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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

28.11.12

Carta Maior - Laurindo Lalo Leal Filho - Mídia em crise

Colunistas| 13/11/2012 | Copyleft

DEBATE ABERTO

Mídia em crise

O próximo dia 7 é o dia “D” na Argentina: “D” de dezembro, de diversidade e de democracia. É o que diz um anúncio veiculado pela TV pública durante os jogos de futebol para lembrar a data da entrada em vigor da nova Lei de Meios Audiovisuais, aprovada há três anos pelo Congresso.


Laurindo Lalo Leal Filho


(*) Artigo publicado originalmente na Revista do Brasil, edição de novembro de 2012.


O próximo dia 7 é o dia “D” na Argentina: “D” de dezembro, de diversidade e de democracia. É o que diz um anúncio veiculado pela TV pública durante os jogos de futebol para lembrar a data da entrada em vigor da nova Lei de Meios Audiovisuais, aprovada há três anos pelo Congresso.

Lembra também que apenas um grupo de comunicação insiste em não acatar a lei, aquele que reúne o conglomerado de veículos encabeçados pelo jornal El Clarin. São 240 Tvs a cabo, 4 Tvs abertas, 9 rádios AM e 1 FM. A nova lei limita a propriedade por empresa a um máximo de 24 licenças para TV a cabo e dez para emissoras abertas de TV e rádio (AM e FM).

O objetivo é ampliar a liberdade de expressão dando voz a setores da sociedade emudecidos pela força do monopólio. A lei estabelece que as licenças de rádio e TV serão destinadas em partes iguais a emissoras estatais, comerciais e de “gestão privada sem fins lucrativos”, algo parecido com as nossas comunitárias.

Ao se negar a cumpri-la o grupo Clarin afronta o executivo, autor do projeto; o legislativo que o aprovou e o judiciário por tê-lo considerado constitucional. Para tanto, além do combate interno, busca apoio internacional como ficou demonstrado na recente reunião da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP), realizada em São Paulo.

No encontro, o caso argentino foi apresentado como atentado à liberdade de imprensa, servindo de mote para condenações de outros governos populares, como os da Venezuela, Bolívia e Equador. O curioso é que nesses países a mídia comercial é majoritariamente oposicionista e atua com total liberdade. Basta ver as manchetes e os destaques diários de jornais como o “El Universal”, de Caracas; do “El Universo”, de Guayaquil; “El Diário”, de La Paz e o próprio “El Clarin”, de Buenos Aires e grande parte dos programas de TV.

Mas a vida para os seus proprietários não está mesmo fácil e não é por causa dos governos. A razão está na crescente perda de credibilidade de suas publicações, cada vez mais descoladas dos avanços sociais inegáveis que ocorrem nesses países. A população, ao votar, leva muito mais em conta as melhoras que sente no dia a dia do que as imprecações estampadas nas páginas de jornais e revistas.

Ao lado, é claro, do apoio de novas formas de comunicação, como a internet, capazes de mostrar o outro lado da moeda. E não só ela. Diante do cerco imposto pela mídia comercial, governos populares passaram a impulsionar meios alternativos. Foi a forma encontrada para dialogar com a população sem passar por filtros conservadores.

Reside aí, ao que tudo indica, o maior desespero dos empresários. Em alguns países sua verdade, garantida como única, passou a ser confrontada com outras ideias e informações. Trata-se de um abalo maior do aquele que vem sendo causado pela concorrência dos meios eletrônicos.

Em todos os encontros empresariais da mídia sobram interrogações sobre o futuro dos veículos impressos. Aparecem do dia para noite gurus pagos a preço de ouro para indicar novos caminhos. Falam em “paywall”, o “muro poroso”, onde o internauta acessa os conteúdos até um determinado limite de matérias. Depois disso, se quiser seguir, tem que pagar. A maioria mantém ainda edições impressas e virtuais simultâneas, enquanto outros tomam decisões mais radicais ficando apenas na internet, como fez há pouco a tradicional revista “Newsweek”.


De imediato esse parece ser o maior desafio da mídia tradicional. Mas a médio prazo a questão do conteúdo será o problema mais grave, não importando o suporte a ser usado, seja papel ou tela de computador. Na medida em que os níveis de renda e de escolaridade das populações latino-americanas crescem, suas exigências tornam-se maiores.

Partidarizações em campanhas eleitorais disfarçadas de “jornalismo independente” serão melhor percebidas e refutadas. Assim como erros de informação e pautas descartáveis, tão comuns hoje, desprezadas. Como já começa a acontecer em alguns de nossos vizinhos para desespero dos “donos da mídia”.


Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz