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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

31.3.14

Brasil, Argentina e o Cone Sul - Carta Maior

Colunista 
30/03/2014 - Copyleft




Brasil, Argentina e o Cone Sul

Todo e qualquer sucesso dessa nova aliança entre Brasil e Argentina, será sempre considerado como uma linha vermelha para os interesses dos Estados Unidos


A extensão da bacia hidrográfica Rio do Prata, e a imensa fertilidade de suas terras, explicam, em boa medida,  a importância estratégica do Cone Sul, dentro do sistema internacional. A Bacia do Prata, constitui uma região geoeconômica plana, contínua e relativamente homogênea, que atravessa fronteiras e integra partes importantes dos territórios, argentino, uruguaio, paraguaio e boliviano, e do próprio território brasileiro, banhado pelo Rio Paraná,  e pelos seus afluentes, Parnaíba, Grande, Tietê e Paranapanema. 
 
Essa região de enorme potencial econômico, foi transformada num só tabuleiro geopolítico, pelas “guerras de independência”, e pelas “guerras platinas”, que se sucederam até a segunda metade do século XIX, culminado com a Guerra do Paraguai, que marca o início da competição secular entre a Argentina e o Brasil, pelo controle do Cone Sul. 
 
Um século, exatamente, em que a Argentina se transformou no primeiro grande “milagre econômico” da América do Sul, entre 1870 e 1940; e em que o Brasil  se transformou no segundo grande “milagre econômico” do continente, entre 1937 e 1980, completando ao final, mais de cem anos de alto crescimento contínuo, dentro de uma mesma região, algo absolutamente incomum  na história do desenvolvimento capitalista.

O “take off” do “milagre econômico” argentino ocorreu  logo depois da Guerra do Paraguai, e da unificação definitiva do estado argentino, na década de  1860, e obedeceu à uma  estratégia  geopolítica claramente expansiva e de disputa pela hegemonia do Cone Sul, com o  Brasil e  o Chile.  Essa estratégica orientou, desde o início, as guerras argentinas de conquista territorial do oeste e do sul, assim como seu desenvolvimento econômico e sua aliança quase incondicional com a Inglaterra.
 
Entre 1870 em 1930, a economia argentina cresceu à uma taxa média anual de cerca de 6%, e no início do século XX,  a Argentina havia se transformado no país mais rico do continente sul-americano, e na sexta ou sétima economia mais rica do mundo, com uma renda per capita que era quatro vezes maior que a dos brasileiros, e quase o dobro da dos norte-americanos, naquele momento. Nessa hora, a Argentina teve todas as condições para se transformar na potência hegemônica da América do Sul, e numa importante potência econômica mundial.
 
Mas não foi isto que aconteceu,  depois de 1940, quando a Argentina entrou num longo processo entrópico de divisão social, e crise política crônica, ao não conseguir se unir em torno de uma nova estratégia adequada ao contexto geopolítico e econômico criado pelo fim da II Grande Guerra, pelo declínio da Inglaterra, e pela nova supremacia mundial dos Estados Unidos. 
 
Como se fosse uma sequência ou consequência quase direta dessa desaceleração argentina, o Brasil viveu o seu próprio “milagre econômico” -  entre 1937 e 1980 -  orientado por uma estratégia igual e contrária, de resposta e superação do desafio argentino, através de uma política de rearmamento das Forças Armadas, e de desenvolvimento e industrialização da economia brasileira. Essas ideias foram elaboradas e amadurecidas durante as duas primeiras décadas do século XX, mas só foram implementadas de forma sistemática e consistente  a partir da década de 30, quando a economia brasileira cresceu à uma taxa media anual de 7%,  ultrapassando a Argentina e transformando-se na principal economia da América do Sul.
 
Mas esse quadro favorável e de crescimento  contínuo foi alterado pela crise econômica e pelas mudanças geopolíticas da década de 70, quando o governo  brasileiro foi obrigado a redefinir sua estratégia de inserção internacional, e  sua própria política de desenvolvimento econômico. Foi nesse momento que governo militar do General Geisel  propôs a transformação do Brasil numa “potência intermediária”, e num “capitalismo de estado”. Mas esse projeto dos militares brasileiros foi atropelado pela política externa, e pela política econômica internacional dos Estados Unidos, e pela oposição de uma parte das elites que haviam apoiado o regime militar.

Nessa história, o importante entender que os “milagres econômicos” da Argentina e do Brasil, nos séculos XIX e XX,  foram orientados por duas estratégias opostas de competição econômica e militar, pela hegemonia do Cone Sul. Essas estratégias foram formuladas internamente, mas acabaram sendo estimuladas e instrumentalizadas pela Inglaterra e pelos EUA,  como forma de equilibrar as forças e neutralizar o poder expansivo do próprio Cone Sul.  Desse ponto de vista, o novo projeto do Brasil e da Argentina, de construção de uma “zona de co-prosperidade” e de um bloco de poder sul-americano, é, de fato, uma revolução, na história do Cone Sul. Mas trata-se de uma estratégia que só poderá ter sucesso no longo prazo, e que enfrentará uma  oposição externa e interna, ferrenha e permanente, dos EUA e dos partidários locais do “cosmopolitismo de mercado”.
 
Nesse ponto não há como enganar-se: todo e qualquer sucesso dessa nova aliança, e dessa nova política do Brasil e da Argentina, será sempre considerado como uma “linha vermelha”, para os interesses dos EUA e de sua rede de apoios dentro continente, defensora da submissão estratégica e econômica da América do Sul à politica internacional dos Estados Unidos.


http://www.cartamaior.com.br/?%2FColuna%2FBrasil-Argentina-e-o-Cone-Sul%2F30603

MNDH :: MANIFESTO CONTRA A DITADURA

MANIFESTO CONTRA A DITADURA





















"50 anos do Golpe Militar"

 

Em 1964, há 50 anos, as forças retrógradas e militares golpistas mergulharam o Brasil em um longo período de trevas, institucionalizando uma política do terror e do medo.

Conspiraram  contra a vida, a dignidade dos brasileiros e brasileiras, contra os direitos humanos e acabaram com os direitos constitucionais.

Adotaram uma política de Estado que atentou contra as organizações democráticas de representatividade social, política, partidária, educacional, cultural, religiosa e sindical, impedindo qualquer tipo de contestação ao Regime Militar, punindo com leis de exceção, prisões, tortura e morte a todos que se insurgissem.

As consequências políticas destas agressões Ditatoriais impactou a estrutura social, cultural e política do Brasil, impondo à sociedade políticas sociais excludentes de degradação dos direitos políticos e sociais, privilegiando setores conservadores com fortes alianças ao capital internacional estadunidense. Transformaram o Pais numa escória da cadeia produtiva das multinacionais.

Milhares de democratas e militantes políticos e lideranças sociais que romperam com os limites impostos pelos ditadores de plantão e enfrentaram o terrorismo estatal, lutando pelas liberdades democráticas, por direto de organização e de expressão, por uma constituinte, por um estado democrático de direito e um novo modelo político econômico social, foram vitimas da tortura e da barbáries praticadas nos porões das repartições policiais pelos agentes da ditadura. Foram perseguidos, presos, torturados e executados, alguns sequer tiveram direito a cerimônias fúnebres, direito sagrado reconhecido universalmente.

O legado da Ditadura Militar foi uma cultura marcada pela violência, uma estratificação social permeada pela desigualdade e ausência de direitos, onde o cidadão era tratado como objeto e não como sujeito central das ações das políticas públicas. A essência do poder estatal ditatorial era a arbitrariedade e autoritarismo.

O MNDH que surgiu em 1982, acumulando a história da resistência e da luta pela anistia ampla geral e irrestrita, seguiu neste últimos 32 anos a luta pela construção de um Estado Democrático de Direito, que culminou na Constituição de 1988, vem lutando para que o Brasil ainda faça sua Justiça de Transição no processo de consolidação da democracia.

A pela luta da memória e verdade vem contribuindo para que o legado do terror estatal seja percebido nos fenômenos sociais de violência, sobretudo do Estado Brasileiro, com intuito de, a partir da análise histórica e seus efeitos, indicar o caminho da luta para erradicar o autoritarismo do estado, dando lugar à democracia e à ampla participação social e política; erradicar a violência estatal, firmando a cultura aos direitos humanos e suas diretrizes nas políticas públicas; erradicar a desigualdade social-econômica dando lugar a igualdade de direitos e acesso universal de todos e todas à moradia, saúde, educação, cultura, terra, trabalho, lazer, assistência, etc; erradicar o preconceito dando lugar ao pluralismo e respeito às diferenças e à diversidade da condição humana; erradicar o desenvolvimentismo dando lugar à reestruturação agrária, manutenção e garantias para as comunidades tradicionais indígenas e quilombolas e distribuição de renda equitativa.

NOSSA LUTA

Neste 1º de abril de 2014, nos 50 anos do golpe militar, o MNDH reafirma e reforça suas posições:

·          Pela reforma política que garanta a ampla participação política, alargando a democracia do Estado Brasileiro, garantindo um estado laico e republicano;

·          Pela imediata e irrestrita implementação do PNDH III em todas as instâncias do Executivo e nas políticas públicas.

·          Pelo fim da militarização da justiça e segurança pública;

·          Pela imediata erradicação das práticas de torturas nas delegacias, presídios, sistema sócio educativo de privação de liberdade, hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas;

·          Pelo fim dos extermínios dos jovens e imediata operações contra grupos de execução sumária;

·          Pela implementação da educação popular de direitos humanos geral e irrestrita, formal e não formal;

·          Pelo fim de projetos de grandes obras que afetam o meio ambiente e direitos de moradia, revisando investimentos e obras em mega eventos internacionais como Olimpíadas e Copa do Mundo que violem direitos humanos;

·          Pela retirada do projeto de lei anti-terrorismo que criminaliza manifestações públicas e militantes políticos, que atuam contra a Copa do Mundo, para não recriarmos estado de exceção;

·          Pelo integral cumprimento das recomendações da ONU ao Brasil em 2007, da agenda de direitos humanos; 

                Por fim repudiamos toda e qualquer tentativa que hoje, sob qualquer denominação, tente reeditar manifestações retrógradas da sociedade brasileira, articuladas escandalosamente com organizações golpistas, fascistas e de mídia (PIG), numa tentativa de rearticular setores sociais sugestionáveis e religiosos, criando uma forte opinião pública de retrocesso, favorável a um Golpe Militar.

 

DIREITOS HUMANOS JÁ, DITADURA NUNCA MAIS!!!

MOVIMENTO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS
Luta pela Vida, Contra a Violência



http://www.mndh.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3515&Itemid=56

O dia de hoje exige que nos lembremos e contemos o que aconteceu, afirma Dilma » Blog do Planalto

Segunda-feira, 31 de março de 2014 às 12:36

O dia de hoje exige que nos lembremos e contemos o que aconteceu, afirma Dilma


Em cerimônia no Palácio do Planalto, Dilma lembra do golpe militar de 1964:

https://www.youtube.com/watch?v=I-C9QwoI6NA#t=52


A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (31), ao referir-se ao golpe militar de 1964, que o dia de hoje exige que nos lembremos e contemos o que aconteceu. Dilma lembrou que 50 anos atrás o Brasil deixou de ser um país de instituições ativas, independentes e democráticas e que por 21 anos nossa liberdade e nossos sonhos foram calados, mas que graças ao esforço de todas as lideranças do passado, dos que vivem e dos que morreram, foi possível ultrapassar os 21 anos de ditadura.

“O dia de hoje exige que lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos que morreram e desapareceram, aos torturados e perseguidos, a suas famílias, a todos os brasileiros. Lembrar e contar faz parte de um processo muito humano, desse processo que iniciamos com as lutas do povo brasileiro, pela anistia, Constituinte, eleições diretas, crescimento com inclusão social, Comissão Nacional da Verdade, todos os processos de manifestação e democracia que temos vivido ao longo das últimas décadas. Um processo que foi construído passo a passo, durante cada um dos governos eleitos depois da ditadura”.

Dilma afirmou que o Brasil aprendeu o valor da liberdade, de Legislativo e Judiciário independentes e ativos, da liberdade de imprensa, do voto secreto, de eleger governadores, prefeitos, um exilado, um líder sindical, que foi preso várias vezes, e uma mulher também que foi prisioneira.

“A grande Hanna Arendt escreveu um dia que toda dor humana pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história. A dor que nós sofremos, as cicatrizes visíveis e invisíveis que ficaram nesses anos, elas podem ser suportadas e superadas porque hoje temos uma democracia sólida e podemos contar nossa história. Como eu disse, nesse Palácio, repito, há quase dois anos atrás, quando instalamos a Comissão da Verdade, eu disse: se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulos, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca, mas nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem da voz à história são os homens e as mulheres livres que não têm medo de escrevê-la. E acrescento: quem dá voz à história somos cada um de nós”.


http://blog.planalto.gov.br/o-dia-de-hoje-exige-que-nos-lembremos-e-contemos-o-que-aconteceu-afirma-dilma/

Senadores pedem revisão da Lei da Anistia em sessão para lembrar o golpe de 1964 « Sul 21 Sul 21

Data:31/mar/2014, 13h44min

Senadores pedem revisão da Lei da Anistia em sessão para lembrar o golpe de 1964


Carolina Gonçalves
Agência Brasil 

Senadores que integram a subcomissão da Memória, Verdade e Justiça afirmaram nesta segunda-feira (31) que vão apoiar o movimento pela coleta de assinaturas para a revisão da Lei da Anistia. A campanha, que está sendo organizada pela Anistia Internacional, começa nesta terça-feira (1º), com uma petição online para que casos de tortura, assassinato e estupro sejam considerados crimes contra a humanidade.

A colaboração dos parlamentares foi anunciada durante uma sessão do Senado marcada para lembrar os 50 anos do golpe militar de 1964. No evento, o senador João Capiberibe (PSB-AP), autor do requerimento para que a solenidade ocorresse, disse que o país tem hoje mais liberdade para tratar sobre os crimes praticados na época, mas alertou que é preciso continuar desvendando fatos e punindo criminosos.

“As oportunidades de informar a sociedade sobre o golpe e suas consequências foram raras ao longo dos últimos 50 anos. Pela primeira vez estou sentindo que a comunicação está fluindo e a população tem a oportunidade de saber de fato o que aconteceu. Havia denúncias de pessoas presas, torturadas, exiladas, corpos desaparecidos, mas não havia debate amplo. A imprensa não informava com a liberdade que está informando hoje”, afirmou.

Capiberibe lembrou que a divulgação da verdade sobre os fatos que marcaram os anos de chumbo é fundamental para que a democracia seja fortalecida. “Os desaparecidos não são apenas os políticos. Temos milhares de Amarildos. A maioria deles desaparecidos depois de presos por agentes do Estado. Para acabar com isto e essa insegurança é necessário rever a Lei da Anistia, punir os torturadores do passado e combater os torturadores do presente”, explicou.

O senador lembrou que foi preso, torturado e conseguiu fugir da prisão, ficando nove anos exilado. “Nossas lembranças são muito duras e não queremos que isso se repita. Por isso fazemos o esforço de trazer para as gerações do presente a história desse país”, disse. Capiberibe defendeu que as próprias Forças Armadas dêem início a um debate aprofundado sobre os crimes cometidos na época. “Os que estão hoje no comando não têm as mãos sujas do sangue do povo brasileiro, então eles têm a obrigação de rever historicamente esse comportamento do Exército, Marinha e Aeronáutica que estavam sob comando político. A tortura era determinação política de quem comandava o país naquele momento”, afirmou.

Randolfe Rodrigues (AP), líder do PSOL, criticou a posição defendida por um grupo de brasileiros que aponta conquistas do período da ditadura e a Marcha da Família, realizada há uma semana, em que manifestantes exaltaram o regime militar. “A ditadura criou uma das maiores concentrações de renda da América Latina, destruiu famílias brasileiras e produziu um país de desigualdade que mesmo os anos de redemocratização não conseguiram reconstruir. O bolo econômico só serviu para criar uma legião de miseráveis e de analfabetismo”, afirmou.

Líder do PSB, o senador Rodrigo Rollemberg (DF) também destacou a importância do período militar ser lembrado “para que o Brasil não mais seja governado por uma ditadura”. Rollemberg lembrou que recentemente o Congresso aprovou leis importantes como a da ficha limpa e a de acesso à informação, mas, segundo ele, os parlamentares precisam se voltar agora para aprofundar ainda mais a democracia no país. “Temos que refletir o que precisamos fazer para aprofundar essa democracia. O que fazer para aproximar a política da população quando vivemos uma grave crise do modelo de representação do país”, disse.

Os 50 anos do golpe militar também serão lembrados com uma série de eventos na Câmara ao longo da semana. Amanhã (1º), Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart, é a principal convidada de uma sessão solene sobre a data. A cassação de João Goulart foi um marco inicial para o início da ditadura.

Além da solenidade e de exposições montadas para lembrar o regime militar, deputados esperam ouvir na quarta-feira (2) o general reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham sobre a prisão, tortura, morte e ocultação de cadáver do ex-deputado federal Rubens Paiva que foi cassado após o golpe militar de 1964, ficou exilado por um período e quando retornou ao Brasil, em 1971, foi preso. Paiva morreu no dia 21 de janeiro.

Belham, que comandava o Destacamento de Operações e Informações (DOI), onde Paiva ficou preso, é apontado como um dos responsáveis pelo desaparecimento do cadáver do ex-parlamentar.

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http://www.sul21.com.br/jornal/senadores-pedem-revisao-da-lei-da-anistia-em-sessao-para-lembrar-o-golpe-de-1964/

hoje inicia o ciclo de debates, em Caxias!

Ciclo de Debates -
50 anos do Golpe Civil-Militar no Brasil: História e Memória

De 31 de março a 2 de abril de 2014

  • 31 de março - Segunda-feira 
    17h - Vídeodebate: O Dia que Durou 21 Anos 
    19h40min - 1964-2014: História e Ensino de História - Eloísa Capovilla da Luz Ramos - UNISINOS 
    Local: UCS Cinema - Cidade Universitária

  • 1º de abril - Terça-feira 
    19h40min - Entre Vínculos Afetivos e Políticos: as Mulheres e a Luta pela Anistia - Mariluci Cardoso de Vargas - UFPel 
    Local: Auditório do Bloco H - Cidade Universitária

  • 2 de abril - Quarta-feira 
    17h - Vídeodebate: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias 
    Local: UCS Cinema - Cidade Universitária 
    19h40min - Arquivos da Repressão: Acesso, Desafios e Perspectivas - Ananda Fernandes Simões - Arquivo Histórico do RS 
    Local: Auditório do Bloco H - Cidade Universitária

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Central de Atendimento - Telefones: (54) 3218-2800 - (54) 3218-2152 - (54) 3218-2322


 

30.3.14

A grande mídia e o golpe de 64 - Carta Maior

29/03/2014 - Copyleft

A grande mídia e o golpe de 64

Não são poucos os atores envolvidos no golpe - ou seus herdeiros - que continuam vivos e ativos. Algumas instituições continuam presas ao seu passa


Venício A. de Lima

Arquivo Carta Maior

No debate contemporâneo sobre a relação entre história e memória, argumenta-se com propriedade que a história não só é construída pela ação de seres humanos em situações específicas como também por aqueles que escrevem sobre essas ações e dão significado a elas. Sabemos bem disso no Brasil.

Ao se aproximar dos 50 anos do 1º de abril de 1964 e diante de tentativas recentes de revisar a história da ditadura e reconstruir o seu significado através, inclusive, da criação de um vocabulário novo, é necessário relembrar o papel – para alguns, decisivo – que a grande mídia desempenhou na preparação e sustentação do golpe militar.

Referência clássica
A participação ativa dos grandes grupos de mídia na derrubada do presidente João Goulart é fato histórico fartamente documentado. Creio que a referência clássica continua sendo a tese de doutorado de René A. Dreifuss (infelizmente, já falecido), defendida no Institute of Latin American Studies da University of Glasgow, na Escócia, em 1980 e publicada pela Editora Vozes sob o título “1964: A Conquista do Estado” (7ª. edição, 2008).

Através das centenas de páginas do livro de Dreifuss o leitor interessado poderá conhecer quem foram os conspiradores e reconstruir detalhadamente suas atividades, articuladas e coordenadas por duas instituições, fartamente financiadas por interesses empresariais nacionais e estrangeiros (“o bloco multinacional e associado”): o IBAD, Instituto Brasileiro de Ação Democrática e o IPES, Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais.

No que se refere especificamente ao papel dos grupos de mídia, sobressai a ação do GOP, Grupo de Opinião Pública ligado ao IPES e constituído por importantes jornalistas e publicitários. O capítulo VI sobre “a campanha ideológica”, traz ampla lista de livros, folhetos e panfletos publicados pelo IPES e uma relação de jornalistas e colunistas a serviço do golpe em diferentes jornais de todo o país. Além disso, Dreyfuss afirma (p. 233):

O IPES conseguiu estabelecer um sincronizado assalto à opinião pública. Através de seu relacionamento especial com os mais importantes jornais, rádios e televisões nacionais, como: os Diários Associados, a Folha de São Paulo, o Estado de São Paulo (...) e também a prestigiosa Rádio Eldorado de São Paulo. Entre os demais participantes da campanha incluíam-se (...) a TV Record e a TV Paulista (...), o Correio do Povo (RS), O Globo, das Organizações Globo (...) que também detinha o controle da influente Rádio Globo de alcance nacional. (...) Outros jornais do país se puseram a serviço do IPES. (...) A Tribuna da Imprensa (Rio), as Notícias Populares (SP).

Vale lembrar às gerações mais novas que o poder relativo dos Diários Associados no início dos anos 60 era certamente muito maior do que o das Organizações Globo neste início de século XXI. O principal biógrafo de Assis Chateaubriand afirma que ele foi “infinitamente mais forte do que Roberto Marinho” e “construiu o maior império de comunicação que este continente já viu”.

A visão do USIA
Há outro estudo, menos conhecido, que merece ser mencionado. Trata-se de pesquisa realizada por Jonathan Lane, Ph. D. em Comunicação por Stanford, ex-funcionário da USIA, United States Information Agency no Brasil, publicado originalmente no Journalism Quarterly, (hoje Journalism & Mass Communication Quarterly), em 1967, e depois no Boletim n. 11 do Departamento de Jornalismo da Bloch Editores, em 1968, (à época, editado por Muniz Sodré) sob o título “Função dos Meios de Comunicação de Massas na Crise Brasileira de 1964”.

Lane enfatiza a liberdade de imprensa existente no país e a pressão exercida pelo governo sobre os meios de comunicação utilizando os recursos a seu dispor (empréstimos, licenças para importação de equipamentos, publicidade, concessões de radiodifusão e “recursos de partidos comunistas”). A grande mídia, no entanto, resiste, até porque “o governo não é a única fonte de subsídio com que contam os jornais. Existem outras, interesses conservadores, econômicos e políticos que controlam bancos ou dispõem de outros capitais para influenciar os jornais” (p. 7).

O autor, curiosamente, não menciona o IBAD ou o IPES e conclui que as ações do governo João Goulart e da “esquerda” retratadas nos meios de comunicação provocaram um “desgaste da antiga ordem baseada na hierarquia e na disciplina” que se tornou “psicologicamente insuportável” para os chefes militares e para a elite política, levando, então, ao golpe. 

O artigo de Lane, no entanto, traz um importante conjunto de informações para se identificar a atuação da grande mídia. Tomando como exemplo a cidade do Rio de Janeiro - “o centro de comunicações mais importante” – afirma:

“Apesar das armas à disposição do governo, Goulart passou um mau bocado com a maior parte da imprensa. A maioria dos proprietários e diretores dos jornais mais importantes são homens (e mulheres) de linhagem e posição social, que freqüentam os altos círculos sociais de uma sociedade razoavelmente estratificada. Suas idéias são classicamente liberais e não marxistas, e seus interesses conservadores e não revolucionários” (p. 7).

No que se refere aos jornais, Lane chama atenção para a existência dos “revolucionários”, de circulação reduzida, como Novos Rumos, Semanário e Classe Operária (comunistas) e Panfleto (Brizolista). O mais importante jornal de “propaganda esquerdista” era Última Hora, “porta-voz do nacionalismo-esquerdista desde o tempo de Vargas”. Já “no centro, algumas apoiando Jango, outras censurando-o, estavam os influentes Diário de Notícias e Correio da Manhã”. E continua:

“Enfileirados contra (Jango) razoavelmente e com razoável (sic) constância, encontravam-se O Jornal, principal órgão da grande rede de publicações dos Diários Associados; O Globo, jornal de maior circulação da cidade; e o Jornal do Brasil, jornal influente que se manteve neutro por algum tempo, porém opondo forte resistência a Goulart mais para o fim. A Tribuna da Imprensa, ligada ao principal inimigo político de Goulart, o governador Carlos Lacerda, da Guanabara (na verdade, a cidade do Rio de Janeiro), igualmente se opunha ferrenhamente a Goulart” (pp. 7-8).

Quanto ao rádio e à televisão, Lane explica:

“Cerca de metade das estações de televisão do país são de propriedade da cadeia dos Diários Associados, que também possui muitas emissoras radiofônicas e jornais em várias cidades. (...) Os meios de comunicação dos Diários Associados, inclusive rádio e tevê, empenharam-se numa campanha coordenada contra a agitação esquerdista, embora não contra Goulart pessoalmente, nos últimos meses que antecederam ao golpe” (p. 8).

Participação ativa
A pequena descrição aqui esboçada de dois estudos que partem de perspectivas teóricas e analíticas radicalmente distintas não deixa qualquer dúvida sobre o ativo envolvimento da grande mídia na conspiração golpista de 1964. 

A relação posterior com o regime militar, sobretudo a partir da vigência da censura prévia iniciada com o AI-5, ao final de 1968, é outra história. Recomendo os estudos de Beatriz Kushnir, “Cães de Guarda – Jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1988” (Boitempo, 2004) e de Bernardo Kucinski, “Jornalistas e Revolucionários nos tempos da imprensa alternativa” (EDUSP, 2ª. edição 2003).

As Organizações Globo merecem, certamente, um capítulo especial. Elio Gaspari refere-se ao “mais poderoso conglomerado de comunicações do país” como “aliado e defensor do regime” (Ditadura Escancarada, Cia. das Letras, 2004; p. 452). 

Em defesa da democracia
Não são poucos os atores envolvidos no golpe de 1964 – ou seus herdeiros – que continuam vivos e ativos. A grande mídia brasileira, apesar de muitas e importantes mudanças, continua basicamente controlada pelos mesmos grupos familiares, políticos e empresariais. 

O mundo mudou, o país mudou. Algumas instituições, no entanto, continuam presas ao seu passado. Não nos deve surpreender, portanto, que eventualmente transpareçam suas verdadeiras posições e compromissos, expressos em editoriais, notas ou, pior do que isso, disfarçados na cobertura jornalística cotidiana.

Tudo, é claro, sempre feito “em nome e em defesa da democracia”.

Por todas essas razões, lembrar e discutir o papel da grande mídia na preparação e sustentação do golpe de 1964 é um dever de todos nós.
____________

 

Matéria originalmente publicada em 13 de março de 2009.

Créditos da foto: Observatório de Imprensa


http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FMidia%2FA-grande-midia-e-o-golpe-de-64%2F12%2F30600



50 anos do golpe civil-militar > debate e filmes, em Caxias!

50 ANOS DO GOLPE CIVIL-MILITAR NO BRASIL: HISTÓRIA E MEMÓRIA
de 31 de março à 2 de abril, na UCS | Caxias do Sul


31 de março, segunda, 19h40 > UCS Cinema
1964 - 2014: HISTÓRIA E ENSINO DE HISTÓRIA
> Eloísa Capovilla da Luz Ramos (UNISINOS)


1 de abril, terça, 19h40 > auditório Bloco H
ENTRE VÍNCULOS E POLÍTICAS: AS MULHERES E A LUTA PELA ANISTIA"
> Mariluci Vargas (UFPel)


2 de abril, quarta, 19h40 > auditório Bloco H
ARQUIVOS DA REPRESSÃO: ACESSO, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
> Ananda Fernandes Simões (Arquivo Histórico do RS)


Vídeo-debate, no ‪#‎UCSCinema‬:
1 de abril, 17h :: O DIA QUE DUROU 21 ANOS
2 de abril, 17h :: O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS


Inscrições no local, válido como atividades complementares (20 horas)


Universidade de Caxias do Sul > Centro de Ciências Humanas
Mestrado Profissional em História > Curso de História

http://naehucs.blogspot.com.br/2014/03/evento-do-curso-de-historia-50-anos-do.html




Em 2014, o Brasil lembra os 50 anos do Golpe Militar

#Ditadura #GolpeDe64 #50AnosDoGolpe

Para entender o que aconteceu na ditadura é importante assistir os programas que estão sendo transmitidos pela TV Brasil, especialmente #ResistiréPreciso, Caminhos da Reportagem e Advogados contra Ditadura, e na semana que vem Militares Da Democracia - Militares que resistiram ao Golpe de 64! Além dos programas disponibilizados em uma página especial no
Portal EBC, que reportagens e conteúdos multimídia sobre esse capítulo da nossa história (para acessá-la, clique em: http://www.ebc.com.br/50anosdogolpe). Ou ainda, os programas da TVE RS, como o Cidadania da TVE (Bloco 1 - http://goo.gl/lfGtm7 | Bloco 2 - http://goo.gl/QO2auv). Todos excelentes programas, que esclarecem o terror vivido no Brasil a partir do #GolpeMilitarde64.

Ademais, acredito que as pessoas que não condenam a #ditadura, iniciada com o #Golpede64, apoiam um regime que agiu de forma terrorista, sem nenhuma humanidade.

Por fim, o mais lamentável é que muitas pessoas não percebam as atuais movimentações golpistas dos mesmos setores militar, empresarial e da grande mídia (que apoiaram a ditadura), contra os governos democráticos e progressistas que existem hoje no mundo.

Muita #indignação pelos que não entendem o que foi a ditadura e não respeitam as pessoas que lutaram, e muitas morreram ou foram desaparecidas, na luta pela #liberdade. Para esses, lembro da poesia de Bertold Brecht:

INTERTEXTO
Bertold Brecht

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

29.3.14

Aliado histórico de Marina abandona Rede e diz ter feito “papel de bobo” | bloglimpinhoecheiroso


Aliado histórico de Marina abandona Rede e diz ter feito "papel de bobo"

O ex-deputado Luciano Zica, próximo de Marina desde a época de Ministério do Meio Ambiente, que deixou o projeto da Rede. Foto de Moacyr Lopes Junior/Folhapress.

Paulo Gama, via Folha on-line

Próximo de Marina Silva desde a época do Ministério do Meio Ambiente, o ex-deputado federal Luciano Zica é a primeira baixa entre aliados históricos da ex-senadora por causa da filiação dela ao PSB. Zica decidiu abandonar o projeto de criação da Rede Sustentabilidade.

"Nossa proposta era a de fazer da política uma nova política. E o PSB não tem métodos menos velhos que os outros partidos", afirmou à Folha.

Então filiado ao PT, Zica foi secretário nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente na gestão Marina (2003-2008). Trocou o partido pelo PV junto com a ex-senadora, em 2009. Foi um dos coordenadores da campanha presidencial de Marina em 2010 e, com a saída dela do PV, passou a articular a Rede em São Paulo.

Apesar de não ter cargo na coordenação estadual, Zica era um dos responsáveis pela articulação da Rede com prefeitos, vereadores e deputados. Ele diz que sentiu ter feito "papel de bobo" ao tentar convencer possíveis aliados sobre a "nova política".

"Passei meio de bobo na história. Não que eu não seja, mas não precisava ficar tão evidente", queixa-se. "Gastei recursos, energia, tempo na perspectiva de que as discussões se dessem de maneira minimamente horizontal, mas na decisão mais importante vem uma pancada, uma decisão profundamente equivocada. Era uma coisa patética ver aquele ato de sábado. Acho que nenhum dos dois [Marina e Eduardo Campos] estava acreditando muito nisso", afirma.

Ele diz que tentou falar com Marina "duas ou três vezes pelo telefone" depois da decisão da Justiça Eleitoral que rejeitou o registro da Rede, na quinta-feira, dia 3, à noite, mas diz não ter sido atendido. Depois disso, tomou a decisão de deixar a Rede sozinho. "Fiz igualzinho à Marina: não discuti com ninguém."

Apesar disso, diz que continua amigo da ex-senadora e que ela, sendo candidata, terá seu voto, independentemente de partido.

Problemas

Para Zica, o PSB tem dois problemas principais: a identificação com a "política tradicional" e a posição "lastimável" em temas "fundantes" da Rede, como a sustentabilidade.

"É uma contradição muito grande. E, ressalvadas poucas pessoas, como a deputada Luiza Erundina, há muito poucos que se diferenciam da política tradicional."

Ele diz que a defendia que Marina ficasse fora da disputa e tivesse o papel de "consciência crítica" no período eleitoral. Diz que agora pretende se dedicar a uma "militância de causas" e "fazer a campanha de algum candidato que ache interessante".

***

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http://limpinhoecheiroso.com/2013/10/11/aliado-historico-de-marina-abandona-rede-e-diz-ter-feito-papel-de-bobo/

A incrível atualidade de documentário sobre Roberto Marinho

A incrível atualidade de documentário sobre Roberto Marinho

Por que “Muito Além do Cidadão Kane” é único, ao expor promiscuidade entre a ditadura e os grandes grupos da mídia empresarial 

Por Kiko Nogueira, no DCM

O documentário “Muito Além do Cidadão Kane”, de 1993, é uma daquelas obras com a rara capacidade de ficar mais atuais à medida que o tempo passa — um, por sua qualidade, dois, pela falta completa de algo parecido.

Conta a história de Roberto Marinho e da Globo. Nos 50 anos do golpe, ajuda a compreender uma relação umbilical e uma, digamos, retroalimentação em que uma das partes teve fim — a ditadura — e a outra seguiu firme e forte.

“Beyond Citizen Kane” foi produzido pelo Canal 4 britânico e dirigido por Simon Hartog, cineasta independente que começou a carreira nos anos 60. Hartog morreu quando o filme estava sendo editado. Não pôde ver seu impacto.

Foi exibido na Inglaterra. A Globo tentou comprar os direitos para se livrar dele, mas Hartog já havia se precavido contra isso numa cláusula. Em seguida, entrou na Justiça para proibir sua exibição no MAM do Rio em março de 1994 — e ganhou, naturalmente. Os pôsteres foram recolhidos pela polícia.

A cópia que passaria no MIS, em São Paulo, foi confiscada a mando do governador Luiz Antonio Fleury. Outras puderam circular legalmente em universidades só nos anos 2000. Hoje, graças à internet, “Muito Além do Cidadão Kane” está no YouTube na íntegra.

O tom não é de libelo, não é histérico, não é conspiratório. Ao contrário, é uma longa reportagem, extremamente sóbria, contando uma história que não tinha sido contada sobre a maior rede de televisão do Brasil e seu dono. Isso é notícia.

Hartog e equipe falaram com mais de 40 pessoas — de Chico Buarque a Armando Falcão, de ACM ao ex-diretor de jornalismo da Globo Armando Nogueira. Acompanham, também, a “família Silva”, moradora da periferia de Salvador. Pai, mãe e filhos num barraco escuro, cujo maior foco de luz vem de uma telinha de tevê na mesa da sala/cozinha, ligada no Fantástico.

Há vozes críticas, evidentemente: Brizola (que compara RM a Stalin, já que ambos mandavam seus desafetos para a Sibéria ou para o “esquecimento”); Chico Buarque, lembrando do poder “assustador” da emissora e dos jabás; Lula, pré-Lulinha Paz e Amor, reclamando do “senhor” que manda em tudo e da cobertura das greves do ABC.

Mas ali estão também empresários, publicitários (como Washington Olivetto), políticos, funcionários e ex-funcionários. Armando Falcão, ministro da Justiça durante a ditadura, lembra com carinho do amigo e diz, candidamente, que ele já era “revolucionário antes da Revolução de 64”. “Doutor Roberto nunca me criou nenhum tipo de dificuldade”, diz ele. Roberto Civita, dono da Abril, explica como sua empresa não conseguiu as concessões que queria em 1980 após a falência da Tupi.

Hartog mostra, com imagens e depoimentos da época, como a Globo se esforçou para sedimentar a boa reputação do regime militar. Lembra que a fatia do bolo publicitário da propaganda governamental já era grande na época e que, em 1990, a Globo detinha 75% da verba total no país.

Walter Clark, chefe da emissora antes de Boni, conta que Roberto Marinho o demitiu porque Clark “já tinha montado o trem elétrico e agora ele podia brincar à vontade. É uma pessoa bem parecida com o Cidadão Kane, mas acho que ele não tem o Rosebud”.

Marinho, obviamente, não deu entrevistas. Surge ao lado de todos os generais e, em seguida, com Tancredo, Sarney e Collor. “Doutor Roberto é meu amigo há mais de 30 anos. O pessoal tem muita inveja”, afirma Antônio Carlos Magalhães, feito ministro das comunicações por Roberto Marinho no governo Sarney.

A certa altura, menciona-se a minissérie “Anos Rebeldes”, que tratou da inquietação da juventude brasileira no fim dos anos 60. Ficou manca: faltou um papel para a Globo, que não é coadjuvante.

Meio século após o golpe, “Muito Além do Cidadão Kane” reforça esse ponto: um relato honesto e abrangente sobre a ditadura tem, obrigatoriamente, de levar em conta o protagonismo da TV Globo e de Roberto Marinho. Sem o doutor Roberto, provavelmente nada teria sido possível.



http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/a-incrivel-atualidade-de-documentario-sobre-roberto-marinho/




28.3.14

Junte-se a mim nesta petição!

Acabei de assinar esta petição -- você não quer se juntar a mim?

Pela modificação dos nomes das escolas públicas que homenageiam ditadores militares

Para: Governo Federal, Governos estaduais e Prefeituras municipais



Esta petição é muito importante e poderá fazer uso de nossa ajuda. Clique aqui para saber mais e assinar:

http://www.avaaz.org/po/petition/Governo_Federal_Governos_estaduais_e_Prefeituras_municipais_Modificacao_dos_nomes_das_escolas_que_homenageiam_ditadores_/?kShIjhb

A influência da mídia no período da ditadura

Hoje às 20h na TV Brasil,
o Ver TV debate
o papel da TV no golpe de 64



Ver TV debate o papel da TV no golpe de 64

Em 1964, a democracia brasileira foi interrompida por um golpe de estado que contou com o apoio quase total da mídia. Após a derrubada do governo de João Goulart e com o estabelecimento da ditadura, censores passaram a controlar o que era noticiado na imprensa e a censurar programas de entretenimento. O Ver TV desta semana discute o papel da televisão no golpe de 64 e sua atuação durante os vinte e um anos de ditadura.

Participam do programa a historiadora Beatriz Kushnir, diretora geral do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro e autora do livro Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à constituição de 88, que mostra a ação da censura, as motivações, os temas censurados e a pressão de segmentos da sociedade contra a censura; o jornalista Álvaro de Moya, ex-diretor da TV Excelsior, emissora fechada pelo governo durante o regime militar; e a professora de Sociologia da UNESP Anita Simis, autora do livro Estado e Cinema no Brasil, um estudo dos filmes produzidos e exibidos no cinema e na televisão durante a ditadura.

“A televisão é uma concessão pública e por isso a necessidade de que ela andasse muito alinhada com o governo, porque, caso contrário, a concessão seria retirada”, analisa Beatriz Kushnir.

Álvaro de Moya lembra da perseguição aos veículos que se opuseram à linha editorial do governo. “O golpe militar acabou com a TV Excelsior e acabou com um grande capitalista brasileiro, Wallace Simonsen. Ele era a favor da democracia, ele era a favor do presidente da república ser democraticamente eleito.”

Para Anita Simis “os meios de comunicação são meios-chave em qualquer tentativa de mudança ou alternância no poder... Aqueles que querem dar um golpe tentam controlar a mídia”, afirma.
 

Apresentação: Lalo Leal
Produção: Aline Penna, Vitor Chambon e Patrícia Lima
Roteiro: Lumi Kihara
Direção: Pola Galé


Nesta sexta, às 20h!
TV Brasil - http://www.tvbrasil.ebc.com.br/


http://www.tvbrasil.ebc.com.br/vertv/episodio/a-influencia-da-midia-no-periodo-da-ditadura



Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz