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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

18.10.07

Uma "democracia puta"?

O diário ABC Color, do Paraguai, publicou um editorial de primeira página, no dia 7 de outubro, com esse grosseiro título: “Uma democracia puta”.
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Não se referia à ditadura do Partido Colorado, que há sete décadas controla o poder e perpetua o Paraguai como um dos países mais pobres do continente. Nem à reconversão dessa ditadura para uma forma “democrática” dessa ditadura, que fez com que a viúva do ex-ditador Alfredo Stroessner comentasse, singelamente: “Só falta o Alfredo”.
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Não. Referia-se à Venezuela, um regime que teve seu presidente eleito e reeleito várias vezes, submetido à confirmação do voto popular no meio do seu mandato, com um mecanismo de controle dos eleitores sobre os eleitos, que nenhum outro país do continente possui.
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O ABC Color é o principal jornal do Paraguai. Não é necessário um exercício de memória muito grande para imaginar sua convivência com a ditadura do partido-Estado Colorado. Agora dizem que apóia a Lino Oviedo, recém libertado para tentar bloquear a possibilidade de vitória de Fernando Lugo, derrotando pela primeira vez ao Partido Colorado. O candidato de preferência do jornal foi condenado em trs processos, um deles por participação na morte do ex-vice presidente Luis Argaña, outro deles por tentativa de golpe militar.
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Esse jornal se atreve a julgar o caráter democrático do regime venezuelano, para tentar bloquear o ingresso da Venezuela no Mercosul. “Se nossos presidentes do Mercosul, mesmo sabendo qual é sua obrigação histórica com a defesa dos princípios e dos valores políticos que iluminam nossos povos, são capazes de se vender ou de ligar-se mediante uma relação adúltera com um ditador megalômano surgido das catacumbas de um passado sinistro, teremos que convir que nossas democracias se vendem como autênticas putas” – diz o editorial do jornal paraguaio.
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Antes desse final, o jornal fez um apelo aos parlamentares do Paraguai e do Brasil, para que impeçam o ingresso da Venezuela ao Mercosul – porque disso se trata, essa é a operação política que a direita do continente trata de armar. São os aliados paraguaios dos parlamentares da direita brasileira que igualmente se opõem à entrada da Venezuela no Mercosul.
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Até julho de 2006, o Mercosul se limitava aos conflitos comerciais entre as grandes corporações privadas da Argentina e do Brasil, na disputa de mercados, relegando o Uruguai e o Paraguai a coadjuvantes sem importância. A participação da Venezuela e da Bolívia, posteriormente do Equador e a aproximação de Cuba, permitem romper esse crculo vicioso.
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Acontece que todos aqueles que continuam identificados com os interesses dos EUA, do chamado “livre comércio”, que se opõem à consolidação e à extensão da integração latino-americana, buscam deter a entrada da Venezuela, com todo o dinamismo e a ampliação de temas que a incorporação do governo de Hugo Chavez representa. Se opõem ao gasoduto continental, se opõem ao Banco do Sul. Se opõem à autonomia do continente diante da hegemonia imperial dos EUA.
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São esses os que tentam atrasar a integração continental, representando os interesses do império na região. No Paraguai, como no Brasil, são esses os que resistem ao Mercosul, à integração regional, como agentes do “livre comércio”, do FMI, da OMC e do Banco Mundial. Par isso não poupam nem esforços, nem vocabulário grosseiro. São resquícios de um passado que, embora resistindo – como o Partido Colorado – tem seus dias contados.
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Postado por Emir Sader, 14/10/2007 às 17:24

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz