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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

28.8.14

“Soberania ou abutres”

Seminário internacional na Argentina reafirma: "Soberania ou abutres"

Leonardo Severo

Sindicalistas se mobilizam em apoio à decisão da presidenta Cristina Kirchner de enfrentar os abusos e atropelos do capital financeiro

27/08/2014

Leonardo Wexell Severo

de Buenos Aires (Argentina)

O seminário internacional "O contexto político mundial, a América Latina, o neoliberalismo e os novos cenários a partir da ação dos fundos abutres" reuniu no dia 21, em Buenos Aires, lideranças sindicais de 15 centrais de todo o mundo.

De acordo com Hugo Yasquy, presidente da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), entidade promotora do evento, "esta foi a primeira manifestação de apoio ao governo e ao povo argentino contra a especulação e pela libertação das garras do imperialismo".

No dia 21, a presidenta Cristina Kirchner anunciou em cadeia de rádio e televisão o envio de um projeto de lei ao Congresso Nacional para reabrir a troca de títulos, trazendo para o país vizinho a jurisdição sobre bônus da dívida que se encontravam em mãos do Banco de Nova Iorque. A expectativa do governo é que a lei entre em vigor já em setembro, quando vence uma nova parcela da dívida de US$ 200 milhões.

Documento assinado pelas centrais denuncia que a decisão do juiz Thomas Griesa, do tribunal de Nova Iorque, permite que cerca de 7% dos portadores de títulos da dívida pública argentina, que não aceitaram a negociação realizada entre 2005 e 2010, agora recebessem as ações com um ágio que sangraria o país. Indicado pelo ex-presidente Richard Nixon, Griesa é vinculado ao "megainvestidor" estadunidense Paul Singer, um dos maiores financiadores do Partido Republicano.

"Esta é uma atitude injusta e irresponsável que privilegia e convalida os desmedidos apetites dos abutres financeiros em detrimento dos interesses soberanos da Argentina e castiga uma nação que desde há uma década, e com muitíssimo esforço, cumpre fielmente com seus compromissos internacionais", assevera o manifesto das entidades. Desde 2005, a Argentina já desembolsou 190 bilhões de dólares para pagar suas "obrigações".

Estas atitudes dos tribunais dos EUA, destaca o documento, são, além de tudo, "irresponsáveis", porque "desprezam os enormes riscos que trazem à ordem mundial", num contexto de "crise que afeta a muitos países centrais", para "validar a ambição dos grupos financeiros por cima da soberania argentina e de qualquer outra nação do planeta".

E mais: "Chegam hoje ao absurdo de impedir que 92,4% dos credores da Argentina possam efetivar a cobrança e receber suas dívidas, quando nosso país já efetuou o pagamento das mesmas através do Banco Correspondente, que retém os fundos, por ordem judicial, descumprindo seus compromissos com nosso país e com quem renegociou bônus".

Prostíbulos da especulação

Painelista do seminário, o professor Emir Sader saudou "a heroica negociação e o exemplo do povo argentino, que se enfrenta contra a hegemonia imperial do capitalismo financeiro internacional". "Nosso inimigo central é o capital especulativo", enfatizou Emir, denunciando que os abutres utilizam os "paraísos fiscais, verdadeiros prostíbulos para o mercado de drogas e de armas", para se manter à margem da lei.

"Por isso, a Argentina é um mau exemplo para países como a Grécia e a Espanha, que caíram na armadilha do Fundo Monetário Internacional (FMI) e passaram a privatizar o patrimônio e a expropriar os direitos dos trabalhadores", disse.

"Respondemos com unidade e mobilização aos ataques desses vampiros. A luta da Argentina contra os fundos abutres representa a resistência dos povos de todo o mundo, que não aceitam ser saqueados para enriquecer cada vez mais uma ínfima minoria", declarou João Antonio Felicio, presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI).

A irracionalidade desta lógica, apontou, fica clara quando "vemos que apenas financeiro1% recebe 65 vezes mais do que a metade da população mundial".

Submetidos à cartilha neoliberal, denunciou João Felicio, "muitos governos, em aliança com os empregadores, fazem reformas para atacar e retirar direitos, agudizando a concentração de renda e de poder". Exemplo disso, esclareceu, "no grande império, os Estados Unidos, em que a diferença salarial entre os maiores e menores salários era de 30 vezes há 20 anos, hoje é de 300 vezes".

Mídia manipula e mente

O presidente da CSI também atacou o caráter manipulador da grande mídia, "que mente abertamente em favor do capital internacional, respaldando ações como a do juiz Thomas Griesa contra a soberania e o desenvolvimento das nações".

Manifestando a "mais ampla e efetiva solidariedade brasileira contra os fundos abutres", Antônio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), frisou que "o ataque sofrido pela Argentina é feito contra todos os que não se dobram à ingerência externa".

Roberto Franklin de Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), declarou que chegou o momento de "decisões firmes, de enfrentamento à exploração das altas finanças".

"Chega de dominação, de colonização, de intromissão. Chega de abutres", ressaltou. Ao descrever a magnitude da devastação causada pelos fundos especulativos, Paulos Antonopoulos, dirigente da Federação dos Servidores Públicos da Grécia, citou, por sua vez, "o desemprego de 27%, que já chega a 62% entre os jovens gregos, a profunda regressão salarial e de direitos, além da privatização dos portos", entre outras medidas para atender a Troika (Banco Mundial, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional)".

Ao final do evento, Hugo Yasky entregou ao ministro de economia da Argentina, Axel Kicillof, uma declaração firmada por todos os delegados internacionais em apoio à luta contra os fundos abutres.


http://www.brasildefato.com.br/node/29617

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz