Debate sobre salário mínimo regional expõe diferenças entre Tarso e Sartori
Caiu a máscara. O primeiro debate do segundo turno entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, realizado na manhã desta terça na rádio Gaúcha, mostrou com clareza a natureza dos dois projetos em disputa no Estado. Tarso Genro (PT) defendeu os investimentos e realizações do atual governo e reafirmou a concepção de Estado como um agente indutor de desenvolvimento, e de luta contra as desigualdades. Já o candidato José Ivo Sartori (PMDB) tentou manter seu discurso genérico e vazio de propostas, mas acabou se traindo no debate sobre o salário mínimo regional e deixando transparecer a sua real agenda. a mesma adotada nos governos Britto e Yeda: o Estado mínimo.
Ao dizer que não considera o salário mínimo regional uma política pública, Sartori revelou o que pensa de fato sobre o papel do Estado. Tarso, por sua vez. defendeu a política de valorização do salário mínimo regional e o papel ativo do Estado para ajudar a promover desenvolvimento econômico e social. O candidato do PDMB conseguiu atravessar todo o debate mediado pelo jornalista Daniel Scola, sem apresentar uma única proposta concreta para o Estado. Além de declarações genéricas sobre a necesidade de "melhorar a gestão", o candidato do PMDB limitou-se a repetir que vai continuar as boas coisas que estão sendo feitas pelo governo Tarso.
Ainda no tema do salário mínimo regional, Sartori se complicou ao falar sobre as posições do seu vice, o empresário José Paulo Cairoli, um inimigo histórico dos reajustes do mínimo. Depois de dizer que não considerava a valorização do salário mínimo regional uma política pública, Sartori disse que o seu vice poderia pensar o que quisesse, pois quem iria governar era ele. A declaração chamou a atenção, pois a sociedade gaúcha ainda guarda na memória as brigas e divergências entre Yeda Crusius e seu vice, o também empresário Paulo Feijó.
Tarso também questionou Sartori sobre a responsabilidade dos governos do PMDB, em especial do governo Britto, sobre a situação financeira do Estado. "O senhor patrocinou um brutal acordo de renegociação da dívida que prejudicou as finanças do Rio Grande do Sul. Já a presidenta Dilma está apresentando uma solução que é a proposta de revisão dos indexadores da dívida que deve ser votada no Congresso Nacional ainda este ano". O governador defendeu a escolha feita no início do governo de apostar no crescimento como via para superar a crise financeira do Estado.
Reconhecendo limites e problemas ainda existentes, Tarso disse que manterá as políticas públicas de combate à desigualdade e de geração de emprego e renda. Entre as conquistas do atual governo, citou os 12% de investimentos destinados à Saúde, o reajuste salarial concedido ao magistério (76%, o maior da história da categoria no Estado em um mesmo governo) e a outras categorias de servidores, a realização de concursos públicos em diversas áreas, como na Segurança, que além dos concursos já feitos irá contratar mais 2 mil brigadianos para reforçar o policiamento ostensivo. Também destacou os R$ 4,4 bilhões obtidos junto ao governo federal para investir em saneamento básico e a reestruturação dos órgãos ambientais do Estado, sucateados no governo Yeda.
Ao final do debate, Tarso Genro assumiu seu lado na disputa nacional. "Represento aqui o presidente Lula e a presidenta Dilma, e não o Aécio que nunca fez nada pelo Rio Grande do Sul". Já Sartori, que apoia Aécio Neves, não assumiu seu candidato.

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