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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

28.10.14

A guerra não acabou

28/out/2014, 9h45min

A guerra não acabou (por Marino Boeira)

A Presidenta Dilma ganhou apenas a primeira batalha. A guerra continua. Os vencidos do último domingo dificilmente vão se conformar com a nova derrota. É a quarta vez que o projeto neoliberal do PSDB é derrotado e o caminho eleitoral só vai permitir nova tentativa em 2018.

No seu discurso de agradecimento pela reeleição, Dilma protocolarmente fez um apelo à unidade dos grupos políticos que representam os segmentos em que se divide a sociedade brasileira em torno de alguns objetivos comuns.

Isso, porém, não vai ser possível porque os interesses são antagônicos. De um lado está a parcela mais pobre da população que viu melhorar sua vida como nunca tinha acontecido antes durante os 12 anos de governos do PT. Do outro, estão os interesses do grande empresariado nacional ligados aos capitais internacionais, os banqueiros, os latifundiários e uma classe média alienada, tutelada pelos veículos de comunicação e usada como massa de manobra.

A última vez que um grande projeto de governo pretendeu se sobrepor aos interesses legítimos das classes sociais, foi na Alemanha Nazista, quando o nacional-socialismo tentou unir os interesses da grande burguesia com a massa trabalhadora, usando como argumento uma pretensa identificação de todos com a raça ariana. O resultado foi o mais brutal sistema de governo, que afundou a Alemanha e foi responsável pela morte de milhões de pessoas no mundo inteiro.

Embalados pela grande votação que tiveram em São Paulo e na região Sul, o PSDB e seus porta-vozes na mídia vão tentar desestabilizar de todas as maneiras o segundo governo da Presidente Dilma, até porque sabem que daqui a quatro anos terão que se defrontar com Lula como candidato do PT.

A revista Veja deu o tom de que como serão as próximas batalhas ao tentar interferir grosseiramente no processo eleitoral com a denúncia vazia sobre o que ela já chama hoje de "petrolão", tentando estabelecer uma ligação com o tal "mensalão".

Quando Getúlio Vargas se apresentou como candidato a Presidente em 1950, o jornalista Carlos Lacerda que fazia o papel que hoje cabe a Revista Veja, cunhou uma frase que ficou célebre como modelo de incitação ao golpe político. Disse ele: "Não se pode deixar Getúlio ser candidato; se ele for candidato, não pode vencer; se vencer, não pode tomar posse e se tomar posse, deverá ser derrubado".

Os caminhos para tentar desestabilizar o novo governo da Presidente Dilma são muitos e vão desde os apelos à intervenção militar (processo hoje um pouco desacreditado) até o golpe parlamentar, seguindo o modelo do Paraguai, onde uma aliança entre os setores mais reacionários do parlamento, permitiu derrubar o Presidente Lugo, legitimamente eleito, através de um processo de impeachment , feito a toque de caixa.

O certo é que os derrotados do último domingo não vão se conformar em adiar seus sonhos de poder. O respeito à democracia que dizem praticar é um discurso pró- forma. Esses pretensos defensores da democracia são mestres em encontrar argumentos para justificar a quebra da legalidade democrática formal. Em 1964, os que acusavam João Goulart e Leonel Brizola de tramarem contra a democracia, foram os primeiros a apoiar o golpe militar que instaurou a ditadura no País.

Cabe a Presidente Dilma falar diretamente com os segmentos populares que a reelegeram  atendendo seus reclamos mais urgentes e buscando esclarecer aos segmentos da classe média que ainda não estiverem totalmente impregnados do ódio irracional contra o PT, que sua adesão ao projeto neoliberal  do PSDB atenta contra os valores mais essenciais de toda a população,como o direito de quem vive do seu trabalho à segurança, saúde e educação.

.oOo.

Marino Boeira é professor universitário.


http://www.sul21.com.br/jornal/a-guerra-nao-acabou-por-marino-boeira/


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz