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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

24.9.14

Em baixa, Marina Silva desiste de criar partido próprio em 2014 e acena à direita

24/set/2014, 18h48min


 

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Candidata esteve nesta terça-feira em Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Rede Brasil Atual

A candidata a presidente pelo PSB, Marina Silva, está em baixa nas pesquisas eleitorais: após um mês e meio de crescimento constante na preferência dos eleitores, em especial os indecisos ou que migraram do campo de apoio ao tucano Aécio Neves após a entrada da ex-ministra na disputa, a tendência se inverteu. Diferentes levantamentos mostram a candidata estagnada ou em tendência de queda; e se, em um primeiro momento, Marina era favorita para vencer um eventual segundo turno contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), hoje aparece empatada ou atrás nas pesquisas.

O movimento, aparentemente, é de refluxo dos eleitores tucanos e conservadores: enquanto Marina cai, Aécio, hoje no terceiro lugar da preferência do eleitorado, recobra o fôlego e dá sinais de crescimento, em especial nas regiões Sul e Sudeste. E, para conter a sangria, a campanha de Marina investe nesse público: no início da semana começou a veicular em todo o estado de São Paulo o material conjunto de campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) para governador e Marina para presidente. Aliança inicialmente rejeitada pela candidata, que diz considerar o governador de São Paulo um representante da "velha política", acabou viabilizando-se por pressão de seu atual partido, o PSB, aliado histórico dos tucanos no estado de São Paulo e que indicou o candidato a vice na chapa de Alckmin, o deputado federal Márcio França.

As alianças embaralhadas aproximam Marina e Alckmin há tempos: desde agosto, os candidatos a deputado federal do PPS, partido aliado de Marina na disputa a presidente e de Alckmin na disputa a governador de São Paulo, aparecem na propaganda de TV pedindo votos para Marina e Alckmin.

A princípio, a situação parecia problemática: Duarte Nogueira, presidente do PSDB de São Paulo, chegou a dizer que se tratava de "engano", uma vez que o material do PPS e dos tucanos é produzido pela mesma empresa, e Roberto Freire, presidente nacional do PPS e um dos candidatos com material "misto" de TV, acusou o PSDB de agir de "má-fé". As inserções de TV, no entanto, nunca foram alteradas, e seguem sendo veiculadas normalmente.

O candidato a vice-presidente de Marina, Beto Albuquerque, também apareceu em pessoa em vídeo da campanha de Alckmin para dizer que o tucano "tem nosso (do PSB) respeito e nosso apoio", já que Eduardo Campos, candidato a presidente pelo PSB até 13 de agosto, quando morreu em um desastre aéreo, via em Alckmin "um exemplo". Já à época da morte de Campos e da definição de Marina como candidata, houve mudança de posição: a ex-ministra foi pressionada a cumprir acordos regionais firmados por Campos, inclusive o apoio velado à candidatura de José Serra (PSDB) a senador, em detrimento do apoio oferecido inicialmente a Eduardo Suplicy (PT). Nos bastidores, ambos são cotados para integrar um eventual ministério de Marina Silva.

Marina é candidata pelo PSB, mas representa, na verdade, a Rede Sustentabilidade, partido que tentou criar em 2013 a tempo de concorrer às eleições e que não foi oficializado por não atingir o número de assinaturas exigido pela legislação eleitoral. Por isso, trata em separado os acordos políticos firmados pelo partido em que está filiada atualmente e os compromissos da militância da nova legenda. A previsão era concluir o processo de criação da Rede ainda em 2014, mas, segundo o coordenador nacional da legenda, os planos foram postergados para 2015, como forma de mostrar "gratidão" à sigla que emprestou aos "sonháticos" de Marina a base legal e institucional para a candidatura atual.

Na terça-feira (23), em Santa Catarina, Marina realizou novo gesto de aproximação com as forças mais conservadoras que orbitam sua candidatura: subiu no palanque de Paulo Bornhausen, candidato a senador pelo PSB. Ele é filho e herdeiro político de Jorge Bornhausen, governador biônico do estado durante a ditadura civil-militar (1964-1985) e liderança do PFL e do DEM até 2011, quando aposentou-se. O filho também militou pelo PFL e pelo DEM, até ser convidado ao PSB por Eduardo Campos.

Lá, Marina elogiou as políticas ambientais de Santa Catarina, onde deputados estaduais irritados com a rigidez do Novo Código Florestal (considerado pelo movimento ambientalista, pelo contrário, excessivamente frouxo) tentaram criar, em 2009, um código florestal estadual próprio, que permitia mais desmatamento; a medida foi considerada inconstitucional.

No que diz respeito à sustentabilidade, o estado é conhecido ainda por ter permitido a construção de um Shopping Iguatemi, do grupo empresarial de propriedade de Tasso Jereissati, do PSDB do Ceará, sobre um mangue no bairro Santa Mônica. O shopping segue construído sobre zona de proteção ambiental e em operação. Bornhausen, que foi secretário de Desenvolvimento Sustentável do estado nos últimos três anos, destaca em sua biografia no site de campanha a atração de uma fábrica da montadora BMW para o estado como principal ação de sua gestão.

A proximidade entre PSB e políticos ligados ao DEM também é antiga: em 2011, quando o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab liderou o racha no partido que levou à criação do PSD, pelo qual hoje concorre a senador, o PSB cogitou fundir-se com a nova sigla, somando a suas fileiras os conservadores descontentes com o insucesso eleitoral do PFL e do DEM depois que passaram a ser oposição, com a eleição a presidente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2003.

Nesse arranjo, o novo partido de Kassab serviria apenas como "ponte" entre o DEM e o PSB: como a lei proíbe que parlamentares que trocarem de partido mantenham suas cadeiras nos parlamentos, mas permite a mudança no caso de novas legendas (caso do PSD à época), a fusão serviria para "driblar" as restrições legais. A manobra, que poderia ser mal recebida pela opinião pública, acabou não sendo realizada.


http://www.sul21.com.br/jornal/em-baixa-marina-silva-desiste-de-criar-partido-proprio-em-2014-e-acena-a-direita/


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz