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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

9.8.13

Pivô do caso Siemens pode explicar reeleição de FHC | Brasil 24/7

247 - Dezesseis de maio de 1997. O escândalo que chacoalha o Brasil diz respeito à compra de votos para a reeleição do ex-presidente FHC. O pivô é o ex-deputado Ronivon Santiago, que, numa conversa gravada, revela que parlamentares estariam recebendo R$ 200 mil para votar pela reeleição. Naquele dia, a Folha de S. Paulo, que havia revelado o caso, publica uma nova matéria, assinada por Fernando Rodrigues, Lúcio Vaz e Lucas Figueiredo, todos repórteres premiados. Assim ela começa:

O deputado Ronivon Santiago, expulso anteontem do PFL, diz em conversas gravadas que seus acertos com o governo na emenda da reeleição e em outras votações está baseado na liberação de dinheiro federal para empreiteiras realizarem obras rodoviárias.

Segundo o deputado, essas liberações são acertadas de forma satisfatória por causa da intervenção do governador Orleir Cameli (AC) e pela intimidade que ele, Ronivon, teria com o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, José Luiz Portella – pessoa de confiança do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Mais adiante, os repórteres revelam bastidores da ação de Portella, conhecido no ninho tucano como Portelinha:

Em uma parte da conversa, o interlocutor de Ronivon -aqui identificado apenas como "Senhor X"- menciona o fato de Orleir Cameli ter sido recebido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 27 de janeiro passado, véspera da votação da reeleição. 

Eis o que responde Ronivon: "Foi. Esteve. Tem ordem lá para liberar a verba agora em abril". 
A verba não foi liberada. Mas Ronivon continuou confiante no governo. "Eu estive com o Portella, do Ministério dos Transportes, que é o cara que coordena as liberações, ele me falou que tem ordem superior já, recebeu ligação superior já pra dar a liberação do Acre", diz o deputado.

Corte para oito de agosto de 2013. O escândalo da vez diz respeito às propinas do metrô de São Paulo. Assim começa a reportagem da Folha de S. Paulo, assinada por Flavio Ferreira, Catia Seabra e Julianna Sofia:

O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) sugeriu à multinacional alemã Siemens um acordo em 2008 para evitar que uma disputa empresarial travasse uma licitação da CPTM, de acordo com um e-mail enviado por um executivo da Siemens a seus superiores na época. 

A mensagem relata uma conversa que um diretor da Siemens, Nelson Branco Marchetti, diz ter mantido com Serra e seu secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, durante congresso do setor ferroviário em Amsterdã, na Holanda.

Ou seja: quinze anos depois da suspeita de compra de votos da reeleição, operada por José Luiz Portella, o Portelinha, o Brasil descobre que o mesmo personagem está no centro do escândalo Siemens. Da articulação de emendas para parlamentares, ele passou a operar a compra de trens e vagões, em encontros em Amsterdã.

A existência desse elo de ligação (leia mais aqui) torna remota a possibilidade de que a corrupção nos trilhos do metrô paulista seja fruto da ação isolada de funcionários corruptos – como parece ser a torcida de colunistas alinhados ao tucanato, como Merval Pereira e Reinaldo Azevedo. Ao contrário, os indícios apontam para um jogo da cúpula partidária, operado por uma pessoa da mais estrita confiança de homens como FHC e José Serra.

Assim, ganha força a tese levantada pela revista Istoé sobre a existência de um "propinoduto tucano", ou seja, de uma máquina de arrecadação destinada à conquista e à perpetuação do poder. Exatamente aquilo que Merval Pereira parecia temer, como escreveu em sua coluna desta quinta:

A ação individual de um político desonesto é menos danosa para a democracia do que a de um grupo político organizado, que se utiliza dos esquemas de poder a que chegou pelo voto para se eternizar nele. Foi o que aconteceu justamente no mensalão do PT. Se as investigações do caso Siemens em São Paulo levarem à conclusão de que o PSDB montou um projeto de poder em São Paulo desde o governo Covas, passando por Geraldo Alckmin e José Serra, financiado pelo desvio de verbas públicas, estaremos diante de uma manipulação política com o mesmo significado, embora com alcance regional, enquanto o mensalão tentou manipular nada menos que o Congresso Nacional.

Parafraseando Merval, com José Luiz Portella, "fica clara a ação de um grupo político organizado, que se utiliza dos esquemas de poder a que chegou pelo voto para se eternizar nele".


http://www.brasil247.com/pt/247/poder/111101/


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz