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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

11.12.14

Tarso: “Sartori está legitimado a fazer o que quiser. Ninguém pode se queixar que foi surpresa”

Tarso: "Sartori está legitimado a fazer o que quiser. Ninguém pode se queixar que foi surpresa"

dezembro 10, 2014
Tarso Genro: "Eu não acredito no caminho das reformas ortodoxas neoliberais. Toda vez que um governo adota esse caminho e fala que vai reduzir despesas públicas, nós sabemos que vai arder no lombo dos de baixo"

Tarso Genro: "Eu não acredito no caminho das reformas ortodoxas neoliberais. Toda vez que um governo adota esse caminho e fala que vai reduzir despesas públicas, nós sabemos que vai arder no lombo dos de baixo" (Foto: Caco Argemi/Palácio Piratini)

O governador Tarso Genro realizou na manhã desta quarta-feira (10), no Palácio Piratini, a última entrevista coletiva com blogueiros e ativistas digitais, prática inaugurada no início de seu governo, em 2011. Durante um pouco mais de uma hora, Tarso Genro fez um rápido balanço sobre o governo, o processo eleitoral, o atual momento político no país, e respondeu perguntas sobre esses e outros temas. Em relação ao futuro governo do PMDB, assinalou que os primeiros indícios apontam para outra proposta de enfrentar a crise financeira estrutural do Estado e que José Ivo Sartori está legitimado a fazer o que quiser, pela vontade da maioria do eleitorado gaúcho. "Ninguém poderá se queixar de surpresas". A seguir um resumo dessa conversa:

As causas da derrota eleitoral

"Identificamos na nossa derrota eleitoral uma série de causas concorrentes: lacunas no governo; formação de uma opinião pública crítica ao governo, operada particularmente pelos veículos do Grupo RBS com sua visão liberal de Estado; e também um pouco de excesso de confiança de nossa parte. Eu achava que bastaria a qualidade de nossas políticas para que essa formação de opinião contrária a nós fosse bloqueada. Mas isso não aconteceu. O governo chegou ao fim com boa aceitação, mas isso não se traduziu na votação. Praticamente só quem achava o governo bom ou ótimo votou em nós. O regular positivo não votou em nós. Isso é resultado de uma batalha política que nós perdemos, não estou dizendo que houve uma conspiração ou algo do tipo".

Campanha anti-PT e anti-esquerda

"Creio que outra causa da nossa derrota foi uma campanha anti-PT e anti-esquerda feita nacionalmente pelos grandes meios de comunicação e que afetou especialmente setores da classe média. Nada disso, porém, tira a legitimidade da vitória do nosso adversário. O discurso dele foi acolhido, o nosso não. Precisamos tomar essa derrota como um aprendizado. Entre outras coisas, precisamos recuperar uma linguagem de esquerda mais envolvente e afetiva".

Avaliação do governo: metas foram cumpridas

"Nós cumprimos praticamente todas as nossas metas: fim do arrocho salarial dos servidores, recuperação de várias carreiras de Estado, participação social, política de desenvolvimento com geração de emprego e renda, combate à pobreza extrema por meio do programa RS Mais Igual, Gabinete Digital, Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, política internacional ofensiva, apropriação pública das praças de pedágio com redução das tarifas, valorização do salário mínimo regional que hoje é o maior do país".

"Nós perdemos também por causa de nossos acertos. O aumento do salário mínimo regional, por exemplo, gerou muito descontentamento em alguns setores. Saímos de cabeça erguida. No meu governo não houve nenhum grande caso de corrupção significativo, apenas alguns casos isolados. Nosso governo só não deu certo eleitoralmente. Se compararmos os nossos números com os dos dois governos anteriores, fomos melhores em todas as áreas, sem exceção. Devemos ser ruins na política mesmo…(rsrsrs…)".

"Há uma operação em curso, por parte de setores da mídia, para justificar o retorno do receituário neoliberal no Rio Grande do Sul, envolvendo medidas como privatizações, arrocho salarial e diminuição do tamanho do Estado".

"Há uma operação em curso, por parte de setores da mídia, para justificar o retorno do receituário neoliberal no RS, envolvendo medidas como privatizações, arrocho salarial e diminuição do tamanho do Estado". (Foto: Caco Argemi/Palácio Piratini)

Conjuntura nacional: ambiente golpista

"É preciso assinalar também que a disputa eleitoral no Rio Grande do Sul foi influenciada pela disputa nacional que coloca em xeque os rumos do país. A grande maioria dos meios de comunicação, que é quem define o programa da direita hoje, defende um retorno às políticas neoliberais em nível nacional. A disputa aqui no Rio Grande está imersa nesta disputa maior. Falei sobre isso na campanha. O Brasil vive hoje um assédio golpista pós-moderno. Há um centro de formação de opinião que quer sangrar a presidenta e caminhar para um processo de impeachment. E parece que o PSDB está transitando para essa posição golpista, como indicou recente artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Quando um partido como o PSDB começa a transitar para essa posição é porque existe, de fato, uma tentativa de desestabilização de um governo eleito legal e legitimamente."

Os rumos do governo Sartori

"Há uma operação em curso, por parte de setores da mídia, para justificar o retorno do receituário neoliberal no Rio Grande do Sul, envolvendo medidas como privatizações, arrocho salarial e diminuição do tamanho do Estado. A situação estrutural das finanças do Estado é dramática mesmo. Eu disse isso desde o primeiro dia do meu governo. Quem governa precisa decidir como vai enfrentar esse tipo de situação. A nossa escolha foi baseada na ideia de que o Estado só pode sair da crise crescendo, e não diminuindo de tamanho. E foi assim que governamos."

"Os primeiros indícios sobre o futuro governo parecem apontar para outro caminho, diferente do nosso. Mas o governador Sartori está legitimado a fazer o que quiser. Ele disse que só iria definir o que fazer depois que fosse eleito e assumisse. A maioria da população aceitou isso. Ninguém pode se queixar que foi uma surpresa essa ou aquela medida. Eu não acredito no caminho das reformas ortodoxas neoliberais. Toda vez que um governo adota esse caminho e fala que vai reduzir despesas públicas, nós sabemos que vai arder no lombo dos de baixo".

O papel do PT

"O PT deve ter um duplo objetivo no próximo período: dar estabilidade e apoio ao governo da presidenta Dilma e trabalhar pela construção de um novo tipo de frente de esquerda para 2018. Precisamos apresentar um programa de democratização política, social e econômica mais profundo. Neste processo, devemos conversar, entre outros setores, com movimentos sociais e partidos que hoje estão à esquerda do PT. Nosso desafio é construir um novo ponto de equilíbrio, que não tenha o PMDB como centro, que vá desde o Bresser até o Jean Wyllys, para citar dois exemplos emblemáticos. Não adianta ficar apenas gritando palavras de orem radicais que são tão inúteis como inofensivas."


http://rsurgente.wordpress.com/2014/12/10/tarso-sartori-esta-legitimado-a-fazer-o-que-quiser-ninguem-pode-se-queixar-que-foi-surpresa/


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz