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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

30.4.11

Oscar Romero, um sinal de Deus para nosso tempo. Um depoimento de Luiz Carlos Susin

O Frei Luiz Carlos Susin está, neste momento, em El Salvador, onde participa do Simpósio "A los 30 años del martírio de Monseñor Romero: conversión y esperanza". De lá, ele enviou, por e-mail, o artigo a seguir, publicado com exclusividade pela IHU On-Line.
 
No texto, Frei Susin relembra momentos da vida de Dom Romero, assim rememora as causas da sua morte violenta. O legado do pensamento e da luta de Dom Romero também está presentes no depoimento. "De modo especial a juventude que nem mesmo o conheceu, e as crianças que intuem nele um pai a quem admirar, estão mobilizados para esta memória de trinta anos. Não porque a Igreja tenha instrumentos institucionais para mobilização, mas por causa desta identificação entre o bom pastor e este povo que conheceu a violência e ainda conhece formas sociais de injustiças", destacou.

Luiz Carlos Susin é frei capuchinho, mestre e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Itália. Leciona na PUC-RS e na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF), em Porto Alegre. É autor de inúmeras obras, dentre as quais citamos "Teologia para outro mundo possível" (Paulinas, 2006).

Confira o depoimento.


Nesse dia 24 de março, por diferentes partes do mundo irá percorrer a memória da morte violenta de
Dom Oscar Arnulfo Romero há precisamente 30 anos, em 24 de março de 1980. Enquanto muitos olhares se voltam para San Salvador, a capital do pequeno país de El Salvador, na costa do Pacífico da América Central, ter o privilégio de estar aqui, junto a grupos dos diversos continentes que chegam reverentes, e olhar in loco o significado desta memória trinta anos depois é comovente porque é surpreendente: este povo não seria o que agora é se Dom Oscar Romero não tivesse sido, naqueles anos difíceis, o arcebispo que tomou a defesa do povo em meio ao fogo cruzado entre as forças violentas do Estado e a guerrilha que lutava por outra ordem pública. O próprio Dom Romero, em sua grande sensibilidade, tinha dito que "com este povo não é difícil ser um bom pastor!"

E, de fato, ver gente do povo, famílias inteiras, chegar até a cripta da catedral onde repousam os restos mortais de Dom Romero ou então aos lugares de seu martírio, na pequena casa em que morou ou na capela do "hospitalito" em que foi
abatido durante a celebração de uma Eucaristia na manhã da segunda-feira após um domingo de sermão indignado e recheado de "não matarás!", pode-se ver o quanto este povo salvadorenho tenha sentido nele uma identificação e um amparo que, trinta anos depois, só fez crescer essa aliança pelo bem e pela paz. Quando Dom Romero disse, sabendo que seu assassinato seria questão de pouco tempo, que se o matassem ele ressuscitaria no povo salvadorenho, dizia uma convicção de fé que hoje podemos ver desbordar nessa cidade de San Salvador.

A Juventude el salvadorenha e Dom Romero

De modo especial a juventude que nem mesmo o conheceu, e as crianças que intuem nele um pai a quem admirar, estão mobilizados para esta
memória de trinta anos. Não porque a Igreja tenha instrumentos institucionais para mobilização, mas por causa desta identificação entre o bom pastor e este povo que conheceu a violência e ainda conhece formas sociais de injustiças. É bem verdade que, depois que o partido do próprio mandante do assassinato de Dom Romero, o major Roberto D'Aubuisson, perdeu a presidência do país, ainda que detenha a maioria do parlamento e o poder da imprensa e do empresariado mais importante, agora é o próprio novo presidente de El Salvador, casado com uma brasileira que conheceu as Comunidades Eclesiais de Base no Brasil, que se adianta e ele mesmo e seu governo organizam parte das festas em memória de Dom Oscar, algo absolutamente novo, que cria maior espaço para que se realize o que o arcebispo queria: justiça e vida digna para o povo que sofria abusos por parte das elites ricas e poderosas e das forças militares que a apoiavam. Não que ele concordasse com a violência da guerrilha, pois sabia que ela resultava da própria violência institucional e ficava presa à roda da violência da qual a maior vítima, inocente, era a população. A Comissão da Verdade, criada pelas Nações Unidas, apurou que cinco por cento dos atos de violência foram cometidos pela guerrilha enquanto oitenta e cindo por cento dos assassinatos foram cometidos pelo Exército e esquadrões da morte, apoiados financeiramente pelos Estados Unidos. Essa desproporção fala alto. (E cá entre nós, brasileiros: talvez seja esta a razão para tanta obstrução a que se crie uma Comissão da Verdade no Brasil.)

Uma luta sem fim

Mas
Dom Romero, ainda que sempre tenha demonstrado sensibilidade e compaixão para com os pobres, e piedade e retidão para com a sua fé e a ética conseqüente, somente com as circunstâncias dolorosas caiu em si diante da realidade social conflitante e injusta e a decisão difícil a tomar: a perigosa defesa do povo, pela qual iria morrer. Ele tinha sido deslocado de uma diocese interiorana para a capital a fim de acalmar a inquietação de movimentos dentro da Igreja: alguns padres, algumas comunidades, a direção da universidade dos jesuítas. Veio para a capital como um "conservador", assim se dizia na época. Foram a tortura e a morte violenta de um jovem jesuíta, Rutílio Grande, seguida de outros sacerdotes da diocese e do país, que fizeram Dom Oscar chorar e se indignar. Começou a comparecer a todo lugar de violência e de cadáveres a sepultar, e a preparar com força profética única suas homilias dominicais, que eram escutadas não só com catedral lotada mas em todo o país através do rádio. Hoje, estas homilias estão disponíveis tanto em uma apurada edição crítica como em CD, pois, por questão de verdade, foram todas escritas e gravadas, assim como ele deixou gravado algo como um "diário" diante da iminência contínua de violência a ele mesmo. Hoje são fontes preciosas para conhecer tanto a grandeza de alma e a sabedoria de um grande pastor caminhando em meio a um rebanho ferido como para conhecer uma época tremenda da história não só de El Salvador, mas da América Latina em geral.

Dom Oscar foi "crescendo" ao mesmo tempo em sabedoria e ternura junto com a indignação e a força profética de sua presença e palavra. Pagou o preço de solidão entre seus pares no episcopado do país, com pouco apoio, e inclusive desconfianças de Roma. Mas ganhou amizade e apoio de muitos bispos que já eram experimentados em situações parecidas pela América Latina. No entanto, foram o povo e o clero de San Salvador que o sustentaram enquanto ele se fazia "voz dos que não tem voz". Depois de sua morte ainda muito sangue inocente foi derramado por El Salvador, sobretudo de militantes cristãos, de catequistas e evangelizadores, e inclusive massacres de centenas de pessoas – três massacres, de 600 a 800 pessoas cada, em aldeias que foram inteiramente devastadas pela violência militar e paramilitar. Outros sacerdotes e finalmente, em novembro de 1989, a comunidade jesuíta da Universidade Centroamericana inteira, seis padres, tiveram a mesma sorte numa noite de terror nesta casa em que estou escrevendo. Dom Romero tinha chegado a afirmar que se alegrava que sacerdotes estavam sofrendo o mesmo destino do povo, e, embora não escondesse a inquietação do medo da tortura, sabia certo que teria também ele o mesmo destino. Só assim a Igreja testemunhava que estava realmente identificada com o povo de Deus. A maioria desses padres, como Dom Oscar, deixou o testemunho de um perdão pessoal junto á exigência de justiça para o povo, e isso deixou marcas na capacidade de cura e de reconciliação de El Salvador.

Dom Romero vive no coração e na memória do povo

Hoje, resta uma ferida grave: a delinqüência, sobretudo juvenil e adolescente, as "pandillas" de periferia, entre os pobres e os desocupados. E a tendência das elites impenitentes a tratar inclusive menores com dureza crescente sem reconhecer as causas da atual violência, as causas que são o pecado original de sempre: a apropriação e o enriquecimento de poucos junto à pobreza sem saída da maioria. Em meio a isso, as figuras de
Dom Oscar e dos tantos mártires recentes de El Salvador são um contraponto de esperança e de generosidade absoluta, a generosidade da vida doada até à morte, que cria uma lógica de busca de justiça e dignidade em meio aos problemas e sofrimentos que ainda persistem. Nesses dias os jovens, inclusive certamente alguns metidos em "pandillas", vão liderar uma multidão de povo que vai sair de diferentes pontos da capital para se concentrar e passar uma noite em vigília diante da catedral que guarda os restos mortais de um grande pai da nação, e vão se sentir família. Na cripta, apesar do belo monumento em bronze com o manto dos quatro evangelhos que orientaram as falas fortes do arcebispo, o povo insiste em colocar suas flores, seus símbolos simples e carregados de afeto. Realmente, Dom Oscar Romero vive no coração e na memória do povo de El Salvador.

E vive também na memória da Igreja latinoamericana, que o reverencia nessa data como voz dos povos ainda submetidos. A Igreja primaz dos anglicanos, em Westminster, já o
"canonizou" colocando sua imagem ao lado de Martin Luther King e de Bonnhöffer no nicho dos mártires do século XX. Na África, um bispo congolês, morto ao socorrer o povo em meio ao conflito genocida de Ruanda e Burundi na fronteira do Congo, é conhecido por lá como "o Dom Romeiro da África"! E grupos em peregrinação, vindos dos Estados Unidos, do Canadá, dos diversos países da Europa além dos latinoamericanos, de variadas denominações cristãos, vem ecumenicamente, como veio o grande teólogo Jürgen Moltmann, prestar homenagem a um grande profeta e mártir de nosso tempo.


Para ler mais:
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=30924

''No dia 1º de maio, rezamos a Dom Romero, declarado mártir e santo de todas as Américas por vontade do povo de Deus''

Notícias IHU - 3.04.2011

"A beatificação de Oscar Romero feita pelo povo não é um ato arrogante. Essa 'beatificação', sem grandes custos por parte das autoridades eclesiásticas para procedimentos caros, envia a todos uma boa notícia que quer ser o espelho do Espírito de Deus: a vida do nosso irmão São Oscar Romero nos indica como ter coragem como ele, se nos empenhamos em seguir o Evangelho de Jesus."

Publicamos aqui a declaração do movimento internacional Nós Somos Igreja, às vésperas da beatificação de João Paulo II, publicada em seu sítio italiano, 28-04-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Caras irmãs e caros irmãos que são ativos no ecumenismo, envio-lhes este Apelo convidando-lhes a celebrar a santificação do mártir São Oscar Romero no próximo dia 1º de maio. Ela foi decidida pelos povos pobres da América Latina e pelos seguidores de Jesus no mundo inteiro.

Essa celebração deve nos encorajar a entender mais a fundo o espírito do Evangelho. Ao mesmo tempo, as Igrejas dos países do primeiro mundo são estimuladas a reconsiderar o seu modo de pensar e de agir.

Vocês sabem que Oscar Arnulfo Romero, que era um conservador, foi nomeado arcebispo de San Salvador em 1977. Foi nesse período que a perseguição sanguinária dos cristãos se desencadeou em El Salvador, e Romero teve que reagir de um certo modo. Os corpos dos catequistas assassinados, dos coroinhas e dos padres, e as lágrimas derramadas sobre eles o comoveram profundamente. Assim, Oscar Romero se demonstrou, sempre mais, na sua ação pastoral, um bispo intrépido e interveio em favor dos últimos e dos que eram torturados e perseguidos. A partir daquele momento, colocou-se contra o regime político do seu país, contra o conselheiro para a segurança dos Estados Unidos e os poderosos cardeais da Cúria Romana.

Na primavera de 1979, o bispo Romero não conseguiu se fazer ouvir pelo Papa João Paulo II, que não conseguia entender o seu compromisso e que rejeitava apoiar as suas atividades. Romero manifestou a sua grande desilusão dizendo: "Não penso em voltar para Roma uma segunda vez... O Papa não me entende".

João Paulo II não se mostrou interessado nem na foto de um padre indiano que havia sido morto há pouco tempo, nem nos documentos que demonstravam a perseguição dos cristãos por parte das milícias das classes dominantes. Ao contrário, o Papa os aconselhou a encontrar um acordo com o governo de El Salvador.

São Romero da América sabia bem que estava em grande perigo. Mas ninguém o detinha de denunciar as injustiças, de excomungar os homens políticos do regime e de seguir Jesus de Nazaré, cujo ensinamento é o de resistir à violência, mas com métodos não violentos. Ele não fechava os olhos diante dos inúmeros assassinatos cometidos para eliminar os cristãos. Um dia, durante uma homilia, Romero disse: "A vingança é uma escolha que nós rejeitamos completamente. Rezemos como Jesus: Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem".

Todo ser humano é considerado filho de Deus e, ao mesmo tempo, é a Ele semelhante. É por essa razão que São Oscar Romero não hesitou em defender a dignidade de todo ser humano com uma coragem muito firme. Aos sicários pagos e aos soldados simples recrutados pela junta militar, ele dirigiu estas palavras: "Quem tortura um outro é um assassino... Ninguém tem o direito de agredir um outro homem, porque o homem é a imagem de Deus".

Um dia antes do seu assassinato, ele publicamente convidou os soldados a se recusarem a obedecer às ordens: "Em nome de Deus e em nome desse povo sofredor, eu lhes imploro, eu lhes ordeno: parem a repressão!".

Um tiro de fuzil de um sicário o atingiu enquanto celebrava a missa. Ele caiu diante do altar.

A beatificação de São Oscar Romero feita pelo povo não é um ato arrogante. Sabemos bem que é só Deus que lê no coração do ser humano, tanto que nós podemos entender só raramente as coisas com os Seus olhos. Mas essa "beatificação", sem grandes custos por parte das autoridades eclesiásticas para procedimentos caros, envia a todos uma boa notícia que quer ser o espelho do Espírito de Deus: a vida do nosso irmão São Oscar Romero nos indica como ter coragem como ele, se nos empenhamos em seguir o Evangelho de Jesus.

Roma, 28 de abril de 2011.

 
 
 
 
 
18/3/2010
 
 
São Romero da América: A santidade politizada
 
 Antônio Cechin -

Nosso bispo São Romero de América, mártir ou confessor?

A Igreja Católica classifica seus santos em duas categorías: os mártires e os confessores. Mártir é vocábulo de origem grega. Essa palavra, a partir do livro do apocalipse do apóstolo João, passou a designar o testemunho por excelência prestado a Cristo pelos cristãos que aceitam a morte sanguinolenta por fidelidade ao Salvador. Morrem antes do tempo, no seguimento de Jesús que disse "não há maior prova de amor do que dar a vida por aqueles a quem se ama". Por isso, a rigor, quem canoniza o mártir é diretamente o próprio Jesús. No tempo da Igreja dos primórdios – das catacumbas – o mártir era imediatamente proclamado santo no dia mesmo em que tombava.

Hoje, a Igreja, para conceder a honra dos altares a um mártir, exige apenas a comprovação do martírio e  a ocorrência de um milagre – normalmente a cura de doença incurável – graça que seja obtida após a invocação do candidato ao título de santo, com os direitos inerentes

Ao lado dos santos mártires temos a outra categoría: a dos santos confessores. Estes tiveram morte natural. Pode ser candidato a confessor, todo aquele que, em vida, praticou em grau heróico, as virtudes teologais: fé, esperanca e caridade; bem como as virtudes cardeais: prudência, justiça, temperança, etc. A parte central do processo canônico para um candidato a santo confessor é a comprovação da heroicidade das virtudes, além naturalmente de dois milagres: o primeiro para ascender ao título de bem-aventurado e o segundo para que possa ser proclamado santo, com direito a culto universal.

Depois de muito pressionar o Vaticano, os fiéis cristãos das Comunidades de Base de El Salvador, mais ligados à teologia da libertação, conseguiram que fosse introduzida a Causa de beatificação e canonização de Monsenhor Romero que eles, por conta própria já o invocavam como santo: São Romero da América. Popularmente já o haviam canonizado no dia mesmo em que tombou enquanto celebrava a Missa, vítima de um tiro certeiro que lhe atravessou o coração.

Surpresos ficaram quando esbarraram com a exigência da comprovação da "heroicidade das virtudes"  do seu bispo. A explicação: Roma só reconhece como mártir quem foi assassinado por "ódio explícito à fé cristã". O Vaticano quer quando muito um Romero como santo confessor mas não como santo mártir. Ora, muito contribuiu para que o papa nomeasse Dom Romero como Arcebispo de El Salvador, como veremos adiante, a pressão do exército e do governo do país e quem depois o martirizou foram os mesmos "cristãos": os militares e governo de El Salvador. Aliás, nada de novo. O Mestre Jesus já nos advertira em seu Evangelho: "Haverá gente que vai vos matar pensando fazer um bem."

Naturalmente, os cristãos de El Salvador não se conformam com a exigência. Querem seu querido Pastor santo como mártir e muito mártir. Do contrário estão dispostos a retirar de Roma o processo de canonização oficial para ficarem somente com a canonização popular que já realizaram. Esse impasse, tanto quanto estamos informados, continua até hoje. Esperemos que os devotos de São Romero que já não são mais somente os cristãos de El Salvador mas todos os cristãos ligados à Teologia da Libertação da América Latina, consigam seu intento mais do que justo.

Itinerário de São Romero: de uma santidade tradicional para uma santidade politizada

Nada melhor do que a linguagem dos fatos para avaliar o tamanho da mudança do arcebispo Romero, acontecida aos 61 anos de idade. Para tanto nos valemos de uma síntese biográfica fornecida por María López Vigil.
         
Romero nasceu a 15 de agosto de 1917, segundo de oito irmãos, na cidade de Barrios, São Miguel, El Salvador. Em rapaz tornou-se aprendiz de carpinteiro ajudando seu pai telegrafista e que gostava de tocar flauta e de meter-se debaixo de uma lona de qualquer circo que aparecesse em sua aldeia. Com pouca idade o menino Romero já dizia querer ser sacerdote. Aos 13 anos entrou para o seminário e com 26 se ordenou sacerdote.

Durante 23 anos (1944 a 1967) foi pároco em São Miguel. Dedicava-se as 24 horas do dia com uma paixão inimitável, a uma pastoral de missas e longas horas de confessionário, a rosários, novenas, catequeses, confrarias e aulas de religião em colégios católicos. Amicíssimo dos ricos e também dos pobres, pretendia ser ao mesmo tempo pastor de cordeiros e de lobos. Arrancava esmolas dos ricos para dá-las aos pobres. Aliviava assim os problemas dos pobres e a consciência dos ricos.

Foi bispo auxiliar de San Salvador durante 7 anos (1967 a 1974). Naqueles tempos fortes e gloriosos de Medellín, o bispo Romero se comportou – também com inimitável paixão – como um pequeno inquisidor dos sacerdotes mais comprometidos e progressistas que começaram a criar Comunidades Eclesiais de Base, a empoderar o povo no sentido da organização de Movimentos Populares e que participavam nas contraditórias lutas sociais de um país em ebulição. Em El Salvador, como em toda a América Latina, as CEBs iniciavam uma nova forma de evangelização e compromisso social e político.

Abancado num escritório cheio de papéis, Romero foi se tornando cada vez mais odioso para um amplo setor da Igreja de São Salvador, uma das mais avançadas do continente em um dos países mais convulsionados do continente. El Salvador é o menor país e o menos populoso, o das "14 famílias" donas de tudo. O país em que, numa única semana, em 1932, ocorreu o massacre de 40 mil camponeses e onde os responsáveis daquela chacina publicavam nos jornais dos anos 70 "matamos 40 mil e tivemos 40 anos de paz. Se tivéssemos matado 80 mil, teriam sido 80 anos".

Atuando como inquisidor, Romero foi nomeado pela Santa Sé para bispo da diocese de Santiago de Maria. Nessa rica zona cafeeira e algodoeira viveu três anos (1974 a 1977), continuando a ser amicíssimo dos ricos latifundiários. Foi aí que começou a ficar impactado pela realidade: a dos miseráveis diaristas cortadores de café nas fazendas dos ricos, e a dos pobres transformados em Delegados da Palavra de Deus, pregadores da boa notícia do evangelho a seus companheiros de miséria.

Os méritos colhidos durante tantos anos de sacerdócio exemplar e "neutro" fizeram com que militares e oligarcas propusessem ao Vaticano nomeá-lo Arcebispo de São Salvador no ano de 1977 quando o país vivia sua crise mais profunda que desembocou quatro anos depois numa prolongada guerra civil. O despertar das massas de pobres exigindo democracia, justiça e vida digna, e a intransigência criminosa dos ricos negando tudo, anunciavam um abismo de dor e de sangue. O país estava em ebulição e os ricos confiavam em Dom  Romero como apagador do incêndio dos justos protestos dos pobres.

Quinze dias antes de receber o encargo e a carga arquiepiscopal, aconteceu uma das fraudes eleitorais mais vergonhosas da história salvadorenha – em favor do partido dos militares – seguida de um massacre no centro de São Salvador contra o povo que reclamava. Em seguida aconteceu um incêndio ameaçador. Um mês depois, paramilitares a serviço dos latifundiários assassinavam em Aguilares o jesuíta Rutílio Grande, o mais estimado dos sacerdotes salvadorenhos daquele tempo. Estarrecido por aquela maré montante Monsenhor Romero viveu nos dias que vão de 12 a 20 de março – entre o assassinato de Rutílio e a missa de uma multidão que celebrou em memória do sacerdote assistida por nada menos que 100 mil pessoas – um atormentado e singular "Caminho de Damasco". A partir de então mudou radicalmente, jamais voltou a ser aquele sacerdote tímido e obcecado pela interpretação rígida da lei e da obediência cega à instituição. Colocou toda a sua paixão a serviço do Espírito e do povo.

Nos três anos à frente do Arcebispado de São Salvador nasce, cresce e se desenvolve a personalidade profética de Monsenhor Romero. Eram tempos de uma crescente organização popular. E em resposta, de uma cruel repressão governamental contra o povo e especificamente, contra membros e instituições da Igreja. Não há Igreja na América Latina com mais extenso e prolongado recorde de mártires do que a salvadorenha naqueles anos.

As homilias que domingo a domingo Monsenhor Romero pronunciava na Catedral de São Salvador se converteram imediatamente na palavra mais livre, mais acertada e mais convincente do país. Tanto para dentro das fronteiras como para fora. A figura do Arcebispo se agigantava internacionalmente e suas homilias o transformaram no porta-voz do povo salvadorenho em luta pela justiça e pela dignidade. Aquele homem de aparência insignificante conseguiu que os olhares do mundo e a solidariedade de milhões de corações se voltassem como nunca antes cooptando seu pequeno país.

Suas homilias de longa duração – até duas horas ou mais – e muito densas teologicamente, são uma catequese permanente. E são também um "jornal semanal": nenhum fato da vida nacional, nenhum sinal de violência ou síntoma de esperança, nenhuma violação dos direitos humanos ficava fora de sua avaliação de pastor. A Catedral de São Salvador se entupia todas as semanas para escutá-lo e para aplaudi-lo. Era um fenômeno de massas. Suas mensagens alimentavam a esperança coletiva.

Era sua palavra e era também sua presença. Incansável visitador das comunidades, tenaz celebrante de crismas e de missas, conselheiro público e privado de dirigentes de movimentos populares e de personalidades políticas, mediador em greves e em muitos conflitos de todo tipo daqueles anos, Monsenhor Romero parecia ter tempo para estar em toda a parte ao mesmo tempo.

Sua mudança e seu crescente compromisso e protagonismo foram se tornando cada vez mais intoleráveis para o sistema. Campanhas de difamação, o assassinato de vários de seus sacerdotes, ameaças, pressões eclesiásticas fizeram dele o homem mais perseguido no pretório e no templo. Tentaram de tudo. Mas, uma vez colocada a mão no arado nunca mais volveu seu olhar para trás. Desde janeiro de 1980 – fracassada a fórmula política da junta cívico-militar que tomou o poder alguns meses antes – ocupou o primeiro lugar nas listas dos esquadrões da morte.

Monsenhor Romero jamais cuidou de sua segurança pessoal e jogou até o último momento com todas as cartas abertas.Tinha plena consciência de que queriam matá-lo. E não queria morrer. "Nunca tive tanto amor à vida. Quero um pouco mais de tempo. Eu não tenho vocação para mártir", confidenciou a um amigo em suas últimas semanas.

No domingo, 23 de março, reuniu-se pela última vez com seu povo na Catedral e no término de sua homilia lançou um apaixonado e histórico apelo aos soldados e aos guardas para que não disparassem contra seus irmãos do povo; para que desobedecessem às ordens de matar que lhes davam os oficiais do exército cruel e repressor.

No dia seguinte, 24 de março, quando morria a tarde e enquanto tratava de pôr o ponto final à sua homilia de uma missa por uma mulher falecida, na capela do hospital de cancerosos e diante de um pequeno punhado de fiéis, chegou sua hora. Um pistoleiro a serviço de Roberto D'Aubuisson, fundador do partido ARENA, e que esteve no poder até três anos atrás, disparou uma certeira bala explosiva que lhe atravessou o coração. Caiu aos pés do altar e do lado da vida.

O povo recolheu seu cadáver e chorou sobre ele como se chora o pai e a mãe. Foram oito dias de dor e de orfandade. No Domingo de Ramos de 1980 os salvadorenhos se despediram dele numa cerimônia de massas, que foi interrompida por calculados disparos e de bombas lançadas pelos regimentos de segurança postados em pontos estratégicos da praça. Foram 40 os mortos e centenas de feridos. A missa foi interrompida e o enterro teve que ser feito às pressas.

Rotos os diques e ultrapassados os umbrais do respeito e da compaixão com seu assassinato – até hoje impune – ferido o pastor e dispersas as ovelhas, aquele ano de 1980 foi trágico. Torrentes de sangue derramado injustamente embeberam todos os rincões de El Salvador. No ano seguinte iniciou uma guerra que duraria doze longos anos.

O sangue de Oscar Romero, mesclado para sempre com o do povo que amou e serviu, não deixou de ser fecundo. No dia 1 de março de 1992, quando terminou a guerra em El Salvador, uma faixa gigantesca colocada no mais alto da Catedral acompanhava a multidão que celebrava o primeiro dia da paz e da liberdade. Dizia: "Monsenhor, hoje ressuscitaste no teu povo" Aos 30 anos de seu martírio, El Salvador e a América Central oferecem à América Latina e ao mundo, com legítimo orgulho, a vida e a entrega da vida de um homem exemplar que pôs todo o poder que tinha a serviço da dignidade dos pobres e que continua inspirando mudanças, sonhos e compromissos.

O presidente atual de El Salvador, Mauricio Funes, afirmou no sábado, dia 13-03-2010, que dia 24 de março será feriado nacional e que pedirá perdão em nome do seu Governo e da nação pelo execrável crime do assassinato de D. Oscar Romero, arcebispo de San Salvador. Ele fará este pedido durante os atos em comemoração do 30º aniversário do assassinato.

"Como presidente, e em nome do Governo que presido, decidi renovar meu compromisso com essas maiorias necessitadas do nosso país num ato simbólico em homenagem a D. Oscar Romero na data da comemoração do seu martírio. Com este ato novamente pediremos perdão em nome do Estado, por este magnicídio e por todas as milhares de vítimas inocentes do conflito salvadorenho", declarou o presidente durante a alocução prévia a um concerto em homenagem ao arcebispo.

A Comissão da Verdade criada para investigar os crimes cometidos durante o conflito concluiu que o arcebispo foi assassinado por um esquadrão da morte de civis e militares de ultra-direita.

Os cardeais da Guatemala, Rodolfo Quezada Toruño, e de Washington, Theodore Mccarrick, presidirão as missas em homenagem a Romero.

 
 
 
Para ler mais:

Como os EUA apagaram o 1º de Maio

Reproduzo artigo de Eduardo Galeano, extraído de "O livro dos Abraços":

Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.

Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio. – Deve ser por aqui – me dizem. Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.

O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas nos Estados Unidos o primeiro de maio é um dia como qualquer outro. Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do vento, ou da mão de Deus ou do amo.

Após a inútil exploração de Heymarket, meus amigos me levam para conhecer a melhor livraria da cidade. E lá, por pura curiosidade, por pura casualidade, descubro um velho cartaz que está como que esperando por mim, metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.

O cartaz reproduz um provérbio da África: Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador.

29.4.11

Questionada constitucionalidade de dois tributos municipais

Advogado questiona constitucionalidade de dois tributos municipais

A nova alíquota do IPTU e a tarifa do Fundo Municipal de Recursos Hídricos (FMRH) são cobranças inconstitucionais. É o que concluiu o advogado caxiense Jefferson Panarotto. 

Conforme pareceres apresentados por ele nesta quinta-feira, a nova base de cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano de Caxias, não respeitou ao princípio da anterioridade nonagesimal. Essa regra estabelece que a mudança na alíquota do IPTU só deveria entrar em vigor noventa dias após a sanção da lei. Porém, a legislação aprovada pela Câmara e sancionada no dia 15 de dezembro do ano passado já começou a valer no primeiro dia de 2011. 

Quanto à tarifa do FMRH, essa cobrança desrespeitaria a constituição já que o tributo não corresponde a nenhuma das figuras tributárias existentes. Segundo o parecer de Jefferson Panarotto, gastos com infraestrutura, para futura prestação de serviços de fornecimento de água à população, é ônus do Poder Público. 

Conforme o advogado e membro da Fundação Escola Superior de Direito Tributário, a partir de agora qualquer cidadão caxiense que se sentir lesado pode procurar o poder judiciário para questionar as cobranças.

Segundo Panarotto, até esta quinta-feira, nenhuma pessoa questionou as cobranças da Prefeitura na Justiça, pelo menos por intermédio do escritório de advocacia dele.

A reportagem tentou durante esta quinta-feira contato com o Procurador-Geral do Município, mas Lauri Romário Silva não foi localizado.

por Lucas Guarnieri - Caxias do Sul (Rádio São Francisco), dia 28/04/2011 às 21:25

 

http://www.redesul.am.br/Noticias/Geral/28/04/2011/Advogado-questiona-constitucionalidade-de-dois-tributos-municipais/76719/

 

CANÇÃO DA FOICE E DO FEIXE

"Tenho menos paz que ira.
Tenho mais amor que paz.
...Creio na foice e no feixe
destas espigas caídas:
Creio nesta foice que avança
uma Morte em tantas vidas!
- sob este sol sem disfarce
e na comum Esperança -
tão encurvada e tenaz!" 

Pedro Casaldáliga

28.4.11

Nota Pública do SINDISERV sobre a Greve dos Médicos

         Frente ao reinício da greve dos médicos municipais de Caxias do Sul, o Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (SINDISERV) vem se manifestar e reafirmar sua posição em relação ao movimento:
• O SINDISERV é a entidade que representa toda a categoria de servidores municipais de Caxias do Sul;
• O Sindicato dos Médicos, entidade que está à frente da organização do movimento grevista, reivindica para todos os ocupantes do cargo de médico, um reajuste salarial de cerca de 400%, ou seja, um básico de cerca de R$ 9 mil para 20 horas semanais, valor que está além do maior vencimento básico do funcionalismo: R$ 3.898,50 (padrão 14), para 33 horas semanais;
• Caso a Administração Municipal entenda ser viável algum tipo de reajuste ou abono salarial aos médicos, o SINDISERV entenderá, aplicando o princípio da isonomia, que tal valor deverá ser estendido aos demais servidores;
• Diariamente, milhares de usuários do SUS passam por longos períodos de espera de atendimento. Com a greve, a população se depara com uma situação ainda mais caótica;
• Com a morosidade em resolver o caso e a ausência de atitude do Governo, quem padece é a população, que não recebe adequadamente o atendimento a que tem direito e os servidores da saúde do município, que servem de escudo para a indignação dos usuários do SUS;
• A falta de entendimento entre médicos e município vem de muitos anos. E enquanto toda a categoria de servidores tem uma jornada de trabalho a cumprir, a Secretaria Municipal de Saúde se exime de seu dever em exigir o cumprimento de carga horária dos médicos. A compra dos relógios-ponto não acontece nunca e quando estão à disposição não são usados;
• Quem é responsável pela prestação do serviço público de saúde é o Município, com todo o apoio logístico e financeiro que deve receber dos Governos Estadual e Federal. Assim, não pode se eximir da responsabilidade que lhe foi outorgada constitucionalmente;
• Portanto, o SINDISERV é totalmente contra a instituição de qualquer modalidade de fundação, pública ou privada, para gerir a saúde pública em Caxias do Sul. Terceirizar a saúde é atestar a incompetência em gerir as desavenças que ocorrem em qualquer administração, é se eximir da responsabilidade para a qual o governo foi eleito, é precarizar o atendimento e as relações de trabalho;
• Nós, servidoras e servidores públicos municipais, aguardamos que a Administração Municipal retome as reuniões da Comissão de Reclassificação de Cargos e Salários, pois acreditamos ser o melhor caminho para a resolução das distorções e reivindicações salariais dos servidores.

 

Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul   Fone (54) 3228-1160   www.sindiserv.com.br

Corazón de Fuego « TV Brasil

Dom, 01/05 – 23h

 

El último tren

Grupo de idosos empreende uma louca aventura para impedir a venda de uma locomotiva

 

Publicado em 26/04/2011 - 20h23 • Atualizado em 26/04/2011 - 20h23

 

El Ultimo Tren

 

El Último Tren, de Diego Arsuaga

 

TÍTULO:                                 EL ÚLTIMO TREN
TÍTULO ORIGINAL:               CORAZÓN DE FUEGO
NACIONALIDAD:                  ARGENTINA, ESPAÑA, URUGUAY
AÑO:                                      2002
GENERO:                               DRAMA
DURACIÓN:                           89 MIN

 

O premiadíssimo filme uruguaio El último tren é a atração do Cine Ibermedia deste domingo (1), às 23h. Primeiro longa de Diego Arsuaga, conta a história de um homem de negócios ambicioso que quer vender o comboio de 33 anos, carinhosamente conhecido como “Corazón de fuego”, a uma empresa dos Estados Unidos. Um grupo de homens idosos acredita que isso seria vender uma parte importante da história do país e, assim, planeja roubar o trem.

 

Um poderoso estúdio de Hollywood negocia a compra de uma histórica locomotiva do século XIX, para ser usada em um filme. Ainda que a notícia seja motivo de orgulho para muitos uruguaios, não tem a mesma acolhida entre os veteranos membros da Associação Amigos dos Ferroviários, composta por idosos, ex-funcionários da antiga empresa estatal de trens. Decididos a boicotar a transferência da locomotiva para os Estados Unidos, três deles e uma criança empreendem uma louca aventura sob o lema: “Patrimônio não se vende”.

 

A escapada do grupo no trem mostra a vibrante paisagem do Uruguai e seu variado clima, revelando muitas cidades abandonadas daquele pequeno país.

 

Dentre outros prêmios, o filme, também conhecido como Corazón de Fuego, ganhou o de Melhor Roteiro no Festival de Cinema Mundial de Montréal; Prêmio UFCA de Melhor Filme, da Associação de Críticos de Cinema do Uruguai; Melhor Ator e Melhor Diretor Estreante, no Valladolid International Film Festival; Prêmio Ariel de Melhor Filme, México; Prêmio Goya de Melhor Filme Estrangeiro na Espanha; e Prêmio Especial do Júri na competição de filmes latinos do Festival de Gramado. Inédito. 93 min.

 

Título original: El último tren (Corazón de Fuego); País: Uruguai, 2002; Género: Drama; Direção: Diego Arsuaga, com Héctor Alterio, Federico Luppi, Pepe Soriano, Gastón Pauls, Balaram Dinard, Saturnino García, Eduardo Migliónico, Elisa Contreras, Jenny Goldstein, Alfonso Tort, Fred Deakin, Herbert Grierson, Eduardo Proust, Guillermo Chaibún, Virginia Ramos, Jorge Bolani.

 

Não recomendado para menores de 18 anos

Exibição: domingo (1), às 23h

Reapresentação: sexta, às 0h45

 

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Assista a programação da TV Brasil:

 

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À Margem do Lixo « Novidades « TV Brasil

Novidades

Programa de Cinema

Sex, 29/04 - 23h

 

 

À Margem do Lixo

Filme é a terceira parte de uma trilogia dirigida pelo jornalista Evaldo Mocarzel

Publicado em 19/04/2011 - 20h01 • Atualizado em 19/04/2011 - 20h01

 

À margem do lixo

 

À Margem do Lixo trata-se da terceira parte de uma trilogia iniciada com À Margem da Imagem e À Margem do Concreto, do diretor Evaldo Mocarzel. O cineasta iniciou sua carreira como jornalista, tendo sido editor do Caderno 2 do jornal O Estado de São Paulo. Porém, desde que lançou seu primeiro curta, em 1999, não parou mais.

 

Dirigindo pelo menos um filme por ano, Mocarzel é um dos grandes representantes do cinema documental brasileiro da atualidade. Seus filmes trazem à tona as questões sociais, políticas e econômicas da sociedade.

 

À Margem do Lixo aborda a rotina de vida dos catadores de papel e materiais recicláveis na cidade de São Paulo. O longa mostra o processo de organização desses catadores e a recuperação da dignidade e identidade que os mesmos conseguem através do trabalho.

 

Com esse documentário, o diretor levou o prêmio de US$3 mil concedido pelo Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (INADI), órgão estatal argentino. No 41º Festival de Cinema de Brasília, em 2009, recebeu o Prêmio Especial do Juri, Melhor Filme eleito pelo Júri Popular, Melhor Fotografia e Prêmio TV Brasil de exibição. Reprise. 84 min.

 

Ano de Produção: 2008.

Gênero: Documentário.

Direção: Evaldo Mocarzel.

Horário: 23h

Livre

 

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Assista a programação da TV Brasil:

 

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Primeira minissérie de teledramaturgia da TV Brasil, Natália, estreia no dia 1º de maio « Novidades « TV Brasil

Novidades

Natália

Dom, 01/05 - 22h30

Primeira minissérie de teledramaturgia da TV Brasil, Natália, estreia no dia 1…

Trama mostra a realidade de jovens de baixa renda sem estereótipos

Publicado em 26/04/2011 - 17h11 • Atualizado em 26/04/2011 - 20h22

Natália

Aisha Jambo interpreta Natália

Uma menina virgem, filha de um pastor evangélico e moradora de Marechal Hermes, subúrbio do Rio de Janeiro, é descoberta pelo mundo da moda. O que seria o sonho de muitas garotas acarreta problemas em família e transformações na vida de Natália, interpretada por Aisha Jambo. “Foi um privilégio fazer a série porque me permitiu experimentar coisas que eu nunca tinha feito como atriz. Além da parceria com a equipe e com atores como o Guti Fraga”, revela a atriz.

A minissérie que estreia no dia 1º de maio, às 22h30, na TV Brasil, mostra o glamour, os bastidores do mundo da moda, o carisma e, ainda, os problemas da periferia carioca sem levantar bandeiras, mas propondo vários diálogos com o público. Numa abordagem realista e, eventualmente cômica, os personagens que cercam Natália participam das questões polêmicas, atuais e relevantes ao jovem, como sexualidade, religião, distúrbios alimentares, drogas, aborto, homossexualismo, racismo, alcoolismo, namoro virtual e muitos outros. “Religião e moda são duas coisas muito fortes na cultura brasileira e são assuntos pouco explorados pela ficção”, conta Patrícia Corso, coautora da série.

Sob a direção geral de André Pellenz, a série tem como diretor convidado Marcus Baldini, mesmo diretor do filme Bruna Surfistinha. Produzida pela a Academia de Filmes, uma empresa do grupo INK, a série, de 13 episódios, apresenta dois núcleos dramáticos: a agência de modelos e a família da personagem principal. “Natália foi filmado em locações reais com dois mundos diferentes. Um ambiente de subúrbio e a agência de modelos na Zona Sul”, explica o diretor. Durante a narrativa, Natália deixar de ser uma menina tímida, que tinha a vida designada pela família, para se transformar numa mulher de sucesso, que sabe o que quer e não vai mudar suas escolhas por nada nem por ninguém. As decisões dessa heroína vão modificando as vidas de todos os que a cercam, tanto psicologicamente, quanto financeira e emocionalmente.

O elenco conta com atores renomados como Guti Fraga que faz o pai de Natália, o pastor Marcelino. “Esse papel foi um desafio muito grande na minha carreira, eu engasguei como esse personagem”, revela Gutti que ainda disse ter se inspirado no início da Igreja Universal no Rio. Outro destaque é a participação de Maurício Branco que interpreta Glória, coach da agência. “O personagem não é um gay estereotipado. Ele ajuda no processo de transformação da garota humilde numa top model internacional”, resume Maurício.

Estreando em um grande papel, Michelly Campos reforça a trama vivendo a controversa Daiana, irmã de Natália. “Eu acho que os jovens de baixa renda, que são excluídos do consumo cultural, dificilmente são retratados. Mas Natália cumpre esse papel. É muito verossímil”, afirma Michelly. Ainda no time dos grandes artistas, Cláudio Lins interpreta Otávio, booker  de Natália, e Claudia Ohana faz a dona da agência, Maria Isabel.

No primeiro episódio, A gente gostou de você, Natália vai acompanhar sua irmã numa agência de modelos, mas ela é quem acaba descoberta como novo talento da moda.

 

http://tvbrasil.org.br/novidades/?p=19984

 

Chargista de ZH repete fórmula para atacar MST, PT, Executivo, Legislativo, Judiciário. « Jornalismo B

Charge do ótimo Carlos Latuff expõe a verdadeira relação do MST com certos setores da sociedade. Faltou apenas a mídia

 

Chargista de ZH repete fórmula para atacar MST, PT, Executivo, Legislativo, Judiciário…

 

27 abril 2011

 

Peças iguais, formas iguais, conteúdos apenas superficialmente diferentes. É o que se encontra em uma rápida busca no Google pelas charges de Iotti, funcionário do jornal Zero Hora. Este post não pretende discutir o todo do trabalho do chargista, que tem bons personagens e algumas boas piadas, mas partimos do seu desenho publicado na edição desta quarta-feira de Zero Hora para notar uma falta de criatividade que parece epidêmica nos traços de quem desenha para o Grupo RBS.

 

Na charge que Iotti publicou nesta quarta no mesmo jornal, está, como de costume, a formação de estereótipos acerca do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Como Zero Hora costuma fazer em suas reportagens, os rabiscos de Iotti limitam o MST a um movimento de baderneiros, de “invasores”. A simplificação criando estereótipos, preconceitos, ignorância. A superficialidade como lema no caminho da alienação.

 

A tal charge é sobre a decisão do governo do Rio Grande do Sul de reativar as escolas itinerantes do MST desativadas pela antiga governadora, Yeda Crusius (PSDB). O posicionamento de Zero Hora sobre o assunto pode ser relembrado em um post do Jornalismo B em março de 2009. Iotti não deixa por menos, e desenha uma criança já com certo ar criminoso. Na parede, ao lado do quadro negro, está o início da conjugação do verbo “invadir”, e o símbolo do MST. No chão, o que parece ser uma cruz arrancada da parede.

 

Além da óbvia simplificação, do óbvio preconceito e ignorância embutidos ali, essa charge nada mais é do que a repetição de outras tantas já feitas pelo mesmo funcionário do Grupo RBS. Uma para atacar Lula e o Estado (na figura dos impostos), outra para atacar a classe política (na figura do Legislativo), outras duas para atacar o Judiciário e defender a polícia (AQUI e AQUI). Repare: movimentos sociais (MST), partidos políticos (PT), Executivo, Legislativo e Judiciário atacados frontalmente, apenas a polícia resguardada. Esse é o entendimento de Iotti, representado através de cinco charges formalmente iguais (criatividade zero) e de conteúdo apenas superficialmente diferente: a falência de todas as instituições, a repressão como única arma social.

 

Postado por Alexandre Haubrich

 

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27.4.11

Câmara aprova novas regras para o programa Minha Casa, Minha Vida | Agencia Brasil

27/04/2011 - 20h55

 

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

 

Brasília - A Câmara dos Deputados aprovou há pouco o projeto de lei de conversão à Medida Provisória (MP) 514, que detalha novas regras da segunda etapa do programa Minha Casa, Minha Vida, onde está prevista a construção ou reforma de 2 milhões de moradias entre 2011 e 2014. A MP também aumenta de R$ 14 bilhões para R$ 16,5 bilhões os recursos que a União poderá transferir ao Fundo de Arrendamento Residencial, que é uma das fontes de financiamento do programa.

 

Entre as mudanças propostas pelo relator, deputado André Vargas (PT-PR), ao texto do governo e aprovadas pelo plenário da Câmara, está a criação de uma modalidade específica para a construção de moradias em cidades que tenham entre 20 mil e 50 mil habitantes. A medida irá beneficiar, de acordo com André Vargas, 278 municípios com o aumento da oferta de imóveis financiados pelo Minha Casa, Minha Vida. Segundo ele, o programa não pode se concentrar só nos grande centros.

 

A oposição tentou impedir a votação da media provisória, usando instrumentos regimentais para protelar a votação. Como a bases governista estava unida em torno da MP, ela foi aprovada nos termos do projeto de lei de conversão e agora segue à apreciação do Senado Federal. Se o texto for alterado pelos senadores, a MP voltará para nova apreciação dos deputados.

 

Edição: Aécio Amado

 

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-04-27/camara-aprova-novas-regras-para-programa-minha-casa-minha-vida

 

Natália: A primeira minissérie de teledramaturgia da TV Brasil

Uma menina virgem, filha de um pastor evangélico e moradora de Marechal Hermes, subúrbio do Rio de Janeiro, é descoberta pelo mundo da moda. O que seria o sonho de muitas garotas acarreta problemas em família e transformações na vida de Natália, interpretada por Aisha Jambo.

A minissérie que estreia no dia 1º de maio, às 22h30, na TV Brasil, mostra o conflito entre o glamour dos bastidores da moda e os problemas da periferia carioca. Sem levantar bandeiras, "Natália" propõe vários diálogos com o público.

Acesse: http://tvbrasil.org.br/natalia

Justiça Federal condena Lerner a 3 anos de prisão por ceder rodovias ao pedágio em licitação fraudulenta

27 de abril de 2011

O ex-governador Jaime Lerner foi condenado, em sentença proferida na última terça-feira pela 3ª Vara Federal Criminal de Curitiba, por crime de violação da Lei de Licitações.

 

Lerner, seu secretário de Transportes Wilson Justus Soares, os diretores do DER à época e o ministro dos Transportes em 2002, João Henrique de Almeida Sousa, foram condenados em ação penal proposta pelo Ministério Público Federal por conta da concessão de trecho rodoviário à empresa Caminhos do Paraná, sem a realização de processo licitatório.

 

De acordo com a acusação, as autoridades se valeram de dois aditivos contratuais em 2002, último ano de mandato de Lerner, para aumentar os trechos de concessão da empresa, que também foi condenada, nas pessoa de seus dirigentes José Juilão Terbai Júnior e Luiz Roberto Castellar.

 

Pela denúncia a concessionária foi beneficiada com a concessão de mais 83,8 quilômetros de estradas, em dois trechos, na BR 476 na PR 427. Para a acusação, a sequência de atos administrativos a partir da apresentação da proposta se deu em um período de tempo bastante curto e incomum a contratos de tal envergadura.

 

O Juiz Federal Nivaldo Brunoni, responsável pelo caso considerou, na sentença que “sob o pretexto de que se estaria realizando o re-equilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão nº 074/97, foram concedidos novos trechos de rodovia para serem explorados pela empresa Caminhos do Paraná S/A”.

 

E conclui que “Na verdade, o que ocorreu foi um favorecimento indevido à empresa, em detrimento aos preceitos constitucionais e legais que estabelecem que a licitação é caminho indispensável para que se garanta a justa competição entre os proponentes e a melhor proposta ao interesse público.”

 

Na sentença o magistrado chama atenção também ao fato de a dispensa de licitação ter se consumado poucos meses antes de encerrar o mandato do então Governador Jaime Lerner, um dos réus condenados no processo, evidenciando que caso se optasse pelo desencadeamento do processo licitatório a questão não seria resolvida ainda na sua gestão.

 

Lerner foi condenado a três anos e seis meses de detenção, mas teve pena convertida em multa e prestação de serviços à comunidade. A mesma sentença foi imposta aos demais réus.

 

O advogado de Lerner, José Cid Campelo Filho, disse que ainda não tinha sido comunicado oficialmente da sentença. Segundo ele, a decisão foi contrária às provas existentes. Campelo Filho entende que o juiz agiu com “emoção”, por supostamente não ter simpatia pelo ex-governador. No processo, a defesa do ex-ministro dos Transportes disse que a competência para a decisão de dispensa de licitação era unicamente do governo paranaense. (Via O Estado do Paraná)

 

http://www.bocamaldita.com/1119727136/justica-federal-condena-jaime-lerner-e-companhia-por-ceder-ao-pedagio/?utm_source=feedburner&utm_medium=twitter&utm_campaign=Feed%3A+bocamaldita%2Favh+%28Boca+Maldita%29

 


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz