente do PSB – Partido Socialista Brasileiro e ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula

 

Na época em que aconteceu o massacre de Eldorado dos Carajás, eu era senadora da República. Eu pude acompanhar bem de perto tudo o que aconteceu. Foi uma atitude estarrecedora por parte dos policiais, que enfrentaram pessoas indefesas, massacrando e eliminando a vida de forma covarde. O massacre significou a mais dramática das denúncias da dívida histórica que o Brasil tem com a democratização da terra, para que as pessoas possam trabalhar e viver com dignidade. Com assistência técnica, crédito, meios de transporte da produção e inserção no mercado, os trabalhadores rurais terão vida digna. O massacre é uma denúncia dramática, radical, profunda da dívida histórica que o Brasil tem em relação à democratização da terra. A cada liderança assassinada é uma perda e não precisamos da eliminação de vidas inocentes em atos bárbaros de violência para sermos solidários e termos consciência.

Marina Silva, ex-senadora da República e ministra do Meio Ambiente no governo Lula

 

Já se foram 15 anos desde o massacre de Eldorado de Carajás! Ninguém está preso! Isso caracteriza uma afronta à nossa democracia e mostra que a luta contra a impunidade e contra a criminalização dos movimentos sociais continua atual e urgente. Nós do PCdoB apoiamos e participamos da luta em defesa da Reforma Agrária, pois um Brasil com crescimento e desenvolvimento só é possível com justiça e democracia no campo.

Manuela D' Ávila, deputada federal (PcdoB)

 

Este é um dos episódios mais absurdos da história da luta dos movimentos sociais no Brasil. O fato de até hoje ninguém ter sido condenado pelos assassinatos, que envolveram um governador de Estado, mostra que a Justiça é lenta demais em se tratando de trabalhadores. Tal impunidade, vergonhosa, é permissiva da violência que se perpetua no campo contra aqueles que se erguem e lutam por seus direitos. A Reforma Agrária é urgente e uma dívida histórica do Estado brasileiro com o seu povo.

Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL/SP

 

Há 15 anos, os assassinos dos 19 trabalhadores rurais sem terra, em Eldorado de Carajás - um dos episódios mais vergonhosos de nossa história - estão soltos e impunes. Nesses 15 anos, cresceu o agronegócio, devastando nossas florestas e nossa biodiversidade. E a reforma agrária anda para trás. No Brasil, o Estado é um aparelho da burguesia. O Código Penal só se aplica para os pobres. A justiça é uma justiça de classe.

Ivan Pinheiro, secretário-geral do PCB – Partido Comunista Brasileiro

 

A impunidade do massacre de Eldorado de Carajás envergonha a Nação. Perante a comunidade internacional, mas especialmente nossos sonhos de uma sociedade igualitária. Honrar a memória dos mártires é defender sua luta por reforma agrária, democracia e justiça social.

Renato Simões, do diretório nacional do PT

 

O massacre acontecido em 17 de abril de 1996 em Eldorado do Carajás deixou uma mancha de sangue na Mãe Terra.  Dezenove vidas ceifadas e tantas outras pessoas mutiladas pelas mãos daqueles que deveriam zelar pela segurança do povo. Estes assassinos continuam livres, dos mandantes aos executores. Fica ecoando o grito de protesto que não vai se calar jamais. O sangue que foi derramado naquelas terras é o mesmo que alimenta e fortalece a luta de milhares de famílias que continuam em busca da terra no Brasil.

Marcon – deputado federal (PT/RS)

 

O massacre de Eldorado dos Carajás é um triste episódio da história do Brasil. Como militante do MST, posso afirmar que outros massacres como este podem acontecer- como foi o caso de Felisburgo, em MG – caso não seja resolvido a questão da democratização da terra no nosso país. Os companheiros que tombaram são o símbolo da nossa resistência. Tentaram nos calar, mas continuaremos na linha de frente da luta pela reforma agrária, sem esmorecer jamais.

Valmir Assunção- deputado federal (PT/BA)

 

“Neste momento em que refletimos sobre os 15 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, quero reafirmar o meu compromisso com a luta pela terra e reiterar que reprovo toda e qualquer ação violenta do latifúndio no campo. É lastimável que ninguém esteja preso por tamanha brutalidade. A impunidade é um dos fatores de incentivo a violência. Que os 15 anos deste capítulo tão triste de nossa história sirvam de reflexão sobre a legítima luta dos trabalhadores rurais pela terra. O acesso a terra significa justiça social, por isso toda organização que prima pela garantia desse direito deve ser preservada em suas lutas e recebe de minha parte solidariedade”.

Ana Rita - senadora da República (PT-ES) e vice-presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal

 

(colaborou Danilo Augusto, Leandro Uchoas e Maria Mello)

http://www.mst.org.br/depoimentos-jornada-2011

 

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Jornada Nacional de Lutas 2011

 

Reivindicações

Com as lutas, cobramos do governo medidas de curto e médio/longo prazo para assentar as famílias acampadas e desenvolver os assentamentos, tendo como eixo quatro medidas:

1-Exigimos um plano emergencial do governo federal para o assentamento das 100 mil famílias acampadas até o final deste ano. Temos famílias acampadas há mais de cinco anos, vivendo em situação bastante difícil à beira de estradas e em áreas ocupadas, que são vítimas da violência do latifúndio e do agronegócio.

2-Até o meio do ano, queremos que o governo apresente um plano de metas de assentamentos em áreas desapropriadas até 2014.

3-Precisamos de um programa de desenvolvimento dos assentamentos, com investimentos públicos, crédito agrícola, habitação rural, educação e saúde. Os nossos assentados também passam por uma situação bastante difícil, com a falta de investimento público para crédito rural e infra-estrutura em áreas de reforma agrária, como casa, saneamento básico, escola e hospital.

4-Precisamos de medidas para garantir educação nos assentamentos, com a construção de escolas nos assentamentos (em todos os níveis, do infantil, passando pelo fundamental até o médio), um programa de combate ao analfabetismo e políticas para a formação de professores no meio rural.

 

Combate à pobreza

Um levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) aponta que a insegurança alimentar é maior na área rural do que na urbana. Enquanto 6,2% e 4,6% dos domicílios em área urbana apresentavam níveis moderado e grave de insegurança alimentar, respectivamente, na área rural as proporções foram de 8,6% e 7%.

A presidenta Dilma fez o compromisso de acabar com a pobreza no seu governo. Só é possível acabar com a pobreza com a realização da Reforma Agrária e políticas para o desenvolvimento dos assentamentos. A Reforma Agrária, casada com um programa de agroindustrialização da produção, é a resposta para enfrentar a pobreza, porque gera renda, cria empregos e aumenta a produção de alimentos.

 

Agroindústrias

Precisamos fortalecer os assentamentos consolidados, com a implementação de um programa de agroindústrias. Com a industrialização dos alimentos, a produção ganha valor agregado, elevando a renda das famílias. A criação das agroindústrias vai criar uma cadeia produtiva para a geração de empregos no campo. Há um grande potencial de criação de postos de trabalho, mas nossos assentados passam por uma situação bastante difícil, com a falta de investimento público para crédito rural e infra-estrutura em áreas de reforma agrária, como casa, saneamento básico, escola e hospital.

Defendemos uma linha de crédito especial para as famílias assentadas, para fomentar a produção de alimentos e garantir renda às famílias. O Pronaf é insuficiente para atender ao público da reforma agrária e da agricultura familiar, pois o volume de recursos não atende a todos os setores. Apenas 15% das famílias conseguem acessar o Pronaf, porque o programa não considera especificidades das áreas de reforma agrária. O agronegócio absorve a maior parte dos créditos agrícolas e não paga as suas dívidas. Desde 1995, os fazendeiros já renegociaram suas dívidas quatro vezes.

 

Contra os agrotóxicos

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2009. Mais de um bilhão de litros de venenos foram jogados nas lavouras, de acordo com dados oficiais. Os agrotóxicos contaminam a produção dos alimentos que comemos e a água (dos rios, lagos, chuvas e os lençóis freáticos) que bebemos. Mas os venenos não estão só no nosso prato.

Todo o ambiente, os animais e nós, seres humanos, estamos ameaçados. Os agrotóxicos causam: câncer, problemas hormonais, problemas neurológicos, má formação do feto, depressão, doenças de pele, problemas de rim, diarréia, vômitos, desmaio, dor de cabeça, problemas reprodutivos, contaminação do leite materno.

Precisamos de uma nova matriz de produção agrícola. O modelo do agronegócio se sustenta no latifúndio, na mecanização predadora, na expulsão das famílias do campo e no uso exagerado de agrotóxicos. Queremos a proibição do uso dos venenos. No lugar dos latifúndios, defendemos pequenas propriedades e Reforma Agrária.

Somos favoráveis ao “Desmatamento zero”, acabando com devastação do ambiente. Em vez da expulsão campo, políticas para geração de trabalho e renda para a população do meio rural. Novas tecnologias que contribuam com os trabalhadores e acabem com a utilização de agrotóxicos. Daí será possível um jeito diferente de produzir: a agroecologia.

 

http://www.mst.org.br/Jornada-Nacional-de-Lutas-pela-reforma-agraria-2011]

 

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Outras noticias:

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz