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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

28.2.14

Sindicato dos Jornalistas do RS quer discutir papel da mídia no golpe de 64 « Sul 21 Sul 21

ata:28/fev/2014, 19h03min

Sindicato dos Jornalistas do RS quer discutir papel da mídia no golpe de 64


Muitas empresas de comunicação que apoiaram o golpe estão preparando materiais onde se colocam como vítimas da ditadura, diz presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul quer marcar a passagem dos 50 anos do golpe civil-militar que derrubou o governo constitucional de João Goulart, em 1964, com um debate sobre o papel desempenhado pela mídia naquele processo. O presidente do Sindicato, Jorge Correa, já apresentou a sugestão no Grupo de Trabalho da Câmara Municipal de Porto Alegre que promoverá eventos relativos ao aniversário de 50 anos do golpe de 1964.

Ao apresentar a ideia, Correa assinalou que muitas empresas de comunicação que apoiaram o golpe estão preparando materiais onde se colocam como vítimas da ditadura.  “Dimensionar o papel dos grandes veículos é fundamental para que entendamos o apoio que tiveram os militares antes, durante e depois do golpe”, defendeu o sindicalista.  A sugestão de formação de uma mesa para tratar da atuação da imprensa no golpe foi acolhida pelo vereador Alberto Kopittke (PT) e pelos demais membros do GT. O Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul já tem uma Comissão da Verdade dos Jornalistas, que colheu  depoimentos de profissionais que militavam ou trabalhavam na época.

. O jornal Zero Hora ocupou o lugar da Última Hora, fechado pelos militares por apoiar Jango.

 A mídia e o golpe no Rio Grande do Sul

Aqui no Rio Grande do Sul, essa história ainda está para ser devidamente contada. O jornal Zero Hora ocupou o lugar da Última Hora, fechado pelos militares por apoiar Jango. O batismo de nascimento deste jornal foi marcado por atos de violência contra o Estado Democrático de Direito. Três dias depois da publicação do Ato Institucional n° 5 (13 de dezembro de 1968), ZH publicou matéria sobre o assunto afirmando que “o governo federal vem recebendo a solidariedade e o apoio dos diversos setores da vida nacional”. No dia 1° de setembro de 1969, o jornal publica um editorial intitulado A preservação dos ideais, exaltando a “autoridade e a irreversibilidade da Revolução”. A última frase editorial fala por si: “Os interesses nacionais devem ser preservados a qualquer preço e acima de tudo”.

Interesses nacionais ou interesses empresariais? A expansão da empresa de mídia gaúcha se consolidou em 1970, com a criação da RBS. A partir das boas relações estabelecidas com os governos da ditadura militar e da ação articulada com a Rede Globo, a RBS foi conseguindo novas concessões e diversificando seus negócios.

Mas não foi apenas a Zero Hora. O Correio do Povo teve ativa participação no Golpe de 1964 que derrubou o governo de João Goulart. O artigo “1964: o Rio Grande do Sul no olho do furacão”, de Enrique Serra Padrós e Rafael Fantinel Lamiera, descreve o comportamento da publicação então pertencente ao grupo Caldas Junior:

“O jornal Correio do povo assumiu uma crítica violenta, acusando Goulart de agitador, violador da democracia, demagogo e de querer instalar um “neoperonocastrismo” no Brasil (seja lá o que isso quisesse dizer). Adotava uma linha de questionamento como a que vinha sendo utilizada por Lacerda e a imprensa do centro do país nos ataques tanto ao governo federal quanto ao próprio Brizola. Tratava-se de uma referência explícita aos planos de instalar no Brasil um regime comunista aos moldes “caudilhescos” e populistas dos pampas; em decorrência, uma mistura de Perón e Fidel Castro, dois dos maiores pesadelos das direitas latino-americanas” (p.41, in A Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul)”.

Repetindo posição assumida por outros jornais de grande circulação do país, o Correio do Povo publicou às vésperas do golpe de 1964, um editorial clamando “para que as Forças Armadas cumprissem sua histórica missão de serem sustentáculos da lei e da ordem, sob o espírito de sua vocação histórica, o cristianismo e a democratismo-liberal. O final do desse editorial afirma:

“O caminho a seguir nesta hora de decisão não comporta dúvidas ou vacilações: é o do saneamento ético das cúpulas políticas e administrativas e da anulação dos inimigos da pátria e da democracia, que se encastelaram funestamente na própria cidadela do poder”.

A participação da mídia brasileira é um episódio que ainda está para ser plenamente contado. Há muitas lacunas e zonas cinzentas nesta história. E isso não parece ocorrer por acaso. Muitos dos compromissos que levaram uma parte importante da imprensa brasileira a se aliar com setores golpistas e autoritários permanecem presentes e se manifestam em outros debates da vida nacional. Enquanto a sociedade não decidir que abrir essa caixa preta é uma condição para o avanço da democracia no país, essas empresas, no Brasil, na Argentina e em outros países da América Latina seguirão praticando um de seus esportes preferidos: pisotear a memória e apresentar os seus interesses privados como se fossem interesses públicos.

50 anos do golpe: Seminário discutirá literatura e ditadura

Encontro promovido pelo Instituto de Letras da UFRGS será realizado de 23 a 25 de abril, no Campus do Vale.

O Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul promove, de 23 a 25 de abril, o seminário “Literatura e Ditadura – os cinquenta anos do golpe civil-militar e suas implicações na literatura”, no Campus do Vale da UFRGS. O objetivo do seminário é debater os impactos do período no campo da literatura, das artes e da cultura, com a proposta de lançar novas indagações sobre a realidade brasileira. As inscrições iniciam no dia 10 de março. Para os interessados em apresentar trabalhos, elas seguem até dia 6 de abril e para os demais, até dia 20 abril. Veja aqui a programação completa.

O evento terá quatro mesas-redondas e dois turnos de sessões de comunicações de trabalhos de graduandos e pós-graduandos. As sessões de comunicações de trabalhos contemplarão dois eixos: ‘Ditadura Civil-Militar Brasileira e Literatura’ e ‘Ditadura Civil-Militar Brasileira, Cultura e Outras Artes’.

As mesas-redondas terão a participação de professores da UFRGS e de outras universidades (UFRJ, UFF e USP), que abordarão os seguintes temas: 1) As múltiplas presenças da Ditadura Civil-Militar na Literatura Brasileira; 2) Narrativas do Golpe: entre a História e a Literatura; 3) A Canção Popular Brasileira em tempos de Ditadura; 4) As diferentes formas culturais: da imagem ao texto e às suas relações com a Ditadura. Serão promovidos, ainda, eventos culturais, em parceria com o Centro Acadêmico de Letras.

http://www.sul21.com.br/jornal/sindicato-dos-jornalistas-do-rs-quer-discutir-papel-da-midia-no-golpe-de-64/

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz