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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

30.4.13

Com Francisco, freira brasileira espera mais espaço para mulheres na Igreja

Com Francisco, freira brasileira espera mais espaço para mulheres na Igreja

domingo, 24 de março de 2013 • 13:00
A irmã Cecília Berno não gosta de falar sobre engajamento político, mas é uma dessas vozes dissonantes dentro da Igreja Católica. A bandeira desta catarinense de 66 anos é a igualdade de gênero. Desde que decidiu abraçar a vida religiosa há mais de quatro décadas, ela milita para que as mulheres possam ser ordenadas sacerdotisas e tenham mais voz dentro de uma instituição que ainda guarda traços de um machismo medieval.

Filiada ao PT "desde os primeiros anos da fundação do partido", a Irmã Cecília não gosta da definição direita-esquerda. Além da ordenação de mulheres, defende a Teologia da Libertação e diz respeitar os homossexuais. Além disso, afirma que muitos dos problemas sexuais na Igreja teriam sido evitados se houvesse uma flexibilização do celibato de padres: "assim, eles poderiam decidir se querem ou não ter uma família".

Ela encontrou a reportagem do Terra, em Roma, onde está em missão há cerca de seis meses. Sempre em "defesa da liberdade", ela falou sobre como vê a Igreja e o papel desempenhado pelas mulheres na instituição.

Terra - O novo papa pode trazer mais igualdade para as mulheres dentro da Igreja?
Irmã Cecília Berno - Sei que, talvez, eu não estarei aqui para ver meu sonho realizado. Mas eu aposto nele. Quero acreditar. Em seu primeiro dia, aqui na Praça de São Pedro, ele disse: "estamos começando um caminho juntos". Ele convidou todo mundo, não só os homens. Ele me convidou; eu sou mulher. E quero caminhar com ele. Não é algo simples. Essa é uma Igreja muito masculina. Mas isso está mudando.

Terra - Quais foram suas primeiras impressões de Francisco?
Irmã Cecília Berno - Foram muito boas. Isso é algo bom. Quando a pessoa tem o perfil de querer estar junto ao outro, é porque tem sensibilidade. Compreender as pessoas e abrir espaços. Como dizia o papa João XVII: "não tenha medo de abrir a janela, deixe o sol entrar".

Terra - Nos últimos 30 anos, durante os papados de João Paulo II e Bento XVI, houve um aumento da influencia de organismos ultraconservadores dentro da Cúria. Isso não atrapalha as aspirações por mais igualdade e modernidade dentro da Igreja?
Irmã Cecília Berno - Durante o Concílio Vaticano II, o papa João XVII pediu uma volta às raízes do evangelho, à igualdade dos povos. Dentro da Igreja, temos grupos que não concordam com isso e que se fortaleceram. Os novos sacerdotes acabaram sendo formados a partir desta visão, voltada mais para dentro da Igreja. Isso foi um retrocesso.

Terra - Atualmente, até onde vai a participação da mulher nas decisões da instituição?
Irmã Cecília Berno - A Igreja é uma instituição com uma missão religiosa e constituída de homens e mulheres. Então, por que não pode existir uma participação igualitária da mulher em suas decisões? Na época de Jesus, o contexto sócio-cultural era outro. Hoje, nós mulheres até temos uma ampla participação dentro da Igreja, mas quando chega um momento decisão, a mulher não pode participar.

Terra - A senhora sofreu discriminação de membros da Igreja por ser mulher?
Irmã Cecília Berno - No meu trabalho, eu sempre fui muito valorizada - por padres, inclusive. Mas, no âmbito das decisões, nós nunca somos chamadas, pois não somos bispos, padres, cardeais. É salutar a igreja discutir esse assunto.

Terra - Existe um movimento forte dentro da Igreja que seja capaz de derrubar essa visão de que a mulher é inferior ao homem no que diz respeito às tomadas de decisão?
Irmã Cecília Berno - Eu prefiro usar a palavra "conquistar", em vez de "derrubar". Prefiro pensar no lado positivo da coisa, pois quando você conquista um espaço, naturalmente você o transforma.

Terra - Qual a sua opinião sobre a posição da Igreja em relação aos métodos contraceptivos?
Irmã Cecília Berno - Antes de dizer se sou favorável ou não a métodos contraceptivos, quero dizer que eu sei que todo mundo usa. Devemos dar o devido peso às coisas. Não é um pecado usar um preservativo. Ao mesmo tempo, vejo que existe uma banalização do sexo. Acho que é mais importante educar os jovens, para que eles saibam que ter um filho é uma responsabilidade muito grande.

Terra - A senhora sempre defendeu um sistema mais participativo dentro da Igreja Católica...
Eu sou favorável à maior participação possível. Eu vivi isso - principalmente, na política, mas também na Igreja. À medida em que você conversa em conjunto sobre as necessidades, as pessoas assumem responsabilidades e começam a participar das decisões.

Terra - Durante o período da ditadura militar no Brasil, a senhora chegou a sofrer algum tipo de perseguição por suas posições?
Nós nunca sentimos isso diretamente. Mas, na cidade, nós tínhamos um centro de formação pastoral missionário e eu sei que o exército esteve lá em busca de material sensível. Em algumas de nossas escolas, os livros do Paulo Freire foram recolhidos.

Terra - Como a senhora encarava isso?
Irmã Cecília Berno - É impossível concordar com a ditadura. Nós tivemos irmãs que foram obrigadas a sair do país por estarem em regiões mais visadas pela ditadura. Mas, o nosso trabalho, nós conseguimos ir levando.

Terra - Houve pressão por parte da Igreja para que a senhora, de alguma maneira, mudasse a sua posição?
Irmã Cecília Berno - Não, pelo contrário, na época, quando soube das ações do exército, nosso bispo foi para a porta desse colégio pastoral e disse "nesse centro mando eu".

Terra


http://www.portalaz.com.br/noticia/geral/264152_com_francisco_freira_brasileira_espera_mais_espaco_para_mulheres_na_igreja.html


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz