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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

6.6.14

A Revolta das Costureiras da Duloren no Rio de Janeiro | NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação

A Revolta das Costureiras da Duloren no Rio de Janeiro

Foto: Pablo Vergara

Operárias da fábrica da Duloren quebram o silêncio de 20 anos e falam sobre as difíceis condições de trabalho
Por Fania Rodrigues do Brasil de Fato (RJ)

Quem vê as belas roupas íntimas da famosa marca Duloren, não imagina as condições de trabalho a que são submetidas as operárias de sua mais importante fábrica, localizada em Vigário Geral, no Rio de Janeiro.Humilhação, más condições de trabalho, baixos salários, excesso de trabalho e perseguição.

Essas são algumas das queixas das mais de 3 mil costureiras que trabalham no edifício de 6 pisos, da principal linha de produção da Duloren. “Costuro aqui há 29 anos e nos últimos anos só perdemos benefícios. Há 10 anos, nosso salário era igual ao dos motoristas de ônibus. Hoje eles ganham R$ 1.950 e nós R$ 835”, conta Adriana, de 56 anos.

As trabalhadoras que recebem 100 reais de cesta básica, além de considerarem a quantia insuficiente, alegam que o chefe faz de tudo para eliminar o benefício. “Em caso de doença, se a gente pegar atestado por mais de três dias, perdemos o direito à cesta básica”, relata a costureira Silvana, de 38 anos, que trabalha há 4 anos, na empresa.

Outras denúncias são o excesso de trabalho e a dificuldade em receber a comissão sobre as peças produzidas. “Nós trabalhamos com meta de produção estabelecida pelo patrão e ganhamos um bônus de 150 reais mensal. Por exemplo: tenho que produzir todos os dias 40 lotes de roupa. Posso bater a meta durante 29 dias, mas se no último dia do mês não atingir essa marca, perco tudo, ou seja, basta um dia para não receber o bônus de produção, que já é muito baixo”, desabafa Carla, de 32 anos.

Ela foi uma das 2 mil operárias que participaram nos dias 13 e 14 de maio de uma greve, a qual, pela primeira em 20 anos, paralisou a produção de uma das maiores marcas de lingerie do Brasil.“Estamos cansadas de tanta humilhação, perseguição e punição por qualquer coisa. É comum encontrar meninas chorando no banheiro. Trabalhamos em um clima de terror e algumas não aguentam a pressão. Isso quando podemos ir ao banheiro, porque com esse ritmo de trabalho não dá tempo nem de tomar água.

Mas depois da paralisação que fizemos, o patrão começou a respeitar melhor a gente”, destaca Marcela, de 35 anos. “A gota d’água que motivou a greve foi a humilhação sofrida por uma colega, proibida de entrar com sua bolsa transparente, onde levava seus pertences e um pão para tomar café da manhã”, conta Adriana.

Trabalhadoras também pedem aumento salarial de 20%

As trabalhadoras têm suas bolsas revistadas na entrada e na saída da fábrica, o que é proibido por lei. Em algumas linhas de produção, elas relatam inclusive a revista íntima. “No setor onde trabalho temos que colocar e retirar o uniforme na frente da segurança. Ela fica no vestiário observando a gente”, revela Josiane, de 40 anos.

A coordenadora geral da Casa da Mulher Trabalhadora, Eleutéria Amora da Silva, afirma que “a revista íntima disfarçada é uma prática comum nas fábricas de roupas. Temos recebido muitas denúncias, só esse ano foram cinco de operárias da Duloren”, ressalta. “Além disso, muitas costureiras da Duloren estão ficando doente, devido aos excessos e às péssimas condições de trabalho”, frisa.

Uma das conquistas da greve foi o fato de poder entrar com bolsinhas transparentes. Outras reivindicações, como aumento salarial de 20% e melhores condições de trabalho ainda estão sendo negociadas com o dono da fábrica, o empresário Roni Argalji. A Duloren foi procurada pela reportagem, mas até o final da edição não tinha respondido as críticas feitas pelas operárias.

*Os nomes das trabalhadoras citadas nesta reportagem são fictícios, pois temem represália.


http://nucleopiratininga.org.br/a-revolta-das-costureiras-da-duloren-no-rio-de-janeiro/

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz