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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

30.5.14

Vai ter Copa: argumentos para enfrentar quem torce contra o Brasil - Carta Maior

25/01/2014 - Copyleft



Vai ter Copa: argumentos para enfrentar quem torce contra o Brasil

Como a desinformação alimenta o festival de besteiras ditas contra a Copa do Mundo de Futebol no Brasil.

Profetas do pânico: os gupos que patrocinam a campanha anticopa
 
Existe uma campanha orquestrada contra a Copa do Mundo no Brasil. A torcida para que as coisas deem errado é pequena, mas é barulhenta e até agora tem sido muito bem sucedida em queimar o filme do evento.

Tiveram, para isso, uma mãozinha de alguns governos, como o do estado do Paraná e da prefeitura de Curitiba, que deram o pior de todos exemplos ao abandonarem seus compromissos com as obras da Arena da Baixada, praticamente comprometida como sede.

A arrogância e o elitismo dos cartolas da Fifa também ajudaram. Aliás, a velha palavra “cartola” permanece a mais perfeita designação da arrogância e do elitismo de muitos dirigentes de futebol do mundo inteiro.

Mas a campanha anticopa não seria nada sem o bombardeio de informação podre patrocinado pelos profetas do pânico.

O objetivo desses falsos profetas não é prever nada, mas incendiar a opinião pública contra tudo e contra todos, inclusive contra o bom senso.

Afinal, nada melhor do que o pânico para se assassinar o bom senso.

Como conseguiram azedar o clima da Copa do Mundo no Brasil

O grande problema é quando os profetas do pânico levam consigo muita gente que não é nem virulenta, nem violenta, mas que acaba entrando no clima de replicar desinformações, disseminar raiva e ódio e incutir, em si mesmas, a descrença sobre a capacidade do Brasil dar conta do recado.

Isso azedou o clima. Pela primeira vez em todas as copas, a principal preocupação do brasileiro não é se a nossa seleção irá ganhar ou perder a competição.

A campanha anticopa foi tão forte e, reconheçamos, tão eficiente que provocou algo estranho. Um clima esquisito se alastrou e, justo quando a Copa é no Brasil, até agora não apareceu aquela sensação que, por aqui, sempre foi equivalente à do Carnaval.

Se depender desses Panicopas (os profetas do pânico na Copa), essa será a mais triste de todas as copas.

“Hello!”: já fizemos uma copa antes

Até hoje, os países que recebem uma Copa tornam-se, por um ano, os maiores entusiastas do evento. Foi assim, inclusive, no Brasil, em 1950. Sediamos o mundial com muito menos condições do que temos agora.

Aquela Copa nos deixou três grandes legados. O primeiro foi o Maracanã, o maior estádio do mundo – que só ficou pronto faltando poucos dias para o início dos jogos.

O segundo, graças à derrota para o Uruguai (“El Maracanazo”), foi o eterno medo que muitos brasileiros têm de que as coisas saiam errado no final e de o Brasil dar vexame diante do mundo - o que Nélson Rodrigues apelidou de “complexo de vira-latas”,  a ideia de que o brasileiro nasceu para perder, para errar, para sofrer.

O terceiro legado, inestimável, foi a associação cada vez mais profunda entre o futebol e a imagem do país. O futebol continua sendo o principal cartão de visitas do Brasil – imbatível nesse aspecto.

O cartunista Henfil, quando foi à China, em 1977, foi recebido com sorrisos no rosto e com a única palavra que os chineses sabiam do Português: “Pelé” (está no livro “Henfil na China”, de 1978).

O valor dessa imagem para o Brasil, se for calculada em campanhas publicitárias para se gerar o mesmo efeito, vale uma centena de Maracanãs.

Desinformação #1: o dinheiro da Copa vai ser gasto em estádios e em jogos de futebol, e isso não é importante

O pior sobre a Copa é a desinformação. É da desinformação que se alimenta o festival de besteiras que são ditas contra a Copa.

Não conheço uma única pessoa que fale dos gastos da Copa e saiba dizer quanto isso custará para o Brasil. Ou, pelo menos, quanto custarão só os estádios. Ou que tenha visto uma planilha de gastos da copa.

A “Copa” vai consumir quase 26 bilhões de reais.

A construção de estádios (8 bi) é cerca de 30% desse valor.

Cerca de 70% dos gastos da Copa não são em estádios, mas em infraestrutura, serviços e formação de mão de obra.

Os gastos com mobilidade urbana praticamente empatam com o dos estádios.

O gastos em aeroportos (6,7 bi), somados ao que será investido pela iniciativa privada (2,8 bi até 2014) é maior que o gasto com estádios.

O ministério que teve o maior crescimento do volume de recursos, de 2012 para 2013, não foi o dos Esportes (que cuida da Copa), mas sim a Secretaria da Aviação Civil (que cuida de aeroportos).

Quase 2 bi serão gastos em segurança pública, formação de mão de obra e outros serviços.

Ou seja, o maior gasto da Copa não é em estádios. Quem acha o contrário está desinformado e, provavelmente, desinformando outras pessoas.

Desinformação #2: se deu mais atenção à Copa do que a questões mais importantes

Os atrasos nas obras pelo menos serviram para mostrar que a organização do evento não está isenta de problemas que afetam também outras áreas. De todo modo, não dá para se dizer que a organização da Copa teve mais colher de chá que outras áreas.

Certamente, os recursos a serem gastos em estádios seriam úteis a outras áreas. Mas se os problemas do Brasil pudessem ser resolvidos com 8 bi, já teriam sido.

Em 2013, os recursos destinados à educação e à saúde cresceram. Em 2014, vão crescer de novo.

Portanto, o Brasil não irá gastar menos com saúde e educação por causa da Copa. Ao contrário, vai gastar mais. Não por causa da Copa, mas independentemente dela.

No que se refere à segurança pública, também haverá mais recursos para a área. Aqui, uma das razões é, sim, a Copa.

Dados como esses estão disponíveis na proposta orçamentária enviada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso (nas referências ao final está indicado onde encontrar mais detalhes). 

Se alguém quiser ajudar de verdade a melhorar a saúde e a educação do país, ao invés de protestar contra a Copa, o alvo certo é lutar pela aprovação do Plano Nacional de Educação, pelo cumprimento do piso salarial nacional dos professores, pela fixação de percentuais mais elevados e progressivos de financiamento público para a saúde e pela regulação mais firme sobre os planos de saúde.

Se quiserem lutar contra a corrupção, sugiro protestos em frente às instâncias do Poder Judiciário, que andam deixando prescrever crimes sem o devido julgamento, e rolezinhos diante das sedes do Ministério Público em alguns estados, que andam com as gavetas cheias de processos, sem dar a eles qualquer andamento.

Marchar em frente aos estádios, quebrar orelhões públicos e pichar veículos em concessionárias não tem nada a ver com lutar pela saúde e pela educação.

Os estádios, que foram malhados como Judas e tratados como ícones do desperdício, geraram, até a Copa das Confederações, 24,5 mil empregos diretos. Alto lá quando alguém falar que isso não é importante.

Será que o raciocínio contra os estádios vale também para a Praça da Apoteose e para todos os monumentos de Niemeyer? Vale para a estátua do Cristo Redentor? Vale para as igrejas de Ouro Preto e Mariana?

Havia coisas mais importantes a serem feitas no Brasil, antes desses monumentos extraordinários. Mas o que não foi feito de importante deixou de ser feito porque construíram o bondinho do Pão-de-Açúcar?

Até mesmo para o futebol, o jogo e o estádio são, para dizer a verdade, um detalhe menos importante. No fundo, estádios e jogos são apenas formas para se juntar as pessoas. Isso sim é muito importante. Mais do que alguns imaginam.

Desinformação #3: O Brasil não está preparado para sediar o mundial e vai passar vexame

Se o Brasil deu conta da Copa do Mundo em 1950, por que não daria conta agora?

Se realizou a Copa das Confederações no ano passado, por que não daria conta da Copa do Mundo?

Se recebeu muito mais gente na Jornada Mundial da Juventude, em uma só cidade, porque teria dificuldades para receber um evento com menos turistas, e espalhados em mais de uma cidade?

O Brasil não vai dar vexame, quando o assunto for segurança, nem diante da Alemanha, que se viu rendida quando dos atentados terroristas em Munique, nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972; nem diante dos Estados Unidos, que sofreram atentados na Maratona Internacional de Boston, no ano passado.

O Brasil não vai dar vexame diante da Itália, quando o assunto for a maneira como tratamos estrangeiros, sejam eles europeus, americanos ou africanos.

O Brasil não vai dar vexame diante da Inglaterra e da França, quando o assunto for racismo no futebol. Ninguém vai jogar bananas para nenhum jogador, a não ser que haja um Panicopa no meio da torcida.

O Brasil não vai dar vexame diante da Rússia, quando o assunto for respeito à diversidade e combate à homofobia.

O Brasil não vai dar vexame diante de ninguém quando o assunto for manifestações populares, desde que os governadores de cada estado convençam seus comandantes da PM a usarem a inteligência antes do spray de pimenta e a evitar a farra das balas de borracha.

Podem ocorrer problemas? Podem. Certamente ocorrerão. Eles ocorrem todos os dias. Por que na Copa seria diferente? A grande questão não é se haverá problemas. É de que forma nós, brasileiros, iremos lidar com tais problemas.

Desinformação #4: os turistas estrangeiros estão com medo de vir ao Brasil

De tanto medo do Brasil, o turismo para o Brasil cresceu 5,6% em 2013, acima da média mundial. Foi um recorde histórico (a última maior marca havia sido em 2005).

Recebemos mais de 6 milhões de estrangeiros. Em 2014, só a Copa deve trazer meio milhão de pessoas.

De quebra, o Brasil ainda foi colocado em primeiro lugar entre os melhores países para se visitar em 2014, conforme o prestigiado guia turístico Lonely Planet (“Best in Travel 2014”, citado nas referências ao final).

Adivinhe qual uma das principais razões para a sugestão? Pois é, a Copa.


Desinformação #5: a Copa é uma forma de enganar o povo e desviá-lo de seus reais problemas

O Brasil tem de problemas que não foram causados e nem serão resolvidos pela Copa.

O Brasil tem futebol sem precisar, para isso, fazer uma copa do mundo. E a maioria assiste aos jogos da seleção sem ir a estádios.

Quem quiser torcer contra o Brasil que torça. Há quem não goste de futebol, é um direito a ser respeitado. Mas daí querer dar ares de “visão crítica” é piada.

Desinformação #6: muitas coisas não ficarão prontas antes da Copa, o que é um grave problema

É verdade, muitas coisas não ficarão prontas antes da Copa, mas isso não é um grave problema. Tem até um nome: chama-se “legado”.

Mas, além do legado em infraestrutura para o país, a Copa provocou um outro, imaterial, mas que pode fazer uma boa diferença.

Trata-se da medida provisória enviada por Dilma e aprovada pelo Congresso (entrará em vigor em abril deste ano), que limita o tempo de mandato de dirigentes esportivos.

A lei ainda obrigará as entidades (não apenas de futebol) a fazer o que nunca fizeram: prestar contas, em meios eletrônicos, sobre dados econômicos e financeiros, contratos, patrocínios, direitos de imagem e outros aspectos de gestão. Os atletas também terão direito a voto e participação na direção. Seria bom se o aclamado Barcelona, de Neymar, fizesse o mesmo.

Estresse de 2013 virou o jogo contra a Copa

Foi o estresse de 2013 que virou o jogo contra a Copa. Principalmente quando aos protestos se misturaram os críticos mascarados e os descarados.

Os mascarados acompanharam os protestos de perto e neles pegaram carona, quebrando e botando fogo. Os descarados ficaram bem de longe, noticiando o que não viam e nem ouviam; dando cartaz ao que não tinha cartaz; fingindo dublar a “voz das ruas”, enquanto as ruas hostilizavam as emissoras, os jornalões, as revistinhas e até as coitadas das bancas.

O fato é que um sentimento estranho tomou conta dos brasileiros. Diferentemente de outras copas, o que mais as pessoas querem hoje saber não é a data dos jogos, nem os grupos, nem a escalação dos times de cada seleção. 

A maioria quer saber se o país irá funcionar bem e se terá paz durante a competição. Estranho.

É quase um termômetro, ou um teste do grau de envenenamento a que uma pessoa está acometida. Pergunte a alguém sobre a Copa e ouça se ela fala dos jogos ou de algo que tenha a ver com medo. Assim se descobre se ela está empolgada ou se sentou em uma flecha envenenada deixada por um profeta do apocalipse.

Todo mundo em pânico: esse filme de comédia a gente já viu

Funciona assim: os profetas do pânico rogam uma praga e marcam a data para a tragédia acontecer. E esperam para ver o que acontece. Se algo “previsto” não acontece, não tem problema. A intenção era só disseminar o pânico e o baixo astral mesmo.

O que diziam os profetas do pânico sobre o Brasil em 2013?  Entre outras coisas:

Que estávamos à beira de um sério apagão elétrico.

Que o Brasil não conseguiria cumprir sua meta de inflação e nem de superávit primário.

Que o preço dos alimentos estava fora de controle.

Que não se conseguiria aprontar todos os estádios para a Copa das Confederações.

O apagão não veio e as termelétricas foram desligadas antes do previsto. A inflação ficou dentro da meta. A inflação de alimentos retrocedeu. Todos os estádios previstos para a Copa das Confederações foram entregues.

Essas foram as profecias de 2013. Todas furadas.

Cada ano tem suas previsões malditas mais badaladas. Em 2007 e 2008, a mesma turma do pânico dizia que o Brasil estava tendo uma grande epidemia de febre amarela. Acabou morrendo mais gente de overdose de vacina do que de febre amarela, graças aos profetas do pânico.

Em 2009 e 2010, os agourentos diziam que o Brasil não estava preparado para enfrentar a gripe aviária e nem a gripe “suína”, o H1N1. Segundo esses especialistas em catástrofes, os brasileiros não tinham competência nem estrutura para lidar com um problema daquele tamanho. Soa parecido com o discurso anticopa, não?

O cataclismo do H1N1 seria gravíssimo. Os videntes falavam aos quatro cantos que não se poderia pegar ônibus, metrô ou trem, tal o contágio. Não se poderia ir à escola, ao trabalho, ao supermercado. Resultado? Não houve epidemia de coisa alguma.

Mas os profetas do pânico não se dão por vencidos. Eles são insistentes (e chatos também). Quando uma de suas profecias furadas não acontece, eles simplesmente adiam a data do juízo final, ou trocam de praga.

Agora, atenção todos, o próximo fim do mundo é a Copa. “Imagina na Copa” é o slogan. E há muita gente boa que não só reproduz tal slogan como perde seu tempo e sua paciência acreditando nisso, pela enésima vez.

Para enfrentar o pessoal que é ruim da cabeça ou doente do pé

O pânico é a bomba criada pelos covardes e pulhas para abater os incautos, os ingênuos e os desinformados.

Só existe um antídoto para se enfrentar os profetas do pânico. É combater a desinformação com dados, argumentos e, sobretudo, bom senso, a principal vítima da campanha contra a Copa.

Informação é para ser usada. É para se fazer o enfrentamento do debate. Na escola, no trabalho, na família, na mesa de bar.

É preciso que cada um seja mais veemente, mais incisivo e mais altivo que os profetas do pânico. Eles gostam de falar grosso? Vamos ver como se comportam se forem jogados contra a parede, desmascarados por uma informação que desmonta sua desinformação.

As pessoas precisam tomar consciência de que deixar uma informação errada e uma opinião maldosa se disseminar é como jogar lixo na rua.

Deixar envenenar o ambiente não é um bom caminho para melhorar o país.

A essa altura do campeonato, faltando poucos meses para a abertura do evento, já não se trata mais de Fifa. É do Brasil que estamos falando.

É claro que as informações deste texto só fazem sentido para quem as palavras “Brasil” e “brasileiros” significam alguma coisa.

Há quem por aqui nasceu, mas não nutre qualquer sentimento nacional, qualquer brasilidade; sequer acreditam que isso existe. Paciência. São os que pensam diferente que têm que mostrar que isso existe sim.

Ter orgulho do país e torcer para que as coisas deem certo não deve ser confundido com compactuar com as mazelas que persistem e precisam ser superadas. É simplesmente tentar colocar cada coisa em seu lugar.

Uma das maneiras de se colocar as coisas no lugar é desmascarar oportunistas que querem usar da pregação anticopa para atingir objetivos que nunca foram o de melhorar o país.

O pior dessa campanha fúnebre não é a tentativa de se desmoralizar governos, mas a tentativa de desmoralizar o Brasil.

É preciso enfrentar, confrontar e vencer esse debate. É preciso mostrar que esse pessoal que é profeta do pânico é ruim da cabeça ou doente do pé.

(*) Antonio Lassance é doutor em Ciência Política e torcedor da Seleção Brasileira de Futebol desde sempre.

Mais sobre o assunto:

A Controladoria Geral da União atualiza a planilha com todos os gastos previstos para a Copa, os já realizados e os por realizar, em seu portal:


Os dados do orçamento da União estão disponíveis na proposta orçamentária enviada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso. 

O “Best in Travel 2014”, da Lonely Planet, pode ser conferido aqui.

Sobre copa e anticopa, vale a pena ler o texto do Flávio Aguiar, “Copa e anti-copa”, aqui na Carta Maior:

Sobre o catastrofismo, também do Flávio Aguiar: “Reveses e contrariedades para a direita”, na Carta Maior.

Sobre os protestos de junho e a estratégia da mídia, leiam o texto do prof. Emir Sader, "Primeiras reflexões".



http://www.cartamaior.com.br/?%2FColuna%2FVai-ter-Copa-argumentos-para-enfrentar-quem-torce-contra-o-Brasil%2F30090

Não existia combate à corrupção política antes do governo Lula - Carta Maior

18/05/2014 - Copyleft



Não existia combate à corrupção política antes do governo Lula

Lula e Dilma são hoje acusados de fazerem pouco justamente por aqueles que não fizeram nada além de aparelhar o Estado para fins partidários.


A corrupção ainda é um grave problema no Brasil porque o combate à corrupção ainda está em sua infância. Tem pouco mais de 10 anos.

É a partir do governo Lula que se cria a Controladoria Geral da União; a Polícia Federal multiplica seu efetivo e o número de operações; e as demissões de servidores envolvidos em ilícitos se tornam regra, e não exceção.

É bem verdade que, antes, já existiam a Polícia Federal, o Ministério Público e uma Corregedoria-Geral da União. Mas alguém conhece alguma estatística relevante dessa época? Não existe. O combate à corrupção no governo FHC é traço.

A única estatística mais polpuda daquela época é a do ex-procurador-geral da República de FHC, Geraldo Brindeiro, que, até 2001, tinha em suas gavetas mais de 4 mil processos parados - fato que lhe rendeu o apelido de “engavetador-geral da República”.

De 2003 a 2013, compreendendo os governos de Lula e Dilma, a expulsão de servidores acusados de corrupção quase dobrou, passando de 268, em 2003, para 528, em 2013.

Gráfico 1 - Servidores expulsos do serviço público (2003-2013)


Dados da CGU, disponíveis no Relatório de acompanhamento das punições expulsivas aplicadas a estatutários no âmbito da administração pública federal. http://www.cgu.gov.br/Correicao/RelatoriosExpulsoes/Punicoes_2003-2013.pdf


As operações da Polícia Federal saltaram de 9, em 2003, para mais de 200, a partir de 2008 (dados da Polícia Federal  http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas).

Gráfico 2 - Operações da Política Federal e número de servidores presos (2003-2012)


 

Fonte: dados da Polícia Federal, em gráfico produzido em estudo do Instituto Alvorada: http://institutoalvorada.org/transparencia-e-combate-a-corrupcao-nos-governos-lula-e-dilma/


Antes de 2003, se os escândalos envolvessem políticos, aí é que não acontecia nada vezes nada. Apenas dois casos podem ser citados com algum destaque na atuação da PF.

O primeiro foi a prisão de Hildebrando Pascoal, em 1999. Hildebrando era deputado pelo então PFL (hoje DEM) no estado do Acre e acabou condenado por chefiar um grupo de extermínio. Ficou célebre pela sessão de tortura em que uma pessoa teve os olhos perfurados; as pernas, os braços e o pênis amputados com uma motosserra; e um prego cravado na cabeça.

O outro foi o caso Lunus, a operação da PF de março de 2002 que vasculhou a sede da construtora Lunus, de propriedade da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, então no PFL. Naquele ano, Roseana era candidata à Presidência da República e estava bem melhor posicionada nas pesquisas do que o candidato do PSDB, José Serra. A operação foi coroada de êxito: criou um escândalo que sepultou a candidatura de Roseana.

O PSDB, que se diz contra o aparelhamento do Estado para fins partidários, tinha à frente da PF o delegado Agílio Monteiro Filho, que se candidataria a deputado federal pelo PSDB no mesmo ano de 2002.

Não existia combate à corrupção política antes de 2003. Isso é coisa do Lula e dessa tal Dilma Rousseff, hoje acusados de fazerem pouco justamente por aqueles que não fizeram nada além de aparelharem o Estado para fins partidários.


(*) Antonio Lassance é cientista político


http://www.cartamaior.com.br/?%2FColuna%2FNao-existia-combate-a-corrupcao-politica-antes-do-governo-Lula%2F30955

Brasil

"Tem gente que diz e até que escreve que a FIFA impôs um "estado de
exceção" no pais. No Brasil de 200 milhões de habitantes! Não tem ideia
do que e' estado de exceção. Brincam com as palavras, amanhã não
respondem pelo que dizem hoje." Emir Sader

#VaiTerCopa

Alerta! Cuidado com boatos nas redes sociais! Estamos recebendo muita boataria no WhatsApp! Alguém está fazendo terrorismo, são falsas informações de ruas interditadas por protestos que não estão ocorrendo!

Antes de repassar, tente checar a veracidade em uma fonte confiável ou com autoridades.

#VaiTerCopa

Gilson Caroni Filho

"Quando vejo greves que afetam a mobilidade urbana se espalharem pelo país, fico com uma orelha atrás da pulga( sim, o inseto cresceu muito). Quando observo alguns partidos, que se dizem de esquerda, apoiarem manifestações que acabam em vandalismo, percebo que a pulga ensurdeceu muita gente para os ruídos de um passado recente. Não é coincidência que tudo isso ocorra em um ano que reúne Copa e eleições, não é mesmo Mas fica uma pergunta aos amigos: quando foi que a esquerda, em qualquer lugar do mundo, saiu vitoriosa após alguns movimentos sociais terem esgotado a paciência do conjunto da população trabalhadora? Não sabem a resposta? A direita sabe. A direita e a pulga." Gilson Caroni Filho

Considerações sobre o Capital de Piketty - Carta Maior

30/05/2014 - Copyleft

Considerações sobre o Capital de Piketty

Há muitas coisas valiosas no conjunto de dados de Piketty. Mas sua explicação de por que surgem as desigualdades e as tendências oligárquicas tem erros.



David Harvey (*)


Thomas Piketty escreveu um livro chamado Capital e provocou bastante polêmica. Defende uma taxação progressiva e um imposto global sobre a riqueza como única maneira de frear a tendência à criação de uma forma “patrimonial” de capitalismo, marcada pelo que chama de desigualdades “apavoradoras” de riqueza e renda. Também documenta em detalhes, de modo intenso e difícil de rebater, de que maneira a desigualdade social, tanto da riqueza como da renda, evoluíram nos últimos dois séculos, com especial relevância no caso da riqueza. O livro liquida a opinião amplamente difundida de que o capitalismo de livre mercado difunde a riqueza e é o grande baluarte para a defesa de opiniões de liberdade. Piketty nos mostra que o capitalismo de livre mercado, na ausência de intervenções redistributivas e de grande envergadura por parte do Estado, produz oligarquias antidemocráticas. Essa demonstração alimentou a indignação liberal e deixou o Wall Street Journal perplexo.

O livro tem frequentemente se apresentado como substituto da obra homônima de Karl Marx no século XIX. Piketty nega que esta tenha sido sua intenção – o que está correto, considerando que seu livro não é, em absoluto, sobre o capital. Ele não nos explica por que se produziu a crise de 2008 e por que tanta gente está demorando tanto para sair do duplo problema do desemprego prolongado e de milhões de casas perdidas por execuções hipotecárias. Não nos ajuda a compreender por que o crescimento é atualmente tão frouxo nos EUA em comparação à China e por que a Europa está bloqueada em uma política de austeridade e em uma economia de estancamento. O que Piketty mostra estatisticamente (e deveríamos agradecer a ele e a seus colegas por isso) é que o capital tendeu a produzir níveis cada vez maiores de desigualdade ao longo de sua história. Para muitos de nós, isso não é nenhuma novidade. Isso era exatamente a conclusão teórica de Marx no primeiro volume de sua versão de O Capital. Piketty não chega a advertir para isso, o que não é surpreendente, dado que ele declarou – diante das acusações da imprensa direitista de que é um marxista disfarçado – que não leu O Capital de Marx.

Piketty recorre a uma grande quantidade de dados para apoiar sua argumentação. Seu relato das diferenças entre renda e riqueza é convincente e útil. E proporciona uma defesa cuidadosa dos impostos sobre a herança, a taxação progressiva e um imposto global sobre a riqueza como antídotos possíveis (embora é quase certo que sejam inviáveis politicamente) para uma maior concentração de riqueza e poder.

Mas por que se produziu essa tendência a uma maior desigualdade ao longo do tempo? Partindo de seus dados (temperados com certas alusões nítidas a Jane Austen e a Balzac) ele cria uma lei matemática para explicar o seguinte: a acumulação cada vez mais crescente de riqueza por parte do famoso 1% (termo popularizado graças, é claro, ao movimento Occupy) se deve ao simples fato de que a taxa de retorno sobre o capital (r) sempre supera a taxa de crescimento da renda (g). Esta é e sempre foi, segundo Piketty, “a contradição central” do capital.

Mas uma regularidade estatística dessa ordem apenas constitui uma explicação adequada – não chega a ser uma lei. Dessa forma, quais forças produzem e sustentam essa contradição? Piketty não diz. A lei é a lei e isso é o que existe. Evidentemente, Marx havia atribuído a existência dessa lei ao desequilíbrio de poder entre capital e trabalho. E a explicação ainda se sustenta. A queda constante da parte do trabalho na renda nacional desde os anos 70 é derivada do poder econômico e político decadente do trabalho à medida que o capital mobilizava tecnologias, desemprego, deslocamento e medidas políticas antissindicais (como as de Margaret Thatcher e Ronald Reagan) a fim de minar qualquer oposição.
 
Conforme confessou Alan Budd, assessor econômico de Margaret Thatcher, em um momento de descuido, as políticas anti-inflacionárias dos anos 80 eram “uma forma estupenda de elevar o desemprego, e elevar o desemprego era uma forma extremamente desejável de reduzir a fortaleza das classes trabalhadoras... o que se conseguiu com isso foi, em termos marxistas, uma crise do capitalismo que voltou a criar um exército de reserva e que possibilitou aos capitalistas conseguir elevados benefícios desde então”. A disparidade de remunerações entre trabalhadores médios e diretores estava aproximadamente em 30 para 1 em 1970. Hoje está em torno de 300 para 1 e, no caso do Mc Donald's, em torno de 1200 para 1.

Mas, no segundo volume de O Capital de Marx (que Piketty também não leu, conforme declara alegremente), este apontava que a inclinação do capital para pressionar os salários para baixo restringiria em algum momento a capacidade do mercado de absorver o produto do capital. Henry Ford identificou esse dilema há muito tempo, quando decretou para seus trabalhadores a jornada de 8 horas a 5 dólares com a finalidade, segundo ele dizia, de impulsionar o consumo. Muitos pensavam que a falta de demanda efetiva formou a base da Grande Depressão da década de 1930. Nisso se inspiraram as políticas keynesianas expansivas após a II Guerra Mundial e teve como resultado certas reduções nas desigualdades de renda (embora nem tanto de riqueza) em meio a um forte crescimento impulsionado pela demanda. Mas essa solução estava no relativo empoderamento do trabalho e na construção do “estado social” (a denominação é de Piketty) financiada por uma taxação progressiva. “Considerando em seu conjunto”, ele escreve, “no período 1932-1980, quase meio século, o máximo imposto federal sobre a renda ascendeu a uma média de 81%”. E isso não prejudicou de forma alguma o crescimento (outra evidência de Piketty que rebate as crenças da direita).

Ali pelo final dos anos 60, ficou claro para muitos capitalistas que lhes fazia falta atuar de alguma forma contra o excessivo poder do trabalho. Daí a expulsão de Keynes do plantel dos economistas respeitáveis, o giro ao pensamento da economia de oferta de Milton Friedman, a cruzada para estabilizar, se não reduzir, a taxação para desconstruir o Estado social e disciplinar as forças do trabalho. Depois de 1980, caíram os tipos impositivos máximos e os lucros do capital – importante fonte de renda para os super-ricos – passaram a ser tributados com uma taxa muito inferior nos EUA, impulsionando enormemente o fluxo de riqueza em direção ao 1% mais rico. Mas o impacto sobre o crescimento, mostra Piketty, foi desprezível. De modo que o “efeito cascata” (“trickle down”) dos benefícios dos ricos aos demais (outra das crenças diletas da direita) não funciona. Nada disso era ditado por alguma lei matemática. Tinha tudo a ver com a política.

Mas logo se fechou o círculo e a pergunta mais relevante se tornou esta: onde está a demanda? Piketty ignora sistematicamente essa pergunta. Os anos 90 maquiaram a resposta por meio de uma imensa expansão do crédito, incluindo a ampliação do financiamento de hipotecas nos mercados subprime. Mas o resultado foi uma bolha de ativos destinada a estourar, como ocorreu em 2007-8, provocando a derrocada do Lehman Brothers e, com ele, o sistema de crédito. No entanto, as taxas de benefício e a concentração ainda maior da riqueza privada se recuperou muito rapidamente depois de 2009, ao passo que no restante, em todos e em cada um, isso se deu mal. As taxas de benefício das empresas hoje são altas, como sempre foram nos Estados Unidos. As empresas estão sentadas sobre montanhas de dinheiro e se negam a gastá-lo porque as condições do mercado não são sólidas.

A formulação de Piketty da lei matemática esconde mais do que revela sobre a política de classe que estão em jogo. Tal como observou Warren Buffett, “desde logo, há uma guerra de classe, e é a minha classe, a dos ricos, a que a está lutando, e nós estamos ganhando”. Uma medida chave de sua vitória são as recentes disparidades de riqueza e renda do 1% mais rico em relação a todos os demais.

No entanto, existe uma dificuldade central na argumentação de Piketty. Esta se apoia em uma definição equivocada de capital. O capital é um processo, e não uma coisa. É um processo de circulação em que o dinheiro é utilizado para fazer mais dinheiro frequentemente, mas não exclusivamente, mediante a exploração da força de trabalho. Piketty define o capital como o estoque de todos os ativos em mãos de particulares, empresas e governos com os quais se pode comercializar no mercado, independentemente do fato de que esses ativos sejam utilizados ou não. Nisso, entra a terra, imóveis e os direitos de propriedade intelectual, bem como minha coleção de arte e de joias. Como determinar o valor de todas essas coisas é um problema técnico difícil, que não tem nenhuma solução acordada. Com a finalidade de calcular uma taxa significativa de retorno (r), precisamos avaliar o capital inicial de alguma forma. Desgraçadamente, não há uma forma de avaliá-lo independentemente do valor dos bens e serviços utilizados ou que podem ser vendidos no mercado. O conjunto do pensamento econômico neoclássico (que é a base do pensamento de Piketty) se baseia em uma tautologia. A taxa de retorno sobre o capital depende de maneira crucial da taxa de crescimento porque o capital é mensurado por meio do que produz e não pelo que entrava em sua produção.


Seu valor se vê enormemente influenciado pelas condições especulativas e pode ser gravemente deformada pela famosa “exuberância irracional” que Greenspan identificou como característica do mercado de ações e imobiliário. Se subtrairmos habitação e imóveis – para não falar das coleções artísticas das pessoas com hedge funds – à definição do capital (e a lógica em prol da sua inclusão é bastante débil), então cai por terra a explicação de Piketty sobre as crescentes disparidades de riqueza e renda, embora sua descrição sobre o estado das desigualdades passadas e presentes se mantenha.

O dinheiro, a terra, os imóveis, as fábricas e o equipamento que não são utilizados de modo produtivo não são capital. Se a taxa de retorno sobre o capital que se utiliza é alta, isso se deve ao fato de que uma parte do capital é retirado de circulação e se coloca de fato em greve.

Restringir a provisão de capital a novos investimentos (fenômeno do qual hoje somos testemunhas) garante uma elevada taxa de retorno: é o que faz todo capital quando lhe é dada a oportunidade. Isso é o que aponta a tendência da taxa de retorno do capital (não importa como se defina ou calcule) a exceder a taxa de crescimento da renda. É assim que o capital assegura sua própria reprodução, sem se importar quão incômodas são as consequências para todos os demais. E assim é como a classe capitalista vive.

Há muitas coisas que são valiosas no conjunto de dados de Piketty. Mas sua explicação de por que surgem as desigualdades e as tendências oligárquicas tem erros. Suas propostas quanto aos remédios às desigualdades são ingênuas, se não utópicas. E não produziram desde já um modelo de funcionamento para o capital do século XXI. Para isso, ainda nos faz falta Marx ou um equivalente contemporâneo.

* David Harvey é professor de Antropologia e Geografia no Graduate Center da City University of New York (CUNY), diretor do Center for Place, Culture and Politics, e autor de inúmeros livros – sendo o mais recente Seventeen Contradictions and the End of Capitalism (Dezessete contradições e o fim do capitalismo, Profile Press, Londres, e Oxford University Press, Nueva York). Ensinou O Capital de Karl Marx durante mais de 40 anos.
 
Tradução: Daniella Cambaúva


http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FEconomia%2FConsideracoes-sobre-o-Capital-de-Piketty%2F7%2F31048

6 Notícias falsas publicadas pela TV Revolta : E-farsas.com

A TV Revolta, uma das maiores fanpages do Facebook, publica uma série de histórias que nem sempre são verdadeiras. Veja aqui alguns dos boatos propagados por ela!

Em 2010, a fanpage TV Revolta foi criada no Facebook e em 2014 já se tornou a página com mais curtidas no Brasil (são mais de 3 milhões de fãs). Com a ideia inicial de “acabar com o estresse”, a TV Revolta recheia sua fanpage com imagens, textos e vídeos dos mais variados assuntos. Algumas postagens são apoiadas em fatos, mas algumas não são tão verdadeiras.

O problema é que muita gente compartilha essas notícias sem antes darem aquela verificada básica, ajudando a espalhar inverdades pela rede!

Selecionamos a seguir algumas publicações feitas pela TV Revolta que já foram provadas que são falsas:

 

O ministro da China dá dicas para o Brasil!

De acordo com uma postagem feita na TV Revolta no dia 15 de maio de 2014, o primeiro ministro da China Wen Jiabao teria dado algumas dicas à presidente Dilma quanto à gestão do país, em recente visita ao Brasil!

Acontece que anos antes, em 2012, já havíamos publicado uma pesquisa a respeito onde provamos que essa notícia não passava de mais um boato eletrônico!

 

Travestis pedindo pro Ronaldo esquecer a Copa

A imagem abaixo mostra um trio de travestis segurando uma placa com os dizeres:

Ronaldo, esquece a Copa e volta pro nosso quarto!

Fotomontagem publicada na fanpage TV Revolta!

A foto real é essa abaixo, que foi tirada pelo fotógrafo Gilvan de Souza em outubro de 2012, antes do jogo do Corinthians contra o Flamengo, no estádio do Engenhão (no Rio de Janeiro). Segundo o Lancenet, a brincadeira foi criada por um grupo de torcedores do Flamengo para tentar provocar o jogador, que na época jogava pelo Corinthians.

Grupo de travestis provoca o jogador Ronaldo antes de um jogo! (foto: Reprodução/Gilvan de Souza)

 

Desvalorização do Real ao longo dos anos

Essa apareceu na TV Revolta no dia 07 de maio de 2014. Uma colagem de imagens mostrando um carrinho com compras que aparece cada vez mais vazio a cada período desde 1997 até 2014. Com esse “dados”, o autor dá a entender que o poder aquisitivo do trabalhador foi diminuindo de 1997 até os dias atuais.

Foto: Reprodução/Facebook

No entanto, é bom lembrar que esses dados não estão corretos!

Se convertermos o salário mínimo em dólar, teremos o quadro abaixo (que surrupiamos do Blog do Branquinho).

Note que, ao compararmos com o dólar, o salário mínimo parece ser o maior da história. Lógico que ele ainda está muito abaixo do ideal, mas ainda assim, muito melhor do que nos anos anteriores!

O gráfico abaixo foi elaborado pelo Dieese e mostra os aumentos constantes no salário mínimo desde 2002:

Além disso, precisamos lembrar que na época do Governo Itamar Franco (em 1994), o salário mínimo dava para comprar apenas 1 cesta básica e hoje dá pra comprar 2. Ainda não é muito, mas é o dobro!

A inflação de 1997 a 2013 chegou a 116% (uma média de 7% ao ano) enquanto que no mesmo período, houve um aumento no salário mínimo de um pouco mais do que 500%. Uma média de aproximadamente 29,5% ao ano.

Atualização 30 de maio de 2014

Como houve muitos comentários refutando esse item, resolvemos acrescentar o parágrafo a seguir:

O Real atualmente vale apenas 1/4 do que valia há 20 anos! Isso é verdade, mas essa queda se deve à inflação de 20 anos! De acordo com essa matéria do UOL, se compararmos com a época de seu lançamento, o poder de compra de uma nota de 100 reais hoje é de apenas R$22. O que o autor da TV Revolta fez foi pegar esses dados de distorcê-los, dando a entender que o poder de compra diminuiu somente nesses últimos anos.

 

Bolsa Bandido

Uma das postagens da TV Revolta criticando o Auxílio Reclusão! (foto: Reprodução/Facebook)

Em postagens frequentes, a TV Revolta critica o Auxílio Reclusão ou o “bolsa bandido” (como é chamado o benefício na fanpage). De acordo com o que é divulgado por aí, o bandido teria direito a receber um salário enquanto está preso e essa mamata chega a dobrar de valor a cada filho a mais que o preso vir a ter.

Essa notícia não é completamente falsa, como já explicamos nesse artigo em fevereiro de 2011, mas não funciona da maneira como é sugerida pelo TV Revolta. O Auxílio Reclusão foi instituído em 1960 e é um valor único mensal que a família do preso recebe (independente da quantidade de filhos do presidiário), desde que o recluso tenha contribuído previamente para a previdência.

Além disso, a cada três meses, os dependentes do preso devem se apresentar em uma Agência da Previdência Social para continuarem a receber o benefício.

 

A moda das calças surgiu entre os detentos gays

Essa é uma lenda que circula pela web desde 2008 e diz que a moda das calças caídas tem origem entre os homossexuais presos nas penitenciarias dos Estados Unidos. O texto afirma que andar com calças abaixo da cintura era um código entre os presos, avisando que aquele homem estava disponível para fazer sexo com outros presos.

Usar calças caídas seria um sinal avisando que a pessoa estaria disponível para outros homens! Verdade ou falso? (foto: Reprodução/Facebook)

Mostramos aqui no E-farsas há poucos dias atrás que as calças caídas surgiram, de fato, nos presídios dos Estados Unidos, mas os presos usam essas peças de roupas dessa maneira porque os cintos foram proibidos dentro das prisões!

 

Tossir durante um ataque do coração

Fanpage ensina que tossir durante um ataque do coração pode salvar a sua vida! (foto: Reprodução/Facebook)

Uma publicação feita na TV Revolta em 14 de março de 2014 fala sobre um procedimento que deve ser feito no caso de você estar tendo um ataque do coração. De acordo com o texto, quando você estiver sentindo que está tendo um ataque do coração, basta tossir vigorosamente para que o sangue fique circulando normalmente pelo corpo.

Esse procedimento não funciona! Desde 2003 os médicos não conseguiram provar a eficácia da tosse no momento de um ataque cardíaco. Essa história surgiu em 2003, depois que um grupo de médicos poloneses afirmaram que a tosse poderia fazer com que o sangue ficasse circulando pelo corpo do doente enquanto não chagar a ajuda. Na época, a BBC foi investigar essa história e concluiu que a manobra é inócua e que a tosse pode servir apenas como um placebo, como uma ajuda para manter o paciente consciente.

Conclusão

Muito cuidado ao compartilhar informações de páginas do Facebook. Algumas delas podem ser falsas e você estará ajudando a espalhar mais desinformação pela web!


http://www.e-farsas.com/6-noticias-falsas-publicadas-pela-tv-revolta.html#ixzz33AJYdTNM

29.5.14

Ford é condenada a indenizar governo do Estado por desistência de fábrica em Guaíba

Ford é condenada a indenizar governo do Estado por desistência de fábrica em Guaíba

Decisão da Justiça Estadual é de dezembro de 2009 e aguarda decisão de recurso

Atualizada em 31/05/2010 | 16h2531/05/2010 | 12h45

Uma década após a montadora Ford desistir de instalar uma fábrica em Guaíba, a Justiça Estadual do Rio Grande do Sul condenou a empresa a pagar uma indenização ao governo do Estado de R$ 134 milhões - valor nominal relativo à época, sem a correção monetária. A decisão foi proferida pela juíza Lilian Cristiane Siman, da 5° Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, em 15 de dezembro de 2009.

Na decisão, a magistrada reconhece que a Ford foi responsável pelo rompimento do contrato e que o governo cumpriu todos os pontos previstos no contrato firmado ainda em março de 1998. Naquela época, foram investidos valores em obras de infraestrutura na área onde seria instalado o complexo industrial e outras despesas em torno do projeto.

Em 1999, a Ford teria que fazer uma prestação de contas sobre os gastos com o projeto no Rio Grande do Sul, mas os documentos foram considerados insuficientes pela Contadoria e Auditoria Geral do Estado (Cage). Conforme a sentença, antes mesmo da conclusão dos trabalhos da Cage, a Ford já havia se retirado do empreendimento por iniciativa própria, anunciando a ida para a Bahia – sem encerrar tratativas oficiais com o governo da época.

A empresa já recorreu da decisão e, com isso, obteve efeito suspensivo sobre a sentença. Assim, não precisará pagar a indenização enquanto o recurso não for julgado. Segundo informações do Tribunal de Justiça do RS, o processo será distribuído dentro da Corte nos próximos dias. 

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Ford Brasil informou que o processo envolvendo o governo gaúcho e a empresa encontra-se sub judice.

– Por este motivo, a Ford não se pronunciará neste momento, pois aguarda uma solução final do processo por parte dos órgãos competentes –, diz o texto.

A íntegra do processo nº 10503162640 pode ser consultado no site do Tribunal de Justiça do RS.

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/economia/noticia/2010/05/ford-e-condenada-a-indenizar-governo-do-estado-por-desistencia-de-fabrica-em-guaiba-2921740.html

28.5.14

Sete lições que já deveríamos ter aprendido sobre o golpe de 1964 e sua ditadura - Carta Maior

09/03/2014 - Copyleft


Sete lições que já deveríamos ter aprendido sobre o golpe de 1964 e sua ditadura


Há 50 anos, o Brasil foi capturado pela mais longa, mais cruel e mais tacanha ditadura de sua história.

Meio século é mais que suficiente tanto para aprendermos quanto para esquecermos muitas coisas.

É preciso escolher de que lado estamos diante dessas duas opções.


1ª. LIÇÃO: AQUELA FOI A PIOR DE TODAS AS DITADURAS

No período republicano, o Brasil teve duas ditaduras propriamente ditas. Além da de 1964, a de 1937, imposta por Getúlio Vargas e por ele apelidada de "Estado Novo".

A ditadura de Vargas durou oito anos (1937 a 1945). A ditadura que começou em 1964 durou 21 anos.

Vargas e seu regime fizeram prender, torturar e desaparecer muita gente, mas não na escala do que ocorreu a partir de 1964.

Os torturadores do Estado Novo eram cruéis. Mas nada se compara em intensidade e em profissionalismo sádico ao que se vê nos relatos colhidos pelo projeto "Brasil, nunca mais" ou, mais recentemente, pela Comissão da Verdade.

Em qualquer aspecto, a ditadura de 1964 não tem paralelo.

 
2ª. lição: QUALIFICAR A DITADURA SÓ COMO “MILITAR” ESCAMOTEIA O PAPEL DOS CIVIS

Foram os militares que deram o golpe, que indicaram os presidentes, que comandaram o aparato repressivo e deram as ordens de caçar e exterminar grupos de esquerda.

Mas a ditadura não teria se instalado não fosse o apoio civil e também a ajuda externa do governo Kennedy.

O golpismo não tinha só tanques e fuzis. Tinha partidos direitosos; veículos de imprensa agressivos; empresários com ódio de sindicatos; fazendeiros armados contra Ligas Camponesas, religiosos anticomunistas. Todos tão ou mais golpistas que os militares.

Sem os civis, os militares não iriam longe. A ditadura foi tão civil quanto militar. Tinha seu partido da ordem; sua imprensa dócil e colaboradora; seus empresários prediletos; seus cardeais a perdoar pecados.

 
3ª. LIÇÃO: NÃO HOUVE REVOLUÇÃO, E SIM REAÇÃO, GOLPE E DITADURA

Ernesto Geisel (presidente de 1974 a 1979) disse a seu jornalista preferido e confidente, Elio Gaspari, em 1981:

"O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento contra, e não por alguma coisa. Era contra a subversão, contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução".

Quase ninguém usa mais o eufemismo “revolução” para se referir à ditadura, à exceção de alguns remanescentes da velha guarda golpista, que provavelmente ainda dormem de botinas, e alguns  desavisados, como o presidenciável Aécio Neves, que recentemente cometeu a gafe de chamar a ditadura de “revolução” (foi durante o 57º Congresso Estadual de Municípios de São Paulo, em abril de 2013).

Questionado depois por um jornal, deu uma aula sobre o uso criterioso de conceitos: “Ditadura, revolução, como quiserem”.

A ditadura foi uma reação ao governo do presidente João Goulart e à sua proposta de reformas de base: reforma agrária, política e fiscal.

4ª. LIÇÃO: A CORRUPÇÃO PROSPEROU MUITO NA DITADURA

Ditaduras são regimes corruptos por excelência. Corrupção acobertada pelo autoritarismo, pela ausência de mecanismos de controle, pela regra de que as autoridades podem tudo.

A ditadura foi pródiga em escândalos de corrupção, como o da Capemi, justo a Caixa de Pecúlio dos Militares. As grandes obras, ditas faraônicas, eram o paraíso do superfaturamento.

Também ficaram célebres o caso Lutfalla (envolvendo o ex-governador Paulo Maluf, aliás, ele próprio uma criação da ditadura) e o escândalo da Mandioca.

5ª. LIÇÃO: A DITADURA ACABOU, MAS AINDA TEM MUITO ENTULHO AUTORITÁRIO POR AÍ

O Brasil ainda tem uma polícia militar que segue regulamentos criados pela ditadura.

A Polícia Civil de S. Paulo, em outubro de 2013, enquadrou na Lei de Segurança Nacional (LSN) duas pessoas presas durante protestos.

A tortura ainda é uma realidade presente, basta lembrar o caso Amarildo.

Os corredores do Congresso ainda mostram um desfile de filhotes da ditadura - deputados e senadores que foram da velha Arena (Aliança Renovadora Nacional, que apoiava o regime).

6ª. LIÇÃO: BANALIZAR A DITADURA É ACENDER UMA VELA EM SUA HOMENAGEM

Há duas formas de se banalizar a ditadura. Uma é achar que ela não foi lá tão dura assim. A outra é chamar de ditadura a tudo o que se vê de errado pela frente.

O primeiro caso tem seu pior exemplo no uso do termo "ditabranda" no editorial da Folha de S. Paulo de 17 de fevereiro de 2009.

Para a Folha de S. Paulo, a última ditadura brasileira foi uma branda (“ditabranda”), se comparada à da Argentina e à chilena.

A ditadura brasileira de fato foi diferente da chilena e da argentina, mas nunca foi “branda”, como defende o jornal acusado de ter emprestado carros à Operação Bandeirantes, que caçava militantes de grupos de esquerda para serem presos e torturados.

Como disse a cientista política Maria Victoria Benevides, que infâmia é essa de chamar de brando um regime que prendeu, torturou, estuprou e assassinou?

A outra maneira de se banalizar a ditadura e de lhe render homenagens é não reconhecer as diferenças entre aquele regime e a atual democracia. Para alguns, qualquer coisa agora parece ditadura.

A proposta de lei antiterrorismo foi considerada uma recaída ditatorial do regime dos “comissários petistas” e mais dura que a LSN de 1969. Só que, para ser mais dura que a LSN de 1969, a proposta que tramita no Congresso deveria prever a prisão perpétua e a pena de morte.

O diplomata brasileiro que contrabandeou o senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil comparou as condições da embaixada do Brasil na Bolívia à do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), a casa de tortura da ditadura.

Para se parecer com o DOI-CODI, a Embaixada brasileira em La Paz deveria estar aparelhada com pau de arara, latões para afogamento, cadeira do dragão (tipo de cadeira elétrica), palmatória etc.

Banalizar a ditadura é como acender uma vela de aniversário em sua homenagem.


7ª. LIÇÃO: JÁ PASSOU DA HORA DE PARAR COM AS HOMENAGENS OFICIAIS DE COMEMORAÇÃO DO GOLPE

Por muitos e muitos anos, os comandantes militares fizeram discursos no dia 31 de março em comemoração (isso mesmo) à “Revolução” de 1964.

A provocação oficial, em plena democracia, levou um cala-a-boca em 2011, primeiro ano da presidência Dilma. Neste mesmo ano também foi instituída a Comissão da Verdade.

A referência ao 31 de março foi inventada para evitar que a data de comemoração do golpe fosse o 1º. de abril – Dia da Mentira.

A justificativa é que, no dia 31, o general Olympio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, em Minas Gerais, começou a movimentar suas tropas em direção ao Rio de Janeiro.

Se é assim, a Independência do Brasil doravante deve ser comemorada no dia 14 de agosto, que foi a data em que o príncipe D. Pedro montou em seu cavalo para se deslocar do Rio de Janeiro para as margens do Ipiranga, no estado de São Paulo.

A palavra golpe tem esse nome por indicar a deposição de um governante do poder. No dia 1º. de abril, João Goulart, que estava no Rio de Janeiro, chegou a retornar para Brasília. Em seguida, foi para o Rio Grande do Sul e, depois, exilou-se no Uruguai  mas só em 4/4/1964. Que presidente é deposto e viaja para a capital um dia depois do golpe?

O Almanaque da Folha é um dos tantos que insistem na desinformação:
“31.mar.64 — O presidente da República, João Goulart, é deposto pelo golpe militar”. Entende-se. Afinal, trata-se do pessoal da ditabranda.

O que continua incompreensível é o livro “Os presidentes e a República”, editado pelo Arquivo Nacional, sob a chancela do Ministério da Justiça, trazer ainda a seguinte frase:

“Em 31 de março de 1964, o comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais, iniciou a movimentação de tropas em direção ao Rio de Janeiro. A despeito de algumas tentativas de resistência, o presidente Goulart reconheceu a impossibilidade de oposição ao movimento militar que o destituiu”.

De novo, o conto da Carochinha do 31 de março.

Ainda mais incompreensível é o livro colocar as juntas militares de 1930 e de 1969 na lista dos presidentes da República.

A lista (errada) é reproduzida na própria página da Presidência da República como informação sobre os presidentes do Brasil.

Nem os membros das juntas esperavam tanto. A junta governativa de 1930 assinava seus atos riscando a expressão “Presidente da República”. 

No caso da junta de 1969, o livro do Arquivo Nacional diz (p. 145) que o Ato Institucional nº. 12 (AI-12) "dava posse à junta militar" composta pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Ledo engano.

O AI-12, textualmente: “Confere aos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar as funções exercidas pelo Presidente da República, Marechal Arthur da Costa e Silva, enquanto durar sua enfermidade”. Oficialmente, o presidente continuava sendo Costa e Silva.

Há outro problema. Uma lei da física, o famoso princípio da impenetrabilidade da matéria, diz que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo – que dirá três corpos.

Não há como três chefes militares ocuparem o mesmo cargo de presidente da República. Que república no mundo tem três presidentes ao mesmo tempo?

O que os membros da Junta de 1969 fizeram foi exercer as funções do presidente, ou seja, tomar o controle do governo. O AI-14/1969 declarou o cargo oficialmente vago, quando a enfermidade de Costa e Silva mostrou-se irreversível.

Os três comandantes militares jamais imaginaram que um dia seriam listados em um capítulo à parte no panteão dos presidentes. A Junta ficaria certamente satisfeita com a homenagem honrosa e, definitivamente, imerecida.

Que história, afinal, estamos contando?

Uma história que ainda não faz sentido.

Uma história cujas lições ainda nos resta aprender.


(*) Antonio Lassance é cientista político.

http://www.cartamaior.com.br/?%2FColuna%2FSete-licoes-que-ja-deveriamos-ter-aprendido-sobre-o-golpe-de-1964-e-sua-ditadura%2F30429

O enigma de 2014 | Vinícius Wu | Leitura Global

O enigma de 2014

Publicado originalmente na Zero Hora, em 27 de maio de 2014

Os protestos de 2013 consolidaram uma importante alteração na agenda política nacional. A qualidade dos serviços públicos emerge como tema central e deve ser decisiva nas eleições de outubro. Essa é uma das conclusões da pesquisa realizada pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicada pelo jornal O Globo no último domingo.

A pesquisa ouviu 3,6 mil pessoas em seis regiões metropolitanas do país e atesta o aumento da insatisfação dos brasileiros com os serviços ofertados pelo estado. Os insatisfeitos com a segurança pública somam 80%; saúde, 79%; e transporte, 73%. Ao mesmo tempo, os entrevistados reconhecem a melhoria da situação econômica nos últimos anos e revelam-se otimistas em relação ao futuro.

É possível concluir que a agenda nacional está se deslocando: o tema da distribuição de renda vai cedendo lugar ao da qualificação dos serviços públicos, resultado direto do processo massivo de inclusão social verificado na última década.

As eleições de 2014, em grande medida, serão definidas pela capacidade dos partidos, e seus candidatos, de traduzirem o desejo de mudança, identificado pelas pesquisas de opinião, em proposições que resultem numa qualificação substancial dos serviços.

Portanto, é preciso projetar uma agenda que assegure as conquistas dos últimos anos e avance em direção a temas ainda represados, como a promoção de estratégias mais eficazes de segurança pública e saúde. E, ao contrário do que supunham os arautos do “déficit zero”, os brasileiros clamam por mais ação do Estado e não menos. A qualificação da gestão deve estar no centro dessa nova agenda. Não basta ampliar recursos, é preciso regular e qualificar o investimento público. Trata-se de um desafio que envolve os governos federal, estaduais e municipais.

O atual governo do Rio Grande do Sul tem buscado, através da recuperação das funções públicas do Estado e da reestruturação da gestão estadual, avançar em direção a essas questões. Não é algo que se conquiste através de soluções milagrosas, mas com perseverança, perspectiva estratégica e estímulo à participação efetiva da sociedade nas decisões públicas.


http://leituraglobal.org/?p=2411

21.5.14

QUEM SÃO OS PURISTAS?

QUEM SÃO OS PURISTAS?

Marcos Bagno

Purista é quem defende a "pureza" da língua contra todas as formas inovadoras, sempre vistas como sinais de "decadência", "corrupção" e "ruína", não só da língua mas também, muitas vezes, dos valores morais da sociedade. O termo purista, não por acaso, surgiu na França no século XVII, no apogeu do regime absolutista, centralizado na figura de um rei todo-poderoso, de uma concepção de mundo e de sociedade doentiamente elitista, que só dava valor ao que vinha do topo do topo, da nata da nata.

O pai do purismo é o escritor Vaugelas (pronuncia-se vojlá). Ah, sim, desculpe a intimidade: Claude Favre, barão de Pérouges, senhor de Vaugelas (1585-1650)… Com esses títulos, evidentemente, ele só podia achar que a "boa linguagem" era a dos aristocratas. Ele escreveu, de fato, que o uso correto do francês devia se inspirar na língua falada pela "parte mais sadia da Corte". Então, não basta ser nobre, não basta ser aristocrata, é preciso ser mais nobre que a nobreza, mais aristocrata que a aristocracia… O espírito de Vaugelas se incorpora hoje em muitos paspalhos e sacanas que andam por aí atacando as "impurezas" do português brasileiro.

Hoje em dia, nenhum purista gosta de ser chamado assim, porque, com o tempo, o rótulo se tornou pejorativo. No entanto, com um grau maior ou menor de intolerância, esses que andam dando "dicas de português", escrevendo sobre a "falta de estilo" dos outros, chamando os brasileiros de "asnos", "imbecis" ou, pior, de "caipiras" e "índios" (como se fossem xingamentos) são todos inegavelmente puristas.

Uns se disfarçam com um aparente liberalismo, dizem que não se pode discriminar ninguém pela linguagem, etc., mas, no final, sempre acabam pregando a obrigação de se usar as formas mais conservadoras naquilo que chamam de "padrão culto formal", que nunca se preocupam em explicar o que é. Outros usam um humor duvidoso, conquistam o leitor com piadinhas sempre muito preconceituosas para nos convencer de que no Brasil se fala um português "de rua, de botequim ou de cama", como escreveu um deles.

A atitude irracional dos puristas fica evidente no absoluto desprezo que eles têm, não só pela linguística científica (o que é bem compreensível, sendo eles o que são), mas também pelo trabalho dos gramáticos e dicionaristas profissionais. O purista sempre recorre a fórmulas como "segundo a tradição gramatical", "nos melhores dicionários" e coisas parecidas. Mas essa alegação é retórica vazia. Os gramáticos e dicionaristas de verdade reconhecem, com frequência, as inovações que os falantes têm introduzido na língua e dão sua chancela a esses novos usos. Pergunte a um purista, por exemplo, se tanto faz usar "despercebido" ou "desapercebido". Ele vai dizer imediatamente que não, que cada uma das palavras tem sentido preciso e diferente. Mas no dicionário Houaiss a gente lê: "ante o emprego desses dois vocábulos como sinônimos por autores de grande expressão [...] a rejeição [da sinonímia] faz-se inaceitável".

Pior é quando eles querem reformar a língua no tapa, tentando impedir usos consagrados há séculos, presentes em todas as modalidades da língua, inclusive na melhor literatura. Típico exemplo: um desses supostos especialistas que, tornado célebre por sua onipresença na mídia, tirou do colete a regra bisonha de que a expressão "risco de vida" está errada e que só podemos falar de "risco de morte". Pronto: foi o que bastou para todos os repórteres da televisão começarem a falar de "risco de morte". É mole? Xô, fantasma de Vaugelas! T'esconjuro!

carosamigos



Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz