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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

24.7.17

"Tenho vergonha pelas elites econômicas e burocráticas que continuam a sustentar no poder um governo desmoralizado, que atende a todos os seus interesses imediatos"

BARGANHA POLÍTICA

Bresser-Pereira: 'Mujica tem pena; eu, com os mesmos 82 anos, tenho vergonha'

"Tenho vergonha pelas elites econômicas e burocráticas que continuam a sustentar no poder um governo desmoralizado, que atende a todos os seus interesses imediatos", diz economista
por Redação RBA publicado 22/07/2017 16h06, última modificação 22/07/2017 23h05
VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
Bresser-Pereira

"O ajuste necessário não é só fiscal, e não deve ficar apenas por conta dos trabalhadores", diz Bresser

São Paulo - Em sua página no Facebook, o economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira falou a respeito de uma declaração dada pelo ex-presidente e atual senador uruguaio Jose Pepe Mujica. Em entrevista à BBC Brasil, ele afirmou ter "pena" do Brasil ao comentar a troca de integrantes da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para o governo assegurar a rejeição do parecer que recomendava as aceitação da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer.

"Mujica tem pena; eu, com os mesmos 82 anos, tenho vergonha. Não por Temer e seus amigos, que deveriam estar na cadeia; não pelo Brasil e seu povo, que é a vítima de tudo isso – da ganância e da corrupção dos ricos e seus fâmulos. Tenho vergonha pelas elites econômicas e burocráticas que continuam a sustentar no poder um governo desmoralizado, que atende a todos os seus interesses imediatos", diz Bresser em sua postagem.

O economista afirma que as elites apoiam Temer pelo fato de sua gestão realizar "reformas" que colocam todo peso do ajuste econômico nas costas dos trabalhadores e dos pobres. "Sim, o Brasil precisa de ajuste. Mas o ajuste necessário não é só fiscal, e não deve ficar apenas por conta dos trabalhadores. Deve também ser monetário e cambial. Deve reduzir a taxa de juros básica e os spreads bancários, e, através de um câmbio competitivo, deve reduzir o consumo não apenas dos trabalhadores (como hoje faz), mas também dos financistas e rentistas", avalia.

"Só dessa maneira, colocando os juros e o câmbio no lugar certo, mesmo que isto reduza um pouco os rendimentos de todos – trabalhadores e rentistas – e a riqueza dos rentistas, as empresas industriais brasileiras poderão voltar a ser competitivas, e o Brasil poderá voltar a crescer", pondera.

Confira abaixo o texto completo:

Pena e vergonha

O ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, declarou ontem à BBC Brasil que tem pena pelo Brasil. Eis sua frase inteira: "Me dá pena. Pena pelo Brasil por ver o que aconteceu com uma comissão que estava estudando as eventuais acusações, em que tiveram que mudar a composição dessa comissão. E tudo indica que houve muita influência para poder colocar gente que não decepcionasse o governo".

Mujica tem pena; eu, com os mesmos 82 anos, tenho vergonha. Não por Temer e ...seus amigos, que deveriam estar na cadeia; não pelo Brasil e seu povo, que é a vítima de tudo isso – da ganância e da corrupção dos ricos e seus fâmulos. Tenho vergonha pelas elites econômicas e burocráticas que continuam a sustentar no poder um governo desmoralizado, que atende a todos os seus interesses imediatos.

Essas elites apoiam o governo porque ele realiza as "reformas" que salvarão o Brasil – na verdade, que colocam todo o peso do ajuste econômico de que necessita a economia brasileira em cima dos trabalhadores e dos pobres. E poupam a si próprias, continuando a cobrar juros de usura do Estado brasileiro. Sempre com o apoio de economistas liberais, com a justificativa que os juros extorsivos "são necessários para combater a inflação".

Sim, o Brasil precisa de ajuste. Mas o ajuste necessário não é só fiscal, e não deve ficar apenas por conta dos trabalhadores. Deve também ser monetário e cambial. Deve reduzir a taxa de juros básica e os spreads bancários, e, através de um câmbio competitivo, deve reduzir o consumo não apenas dos trabalhadores (como hoje faz), mas também dos financistas e rentistas. Só dessa maneira, colocando os juros e o câmbio no lugar certo, mesmo que isto reduza um pouco os rendimentos de todos – trabalhadores e rentistas – e a riqueza dos rentistas, as empresas industriais brasileiras poderão voltar a ser competitivas, e o Brasil poderá voltar a crescer.

Muitos líderes dos trabalhadores sabem disto, e por isso defendem um acordo com os empresários industriais. Mas estes estão enfraquecidos e não têm confiança nas lideranças sindicais. Permanecem, assim subordinados aos rentistas e aos financistas. Que, associados aos interesses estrangeiros, não têm pena do Brasil, nem vergonha de si mesmos. Eles são donos da "verdade" – de uma "racionalidade econômica" que serve a seus interesses – e continuam a se enriquecer, e, na medida em que o ajuste que promovem nunca é completo, continua a vender os ativos brasileiros ao exterior.






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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz