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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

17.11.11

'A conservação da pobreza é patifaria' | Carta Capital

Política

Paula Thomaz

Diálogos Capitais

11.08.2011 19:12

 

‘A conservação da pobreza é patifaria’

 

Para especialista, quem critica Belo Monte está 'cheio de eletricidade', enquanto 'no Norte fica todo mundo caçando minhoca'. Foto: Antonio Cruz/ABr

 

Os recursos hídricos de que dispõe o Brasil colocam o país no centro da polêmica quando o assunto é geração de energia.  Mas não é de uma hora para outra que uma hidrelétrica sai do papel. A Usina de Belo Monte, cujos debates sobre a construção começaram nos idos dos anos 1970 e duram até hoje, é um dos principais exemplos. E um dos entraves para seu andamento é o impacto social e ambiental que provocará.

 

Para o professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe-UFRJ), do ponto de vista social, há uma saída para a construção das hidrelétricas. A perturbação provocada nas áreas de impacto da usina pode ser compensada como uma alternativa às famílias afetadas.

 

Especialistas, lideranças indígenas, movimentos sociais e autoridades discutindo os impactos e o processo de licenciamento de Belo Monte. Foto: Elza Fiúza/ABr

 

“É um problema real. Elas moram ali e precisam sair. Agora, tem que ser para melhor. A conservação da pobreza, para mim, é uma patifaria. É muito cômodo eu estar aqui cheio de eletricidade, com computador ligado, viajando de avião várias vezes ao ano, enquanto no Norte fica todo mundo comendo folha e caçando minhoca. Isso é deplorável. As pessoas têm que sair desse nível primitivo de vida e passar a integrar o mundo moderno. Não precisa comprar automóvel, nada disso, mas tem que ter educação, saúde, eletricidade em casa, habitação decente.”

Ao fazer essa defesa, Pinguelli, que participa do seminário “Hidrelétricas: as necessidades do País e o respeito à sustentabilidade”, promovido pela CartaCapital no próximo dia 22, cita o exemplo do povo Inuit, nova denominação dada aos esquimós, que vivem em Quebéc, no Canadá, onde foi construída a usina hidrelétrica La Grande 2.  De acordo com o professor, é um modelo viável. “Os canadenses têm populações de esquimós em altíssimo padrão de vida graças à renda das usinas hidrelétricas que ocuparam parte da terra deles.”

 

O professor explica, porém, que, do ponto de vista ambiental, o impacto da hidrelétrica é inevitável. “Já se reduziu muito [o impacto] aqui no Brasil ao fazê-las a fio d’água, sem reservatório. Assim, ela não inunda quase nada”, diz. O professor da UFRJ acredita ainda que há protestos justos, corretos, da oposição à Belo Monte e há outras equivocadas.

“A inundação, por exemplo, é mínima”, afirma. “Quinhentos quilômetros quadrados na Amazônia é uma poça d’água, ainda mais que é em cima do rio, parte dessa área é do Rio. Ele é largo e ele mesmo se alarga mais ainda. O reservatório de Belo Monte é muito pequeno. Não há reservatório praticamente.”

 

Embora tenha capacidade instalada de 11 mil MW, o que a tornará a segunda maior hidrelétrica do país, Belo Monte terá produção de energia em períodos de seca na ordem de 4,4 mil MW, 40% da capacidade. A atual maior usina do país, a Itaipu binacional, tem 14 mil MW de capacidade e produção em época de seca alcançando os 61%.

 

Pinguelli relativiza essa situação. Para ele, é um equívoco vender essa ideia comparando com 100% da capacidade da usina. As usinas brasileiras têm um nível de capacidade um pouco acima de 50%. “Há uma exceção,  por exemplo as usinas do rio Madeira, que estão muito acima dos 50%. Agora, a média brasileira fica um pouco acima de 50% e Belo Monte fica em 42%, que é bem pior. Mas as hidrelétricas do mundo, a média é muito abaixo disso. Na Europa, em alguns casos, abaixo de 30%; os EUA a média deles é 46% em todo o território americano. Se fizesse reservatórios grandes como no passado, você regularizava o rio e poderia aumentar muito o fator de capacidade. Mas isso não é mais feito para evitar impacto ambiental, porque você guarda água de um período para outro, aí regulariza e inunda uma área grande. Mas evitando inundar você tem que conviver com esses fatores  de capacidade. O que já está acontecendo no Brasil, necessidade de complementação à hidrelétrica, o que está sendo feito.”

 

Tribos indígenas participam de discussão sobre a instalação da usina de Belo Monte. Foto: Elza Fiúza/ABr

 

A licença para a instalação da usina foi dada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 1º de junho deste ano. Antes de entrar em funcionamento, a usina ainda precisa obter uma licença de operação, que está condicionada ao cumprimento de todas as exigências socioambientais previstas no projeto.

 

http://www.cartacapital.com.br/politica/a-conservacao-da-pobreza-e-patifaria/

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz