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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

27.2.14

e nas eleições as pessoas seguem votando nos candidatos/as da Globo e da 'grande mídia' (se não ocorre tanto para os executivos, nos legislativos a maioria são os indicados pela 'grande mídia')

A confissão de Boni sobre o debate entre Lula e Collor



Postado em 17 Feb 2014

Me enviam um vídeo que resume o Brasil.

Nele, sorridente, aparentemente orgulhoso, o ex-chefão da Globo, Boni, confessa um crime de lesa sociedade.

Você pode vê-lo aqui.

Boni conta que, no célebre debate entre Lula e Collor que definiria as eleições presidenciais de 1989, a Globo preparou Collor.

Quer dizer: uma concessão pública achou que tinha o direito de se meter nas primeiras eleições diretas para presidente.

A Globo, conta Boni, tirou a gravata de Collor para dar a ele um ar mais popular. Se pudesse, disse Boni, a Globo borrifaria caspa em Collor, a exemplo da tática clássica de Jânio Quadros para se identificar com a voz rouca das ruas.

Mas havia coisa bem pior.

Há muitos anos conheço a história das pastas de Collor. Ele se apresentou no debate com elas.

O que nas redações se comentava é que fora um truque de Collor. Chegou a Lula a informação de que na pasta estavam denúncias contra ele.

Lula ficou apavorado. Durante todo o debate, Collor fingia de tempos em tempos que ia abrir as pastas para apanhar coisas que comprometeriam Lula.

As pastas tinham papel que não significavam nada, na realidade. Mas levaram Lula a ter um desempenho sofrível num debate vital.

A revelação – confissão – de Boni é que quem armou o golpe das pastas foi a Globo, e não Collor.

Mais uma vez: ele disse isso em tom triunfal. Não tinha noção, ou não parecia ter, da gravidade do que estava dizendo.

O que se fez diante das palavras de Boni?

Nada. A mídia não se mexeu. A justiça não se mexeu. O governo não se mexeu. Para que serve um Ministério da Comunicação?

Este é o Brasil.

A Globo goza de espantosa impunidade. Pode fazer tudo, que não acontece nada.

Boni conta que o homem chave da Globo no crime foi o executivo Miguel Pires Gonçalves, filho de um general da ditadura. A Globo agora contrata filho de ministro do Supremo. Antes, contratava filho de general. Mudaram as circunstâncias, mas a Globo ficou igual.

Joaquim Barbosa arrumou um emprego para o filho na Globo. Ayres Britto escreveu o prefácio de um livro de Merval sobre o Mensalão. Gilmar Mendes aparece em fotos ao lado de Merval.

Lula, a vítima do crime eleitoral da Globo, foi ao enterro de Roberto Marinho, e produziu uma eulogia em que disse que o falecido era um brasileiro que viera “a serviço”.

A serviço do quê?

Não satisfeito em aplaudir Roberto Marinho, Lula decretou três dias de luto oficial. Ao fazer isso, Lula enxovalhou a memória de homens como Getúlio Vargas e João Goulart, vítimas das conspirações golpistas de Roberto Marinho.

É possível que o episódio do debate tenha deixado Lula para sempre com um sentimento paralisante de medo em relação à Globo, para infortúnio da sociedade.

A Carta aos Brasileiros, com a qual logo no início do mandato ele se comprometeu essencialmente a não fazer nada de muito diferente do que vinha sendo feito antes dele, foi arrancada a ele por João Roberto Marinho, filho de Roberto Marinho.

Montaigne escreveu que seu maior medo era ter medo.

A Globo pôs medo em Lula e no PT. E põe medo no Brasil.

O medo foi o responsável pela chamada “mídia técnica”, pela qual a Globo recebeu de governos petistas 6 bilhões de reais em dez anos mesmo tendo sonegado escandalosamente impostos e mesmo produzindo um conteúdo destrutivo para todas as causas sociais. A manchete do Globo quando foi efetivado o 13.o, sob Jango, dizia que se tratava de uma “calamidade”.

O medo da Globo impediu que se discutissem regras para a mídia, para evitar monopólios como a Globo.

Se Kirchner tivesse medo do Clarín, não faria o que fez.

Enquanto perdurar o medo da Globo, o país vai patinar no desenvolvimento social, porque a Globo é um obstáculo intransponível para a construção de uma sociedade justa.

É irônico que um partido que dizia que a esperança tinha que vencer o medo tenha se tornado, ele mesmo, depois de chegar ao poder, tão medroso.

Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-confissao-de-boni-sobre-o-debate-entre-lula-e-collor/

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz