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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

21.9.09

STF - tentativa de golpe institucional

Jornal Correio do Brasil 
 
Por Rui Martins - de Berna
 
Extraditar Cesare Battisti não é o alvo principal da direita brasileira e de seus representantes no Supremo Tribunal Federal. O objetivo é o de criar uma situação de impasse que,  de uma ou outra forma, leve a um desgaste e a uma dimuição da imagem e do poder do governo do presidente Lula.

 

Em outras palavras, uma versão jurídica de golpe institucional, pela qual se possa questionar a real competência do poder executivo e, aberta essa brecha, se submeter todas as importantes decisões governamentais, envolvendo interesses estrangeiros, à aprovação pelo STF.

 

A importância atual dada à questão da extradição de Battisti confirma se estar submetendo o governo a um teste que, pelo visto, poderá dar resultado. Na análise do relator do processo Battisti surgiu, por diversas vezes, a intepretação jurídica de que uma decisão favorável do STF à extradição de Battisti, será definitiva, e, diante do acordo bilateral de extradição entre Brasil e Itália, obrigará nosso país a um rápido cumprimento, sem a possibilidade legal de uma intervenção do presidente Lula suspender a extradição.

 

Terá assim sido criada a jurisprudência de que, pelo menos em casos bilaterais de direito internacional, a última palavra não será mais a do presidente da República mas do STF. E, mais rápido do que se pensa, o STF assumirá o poder de estatuir o que o executivo pode ou não fazer no país.

 

Nossa soberania não dependerá mais do executivo eleito pelo povo, mas de um grupo de juristas togados que, segundo a tendência de grupos dominantes, assumirá feições de junta decisória, e, no momento, o verdadeiro presidente brasileiro passaria a ser Gilmar Mendes. Tudo isso no estilo light e clean, sem tropas na rua e sem edição de atos institucionais.

 

O destino do petróleo do pré-sal no caso de um apetite exagerado de uma empresa estrangeira, o usufruto das terras da Amazônia no caso de interesses de grupos estrangeiros ali instalados e a própria constitucionalidade ou não de um terceiro mandato de Lula poderão ser decididos pelo STF.

 

O importante, logo no início da despropositada pretensão italiana, era o não ser dado deferimento ao mandado de segurança italiano. A aceitação de se discutir que um outro país, no caso a Itália, ponha em dúvida e discuta a validade de uma questão ligada à uma decisão soberana de um ministro foi um ato político contra Lula e constitui, agora, um perigoso precedente para o futuro de nossas instituições.

 

Que não soframos o vexame de ver a Itália processar o presidente Lula num tribunal internacional ou de querer propor um tribunal arbitral, por não cumprimento da extradição, caso o STF assim decida e nosso presidente prefira ignorar.

 

No momento, estamos a um passo apenas de um crise institucional, um conflito inédito entre o Supremo Tribunal Federal e o poder executivo. A primeira etapa já está quase consumada – um relator de processo no STF considera ilegal e sem qualquer efeito a decisão do ministro da Justiça (justamente o da Justiça) Tarso Genro, de conceder refúgio a um requerente italiano.

 

Embora não estivesse previsto a entrada no mérito do processo, o mesmo relator, no seu longo arrazoado, defendeu os argumentos da Itália impetrante, recusou os argumentos do ministro da Justiça e considerou praticamente como ofensas à Itália as explicações do ministro Tarso, sobre aquele momento de exceção em que vivia a Itália.

 

E, recusando a dominância política do processo, preferiu repetir serem crimes comuns e não políticos os crimes atribuídos a Battisti, mesmo se num primeiro processo Battisti não fosse acusado de crimes e se as evidências anteriores às denúncias de um arrependido inocentem Battisti.

 

Assim,  o relator aceitou como verdadeiras as acusações dos assassinatos imputados à Cesare Battisti, tirando ele próprio suas conclusões sem um novo julgamento, que a Itália embora tivesse prometido nunca fez e nunca fará. E ninguém deve se  iludir, no caso de extradição, Battisti cumprirá prisão perpétua, embora os italianos simulem e prometam aceitar até uma redução dos dois anos de prisão no Brasil, na pena máxima de 30 anos.

Mesmo que não se consuma a ameaça de golpe jurídico institucional, a estratégia de se atingir o presidente Lula está prestes a se concluir, colocando em pernicioso atrito o poder executivo e o judiciário e obrigando o presidente Lula a sofrer um desgaste popular, pois ao tomar uma decisão, seja qual for, pela extradição ou contra a extradição de Battisti, provocará reações de protesto.

http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=157676

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz