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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

24.8.13

Leandro Fortes: Perillo usa a Justiça de Goiás para calar a verdade - Viomundo - O que você não vê na mídia

Leandro Fortes: Perillo usa a Justiça de Goiás para calar a verdade

publicado em 17 de agosto de 2013 às 0:42

Perillo, ao depor na CPI do Cachoeira, em 2012. Foto: ABr

O ditador Marconi Perillo

por Leandro Fortes, em CartaCapital, encaminhado via e-mail por Julio Cesar Macedo Amorim

Na semana passada, a principal voz da oposição na Assembleia Legislativa de Goiás foi calada pelo judiciário local por influência e força do governador Marconi Perillo, do PSDB. Em 7 de agosto, o juiz Ricardo Teixeira Lemos, da 7a. Vara Cível de Goiânia, concedeu liminar determinando que o deputado estadual Mauro Rubem (PT) retire das redes sociais qualquer menção à reportagem de CartaCapital publicada em abril, sobre a central de grampos ilegais montada para atender aos interesses políticos e pessoais de Perillo.

No Twitter, logo depois da publicação da reportagem, o parlamentar havia escrito: “Com a central de grampos montada por Marconi Perillo, o ciclo da quadrilha de Marconi e Cachoeira se fecha”.

O processo foi protocolado em 11 de junho, a decisão liminar foi dada em 12 de julho, mas o deputado só foi notificado há 15 dias. Segundo o deputado, como não houve sequer intimação judicial, tudo correu à revelia, sem direito de defesa.

No processo, o governador alega que o parlamentar o acusa sem provas de formação de quadrilha com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Por causa da sentença, o deputado está proibido de “fazer uso das redes sociais para manifestar comentários injuriosos, difamatórios e caluniosos contra Perillo.”

Na prática, Mauro Rubem, que tem direito a imunidade parlamentar, está sob censura prévia decretada pela Justiça goiana para proteger o governador e, assim, reduzir os danos políticos das denúncias de envolvimento com o jogo do bicho, corrupção e escutas ilegais. Rubem, no entanto, não é a única vítima da sanha judicial de Perillo.

Ao todo, o governador abriu 50 processos contra adversários nos últimos três anos, dos quais 16 atingem profissionais de imprensa e veículos de comunicação, entre os quais CartaCapital. A revista revelou, há seis meses, a existência de uma central de grampos operada por um hacker de codinome “Mr. Magoo” sob a coordenação de dois radialistas subordinados a Perillo, o casal Luiz Aquino e Eni Gama.

A dupla grampeava adversários e aliados do governador, invadia contas de redes sociais e criava perfis falsos para atuar em favor do chefe na internet. A reportagem, certamente, serviu para piorar os índices de popularidade de Perillo, que já não são bons desde que suas relações com o jogo do bicho foram expostas na malfadada CPI do Cachoeira, em 2012.

De acordo com os resultados da última pesquisa encomendada ao Ibope pela CNI, em 25 de julho, Perillo tem apenas 21% de aprovação popular, e 38% de rejeição. É os segundo pior governador do País, perde apenas para Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro.

As causas são muitas, mas todas giram em torno da velha amizade que mantém, agora às escondidas, com Cachoeira, o contraventor que nomeou secretários e comprou uma casa de Perillo num condomínio de luxo, em Goiânia, onde, aliás, foi preso no ano passado pela Polícia Federal.

A solução encontrada pelo governador, portanto, foi usar o Judiciário do estado para intimidar a oposição. Perillo deu início a esse expediente ao processar o ex-governador Iris Rezende, do PMDB, ainda a principal liderança do estado. Na campanha de 2010, Rezende acusou Perillo de “irresponsável” e de buscar “tapear o leitor com repercussão de versões”.

Para que o processo de difamação e calúnia não seguisse adiante, o peemedebista aceitou retratar-se, em nota, do tratamento dado ao tucano. Essa vitória deixou Perillo confiante.

Partiu, então, para seus alvos preferenciais, os jornalistas que ousaram criticá-lo, como o comentarista esportivo Jorge Kajuru.

Em um programa de televisão, Kajuru acusou Perillo de ter ordenado o espancamento e o estupro de sua mulher, razão pela qual alega ter saído de Goiás, onde mantinha uma emissora de rádio. Responde, atualmente, a três processos impetrados pelo governador.

No ano passado, a jornalista Lênia Soares, do site Diário de Goiás, foi instada a se retratar por ter reproduzido nas redes sociais denúncias contra Perillo, mas recusou-se a fazê-lo. Continua, portanto, na mira do governador do PSDB.

Aos 23 anos, Lênia virou um símbolo da luta pela liberdade de expressão no estado. Uma fotomontagem da repórter com a boca tapada pela mão do tucano passou a ser estampada em passeatas do movimento “Fora Marconi”, iniciado durante a CPI do Cachoeira.

“É a velha tentativa de se tornar vítima do processo democrático. Não cola mais. Processar jornalistas como forma de intimidação não funciona”, avalia Lênia.

“Daqui a pouco, vamos ter de criar uma associação de perseguidos políticos por Marconi em Goiás”, ironiza o deputado Mauro Rubem.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, o petista espera uma decisão do Superior Tribunal de Justiça favorável à federalização de diversos crimes praticados pelo aparato policial comandado por Marconi Perillo.

Atualmente, há 43 pessoas desaparecidas no estado após abordagem policial, além de 30 moradores de rua assassinados misteriosamente na capital, Goiânia, apenas este ano.

“O governador tem muitas razões para tentar calar a oposição”, explica o parlamentar.

Na próxima semana, Mauro Rubem vai acionar a seção estadual da OAB para que os casos de censura judicial sejam analisados do ponto de vista do cerceamento da liberdade de expressão no estado. Isso porque cidadãos comuns também estão sendo perseguidos na Justiça por Perillo.

É o caso do estudante Caius Brandão, de Goiânia, processado pelo governador por ter compartilhado no Facebook a matéria de CartaCapital sobre a central de grampos. Perillo pede 100 mil reais a Brandão, cuja única fonte de renda é uma bolsa de mestrado em Filosofia Política na Universidade Federal de Goiás. “O governador instaurou uma política de criminalização dos movimentos de resistência popular e de judicialização da opinião”, reclama Brandão.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz