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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

8.9.10

Carta Maior - Blog do Emir Sader - Brasil 2002-2006-2010



04/09/2010

Brasil 2002-2006-2010

O Brasil mudou muito nestes 8 anos. Não pretendemos dar conta aqui de todas essas transformações – tarefa indispensável para poder pensar em sua globalidade o presente e o futuro do Brasil. A pretensão agora é apenas fixar alguns flashes sobre esses três momentos: o da primeira eleição do Lula, o da sua reeleição e a da eleição atual.

A primeira foi basicamente a eleição da rejeição do governo de FHC. Lula e Ciro Gomes o atacavam duramente, Serra tratava de não ser o candidato a continuidade ("continuidade sem continuísmo" o malabarismo verbal do ex-ministro do governo FHC). Ganhou Lula, incorporando o tema da estabilidade monetária, mas impondo a questão da prioridade do social. No final da campanha havia uma espécie de resignação da direita e da sua direção política e ideológica, a velha mídia.

Em 2006 a direita estava excitada pelas campanha que havia desatado contra o governo, em 2005 e que, pretendendo ter sangrado o governo, pretendiam impor sua derrota eleitoral em 2006. A foto que, segundo sua versão, fez a disputa chegar ao segundo turno, deu-lhes a confirmação da manutenção do poder midiático com que haviam feito Lula descer para a casa dos 30% na sua aceitação no ano anterior.

O segundo turno demonstrou como a realidade escapava à estreita forma de percepção da velha mídia. As políticas sociais do governo já começavam a ter efeitos e veio daí o apoio que levou Lula a uma vitória significativa. A direita foi vítima da sua própria ótica superficial de ver o país, apenas no estreito circulo que eles mesmos formam da opinião pública forjada por eles. Como não fazem cobertura do país na sua totalidade, nas suas dimensões sociais, econômicas, culturais, que afetam à grande maioria da população – que é pobre, pelo tipo de país que eles mesmos produziram – lhes escapou o novo estado de animo que começava a existir na massa da população.

Chegaram a 2010 sem se dar conta que o país de 2002 tinha mudado e, com ele, se esvaziado totalmente o poder de manipulação da mídia sobre a opinião política da população. Se em 2006 se considerava que uma foto teria levado ao segundo turno das eleições presidenciais, agora apelam para tudo – inclusive para parentes próximos do candidato da direita – e submetem os decrescentes leitores, ouvintes e espectadores dos seus meios a uma enxurrada de denuncias forjadas, e não conseguem nada. Esta rodada de pesquisas tinha gerado neles expectativas de medir seu poder e elas trouxeram o resultado: esse poder está reduzido a traque, a nada.

Os temas que o povo valoriza e a credibilidade zero da velha mídia fazem com que nada tenha se alterado, com a Dilma tendo o dobro dos votos do Serra, apesar de toda a velha mídia promover a candidatura deste o tempo todo.

Criou-se uma nova maioria no país, que valoriza a universalização dos direitos, o governar para todos, o papel do Estado como agente do crescimento econômico e de garantia dos direitos sociais, contra a prioridade do ajuste fiscal, do Estado mínimo e do mercado máximo. Esta uma das principais mudanças do Brasil nestes 8 anos.

A derrota acachapante da direita nestas eleições abre espaço para que essa maioria tenha condições de se erigir em novo sujeito político no Brasil, avançando para construir uma sociedade justa, solidária, soberana, para a construção do outro Brasil possível que começa a despontar no horizonte.

Postado por Emir Sader às 08:15

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz