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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

18.10.07

Um pouco do mundo Real

Escrito por Wladimir Pomar 17-Out-2007
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Alguns cronistas consideram incompreensível o anticapitalismo da esquerda. Na vida prática, o seu oposto, o socialismo, teria sido jogado no lixo da história. Um exemplo seria o Brasil, com suas políticas elogiadas pelo FMI, e o governo do PT pagando as dívidas do país. Tudo em virtude do crescimento das exportações, resultantes da prosperidade global. A inflação brasileira teria sido liquidada pelo "estado da arte" do capitalismo, consubstanciado no regime de metas do Banco Central e da política monetária. Com isso, teria sido possível a ampliação das modalidades de crédito, outra criação do capitalismo contemporâneo. Para completar, o mesmo governo Lula estaria ingressando célere na "privatização", renegando o "estatismo incompetente e ultrapassado". Diante disso, como o PT ainda defende o socialismo? Esse é mais um dos problemas dos ideólogos do capitalismo. Seu mundo real é apenas a parte rósea do momento. Afora isso, é incomensurável sua capacidade de confundir meios e fins, conjuntura e estrutura, e concessões e privatizações. Não por acaso, denigrem o Estado de todas as formas, mas são incapazes de viver sem ele. Por um lado, não entendem que os socialistas no governo procurem desenvolver as forças produtivas, utilizando inclusive as formas capitalistas de propriedade. E que isso ocorra tanto em países que fizeram revoluções, mas haviam sido quase destruídos pelo domínio colonial e pela guerra, como o Vietnã, quanto em países em que os socialistas apenas chegaram ao governo, mas também os encontraram quebrados por políticas criminosas de desindustrialização, como o Brasil. Em ambos os casos, os socialistas tomam as empresas estatais como instrumentos para implantar políticas de desenvolvimento industrial e tecnológico, mas também dão espaço para empresas privadas investirem em novas plantas industriais e em obras de infra-estrutura. Não privatizam empresas estatais estratégicas, fundamentais para orientar todo o processo de desenvolvimento, como é o caso da Petrobras, e era o da Vale, no Brasil. Mas podem fazer concessões de estradas, ou realizar parcerias público-privadas, se isso contribuir para o desenvolvimento das forças produtivas e dos próprios ativos públicos. Portanto, confundir concessões de estradas, ou de construção de obras de infra-estrutura, com privatizações, é quase o mesmo que, ao inverso, confundir socialismo com comunismo. Enquanto o mundo real da dualidade capitalista não se esgotar, os capitalistas no poder não podem livrar-se da necessidade de se valer de empresas estatais e do Estado, por mais que os abominem. E os socialistas, no poder ou no governo, também se verão às voltas com a necessidade de operar "políticas capitalistas", ao mesmo tempo em que procuram reforçar as estatais e as políticas sociais que os capitalistas consideram "anticapitalistas". .
Wladimir Pomar é escritor e analista político.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz