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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

7.10.15

Rodrigo Constantino foi morto pelo maior amor de sua vida: o mercado

Rodrigo Constantino foi morto pelo maior amor de sua vida: o mercado. Por Paulo Nogueira



Postado em 07 out 2015
Não tem do que se queixar

Não tem do que se queixar

Rodrigo Constantino foi, paradoxalmente, vítima daquilo que ele mais idolatra: o mercado.

Ele não tem do que se queixar, diante disso.

Foi o mercado – ou sua mão invisível, para usar a formidável expressão de Adam Smith – que colocou em estado de agonia terminal a empresa que despediu Constantino, a Abril.

mão invisível transformou em dinossauros as empresas de mídia tradicional com o advento da Era Digital.

Revistas de papel – que fizeram a Abril ser o que foi – são hoje objeto em extinção.

Você virtualmente só as encontra em consultórios de médicos e dentistas, mas mesmo assim a maioria dos paciente prefere ficar conectada a seus celulares para colher notícias em tempo real.

A Abril de Constantino fatura cada vez menos. As duas grandes fontes de receita de uma editora – publicidade e vendas avulsas – entraram em colapso.

A Veja, particularmente, para manter a miragem da circulação de 1 milhão de exemplares, gasta cada vez mais dinheiro na forma de dezenas, centenas de milhares de exemplares distribuídos gratuitamente a assinantes que não renovaram suas assinaturas.

É um expediente antigo. Mas, até alguns anos, a conta era paga pela publicidade. Os anunciantes eram iludidospor uma circulação que na verdade não existia.

Agora, com a debandada da publicidade da mídia impressa, a Abril teria que imprimir dinheiro como uma Casa da Moeda para cobrir o buraco dos gastos.

(Ou, para pelo menos prolongar a sobrevida, teria que contar com um presidente da República que despejasse nela copiosas doses de dinheiro público via propaganda e financiamentos a juros maternos em bancos oficiais. Daí, em boa parte, a luta desesperada por Aécio e, antes dele, Serra e Alckmin.)

A mídia tradicional está para a mídia digital assim como a carroça esteve para o carro há cem anos.

No começo, as pessoas diziam que o carro não podia dar certo: não havia estradas, não havia onde abastecer, não havia motores confiáveis como os cavalos.

Deu no que deu.

A tragédia das corporações de mídia é a repetição da tragédia dos fabricantes de carroças.

Nenhum sobreviveu. Todas as competências deles de nada serviram na nova era.

Da mesma forma, tudo que as empresas de mídia aprenderam tem muito pouca utilidade no jornalismo digital.

Este é dinâmico, em constante renovação, e o gigantismo das grandes corporações como Globo e Abril torna impossível acompanhar o ritmo do mercado.

Se não bastasse isso, o dinheiro da publicidade das empresas tradicionais jamais vai se repetir na internet, um meio fragmentário por excelência.

Tudo isso é obra de uma coisa chamada mercado.

A seu modo tosco, de ideias pedestres e prosa sofrida, Rodrigo Constantino invocou o mercado todos os dias ao longos dos dois anos em que foi blogueiro da Veja.

Acabou morto pelo mercado, que tirou da Abril os meios para mantê-lo em seus quadros.

Poderia ser este seu epitáfio como blogueiro da Veja: "Lutou pelo mercado e foi morto por ele".

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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz