Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

10.10.09

"O petróleo tem que ser nosso - última fronteira" estréia no cinema em clima de emoção

Lotado, o auditório carioca se manifestou durante diversos momentos, inclusive com aplausos constantes durante a projeção

Leando Uchoas, do Rio de Janeiro 

Era nítido. A festa foi armada para emocionar. E funcionou. O lançamento do filme "O petróleo tem que ser nosso – última fronteira", no Odeon, Centro do Rio, nessa quinta (30), teve inúmeros momentos de emoção, embora com um ou outro equívoco. Lotado, o auditório se manifestou durante diversos momentos, inclusive com aplausos constantes durante a projeção.

Antes do filme, criou-se um clima de nacionalismo que se sabia preciso, dada a necessidade de se formar unidade em torno de uma bandeira importante, de construção de completo protagonismo nacional na exploração do pré-sal. Cantou-se o hino nacional, seguido de intervenções de um coral improvisado. "Aluga-se", de Raul Seixas, e "Vamos à luta", de Gonzaguinha foram cantadas e encenadas pelo coral (é verdade que foi um pouco cafona, mas perdoável).

Durante a projeção, o filme demonstrou total sintonia com as opiniões da platéia. O que se viu foi uma sequência de excelentes intervenções de João Pedro Stedile a Carlos Lessa, de Chico Alencar a Brizola Neto, de Paulo Betti a Zé Maria. Buscando oportunamente formar unidade, o filme apresentou posicionamentos distintos, mas em sintonia com a busca pela exploração totalmente nacionalizada. "É um filme plural. Não há uma posição única", já prometia o diretor Peter Cordenonsi.

Mesmo com tinturas distintas, as argumentações se sucediam em sintonia. Enquanto um condenava os leilões de petróleo, outro defendia a utilização social dos recursos provenientes da exploração. E como é de costume, a preocupação com o didatismo de sua intervenção veio de um ator, Paulo Betti. Mas a grande estrela do filme foi, definitivamente, uma senhora (lamentavelmente, uma das duas únicas mulheres entrevistadas).

Cada participação de Maria Augusta Tibiriçá – veterana de 92 anos da campanha "O Petróleo é Nosso" –, era seguida de palmas e gritos da platéia. De um vigor e uma potência cívica invejáveis, a médica foi eleita a "musa" do filme. Em termos de conteúdo, o filme só pecou por tratar pouco da necessidade de se construir outra matriz energética, menos danosa ao meio-ambiente. Apenas Chico Alencar e Marcos Arruda tocam no tema, tão caro em cenário de caos ambiental como o atual.

Tecnicamente, o filme deixa um pouco a desejar. Tratamentos estéticos diferenciados aos entrevistados não se justificavam. Imagens de manifestações foram exibidas em preto e branco, e em certo momento uma mosca invadiu o enquadramento. Para um filme inteiramente pago por movimentos sociais e sindicais, totalmente perdoável. O filme termina com uma questionável porém retórica previsão de César Benjamim, e uma surpresa após os créditos. Vale assistir para conferir.

Ao final, a platéia emocionada presenciou a homenagem aos três veteranos presentes da campanha "O Petróleo é Nosso", que começou ali mesmo, na Cinelândia, nos anos 40. Reinhold Schopke, diretor do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RJ), o advogado e ex-deputado federal Modesto da Silveira, e Maria Augusta Tibiriçá. "Não considero essa uma outra luta. Pra mim, é a continuação da mesma" disse, sob incansáveis aplausos. A veterana elogiou a campanha por manter os três pilares que, segundo ela, levarão à vitória: um objetivo claro e definido; a unidade supra-partidária ("e supra-tudo", disse); e a organização de norte a sul do país.

Após a projeção, já se fez sentir, em parte, o sucesso da intenção inicial. Algumas pessoas se mobilizaram para organizar comitês da campanha "O petróleo tem que ser nosso" em suas regiões. A despeito de alguns poucos equívocos, estéticos e discursivos, o filme tende a ser a mais importante ferramenta de formação e proliferação de consciência cívica da campanha.

Brasil de Fato, 1.º/8/2009 – www.brasildefato.com.br

 

 

Nenhum comentário:


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz