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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

13.9.09

A REVISTA VEJA E O MST

Laerte Braga

 

Entender o papel que a revista (com o perdão da palavra) VEJA cumpre dentro dos "negócios" no Brasil é simples. Assim como receber a tarefa de escrever sobre o martírio de Cristo na sexta-feira santa e ficar aguardando a determinação do dono sobre se é para ser contra ou a favor.

 

Revistas como VEJA, ÉPOCA e jornais como O GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, ou redes de tevê nacionais, a grande mídia de um modo absoluto, são instrumentos da classe dominante. Não importam os fatos, mas a versão. E quem paga. São sempre os donos que pagam.                                     

 

Esse não é um fenômeno só do Brasil. Governos latino-americanos como o do presidente Hugo Chávez enfrentam o desafio de vencer essa batalha, a maior dentre todas na luta popular. A da comunicação.

 

A revista VEJA dedica-se em sua última edição a tentar transformar o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) numa versão brasileira da Al Qaeda. Não é a primeira vez que faz isso. Em 1999, com os recursos que a tecnologia permite, publicou a foto do líder do movimento, João Pedro Stedille sugerindo-o um demônio. 

 

Estão ali acusações de desvio de recursos de programas do Governo Federal para assentamentos, denúncias de fartos recursos a partir de fartas transferências do governo Lula, tudo num único objetivo, o de evitar a discussão e o debate de questões fundamentais como a reforma agrária, a política agrícola de favorecimento ao agronegócio e agora, especificamente, a revisão e atualização dos índices de produtividade. É uma determinação legal e deve ser feita de dez em dez anos.

 

Quando o delegado Protógenes Queiroz prendeu o banqueiro Daniel Dantas, parceiro de FHC e patrão de Gilmar Mendes (que já cobrou, de forma intempestiva do governo providências contra o MST) VEJA tratou de desmoralizar a ação do delegado afirmando que havia uma série de escutas ilegais feitas no gabinete de Gilmar e revelou uma delas, uma suposta conversa com o senador Heráclito Fortes, um dos integrantes da grande quadrilha tucano/DEMocrata. As gravações nunca apareceram pelo simples fato que nunca existiram. Foi só uma denúncia infundada, mentirosa e com o objetivo de desviar a atenção da opinião pública de todo o emaranhado de trapaças de Dantas. Por extensão, das arbitrariedades de Gilmar à frente do STF DANTAS INCORPORARION LTD (antiga suprema corte).

 

À época do acidente com o Airbus da TAM que matou centenas de pessoas, ao perceber que a tática da GLOBO de incriminar e culpar o governo por conta de "irregularidades" nas pistas do aeroporto de Congonhas falhara, estavam começando a aparecer as irregularidades sim, mas na aeronave, na manutenção, nos cuidados da empresa com seus aviões, saiu com uma capa sórdida atribuindo a culpa ao piloto.  "O PILOTO É O CULPADO". 

 

É óbvio, a TAM é uma das co-proprietárias da mídia brasileira. Vale dizer patrocinadora.  Tem aquele negócio de jornalistas amigos voarem de graça, ganhar passagem para si e família em reconhecimento aos "serviços prestados", essas coisas assim, corriqueiras no mundo dos "negócios".

 

Como o emprego que Gilmar Mendes deu a Heraldo Pereira (que aparece com pinta de jornalista sério, íntegro nos noticiários da GLOBO) em troca do silêncio sobre um monte de coisas.

 

Kátia Abreu é uma senadora do DEM do estado de Tocantins. Latifundiária, defensora do trabalho escravo e especialista em desviar recursos públicos para suas campanhas eleitorais. É alvo de investigações da Polícia Federal sobre isso.  Recursos desviados da Confederação Nacional da Agricultura para custear sua eleição.

 

Chantagista. Fez ver ao governo Lula que se o governo fizer a revisão dos índices de produtividade como prometido ao MST e em obediência à lei, perderia o voto dos deputados da chamada bancada ruralista (latifundiários) no Congresso Nacional.

 

Como o governo Lula não é de ferro, sentou em cima. Nem lá e nem cá. Kátia Abreu foi mais longe. Quer uma CPI do MST. Um palco onde possa exibir a farsa do agronegócio, do latifúndio, do trabalho escravo transformados em progresso, em gerador de empregos, de riquezas e o MST como o grande monstro do atraso ávido de devorar verbas publicas, comer criancinhas e matar idosos.

 

Faz parte do jeito da senhora em questão achar que todo mundo é igual a ela, ou que todos os brasileiros são senadores e vivem de atos secretos.

 

VEJA é parte do processo. Entra em seguida no palco e num folhetim de quinta categoria, apresenta o "bandido" da novela, o MST. Com certeza verbas públicas da Confederação Nacional da Agricultura (dos latifundiários) ou outra organização dessas especializadas em lavar dinheiro vão pagar a matéria "jornalística".

 

É o modelo de vida onde o espetáculo funciona como fator determinante de tudo e em função do mercado, um deus inventado e cultuado desde o primeiro momento da vida, quando se instalou a luta de classes – opressores e oprimidos, exploradores e explorados –. O que varia é a forma.  O jeito e isso é uma decorrência do aperfeiçoamento dos garrotes do latifúndio.

 

O que incomoda essa gente é que revistos os índices de produtividade, como determina a lei, cai por terra a grande mentira do agronegócio como mola propulsora da economia e prosperidade do País. Essa revisão traz como conseqüência a perspectiva de ações de governo no campo da reforma agrária que contrariam interesses do latifúndio, logo de VEJA, um dos porta-vozes dessa máfia.

 

Essa impostura esconde uma outra realidade para além do trabalho escravo, do uso da terra como fator de especulação. A que os responsáveis pelo alimento sadio que vai à mesa dos brasileiros no dia a dia são os pequenos e médios produtores rurais.

 

Para o agronegócio a questão não é saber se a porcria transgênica mata a soberania nacional na agricultura, no campo alimentar e "alimenta" pessoas. É atender a interesses da MONSANTO, uma das principais acionistas do Estado brasileiro e assegurar o modelo político, econômico e social perverso e cruel que o latifúndio e esse conjunto de "negócios" geram no Brasil e nos chamados países emergentes.

 

O papel de VEJA, beneficiária de vários contratos fraudulentos no fornecimento de livros didáticos a governos como o de FHC e agora José Serra em São Paulo, é vender essa mentira travestida de espetáculo de falsa indignação (muito bem remunerada).

 

Não importa que centenas de milhares de trabalhadores rurais trabalhem em condições escravas. Não importa que a concentração da     terra em mãos de gente como Kátia Abreu gere fome, transforme o País numa república de banana (lógico, elites econômicas são apátridas), levam em conta apenas tão somente os "negócios".

                                        

O "negócio" de VEJA é transformar um crime em ação legal, patriótica ("último refúgio dos canalhas") e fazer crer que a luta popular é ação corrupta e terrorista.

 

O alvo preferencial é o MST. Ignoram, porque lhes convém que seja assim, o trabalho do movimento no campo da educação. Os resultados limpos dos muitos assentamentos produzindo alimentos limpos e condições de existência, coexistência e convivência dignas e humanas a trabalhadores e pequenos proprietários rurais. 

 

E aí a mais importante tarefa de VEJA. A de desinformar, mentir, alienar, principalmente alienar, seja pelo medo que infunde as pessoas, ou pelo espetáculo que o deus mercado proporciona transformando a todos em escravos de um modelo político e econômico falido.

 

E quando VEJA é insuficiente matam. Como fizeram com Chico Mendes, com a irmã Dorothy e centenas de líderes e trabalhadores rurais. Muitas vezes massacram o que fizeram em Eldorado do Carajás.    

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz