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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

30.10.07

Ocupação da Reitoria da Universidade de Caxias do Sul

Depois de um grande ato que reuniu mais de 800 pessoas, a Reitoria da UCS foi ocupada. Cerca de 30 estudantes permaneceram na Reitoria.








Manifesto de Ocupação da Reitoria da UCS
Carta Aberta do Diretório Central de Estudantes



O Diretório Central de Estudantes( DCE), gestão Movimentação - A contra Mola que resiste!, tem por objetivo auxiliar na construção de uma Universidade democrática, plural e de acesso a todos e todas. O DCE é contra o aumento proposto pela Reitoria de 6,3% em nossas mensalidades, a principal alegação da Universidade para este indíce absurdo é possibilitar uma maior capacidade de investimento na instituição. Somos favoráveis que a UCS não retroceda na qualidade de nossos cursos e serviços, mas não somos nós estudantes os únicos responsáveis pela receita da Universidade.

No dia 19/10, sexta- feira, o Conselho Universitário (CONSUNI) reuniu-se para tratar de várias pautas. Entre elas estava o ponto "Encargos Educacionais", uma forma rebuscada de nomear o nosso conhecido aumento de mensalidades. A A Reitoria apresentou o índice de reajuste de 6,3% para que possa ser realizado um investimento de R$ 900.000,00/mê s. Para nós do DCE a reitoria não leva em conta seu caráter regional e comunitário, pois essa aumento não considera a variação salarial da região, distanciando- se da realidade e impossibilitando que muitos estudantes consigam permanecer estudando.

A Universidade de Caxias do Sul, passa por um momento de estabilidade em seus números, a cada a ano a Universidade consegue manter um equilíbrio de suas contas, apesar de nos últimos 8 anos a concorrência de outras faculdades impulsionar a fuga de inúmeros estudantes, a UCS neste último ano obteve um acréscimo em sua receita em comparação ao ano de 2006 de 4,1%. A cada mês a universidade tem um aumento em média de 120.000 UCP's ( unidades de crédito padrão) acumulando até agosto deste ano o valor de R$ 8.226.764,00 ( podendo chegar a 9 milhões até dezembro).

No ano de 2006-2007, a UCS teve uma capacidade de investimento de R$ 770.000,00 mês. É importante lembrar que no ano passado tivemos um reajuste de 3,1%. A principal justificativa da reitoria para não alcançar a meta de investimento de 1milhão/ mês neste ano foram as diversas dívidas trabalhistas que a Universidade teve que pagar, chegando a mais de R$ 3 milhões. No mínino estranhamos o aumento de 6,3% com capacidade de investimento pouco acima da realizada neste ano, já que tivemos no ano passado um reajuste de mensalidades bem inferior ao proposto para este ano.

A UCS, mesmo apresentando crescimento em sua receita não consegue explicar por que ainda alguns setores da FUCS apresentam enormes deficitis. Como exemplo temos o CETEL que até agosto acumulou um prejuízo de R$ 508.000,00. Além disso, o CETEL não tem abertura para a participação dos estudantes, um espaço em sua rádio para o movimento estudantil. Além disso, temos a Vila Olímpica que até agosto acumulou uma dívida de R$ 2.340.864 ,00. O argumento dos "times profissionais" já não existe porque esses times passaram a ser sustentados por patrocínios externos. Sabemos também que este espaço é utilizado pelos cursos da área da saúde e por mais que isso tenha um grande impacto nas receitas desta unidade, pelo menos esse gasto está ligado com os fins da UCS.
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Quando falamos da gestão da FUCS não podemos esquecer do Hospital Geral (HG). A saúde pública que deveria ser responsabilidade do Estado acaba sendo subsidiada pelas nossas mensalidades. Esse acordo firmado ainda na gestão do reitor Pauletty faz com que os estudantes da UCS acabem assumindo as dívidas do HG. A vinculação do CNPJ do HG com a FUCS, faz com que a UCS entre no CADIN (cadastro de inadimplentes) e assim, ela não pode comprar nada e realizar investimentos. Este ano o déficit do HG até agosto chegou a R$ 1.282.864,00 subindo em relação ao ano anterior, que no mesmo período apresentou déficit de quase R$ 1 milhão. A reitoria alega que não pode desvincular o CNPJ do HG com a FUCS, pois perderia uma enorme fatia da filantropia que o Hospital garante para a instituição, mas questionamos filantropia com verba pública (SUS) é correto?

Outra alegação da reitoria para o aumento são os descontos para as licenciaturas, conquistados a partir de nossa última gestão no DCE. Os descontos de 20% concedidos aos estudantes que cursarem pelo menos 12 créditos estão sendo questionados pela reitoria, pois com eles a UCS deixou de arrecadar algo em torno de 2 milhões de reais. Analisamos os números e vimos que houve redução na arrecadação dos cursos de licenciatura, mas também verificamos que no semestre anterior tivemos um decréscimo no número de estudantes desses cursos. Por mais que essas políticas signifiquem investimentos maiores da UCS acreditamos que a universidade deve ter um olhar diferenciado para as licenciaturas, propondo políticas que incentivem as pessoas a cursarem licenciaturas, valorizando esses cursos e combatendo a procura apenas de cursos ligados ao mercado.

Além destes pontos nas finanças da Universidade, apontamos outros elementos para discutirmos e que precisamos avançar. Nesse ano a escolha dos diretores de Centro não privilegiou a participação da comunidade acadêmica. Queremos que a reitoria cumpra com o discurso que realizou em seu período de campanha, avançando nos processos democrático dentro da Universidade, oportunizando a participação dos estudantes, professores e funcionários nos rumos da instituição. Devemos avançar em uma agenda de transição que possibilite um definição nas funções administrativas e acadêmicas da UCS e da FUCS,que de forma definitiva defina os processos de escolha das novas reitorias e que discuta a ampliação do atual Conselho Diretor da Fundação.
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O DCE vem a público apresentar a pauta de nossa mobilização. Não saíremos da reitoria enquanto nossas reinvindicações não forem atendidas.
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1. Não votação pelo Conselho Diretor do aumento de mensalidades na reunião do 30/10. Convocação de uma nova reunião do CONSUNI com a pauta do reajuste após a realizaçao do Orçamento Universitário do DCE ( respeitando os prazos da lei de mensalidades 9870/99).
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2 - Manutenção da política de descontos de 20% para as licenciaturas, desconto conquistado em 2006 e bandeira histórica do movimento estudantil !
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3 - Rediscussão dos aumentos de mensalidades, conforme demandas do orçamento universitário, nos parâmetros dos indíces inflacionários !
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4 - Elaboração de um plano de Assistência estudantil com orçamento específico, com a construção de um espaço que se preocupe e implemente a assistência aos estudantes, aproximando os estudantes, Das e DCEs;
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5 - Congresso estatuinte , com delegação paritária e deliberativo que trate sobre a reestruturação acadêmica e estatuto da UCS e FUCS !
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6 - Criação de uma mesa permanente de debate que contemple a paticipação de todas as categorias da comunidade acadêmica e que sirva como espaço para discutirmos diferentes temas da UCS e FUCS !
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7 - Comprometimento das obras elencadas no Orçamento Universitário 2007 !
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8 - Aumento nas bolsas de trabalho da UCS e das bolsas de graduação;
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9 - Posicionamento do Conselho diretor quanto a : ampliação e democratização do conselho diretor, principalmente no que diz a respeito à vaga do DCE, à escolha do reitor e à autonomia universitária !
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10 - Criação de um fórum permanente de negociação de inadimplentes!
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11 - Regularização do conselho gestor do Hospital Geral, garantido a participação de estudantes e professores. Reformulação da gestão acadêmica no Hospital Geral. Garantia da manutenção do hospital continuar 100 % SUS !
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12 - Cetel como unidade de ensino, passando para a gestão da UCS, garantindo uma maior participação da comunidade acadêmica na programação da Rádio e UCS TV !
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Diretório Central de EstudantesGestão 2007 -2008 - "Movimentação a Contra mola que resiste"

TV Câmara debaterá "Brasil no mundo"

O Brasil no mundo é o tema do programa "Expressão Nacional" que vai ao ar hoje, às 22h, na TV Câmara. O programa será ao vivo e abordará a entrada da Venezuela no Mercosul; a crise no bloco comercial; as alternativas para o país negociar com mais força no mercado internacional; as rodadas de negociação na Organização Mundial do Comércio; o papel da China no comércio externo; e a relação com os Estados Unidos.

Participam do debate os deputados Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), presidente do Fórum Interparlamentar das Américas; e Dr. Rosinha (PT-PR), vice-presidente do Parlamento do Mercosul; além do ex-embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp; e o professor Eiiti Sato, diretor do Instituto de Relações Internacionais da UnB.

Os telespectadores podem enviar perguntas ou sugestões pelo e-mail expressaonacional@camara.gov.br ou então pelo telefone gratuito 0800 619 619. Basta indicar quem quer que responda a pergunta. Se estiver havendo sessão do Plenário da Câmara, o programa é transmitido ao vivo na internet - www.camara.gov.br/tv - e transmitido em seguida.

A TV Câmara pode ser sintonizada no canal 27 em UHF no Distrito Federal e nos canais 14 da NET (no DF), 113 da Sky Net, 16 da TECSat, 235 da Direct TV, 67 da TVA (grande São Paulo) e por antena parabólica em todo o País. Para assistir pela Internet, acesse:http://www.tv.camara.gov.br/
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TV Câmara - Megafone
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Este documentário da TV Câmara desenvolve narrativa paralela entre duas histórias para montar uma imagem do estudante secundarista que se envolve com política nos dias de hoje.
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Megafone
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Centenas de estudantes nas ruas, gritos de palavras de ordem e encontros de discussão política nas escolas. As cenas parecem acontecidas nos anos 60, mas são atuais. É o que mostra o novo documentário da TV Câmara, que estréia na Quinta-feira, 02 de novembro, às 21h.
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“Megafone” tem duração de 27 minutos e acompanha a eleição de um grêmio num colégio secundarista da asa sul de Brasília, ao mesmo tempo que entra na caravana pelo passe livre. O documentário desenvolve narrativa paralela entre as duas histórias para montar uma imagem do estudante secundarista que se envolve com política nos dias de hoje. A narrativa também faz curtas voltas ao passado, até momentos chaves do movimento estudantil como a campanha pela nacionalização do petróleo nos anos 40.
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“Megafone” tem direção do documentarista brasiliense Guilherme Bacalhao, coordenação de produção de Karina Staveland e montagem de Joelson Maia. Foi gravado entre abril e julho de 2007 e, além de ser exibido pela TV Câmara, vai participar de exibições públicas por escolas secundaristas em vários estados do Brasil.
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NO AR: Sexta, 2 de novembro, 21h e 23h30;Sábado, 03 de novembro, 17h e 22h30;Domingo, 04 de novembro, 7h e 14h.

Cristina Kirchner obteve maior apoio entre mais pobres

ELEIÇÃO NA ARGENTINA

Em 2001, o país mergulhou em uma grave crise que arrastou a economia, a política e o orgulho nacional para o fundo do poço. Seis anos depois, o PIB argentino cresce a uma taxa anual de 9%. Apatia atingiu eleitores e candidatos da direita, que tiveram um desempenho pífio.


Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior
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PORTO ALEGRE - A maioria dos analistas políticos, dentro e fora da Argentina, escolheu a palavra “apatia” para descrever o ambiente que marcou a disputa presidencial vencida, no primeiro turno, pela senadora Cristina Kirchner. A esposa do atual presidente, Néstor Kirchner, foi eleita com cerca de 44% dos votos, confirmando o favoritismo que a acompanhou durante toda a campanha. A apatia mencionada pelos analistas pode ser lida de duas maneiras: um desinteresse da maioria da população pelo destino do país, ou a expressão da superação de um trauma ainda muito vivo na memória do povo.
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Em 2001, o país mergulhou em uma grave crise que arrastou a economia, a política e o orgulho nacional para o fundo do poço. Seis anos depois, o Produto Interno Bruto argentino cresce a uma taxa anual de 9%. Um “detalhe” que talvez ajude a entender porque a maioria optou pela continuidade, recusando maiores debates.
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O povo argentino visitou o inferno social, político e econômico, deu um tapa na cara do diabo e voltou à vida. Não está no paraíso, mas chegou a um lugar muito melhor do que estava até bem pouco tempo. Considerando os traumas recentes, parece razoável que tenha recusado debater mudanças de rumo neste momento.
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Além da recuperação econômica, o governo Kirchner acumulou uma considerável poupança no terreno da memória do país, ao decidir não varrer para debaixo do tapete o problema dos crimes da ditadura militar. Nenhum outro governante de um país da América Latina, que tenha passado por uma ditadura, fez o que Kirchner fez. Não é pouca coisa. Se é assim, seria até estranho que a eleição presidencial deste ano fosse marcada por um acalorado debate sobre os rumos do país. Até porque um setor da oposição a Kirchner integra o grupo social e político que quase acabou com a nação.
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Um país fragmentado
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Julio Blanck, articulista do jornal Clarín, definiu a eleição de Cristina como um prêmio outorgado por um país fragmentado. “Um terço de nós vive como se vive razoavelmente no chamado Primeiro Mundo. Outro terço de nós sobrevive na carência e na desesperança cotidianas. Essa fragmentação teve expressão palpável no corte social do voto. A vitória de Cristina rotunda e sem objeções, apoiou-se nos setores que mais precisam de proteção social por parte do Estado. O seu mandato terá o compromisso de governar para esses setores. Mas também terá que fazê-lo para a metade do país que não votou nela”, escreve Blanck.
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A senadora foi eleita, sustenta o mesmo articulista por um voto conservador: o voto daqueles que querem conservar os avanços dos últimos quatro anos. Esse foi justamente o sentido do lema da campanha de Cristina: “el cambio recién empieza” (a mudança só está começando).
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Na mesma direção, J.M. Pasquini Duran escreveu no jornal Página 12: “Essa eleição significa continuidade da gestão e, neste sentido, não só aposta no futuro, como manifesta sua aprovação pelo passado imediato, um passado de 59 meses contínuos de recuperação econômica, de formação da Corte Suprema sem nenhuma subordinação ao Poder Executivo e de firme compromisso contra a impunidade do terrorismo de Estado”. Duran também destaca o apoio maciço que Cristina obteve junto aos setores mais humildes do país, o que pode garantir também uma maioria no Congresso.
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O fracasso da direita
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Os números do escrutínio indicam que, se houve apatia, esta não se deu entre os apoiadores do governo Kirchner. O desempenho dos candidatos mais identificados com a direita argentina foi pífio. López Murphy e Jorge Sobisch não conseguiram chegar a mais de três pontos percentuais.
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Dividida em 13 chapas, a oposição a Kirchner centrou seu discurso em temas como inflação, segurança pública e corrupção. Não conseguiu empolgar. Os seus melhores desempenhos ficaram por conta de Elisa Carrió, que fez cerca de 23% dos votos (venceu em Buenos Aires), e do ex-ministro da Economia, Roberto Lavagna, com 16,89% dos votos. A partir deste resultado, Carrió, da Coalizão Cívica, tentará se firmar agora como principal líder da oposição, embora tenha prometido não disputar mais a presidência da República. A candidata da Coalizão Cívica encontrou forte apoio entre setores da classe média argentina. Sabedora disso, Cristina Kirchner fez de suas primeiras declarações um apelo à concórdia e à concertação social. A senadora sabe que mais de metade do país não votou nela e que precisará ampliar sua base de apoio social para governar. Por isso fala em conciliação e união.
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Esquerda dividida. Para variar...
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Quanto à esquerda argentina, esta permanece dividida e, apesar de todo o desgaste dos partidos tradicionais, não conseguiu apresentar um programa capaz de conversar com setores mais amplos da sociedade. O melhor desempenho que obteve foi com a candidatura do cineasta Fernando Solanas, do Partido Socialista Autêntico, que obteve cerca de 1,6% dos votos. Durante a campanha, Solanas fez pesadas críticas ao governo Kirchner.
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Para ele, Kirchner "aprofundou os elementos estruturais do modelo neoliberal ao confirmar e estender o processo de privatização nos setores petrolífero, de gás e minérios, propiciar a concentração da propriedade agrícola e a monocultura em favor das corporações, das commodities (especialmente da soja) e do projeto de agrocombustíveis, tudo isso com um custo ambiental que será pago pelas próximas gerações". (ver matéria "
Argentina, una certeza Y múltiples dudas", de Victor Ego Ducrot, da Agencia Periodística del Mercosul)
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As críticas de Solanas apontam embates futuros. Superado o trauma da crise de 2001, a Argentina volta-se para um novo período. Cristina aproveitou a poupança acumulada pelo governo Kirchner e sabe que não poderá governar apenas com esse recurso. Enfrentará problemas sérios, como a ameaça da volta da inflação, a pobreza, o desemprego e a crescente desnacionalização do território argentino. Suas escolhas desenharão a imagem do seu governo e mostrarão até onde o povo argentino está disposto a ir na trilha da mudança do modelo que, há seis anos, levou o país à ruína.

Políticas sociales marcarán pauta en gobierno de Cristina Fernández

TeleSUR _ 29/10/07 - 19:49

La presidenta electa anunció que seguirá la lucha por una Argentina sin injusticia, donde las políticas de atención a los más pobres seguirán siendo una prioridad, al igual que la consolidación de un sistema económico que permita mejorar la calidad de vida en la nación suramericana. - Líderes mundiales saludan triunfo de Cristina Fernández en Argentina


La mandataria electa de Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, aseguró que luego del 10 de diciembre, día en que asuma de manera formal la Presidencia, su Gobierno iniciará la aplicación de una política viable para promover nuevas fuentes de empleo, generar inversión, crear planes de seguridad y atender la pobreza.

Fernández manifestó que dentro de su plan de Gobierno para los venideros cuatro años, los flagelos de la inseguridad y la pobreza representan una prioridad porque "no pueden aislarse del modelo económico ni del plan de educación, salud y justicia", que deben ir agarrados de la mano "con una justa distribución de ingresos" a escala nacional.

En el aspecto social, se espera que los ejes de su Gobierno sean garantizar la salud y la educación públicas y gratuitas y luchar contra la delincuencia en el desarrollo de políticas que promuevan la justicia social.

Según diversos analistas, Fernández promoverá un modelo económico basado en el desarrollo industrial con un alto nivel de consumo interno, una tasa de crecimiento de la economía del 9 por ciento anual y una inflación que no supere el 7 por ciento anual.

Al respecto, la mandataria electa añadió que va a combatir el leve incremento de la inflación registrado en los últimos meses.

Existe "un crecimiento del PIB récord como el de los últimos años, esta dinámica de precios es más que razonable", dijo y llamó a "no preocuparse, sino a ocuparse" de la inflación.

Industriales complacidos

Por su parte, industriales de distintos sectores manifestaron este lunes su optimismo con la llegada a la Presidencia de la Nación de Cristina Fernández, y vaticinaron que con ella "se profundizará el modelo económico" iniciado con la gestión de Néstor Kirchner.
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El titular de la Unión Industrial Argentina (AUI), Juan Carlos Lascurain, quien habló a la prensa en compañía de directivos de otras cámaras del sector fabril, expresó su complacencia por el triunfo de Cristina Fernández, al sostener que la futura presidenta "profundizará" el actual modelo productivo y consolidará el proceso de inversiones.
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"Es indudable que el resultado de la elección no hace otra cosa que ratificar el actual modelo productivo", dijo el titular la UIA. En lo que respecta al futuro, Lascurain señaló que "existen dinamismos que habrá que analizar como el caso del financiamiento y también sería importante que se ponga la mirada en la educación técnica".
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A su vez, el titular de la Fundación Pro Tejer, Aldo Karagozián, subrayó que la victoria oficialista "genera certidumbre respecto de la continuidad de la actual política económica".
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"En la cadena de valor de la agro industria textil y de indumentaria permitirá consolidar el proceso de desarrollo de inversiones, que desde el comienzo de la gestión actual ha posibilitado en principio, utilizar la capacidad ociosa instalada y en una segunda etapa, generar inversiones para ampliar la capacidad productiva industrial en un 40 por ciento", destacó el empresario a través de un comunicado.
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En tanto, el presidente de la Cámara de la Industria del Calzado, Alberto Sellaro, sostuvo que con la llegada de Cristina Fernández a la Presidencia "no sólo prevemos una continuidad de políticas apoyando el crecimiento de la economía argentina, sino que estamos convencidos que invertiremos más, habrá más crecimiento y proyección para continuar hacia delante con el desarrollo sostenido de nuestro sector".
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"La Presidenta electa tiene la convicción de que uno de los pilares del crecimiento de la economía argentina es el sector industrial y por supuesto el sector Pyme. Esto nos alienta a creer en un futuro previsible", añadió.También el titular de la Cámara de la Industria de Manufacturas del Cuero y Afines, Raúl Zylbersztein, consideró que "para los sectores industriales, sobre todos las Pyme, es una buena noticia la profundización de este modelo".
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"La convicción con que la presidente electa defendió el plan industrial y los antecedentes del gobierno, que jamás dijo una cosa para hacer otra, prevén unos 4 años de tranquilidad para que las empresas hagan inversiones productivas, y para que los bancos vean a nuestros sectores como un lugar donde canalizar su liquidez", enfatizó el directivo.
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Por último, el presidente de la Cámara de la Industria del Juguete, Norberto García, sostuvo que "el espectacular triunfo de Cristina Fernández de Kirchner reafirma el agradecimiento de la población hacia el gobierno que defendió con su política industrial el trabajo de los argentinos".

Polémica por continuidad

Según el analista Rosendo Fraga, lo positivo del gobierno de Néstor Kirchner ha sido que reconstituyó el poder político presidencial, debilitado por la crisis 2001-2002, y que supo aprovechar el crecimiento económico, lo que fue tomado en consideración por el pueblo argentino al momento de votar, pues se espera que exista una continuidad de las políticas del actual Presidente.

Otro analista, Fabián Perechodnik, cree que el Gobierno de Cristina Fernández tendrá una corta "luna de miel" con el electorado precisamente por ser visto como una continuidad del de Kirchner.

En opinión de Perechodnik, la gobernante heredará los problemas que su marido dejó sin resolver y tendrá que afrontarlos más temprano que tarde.

Por ahora habrá que esperar el inicio del nuevo periodo presidencial en el que Fernández prometió un "combate sin tregua contra la pobreza y la desocupación" y avanzar en la reconstrucción del tejido social e institucional, dijo.

29.10.07

Amplia victoria para Cristina Fernández de Kirchner en presidenciales de Argentina

TeleSUR _ 28/10/07 - 16:57

De acuerdo con los resultados oficiales preliminares, revelados por el ente electoral argentino, la candidata del Frente para la Victoria, Cristina Fernández, gana las elecciones presidenciales con un 44,87 por ciento de los votos, al escrutarse 96,24 por ciento de las mesas. - Líderes mundiales reconocen triunfo de Cristina Fernández en Argentina- Cristina Fernández: ''Hemos ganado ampliamente''

La senadora y candidata por el Frente para la Victoria, Cristina Fernández de Kirchner, se impone en las elecciones presidenciales argentinas al obtener 44,87 por ciento de los votos, cuando se han escrutado 96,24 por ciento de las mesas electorales, de acuerdo con los resultados oficiales preliminares ofrecidos por la Dirección Nacional Electoral del país suramericano.

Los resultados confirmados por el ente electoral argentino otorgan el segundo lugar, con 22,97 por ciento de votos, a la candidata de Coalición Cívica Elisa Carrió, mientras que el aspirante Roberto Lavagna, ex ministro de Economía y Producción en dos administraciones sucesivas, posee hasta el momento el tercer lugar con 16,90 por ciento de los sufragios.

El cuarto y quinto lugar corresponden respectivamente a los candidatos Alberto Rodríguez, con 7,72 por ciento de los votos, y Fernando Solanas con apenas 1,60 por ciento.

Con una ventaja de más de 20 puntos porcentuales por encima de su más cercana competidora, Cristina Fernández se convertirá a partir del 10 de diciembre próximo en la quincuagésima tercera jefa del Estado de la Argentina, tal como lo habían pronósticado casi todas las encuestas realizadas durante la campaña electoral.

Y es que para ser electo en primera vuelta, un candidato precisa superar 45 por ciento de los votos, o al menos alcanzar 40 por ciento, pero con una diferencia de 10 puntos sobre el segundo. Por ello, los datos oficiales de los comicios de este domingo suponen que Fernández obtiene la Presidencia de su país sin necesidad de ir a una segunda vuelta.

Abogada de profesión y con 55 años de edad, se presentó a los comicios generales de este domingo en representación del Frente por la Victoria (FV), creado tras la escisión del Partido Justicialista.

Fernández de Kirchner es la primera mujer en conducir el país mediante el voto directo de los argentinos y será la segunda en gobernar, luego que la vicepresidenta María Estela Martínez tuviera que hacerse cargo de la Presidencia por la muerte del tres veces presidente argentino Juan Domingo Perón (1895-1974).

La ex Primera Dama destacó en su primer discurso tras los resultados que la consagran como sucesora del presidente Néstor Kirchner, la victoria que le otorgan los datos oficiales "con la mayor diferencia entre la primera y la segunda fuerza desde el advenimiento de la democracia".

Sin embargo, enfatizó que la contundente victoria de este domingo "nos coloca en un lugar de mayores responsabilidades y obligaciones", al tiempo que hizo un fuerte llamado a la unidad.

"Convoco a todos sin odios, porque el odio no construye, el odio destruye", dijo la candidata oficialista al hablar en el Hotel Intercontinental de la capital argentina rodeada por el presidente Néstor Kirchner, su compañero de fórmula, Julio Cobos, y los candidatos a gobernador y vice de la provincia de Buenos Aires, Daniel Scioli y Alberto Balestrini.

Cristina Fernández: ''Hemos ganado ampliamente''

TeleSUR _ 28/10/07 - 21:21

Desde el búnker del Frente para la Victoria, la nueva presidenta de Argentina, Cristina Fernández aseguró que ha "ganado ampliamente" las elecciones presidenciales y ratificó su compromiso con el país.

La recién elegida presidenta de Argentina, Cristina Fernández, destacó este domingo en su primer discurso tras la victoria, las "responsabilidades y obligaciones" que asume por haber ganado "con la mayor diferencia entre la primera y la segunda fuerza desde el advenimiento de la democracia".

"Hemos ganado ampliamente (...) Quiero convocar a todos sin rencores, sin odios. Nos merecemos un país mejor”, dijo la esposa del presidente Néstor Kirchner ante decenas de sus partidarios que festejaban en el comité nacional de campaña en la ciudad de Buenos Aires.

Los primeros cómputos oficiales, sobre un poco más de 13 por ciento de mesas, confirmaban su triunfo con más del 40 por ciento de los votos y 10 puntos de diferencia sobre el segundo candidato más votado, confirmando las encuestas a boca de urna difundidas más temprano.

"Quiero agradecer a Julio Cobos (vicepresidente electo), y a todos los hombres y mujeres de la Concertación Plural, espacio que pudimos construir superando viejas antinomias", dijo sobre la alianza del gubernamental peronismo con socialdemócratas disidentes de la Unión Cívica Radical (UCR).

Cristina Kirchner, de 54 años, recordó que "los argentinos vivían horas difíciles hace poco más de cuatro años. Desde aquel 25 mayo de 2003 (cuando asumió como presidente Néstor Kirchner) hemos avanzado mucho".

"Hemos reposicionado al país, combatido la pobreza, la desocupación, aquellos males que tanta tragedia trajeron a los argentinos", aseveró.

Fernández convocó "a todos los argentinos, los que nos han votado y los que no" y dedicó una palabras a "el hombre que hoy me acompaña y que ha sido mi compañero de toda la vida".

El discurso fue interrumpido varias veces con aplausos y vítores, mientras centenares de jóvenes entonaban estribillos contra sus adversarios, al decir que "¡hay que cantar, hay que cantar, los 'gorilas' se quedaron sin ballottage!", al superar la candidata el 40 por ciento de votos en primera vuelta.

La denominación “gorilas” se usa en Argentina para identificar a los antiperonistas y a los sectores de clase media y alta que miran con desconfianza a los sectores de bajos recursos.

Otro cántico hizo alusión a la condición de los Kirchner de activistas de la radicalizada Juventud Peronista (izquierda nacionalista) en los años 70, con el estribillo "¡Y ya lo ve, y ya lo ve, es la gloriosa (...) saben que con eso me emocionan", puntualizó la primera dama.

Líderes mundiales reconocen triunfo de Cristina Fernández en Argentina

TeleSUR _ 29/10/07 - 08:48

Desde Chile hasta Venezuela, pasando por Uruguay, Brasil y Ecuador, llegaron hasta Cristina Fernández palabras de reconocimiento a su trayectoria política.

Líderes latinoamericanos y de otras regiones del mundo expresaron sus felicitaciones a Cristina Fernández de Kirchner, quien se impuso en las elecciones presidenciales de Argentina celebradas este domingo, con más del 44 por ciento de los votos.

Fuentes oficiales indicaron que la ganadora de la contienda recibió llamadas desde distintos puntos de América Latina, entre ellas del gobernante uruguayo, Tabaré Vázquez, quien se comunicó con Fernández desde Estados Unidos, adonde viajó este sábado para participar en una conferencia sobre el cáncer y establecer contactos comerciales.

El presidente de Venezuela, Hugo Chávez, también hizo lo propio desde Caracas minutos después del anuncio de su triunfo.

De acuerdo con el Ministerio de Relaciones Exteriores de Venezuela, Chávez "transmitió la felicidad que embarga a todas las venezolanas y venezolanos tras esta hermosa victoria".

Cita el comunicado de la cancillería venezolana que Hugo Chávez manifestó haber presenciado su primer discurso como presidenta electa a través de TeleSUR y dijo haber sentido en ese momento "que este es el triunfo de las mujeres de América Latina, porque las mujeres van a salvar al mundo".

De igual forma, el Mandatario venezolano "se puso a la orden para continuar profundizando la alianza y hermandad que hoy caracteriza a ambos pueblos y gobiernos".

Los presidentes de Ecuador, Rafael Correa y de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, también conversaron telefónicamente con la recién electa presidenta para expresarle sus felicitaciones.

Desde Chile, la presidenta de ese país, Michelle Bachelet, también saludó a la actual Primera Dama de Argentina.

La expresiones de apoyo a Cristina Fernández, dieron cuenta del éxito de la mujer latinoamericana, que cada vez se hace más presente y activa en los escenarios políticos de sus respectivos países.

La ex candidata socialista a la presidencia de Francia, Ségolène Royal, felicitó a la ganadora de las elecciones argentinas y consideró una "fecha histórica" su elección como sucesora de su esposo, Néstor Kirchner.

"Una mujer voluntariosa, con determinación ha sido elegida a la magistratura suprema. Saludo su coraje, porque conozco cómo en todas las latitudes, siempre es más duro para las mujeres", afirmó Royal en un comunicado fechado en Buenos Aires, donde asistió a la jornada electoral junto con la candidata ganadora.

Tras la elección de Michelle Bachelet como presidenta de Chile, la victoria de Fernández marca "el tiempo de compartir las responsabilidades gubernamentales entre hombres y mujeres", indicó Royal.

Entretanto, sus más cercanos contrincantes en la contienda electoral, también reconocieron el triunfo de la candidata por el Frente para la Victoria.

La líder de centroizquierda, Elisa Carrió, segunda según los resultados preliminares, reconoció su derrota en los comicios presidenciales de Argentina y felicitó a Cristina Fernández por su triunfo en las elecciones de este domingo.

Por su parte, el aspirante por Una Nación Avanzada, Roberto Lavagna, también reconoció su derrota. "Habrá algunos que pueden tener decepción, pero no hay peor batalla que la que no se da y nosotros la dimos con mucha convicción, con mucho coraje", afirmó Lavagna.

O rolo do Rolex

São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007
TENDÊNCIAS/DEBATES
ZECA BALEIRO
Por que um cidadão vem a público mostrar sua revolta com a situação do país, alardeando senso de justiça social, só quando é roubado?
NO INÍCIO do mês, o apresentador Luciano Huck escreveu um texto sobre o roubo de seu Rolex. O artigo gerou uma avalanche de cartas ao jornal, entre as quais uma escrita por mim. Não me considero um polemista, pelo menos não no sentido espetaculoso da palavra. Temo, por ser público, parecer alguém em busca de autopromoção, algo que abomino. Por outro lado, não arredo pé de uma boa discussão, o que sempre me parece salutar. Por isso resolvi aceitar o convite a expor minha opinião, já distorcida desde então.
Reconheço que minha carta, curta, grossa e escrita num instante emocionado, num impulso, não é um primor de clareza e sabia que corria o risco de interpretações toscas. Mas há momentos em que me parece necessário botar a boca no trombone, nem que seja para não poluir o fígado com rancores inúteis. Como uma provocação.
Foi o que fiz. Foi o que fez Huck, revoltado ao ver lesado seu patrimônio, sentimento, aliás, legítimo. Eu também reclamaria caso roubassem algo comprado com o suor do rosto. Reclamaria na mesa de bar, em família, na roda de amigos. Nunca num jornal.
Esse argumento, apesar de prosaico, é pra mim o xis da questão. Por que um cidadão vem a público mostrar sua revolta com a situação do país, alardeando senso de justiça social, só quando é roubado? Lançando mão de privilégio dado a personalidades, utiliza um espaço de debates políticos e adultos para reclamações pessoais (sim, não fez mais que isso), escorado em argumentos quase infantis, como "sou cidadão, pago meus impostos". Dias depois, Ferréz, um porta-voz da periferia, escreveu texto no mesmo espaço, "romanceando" o ocorrido. Foi acusado de glamourizar o roubo e de fazer apologia do crime.
Antes que me acusem de ressentido ou revanchista, friso que lamento a violência sofrida por Huck. Não tenho nada pessoalmente contra ele, de quem não sei muito. Considero-o um bom profissional, alguém dotado de certa sensibilidade para lidar com o grande público, o que por si só me parece admirável. À distância, sei de sua rápida ascensão na TV. É, portanto, o que os mitificadores gostam de chamar de "vencedor". Alguém que conquista seu espaço à custa de trabalho me parece digno de admiração.
E-mails de leitores que chegaram até mim (os mais brandos me chamavam de "marxista babaca" e "comunista de museu") revelam uma confusão terrível de conceitos (e preconceitos) e idéias mal formuladas (há raras exceções) e me fizeram reafirmar minha triste tese de botequim de que o pensamento do nosso tempo está embotado, e as pessoas, desarticuladas.
Vi dois pobres estereótipos serem fortemente reiterados. Os que espinafraram Huck eram "comunistas", "petistas", "fascistas". Os que o apoiavam eram "burgueses", "elite", palavra que desafortunadamente usei em minha carta. Elite é palavra perigosa e, de tão levianamente usada, esquecemos seu real sentido. Recorro ao "Houaiss": "Elite - 1. o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente em um grupo social [este sentido não se aplica à grande maioria dos ricos brasileiros]; 2. minoria que detém o prestígio e o domínio sobre o grupo social [este, sim]".
A surpreendente repercussão do fato revela que a disparidade social é um calo no pé de nossa sociedade, para o qual não parece haver remédio -desfilaram intolerância e ódio à flor da pele, a destacar o espantoso texto de Reinaldo Azevedo, colunista da revista "Veja", notório reduto da ultradireita caricata, mas nem por isso menos perigosa. Amparado em uma hipócrita "consciência democrática", propõe vetar o direito à expressão (represália a Ferréz), uma das maiores conquistas do nosso ralo processo democrático. Não cabendo em si, dispara esta pérola: "Sem ela [a propriedade privada], estaríamos de tacape na mão, puxando as moças pelos cabelos". Confesso que me peguei a imaginar esse sr. de tacape em mãos, lutando por seu lugar à sombra sem o escudo de uma revista fascistóide. Os idiotas devem ter direito à expressão, sim, sr. Reinaldo. Seu texto é prova disso.
Igual direito de expressão foi dado a Huck e Ferréz. Do imbróglio, sobram-me duas parcas conclusões. A exclusão social não justifica a delinqüência ou o pendor ao crime, mas ninguém poderá negar que alguém sem direito à escola, que cresce num cenário de miséria e abandono, está mais vulnerável aos apelos da vida bandida. Por seu turno, pessoas públicas não são blindadas (seus carros podem ser) e estão sujeitas a roubos, violências ou à desaprovação de leitores, especialmente se cometem textos fúteis sobre questões tão críticas como essa ora em debate.
Por fim, devo dizer que sempre pensei a existência como algo muito mais complexo do que um mero embate entre ricos e pobres, esquerda e direita, conservadores e progressistas, excluídos e privilegiados. O tosco debate em torno do desabafo nervoso de Huck pôs novas pulgas na minha orelha. Ao que parece, desde as priscas eras, o problema do mundo é mesmo um só -uma luta de classes cruel e sem fim.
JOSÉ DE RIBAMAR COELHO SANTOS, 41, o Zeca Baleiro, é cantor e compositor maranhense. Tem sete discos lançados, entre eles, "Pet Shop Mundo Cão".

25.10.07

Banco do Sul é defendido por ex-chefe do Banco Mundial

Joseph Stiglitz, ex-chefe do Banco Mundial (Bird) e vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2001, acredita que o Fundo Monetário Internacional se tornou um "clube de países ricos" e que a criação do Banco do Sul, em vez de uma ameaça oferece, pelo contrário, "a competitividade da qual o fundo necessita".
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"Existem duas falhas graves dentro do FMI. Uma delas é que se ele se tornou um clube dos países ricos, dos Estados Unidos e da Europa, principalmente. E dentro dele, apenas um país, os Estados Unidos, tem o poder de veto. Os Estados Unidos são atualmente a principal fonte de instabilidade no mundo, como se viu na crise do setor de subprime (de hipotecas de alto risco)", disse Stiglitz à BBC Brasil.
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Mas o ex-chefe do Bird acrescenta que "o FMI não se atreve a criticar os Estados Unidos, mesmo porque o país é o principal financiador do fundo, o que torna difícil para o FMI ter uma visão objetiva desses fenômenos".
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O economista comenta que o fundo precisa rever o seu papel e "se reinventar". Por conta disso, ele acredita que a criação do Banco do Sul deve ser saudada, uma vez que o próprio fundo "precisa de competitividade, de diversidade".
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Banco do Sul
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O Banco do Sul partiu de uma iniciativa da Venezuela. Ele visa financiar projetos de desenvolvimento regionais e pretende ser uma alternativa local a instituições como o próprio FMI, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, todos com sedes em Washington.
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A instituição deverá contar com a participação da Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai e Venezuela. A data prevista para o início de seu funcionamento é no próximo dia 3 de novembro. Na semana passada, a Colômbia manifestou interesse em aderir ao Banco do Sul.
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No entender de Stiglitz, o Banco do Sul poderá ter mais sensibilidade para lidar com crises locais do que o FMI. Ele cita o exemplo da crise econômica do Leste Asiático, que teve início no final dos anos 90, para enfatizar a suposta inaptidão do fundo em saber como agir diante de situações adversas regionais.
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"Quando estourou a crise no Leste Asiático, havia uma pressão local para que se criasse um fundo asiático, mais capaz de entender a situação vivida na região e as estruturas locais, porque o FMI não estava sendo capaz de compreender o que estava se passando por lá".
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O economista defende ainda uma completa reformulação na forma como tanto os líderes do FMI como do Banco Mundial são selecionados, que é também uma das reivindicações de alguns países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.Pelo acordo em vigor desde a criação dos dois órgãos, em 1949, o comando do Banco Mundial fica com os Estados Unidos e o do FMI, com a Europa.
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"Eu venho defendendo mudanças há oito anos. Eu desaprovei a forma como tanto Horst Köhler e Rodrigo de Rato foram escolhidos", diz Stiglitz em relação aos mais recentes detentores do cargo de diretor do FMI. O espanhol De Rato será substituído em 1º de novembro pelo francês Dominique Strauss-Kahn.

Ainda os biocombustíveis

Escrito por Wladimir Pomar 24-Out-2007
Voltamos ao tema porque ele está relacionado não só com a questão ambiental, mas também com o aproveitamento dos biocombustíveis como possibilidade de reforço da pequena agricultura. Faz parte da disputa econômica, social e política, tanto contra o verdadeiro velho latifúndio quanto contra a exploração do agronegócio. Até agora, uma parte das lideranças camponesas tem se batido contra quase tudo. Bate-se contra o velho latifúndio, a exploração capitalista dos latifúndios modernos e das médias produções agrícolas (o agronegócio), a concentração fundiária, a produção dos biocombustíveis, a destruição do meio ambiente, as máquinas e as pesquisas agronômicas, juntando num mesmo cesto coisas de natureza diferente. Sequer se dá conta de que a cultura de plantas próprias para a produção de biocombustíveis, pela agricultura familiar e por pequenos agricultores, pode ser um instrumento importante para evitar a multiplicação das monoculturas e a redução do plantio de alimentos. No fundo, são contra os biocombustíveis porque também são contra que o campo produza matérias primas para a indústria e gere excedentes para as exportações. Esquecem que muitos produtos agrícolas, como o algodão e o sisal, por exemplo, são essenciais para inúmeros pequenos agricultores, e para a economia brasileira como um todo. E que a exportação de produtos agrícolas é fundamental para o país importar matérias primas, equipamentos, máquinas e tecnologias que ainda não produz, aumentando seu grau de independência. Uma séria discussão sobre os biocombustíveis pode ajudar a compreender que a mudança real do modelo do agronegócio não consiste em destruir seus avanços tecnológicos e liquidar com os grandes plantios, mas transformar seu regime de propriedade privada em propriedade social. O que depende da constituição de uma força social e política capaz de implementá-la. Portanto, a preliminar consiste em constituir tal força social, tendo por base a aliança dos trabalhadores assalariados, com as classes médias, rurais e urbanas. Nesse sentido, as lutas por mudanças nos índices de produtividade, por zoneamento agrícola, por limitação técnica das monoculturas, por franjas florestais, pela destinação das terras improdutivas e públicas para as unidades familiares rurais, pelo cuidado com as nascentes e matas ciliares, por reforma agrária, e por uma enorme série de outras demandas agrárias, agrícolas e ambientais, mesmo estando dentro dos limites do capitalismo, são parte da luta geral de criação daquela força social e política. São bandeiras democrático-capitalistas, embora muita gente abomine esta verdade. Quem quiser lutar pela socialização dos meios de produção sem passar pela educação prática dessas lutas, incluindo a disputa pela produção dos biocombustíveis, está apenas pretendendo assaltar os céus sem ter forças para tanto.
Wladimir Pomar é escritor e analista político.

Ação da Brigada Militar deixa Sem Terra feridos em Carazinho (RS)

Uma ação da Brigada Militar no limite das cidades de Carazinho e Sarandi, na região Norte do Rio Grande do Sul, deixou nove Sem Terra feridos nesta quarta-feira, dia 24 de outubro. A ação aconteceu por volta das 11 horas. A Brigada atirou balas de borracha e bombas de gás.
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Por volta das 11h, os 600 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que estavam desde a semana passada em Sarandi voltaram a marchar em direção à Fazenda Coqueiros, pela BR-386. Quando as famílias chegaram perto de Carazinho, policiais fortemente armados começaram a atirar contra os Sem Terra com balas de borracha. Os membros da brigada também atiraram bombas de gás.
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De acordo com as famílias, nove trabalhadores ficaram feridos. Os Sem Terra contam que os policiais miraram as balas de borracha no rosto das pessoas. Um senhor de idade avançada foi levado ao hospital, pois teve seu óculos estilhaçado pelas balas.
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Um dos coordenadores da coluna, Nilton Lima, reclama da truculência da Brigada Militar, já que as famílias estavam seguindo a marcha em direção à Fazenda Coqueiros pacificamente. Além disso, não tinham entrado na Comarca de Carazinho, já que um interdito proibitório que impede a aproximação dos Sem Terra.
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"Outra questão é que quem estava ilegal era a Brigada Militar porque, pelo que havia sido acordado com a Justiça, os policiais deveriam ficar no limite com a cidade de Almirante Tamandaré e não em Carazinho", diz.
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A BR-386 está totalmente trancada pela Brigada Militar na divisa entre Carazinho e Sarandi.

Solidariedade e privatizações

Escrito por D. Demétrio Valentini 24-Out-2007
Nesta semana a Cáritas Brasileira realizou sua Décima Sexta Assembléia Nacional. O local escolhido foi Belém do Pará, mais precisamente a cidade de Castanhal, na região metropolitana desse estado. A escolha não foi aleatória. Houve a evidente intenção de vincular a Cáritas com a região amazônica. Como organismo de ação social da Igreja Católica, a Cáritas sempre procura estar em sintonia com as preocupações da própria Igreja. Neste momento estamos assistindo a uma emergência da Amazônia, dada sua importância no contexto das preocupações como o aquecimento global e outros sintomas do desequilíbrio ambiental que parecem se aproximar da irreversibilidade. No contexto da Amazônia, era normal que estas preocupações fossem apresentadas com a urgência que demandam. Com os alertas sempre mais claros que a natureza emite, vai crescendo a convicção de que é necessário, enquanto é tempo, mudar de hábitos e sintonizar mais com a dinâmica da natureza, para que a vida em nosso planeta não fique inexoravelmente comprometida. Mas não foram só estas as reflexões da assembléia, feitas para iluminar o programa da Cáritas para os próximos quatro anos. Outro ponto que mereceu atenção foi o crescente engajamento da Cáritas em parecerias com o Estado para a execução de programas governamentais de políticas públicos. Não é o caso aqui de detalhar os termos dessas parcerias, que já são diversas, estabelecidas a nível governamental, de ordem federal, estadual e ou municipal. Uma conclusão já foi tirada pela Cáritas: ela está disposta a colaborar na implantação de políticas públicas, contanto que não perca sua identidade e nem se reduza a mera executora de programas governamentais. Esta situação enseja o retorno a algumas ponderações que me parecem não só válidas, mas urgentes. Assim como é forçoso modificar nossa postura diante da natureza, pois as conseqüências comparecem com sempre maior evidência, também existem certos comportamentos econômicos e políticos emitentes de sinais de alerta, que custamos a aceitar, mas que também são percebidos como graves e urgentes. Se não mudarmos nossa postura diante da natureza, aceleramos o passo em direção ao impasse planetário. Se não alteramos certos procedimentos políticos e econômicos, caminhamos rapidamente para impasses que podem se tornar irreversíveis. Na análise da realidade, um dos dados que mais chamou a atenção foi o enorme volume de capital público que na América Latina, nos últimos anos, passou para as mãos de particulares. Isto já foi feito à surdina, sem que as decisões tivessem sido refletidas e debatidas publicamente, e colocadas sob decisão democrática. Em grande parte, a economia de nossos países já não é comandada pelo Estado, está nas mãos de empresas particulares, cujo único móvel a conduzir o seu processo é a obtenção do maior lucro possível. Assim, se estabelece uma íntima correlação entre depredação da natureza com a exasperação do capitalismo. Neste cenário, está clara a crise ambiental. Falta perceber sua vinculação com o sistema econômico vigente hoje no mundo. Deixado à sua dinâmica, ele leva a um processo suicida, que precisa ser interrompido em tempo. Se levada a sério, a crise ambiental pode se constituir na grande oportunidade de mudanças de rumo, que levem a um novo relacionamento da humanidade com a natureza que possibilita a sua existência. Esta mudança de rumo precisa se nutrir primeiro de valores éticos, que sirvam de parâmetro imprescindível para a conduta humana. Esses valores precisam ser urgidos por um sistema político que recupere a capacidade de construir consensos democráticos dotados de força política para a sua implementação. As privatizações, feitas com o objetivo de dinamizar uma economia conduzida pelo lucro, se tornaram uma armadilha para a aceleração da crise ambiental. O Estado precisa recuperar sua função de condutor do interesse público e de fiador do bem comum. A natureza vai agradecer. .
D. Demétrio Valentini é bispo da Diocese de Jales (www.diocesedejales.org.br)

23.10.07

Benditas foices que roçaram eucaliptos

Escrito por Frei Pilato Pereira 22-Out-2007
Foices não roçam sozinhas, então é preciso dizer benditas mãos que foram erguidas ao céu empunhando bandeiras, ao som de gritos e canções em defesa da terra, da água e de tudo o que Deus criou. Benditos trabalhadores que, no dia 16 de outubro de 2007, deixaram suas casas e, com suas foices, ferramentas de trabalho, foram defender o amanhã, o futuro do planeta e da humanidade - o MST realizou no Rio Grande do Sul dois atos de protestos contra as monoculturas de eucaliptos em Santana do Livramento e na região de Bagé. Parece estranho dizer que alguém foi defender o futuro da humanidade com uma foice nas mãos. Também parece estranho o que se lê no Evangelho quando Jesus de Nazaré disse aos fariseus que queriam ver seus discípulos calados: “Se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19,40).
Tivemos o histórico ato das mulheres no dia 8 de março de 2006. Onde elas arrancaram mudas de eucaliptos como a mãe que arranca o espinho que faz doer a carne do filho indefeso. Aquela ação acordou a sociedade para a questão das monoculturas de plantas exóticas. Mas as multinacionais da celulose, com apoio do governo gaúcho, tentaram calar todas as vozes de denúncia contra essas monoculturas no Rio Grande do Sul. O governo do estado realizou ações fortes e severas para garantir o ambicioso projeto das papeleiras multinacionais. E alguns já pensavam que o fato estava consumado e que não tinha mais volta. Mas quando achavam que a voz profética tinha sido calada, eis que as foices gritaram, roçando caminhos para a vida. Com medo das foices e dos que não temem a opressão, o governo da Yeda mandou sua polícia com todo seu aparato de guerra para agredir e prender os trabalhadores que lá estavam apenas roçando com suas foices para resgatar a terra aprisionada pela ambição. Junto com a polícia estava também a imprensa de plantão para registrar um fato político de direito constitucional como ato criminoso. E o chefe da polícia disse na imprensa que agiram contra o crime, prenderam os criminosos que danificaram o patrimônio alheio. Concordamos que este é o papel da polícia. Então, deveriam prender os donos, gerentes, diretores das papeleiras multinacionais que estão danificando o Pampa gaúcho com suas monoculturas de plantas exóticas. Pois crime mesmo é fazer monocultivos de eucaliptos, porque provocam terríveis e irreparáveis danos ambientais e sociais. Por serem desenvolvidos no modelo de monocultura, esses plantios geram poucos empregos e causam a perda da biodiversidade. Os eucaliptos, por exemplo, consomem grande quantidade de água e provocam enorme desequilíbrio ao ambiente natural. A experiência que temos no Brasil, no estado do Espírito Santo, é que a indústria de celulose, além de devastar a mata nativa, também expulsou muitas comunidades de suas terras. E naquele estado já secaram centenas de córregos e nascentes de água. É apenas um pouco das conseqüências destas monoculturas. E quem não vê que isto é crime?
E a polícia deveria prender também a dona Yeda Crusius por sua conivência e cumplicidade com o crime organizado das indústrias de celulose no Rio Grande do Sul. São elas que estão cometendo crime contra o patrimônio do povo gaúcho e não podemos ser cúmplices disso. As futuras gerações poderão herdar uma Pampa mais pobre que esta que nós herdamos de nossos pais. Poderão herdar os campos desertos virados em tocos de eucaliptos, sem cavalos e sem tropas. Uma terra sem vida para germinar a semente, para fazer florir o trigo e produzir o pão. Se é isto que queremos deixar de herança para nossos descendentes, então fiquemos de braços cruzados. Mas, do contrário, se queremos preservar a vida com justiça e paz, então devemos continuar a luta contra as monoculturas e as indústrias de celulose. E se tentarem calar as vozes que clamam contra os desertos verdes, as foices gritarão. Não é isso que queremos. Desejamos que os ouvidos do entendimento e do diálogo se abram para escutar as diversas opiniões da sociedade e assim construirmos caminhos alternativos para um outro desenvolvimento. Que seja um desenvolvimento economicamente viável, político-socialmente justo e ecologicamente sustentável.
Frei Pilato Pereira é membro da CPT e do Serviço de Justiça, Paz e Ecologia da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

Milícia armada ataca acampamento da Via Campesina e executa militante

22/10/2007
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NOTA PÚBLICA
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Após reocupação nenhum refém foi mantido no local, ao contrário do que a Rede Globo informou. Ontem (21), por volta das 13h30, o acampamento da Via Campesina, no campo de experimentos transgênicos da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste (PR), foi atacado por uma milícia armada. No massacre o militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e membro da Via Campesina, Valmir Mota de Oliveira, 42 anos (conhecido como Keno), foi executado à queima roupa com dois tiros no peito. Os trabalhadores Gentil Couto Viera, Jonas Gomes de Queiroz, Domingos Barretos, Izabel Nascimento de Souza e Hudson Cardin foram gravemente feridos.
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- Diante dos acontecimentos a Via Campesina faz os seguintes esclarecimentos:
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1. A reocupação da área da Syngenta aconteceu às 6h de ontem (21), por cerca 150 agricultores. Na ação os trabalhadores rurais soltaram fogos de artifício. No momento havia quatro seguranças na área. Uma das armas dos seguranças foi disparada e feriu um trabalhador, que foi hospitalizado. Os agricultores desarmaram os seguranças, que em seguida abandonaram o local. As armas foram apreendidas para serem entregues para a polícia.
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2. Por volta da 13h30, um ônibus parou em frente ao portão de entrada e uma milícia armada com aproximadamente 40 pistoleiros fortemente armados desceu metralhando as pessoas que se encontravam no acampamento. Eles arrombaram o portão, executaram o militante Keno com dois tiros no peito, balearam outros cinco agricultores e espancaram Isabel do Nascimento de Souza, que continua hospitalizada em estado grave.
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3. A milícia atacou o acampamento para assassinar as lideranças e recuperar as armas ilegais da empresa NF Segurança, que foram apreendidas pelos trabalhadores. Os dirigentes do MST Celso Barbosa e Célia Aparecida Lourenço chegaram a ser perseguidos pelos pistoleiros, mas conseguiram escapar durante o ataque.
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4. A Syngenta utilizava serviços de uma milícia armada, que agia através da empresa de fachada NF Segurança, em conjunto com a Sociedade Rural da Região Oeste (SRO) e o Movimento dos Produtores Rurais (MPR), ligado ao agronegócio.
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5. A denúncia da atuação de milícias armadas na região Oeste do Paraná foi reforçada durante uma audiência pública, na última quinta-feira (18), para a coordenação da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal dos Deputados (CDHM), em Curitiba (PR). Os dirigentes do MST, inclusive Keno, já vinham sendo ameaçados há mais de seis meses, pelas milícias que estavam a serviço do consórcio SRO/MPR/Syngenta. Um inquérito havia sido aberto para apurar as denúncias contra a Syngenta e a NF Segurança. . Clique para ver relatório de denúncias
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6. A Rede Globo vem sustentando em suas reportagens que a Via Campesina teria mantido reféns durante a reocupação. A versão da Rede Globo e de outros veículos da grande imprensa têm como objetivo criminalizar os movimentos sociais e retirar de foco o ataque realizado pela milícia da Syngenta, que executou um trabalhador e deixou outros feridos. A Via Campesina esclarece que não houve, em nenhuma hipótese, reféns durante a ocupação.
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7. A Via Campesina exige punição dos responsáveis pelos crimes – principalmente os mandantes –, a desarticulação da milícia armada na região e o fechamento imediato da empresa de segurança NF. Além da garantia de segurança e proteção das vidas dos dirigentes Celso e Célia, e de todos os trabalhadores da Via Campesina, na região.
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8. Os camponeses seguem na luta para que a área de experimentos ilegais de transgênicos da Syngenta seja transformada em Centro de Agroecologia e de reprodução de sementes crioulas para a agricultura familiar e a Reforma Agrária.
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Histórico – O campo de experimento da Syngenta havia sido ocupado pelos camponeses em março de 2006 para denunciar o cultivo ilegal de sementes transgênicas de soja e milho. A ocupação tornou os crimes da transnacional conhecidos em todo o mundo. Após 16 meses de resistência, no dia 18 de julho deste ano, as 70 famílias desocuparam a área, se deslocando para um local provisório no assentamento Olga Benário, também em Santa Tereza do Oeste (PR).
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VIA CAMPESINA

Militante da Via Campesina é assassinado no PR

VIOLÊNCIA NO CAMPO


Movimentos Sociais 22/10/2007

Um grupo de aproximadamente 40 homens armados atirou em integrantes da Via Campesina, domingo à tarde, logo após ação de reocupação de um campo de experimentos com sementes transgênicas da empresa Syngenta, no oeste do Paraná. Vilmar Mota foi morto com dois tiros no peito.
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Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior
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PORTO ALEGRE - Valmir Mota, militante da Via Campesina, foi assassinado com dois tiros no peito, ontem à tarde, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná. Segundo a Via Campesina, Valmir foi executado por um grupo de cerca de 40 pistoleiros no acampamento do campo de experimentos da empresa multinacional Syngenta Seeds. Outros seis integrantes da Via Campesina ficaram gravemente feridos. Fábio Ferreira, que integrava o grupo de seguranças armados, também morreu. Entre os feridos o caso mais grave é o de Izabel Nascimento de Souza, que está em coma e corre risco de morte.
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A ação dos pistoleiros ocorreu depois que cerca de 150 integrantes do movimento reocuparam o campo de experimentos da empresa para denunciar o cultivo ilegal de sementes transgênicas de soja e milho. Conforme o relato da Via Campesina, por volta das 13h30min, cerca de 40 homens fortemente armados chegaram, em um micro-ônibus, ao portão da entrada da área e desceram atirando nos manifestantes.
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Além de Valmir, atingido com dois tiros, outros cinco agricultores foram baleados e Isabel Nascimento de Souza foi espancada. Ainda segundo a Via Campesina, a Syngenta contratou serviços de segurança que atuavam de forma irregular na região, articulados com a Sociedade Rural da Região Oeste (SRO) e com o Movimento dos Produtores Rurais (MPR).
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Uma das diretoras da empresa de segurança NF foi presa no início de outubro e o proprietário da mesma fugiu durante uma operação da Polícia Federal que apreendeu munições e armas ilegais. Segundo a organização de trabalhadores rurais, há indícios de que a empresa é contratada como fachada, para encobrir a ação de pistoleiros que formariam uma milícia armada que atua praticando despejos violentos e ataques a acampamentos na região.
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No dia 18 de outubro, a atuação de milícias armadas ligadas à SRO/MPR e Syngenta na região Oeste do Paraná foi denunciada durante uma audiência pública coordenada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal dos Deputados (CDHM), em Curitiba. Agora, a Via Campesina cobra da justiça a apuração do ataque, contra os trabalhadores do acampamento, que juntamente com o assentamento Olga Benário lutam para transformar a área num Centro de Agroecologia e de reprodução de sementes crioulas para a agricultura familiar e reforma agrária.
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O campo de experimentos da Syngenta foi ocupado pela primeira vez, em março de 2006, para denunciar o cultivo ilegal de sementes transgênicas. Após 16 meses de ocupação, no dia 18 de julho deste ano, as 70 famílias que participaram da ação desocuparam a área e foram para um local provisório no assentamento Olga Benário, também em Santa Tereza do Oeste.
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Sete homens já foram presos
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A Secretaria de Segurança do Paraná informou que sete homens que atacaram os agricultores já foram presos e disseram que foram contratados pelo Movimento dos Produtores Rurais para retirar pessoas que tentassem invadir a área. Eles foram autuados por formação de quadrilha, homicídio e exercício arbitrário das próprias razões. Após o confronto, os seguranças teriam fugido a pé e acabaram sendo encontrados e presos num barracão abandonado a cerca de seis quilômetros da fazenda da Syngenta. O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), determinou que a polícia fique de prontidão nas imediações da área para evitar novos conflitos.
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Em nota oficial, a Syngenta disse que “lamenta profundamente o incidente ocorrido durante nova invasão” e promete colaborar com as autoridades locais na apuração do que ocorreu. Ainda é prematuro fazer uma avaliação definitiva sobre o ocorrido, acrescenta a nota que assegura que a “a política global da companhia determina que não se use força ou armas para proteger suas unidades”.

Ali na Espanha: a direita também quer censurar livros escolares

Onda obscurantista acompanha os períodos de retrocessos históricos como sua irmã gemea. Daí a proliferação das literaturas de esoterismo e de auto-ajuda. Como se razão tivesse fracassado, restando o apelo ao “mais além” e às cabalas.
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Tempo propício também para a proliferação do obscurantismo. Parece que já qualquer um pode se projetar no cenário dos debates, porque está apoiado na máquina familiar e monopolista da mídia mercantil. “Cualquiera es un ladron, cualquier es un gil” – como diz o tango Cambalache. São ventrílocos do poder e, mais imediatamente, dos donos da empresa em que trabalham, com quem coincidem em tudo, usando suas bocas e penas para que seus chefes falem.
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Um desses ventrílocos de turno chegou a escrever – na Folha de S. Paulo, onde tinha coluna, naquela época, enquanto pleiteava um emprego na Globo – que o Gilbero Braga era “o Balzac brasileiro” (sic) e fez um artigo especialmente dedicado a bajular a familia Marinho. Não deu outra: foi contratado. Tentou ser o Francis II, quando este já havia fracassado em tentar usar a imprensa brasileira para chegar a escrever para a da sua pátria de adoção, que nem chegou a rejeitá-lo, porque o desconheceu. Teve que terminar seus dias destilando ódio contra o Brasil, por ter nascido aqui. O seu sucedâneo de terceira geração falhou ainda mais e descarrega o ódio sobre o Rio, enquanto tenta beber no que chama de “reino da grana”, a São Paulo dos Jardins.
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São a versão brasileira do mesmo movimento obscurantista que começou lá atrás com Reagan, se disseminou com Thatcher e tem suas expressões nacionais em forças como o neopinochetismo chileno, o neofranquismo espanhol e o neoditatorialismo militar no Brasil.
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Ali, na Espanha, tal como aqui, essa direita obscurantista tentar censurar os livros didáticos. A FAES, a fundação do partido de Aznar, o PP, neofranquista, analisou os livros de texto de Educação espanhóis (parece que seus amos do Norte definiram que essa é a pauta agora, então seus ventrílocos desenvolverm a campanha em cada país, de forma parecida como em outras campanha, inclusive na que desestabilizou o Brasil e preparou o golpe militar de 1964).
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Um membro da direção do PP acusa a esses livros de “raciocinar sistematicamente com critérios marxistas”, de difundir valores anticapitalistas, antiocidentais, antiamericanos, anti-PP e anticristãos. (Já ouviram ou leram algo muito similar dali, por aqui? Estarão em alguma circular de alguma fundação bushista, mandado para seus ventrílocos locais? Nem originalidade tem cada um.)
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Provas de antiamericanismo, ali como aqui, são fajutas: “O consumo de presunto serrano foi durante muitos anos ilegal nos EUA, já que era considerado não saudável, ao se tratar de carne crua simplesmente salgada” (sic). “Em 1989, a ONU promoveu a Convenção sobre os Direitos da Criança, que já é um tratado internacional que foi ratificado por todos os países do planeta, exceto os EUA e a Somália”. Outros exemplos seriam fotos dos presos dos EUA em Guantánamo, que talvez consideram inessencial ou forjadas.
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O documento dali se volta contra o que considera “elogio do pensamento progressista”, inaceitável, ali e aqui, para os obscurantistas: “O grande triunfo da juventude chegou no final da década de 1960. Maio de 1968 ficou como uma data simbólica do começo de uma profunda mudança de rumo no modo de entender a vida”. Mais grave ainda como “provas” do “pensamento antiliberal” é a citação em um livro do bispo Pedro Casáldaliga, representante da teologia da libertação e candidato ao Prêmio Nobel da Paz em 1989. Outra “prova”: “Educar em democracia é iniciar nos valores da participação, porque o homem é social e comunitário e não pode ficar reduzido ao âmbito do indivíduo” – já superando todos os limites de descambando para o “totalitarismo”, segundo os obscurantistas dali e daqui.
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“Rejeição da liberdade econômica” – que confunde com liberalismo econõmico, com economia de mercado e com neoliberalismo – estaria em frases como: “As conseqüências do consumismo são: aumento da diferença entre os países desenvolvidos e os países do Terceiro Mundo” – verdade inaceitável, ainda mais transmitida para novas gerações. Ou esta: “Enquanto alguns poucos reuniam imensas fortunas, a imensa maioria vivia mal com pequenos salários ou morria de fome no desemprego”.
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Igualmente verdades que devem ir para baixo do tapete: “Nosso mundo se desenvolveu gracas às riquezas e a mão-de-obra barata do Terceiro Mundo”. Ou: “A chave para eliminar as diferenças entre o norte e o sul reside na atitude dos países desenvolvidos”. Consideram “doutrina econômica marxista”, uma afirmação como esta, ainda que verdadeira: “Os países desenvolvidos, em boa medida, são desenvolvidos porque historicamente colocaram os países a seu serviço e os mantiveram assim.”
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Caso não se censure esses livros, estaremos formando crianças e jovens com uma perigosa percepção real do mundo. Ali e aqui. Xô – diz o obscurantismo, aqui e ali.
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Postado por Emir Sader - 21/10/2007 às 19:45

18.10.07

Uma "democracia puta"?

O diário ABC Color, do Paraguai, publicou um editorial de primeira página, no dia 7 de outubro, com esse grosseiro título: “Uma democracia puta”.
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Não se referia à ditadura do Partido Colorado, que há sete décadas controla o poder e perpetua o Paraguai como um dos países mais pobres do continente. Nem à reconversão dessa ditadura para uma forma “democrática” dessa ditadura, que fez com que a viúva do ex-ditador Alfredo Stroessner comentasse, singelamente: “Só falta o Alfredo”.
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Não. Referia-se à Venezuela, um regime que teve seu presidente eleito e reeleito várias vezes, submetido à confirmação do voto popular no meio do seu mandato, com um mecanismo de controle dos eleitores sobre os eleitos, que nenhum outro país do continente possui.
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O ABC Color é o principal jornal do Paraguai. Não é necessário um exercício de memória muito grande para imaginar sua convivência com a ditadura do partido-Estado Colorado. Agora dizem que apóia a Lino Oviedo, recém libertado para tentar bloquear a possibilidade de vitória de Fernando Lugo, derrotando pela primeira vez ao Partido Colorado. O candidato de preferência do jornal foi condenado em trs processos, um deles por participação na morte do ex-vice presidente Luis Argaña, outro deles por tentativa de golpe militar.
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Esse jornal se atreve a julgar o caráter democrático do regime venezuelano, para tentar bloquear o ingresso da Venezuela no Mercosul. “Se nossos presidentes do Mercosul, mesmo sabendo qual é sua obrigação histórica com a defesa dos princípios e dos valores políticos que iluminam nossos povos, são capazes de se vender ou de ligar-se mediante uma relação adúltera com um ditador megalômano surgido das catacumbas de um passado sinistro, teremos que convir que nossas democracias se vendem como autênticas putas” – diz o editorial do jornal paraguaio.
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Antes desse final, o jornal fez um apelo aos parlamentares do Paraguai e do Brasil, para que impeçam o ingresso da Venezuela ao Mercosul – porque disso se trata, essa é a operação política que a direita do continente trata de armar. São os aliados paraguaios dos parlamentares da direita brasileira que igualmente se opõem à entrada da Venezuela no Mercosul.
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Até julho de 2006, o Mercosul se limitava aos conflitos comerciais entre as grandes corporações privadas da Argentina e do Brasil, na disputa de mercados, relegando o Uruguai e o Paraguai a coadjuvantes sem importância. A participação da Venezuela e da Bolívia, posteriormente do Equador e a aproximação de Cuba, permitem romper esse crculo vicioso.
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Acontece que todos aqueles que continuam identificados com os interesses dos EUA, do chamado “livre comércio”, que se opõem à consolidação e à extensão da integração latino-americana, buscam deter a entrada da Venezuela, com todo o dinamismo e a ampliação de temas que a incorporação do governo de Hugo Chavez representa. Se opõem ao gasoduto continental, se opõem ao Banco do Sul. Se opõem à autonomia do continente diante da hegemonia imperial dos EUA.
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São esses os que tentam atrasar a integração continental, representando os interesses do império na região. No Paraguai, como no Brasil, são esses os que resistem ao Mercosul, à integração regional, como agentes do “livre comércio”, do FMI, da OMC e do Banco Mundial. Par isso não poupam nem esforços, nem vocabulário grosseiro. São resquícios de um passado que, embora resistindo – como o Partido Colorado – tem seus dias contados.
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Postado por Emir Sader, 14/10/2007 às 17:24

Um pouco do mundo Real

Escrito por Wladimir Pomar 17-Out-2007
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Alguns cronistas consideram incompreensível o anticapitalismo da esquerda. Na vida prática, o seu oposto, o socialismo, teria sido jogado no lixo da história. Um exemplo seria o Brasil, com suas políticas elogiadas pelo FMI, e o governo do PT pagando as dívidas do país. Tudo em virtude do crescimento das exportações, resultantes da prosperidade global. A inflação brasileira teria sido liquidada pelo "estado da arte" do capitalismo, consubstanciado no regime de metas do Banco Central e da política monetária. Com isso, teria sido possível a ampliação das modalidades de crédito, outra criação do capitalismo contemporâneo. Para completar, o mesmo governo Lula estaria ingressando célere na "privatização", renegando o "estatismo incompetente e ultrapassado". Diante disso, como o PT ainda defende o socialismo? Esse é mais um dos problemas dos ideólogos do capitalismo. Seu mundo real é apenas a parte rósea do momento. Afora isso, é incomensurável sua capacidade de confundir meios e fins, conjuntura e estrutura, e concessões e privatizações. Não por acaso, denigrem o Estado de todas as formas, mas são incapazes de viver sem ele. Por um lado, não entendem que os socialistas no governo procurem desenvolver as forças produtivas, utilizando inclusive as formas capitalistas de propriedade. E que isso ocorra tanto em países que fizeram revoluções, mas haviam sido quase destruídos pelo domínio colonial e pela guerra, como o Vietnã, quanto em países em que os socialistas apenas chegaram ao governo, mas também os encontraram quebrados por políticas criminosas de desindustrialização, como o Brasil. Em ambos os casos, os socialistas tomam as empresas estatais como instrumentos para implantar políticas de desenvolvimento industrial e tecnológico, mas também dão espaço para empresas privadas investirem em novas plantas industriais e em obras de infra-estrutura. Não privatizam empresas estatais estratégicas, fundamentais para orientar todo o processo de desenvolvimento, como é o caso da Petrobras, e era o da Vale, no Brasil. Mas podem fazer concessões de estradas, ou realizar parcerias público-privadas, se isso contribuir para o desenvolvimento das forças produtivas e dos próprios ativos públicos. Portanto, confundir concessões de estradas, ou de construção de obras de infra-estrutura, com privatizações, é quase o mesmo que, ao inverso, confundir socialismo com comunismo. Enquanto o mundo real da dualidade capitalista não se esgotar, os capitalistas no poder não podem livrar-se da necessidade de se valer de empresas estatais e do Estado, por mais que os abominem. E os socialistas, no poder ou no governo, também se verão às voltas com a necessidade de operar "políticas capitalistas", ao mesmo tempo em que procuram reforçar as estatais e as políticas sociais que os capitalistas consideram "anticapitalistas". .
Wladimir Pomar é escritor e analista político.

Fidelidade para cargos majoritários reforça necessidade da reforma política

17 de Outubro de 2007
Os sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral decidiram na noite de terça-feira (16), por unanimidade, que a fidelidade partidária deve ser estendida aos cargos majoritários – prefeitos, senadores, governadores e presidente da República. Os ministros acompanharam o voto do relator, Carlos Ayres Britto, para quem os mandatos dos ocupantes desses cargos pertencem ao partido político e não aos eleitos.
. Os ministros analisaram a consulta apresentada pelo deputado Nilson Mourão (PT-AC), após a decisão do TSE, no dia 27 de março, de que os mandatos de deputados federais pertencem aos partidos políticos - decisão ratificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 4.
. Para o líder da bancada do PT na Câmara, deputado Luiz Sérgio (RJ), a decisão “não traz surpresa” ao mundo político, mas “reforça a necessidade” da reforma política. “As decisões do Judiciário ocupam um vácuo deixado pelo Legislativo, que perdeu a oportunidade de fazer uma reforma política. Essas decisões só reafirmam a necessidade da reforma política, que precisa ser ampla e não apenas um arranjo para resolver questões pontuais em razão dessas decisões do TSE e do STF”, destacou Luiz Sérgio. .
De acordo com o líder do PT, em relação ao partido, a decisão não trará mudanças. “Em relação ao PT pouco muda, até porque o partido sempre defendeu a fidelidade partidária. Além disso, historicamente o PT é o partido que tem um percentual maior de fidelidade dos eleitos. Tivemos problemas, é verdade, mas o nível de manutenção do quesito fidelidade dos eleitos no PT é indiscutivelmente um dos maiores na Câmara, tanto em termo de adesão quanto em termos de perda de parlamentares”, disse. .
A decisão do STF, ponderou o líder do PT, traz “uma enorme confusão”. O guardião da Constituição brasileira é o Supremo Tribunal Federal e um prazo constitucional, ao meu ver, não pode uma instância superior delegar a uma instância inferior. Essa questão vai dar indiscutivelmente muito debate jurídico no país. Se for manter pela coerência, a decisão será estabelecida a partir do momento em que o TSE decidiu, e aí teríamos ainda mais confusão porque seriam duas datas diferenciadas. Na minha avaliação, o prazo constitucional teria que ser dado a partir da decisão do STF e não do TSE”, disse.
. Ao reafirmar a necessidade de uma reforma política, o líder do PT destacou que ela precisa partir de pontos básicos. “O financiamento público de campanha; o retorno do voto na lista preordenada, já que o mandato é do partido; o fim da coligação nas proporcionais, porque ela distorce a vontade do eleitor, que precisa ser soberana no processo eleitoral; e a fidelidade partidária que sempre foi defendida pelo PT”, defendeu Luiz Sérgio.
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Ele acrescentou ainda que é preciso “evitar o pensamento pequeno e pensar no foco” da reforma política. “Temos um problema na Câmara. Os parlamentares que aqui chegaram cumpriram as regras em vigor e não dá para mudar aquilo que foi um instrumento eficaz para que fossem eleitos. Precisamos pensar no foco da reforma política, e aperfeiçoar as legislações na busca da consolidação da democracia do nosso país”, ressaltou o líder do PT.
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Para o deputado Nilson Mourão (PT-AC) a decisão tomada pelo TSE foi uma grande vitória para a reforma política. “Considero resolvida a questão da fidelidade partidária que é uma bandeira de luta histórica do PT e que infelizmente o Congresso Nacional não conseguiu definir este ano".

PLEBISCITO

Mais de 3,7 milhões pedem a anulação do leilão da Vale

Organizadores da consulta popular realizada em setembro vão agora usar o expressivo resultado da votação para pressionar a Justiça a agilizar o julgamento das ações contra a venda da empresa.


Maurício Thuswohl – Carta Maior

RIO DE JANEIRO – As entidades organizadoras do plebiscito sobre a Companhia Vale do Rio Doce divulgaram na semana passada os números finais da consulta popular que foi o ponto alto da mobilização do Grito dos Excluídos este ano. Mais de 3,7 milhões de pessoas votaram em 3.200 municípios distribuídos de Norte a Sul do Brasil. O resultado da votação não poderia ser mais claro, com 94,5% dos votantes afirmando que o controle da Vale deve sair das mãos do capital privado e voltar para as mãos do Estado.
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Também foram divulgados os resultados das demais perguntas que constaram da consulta popular. A reforma da Previdência foi rechaçada por 93,4% dos votantes, enquanto 92,1% afirmaram que o governo federal não deve pagar os juros das dívidas interna e externa em detrimento da melhora nas condições de vida da população pobre do país. Também de forma esmagadora, com 93,7% dos votos, o plebiscito organizado pelas entidades dos movimentos sociais determinou que o capital privado não deve seguir explorando o setor elétrico.
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“O plebiscito foi um grande exercício pedagógico de recriação da cidadania. Foram mobilizados mais de 104 mil militantes em todo o Brasil e o resultado foi uma grande pesquisa de opinião nacional”, afirma Luiz Bassegio, que é membro da Secretaria Continental do Grito dos Excluídos e foi um dos organizadores do plebiscito este ano. Bassegio avalia que a consulta popular deixou um claro recado para o governo: “Com um universo de quase quatro milhões de votantes e com um resultado desses, ficou comprovado que a população brasileira é amplamente favorável à anulação da privatização da Vale”, diz.
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Terminada a contagem dos votos, agora vem a fase de trabalhar politicamente o expressivo resultado do plebiscito. O desejado encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, não deve acontecer: “Estamos tentando há semanas marcar um encontro para levar o resultado do plebiscito ao presidente, sem sucesso. Além disso, ele já disse publicamente que a questão da Vale não vai entrar em sua agenda de jeito nenhum. Por isso acredito que não seremos recebidos no Planalto”, lamenta Bassegio.
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Além da difícil tarefa de conquistar a adesão do presidente da República, os movimentos sociais pretendem usar o resultado da consulta popular para pressionar os juízes da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a recusar o recurso apresentado pela direção da Vale do Rio Doce com o intuito de impedir o julgamento do mérito de 69 ações populares, iniciadas na 1ª Vara Federal de Belém, que pedem a anulação do leilão da empresa. Até o momento, somente dois dos oito juízes aptos a votar - Luiz Fux e José Delgado - já divulgaram seus votos, ambos favoráveis à direção da Vale. O julgamento permanece paralisado desde junho, quando o ministro João Otávio Noronha pediu vista do processo.
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Grande mídia ignora plebiscitoApós ter divulgado com festa e estardalhaço que a Companhia Vale do Rio Doce havia ultrapassado a Petrobras e se tornado a maior empresa brasileira, os principais veículos de mídia praticamente ignoraram a consulta popular organizada pelo Grito dos Excluídos. Uma detalhada análise feita pelos jornalistas Antonio Biondi e Cristina Charão e publicada no Observatório do Direito à Comunicação mostra que os jornais não dedicaram mais do que pequenas notas ao plebiscito, enquanto algumas emissoras de tevê agiram como se a consulta que mobilizou mais de 3,7 milhões de pessoas simplesmente não tivesse existido.
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“Mais uma vez, a população demonstrou no plebiscito um saudável espírito de nação e de defesa de um Estado presente e atuante. A grande imprensa, por sua vez, reafirmou em sua cobertura a contrariedade em relação a um Estado que planeje e colabore com o desenvolvimento e o crescimento do Brasil e que atue em diversas áreas da economia e da sociedade de modo a promover a superação de desigualdades históricas”, afirma o documento produzido pelos dois jornalistas, que são integrantes do coletivo de comunicação social Intervozes.
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Em sua análise, Charão e Biondi também chamam a atenção para “o divórcio verificado entre o que a população expressou como opinião e vontade de mudança e o que a grande imprensa buscou reportar em relação ao plebiscito”. O desejo da grande mídia, segundo eles, era claramente o de adulterar o verdadeiro caráter do plebiscito: “Apesar de a mídia corporativa não ter a capacidade de inventar de fato um outro povo e um outro país, a cobertura da mobilização sobre a Vale foi mais uma tentativa de criar uma versão dos fatos e da história em evidente desacordo com a realidade”.
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Quando citou a consulta popular, a maior parte da cobertura feita pela grande imprensa, segundo o documento, “se limitou a usar o plebiscito como mote para criar uma confusão de identidade entre os movimentos populares e o governo e buscou oferecer claramente argumentos que apontam que a privatização foi responsável pela modernização da empresa”. A análise é concluída com a afirmação de que “de maneira geral, a imagem construída pela mídia sobre o plebiscito foi a de que se tratava de iniciativa anacrônica e restrita a uma pequena e pouco representativa parcela da sociedade, que seriam os movimentos sociais ou os setores de uma esquerda mais radical”.

Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz