Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

11.3.16

Gregório Duvivier: 'Acho que estamos sitiados'

TEMPOS DE CÓLERA

Gregório Duvivier: 'Acho que estamos sitiados'

Debate sobre humor em ambiente de crise vira ato de repúdio a pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula pelo Ministério Público de São Paulo
por Helder Lima, da RBA publicado 11/03/2016 14:33, última modificação 11/03/2016 15:34
REPRODUÇÃO/FACEBOOK
trio.jpg

Bemvindo Sequeira, Gregório Duvivier e Laerte Coutinho: debate sobre humor em dia de ataque à democracia

São Paulo – "Aqui é um dos poucos lugares em que estou me sentindo em casa no Brasil hoje. Acho que estamos sitiados", afirma o humorista e escritor Gregório Duvivier. "A crença do humorista é a dúvida. Encarar a dúvida como riqueza. E o problema do Brasil hoje é a falta de dúvida. A imprensa alimenta as certezas e as matérias sabem o que vai acontecer com base nos depoimentos sigilosos."

"No decorrer da história, ainda não percebemos que a conciliação de classes não é salvação para p... nenhuma. Não sobra nada se a gente passa o tempo conciliando classe. A burguesia por si só não para as contradições sociais. Se o Lula for para a cadeia, que a gente aprenda que não há conciliação. Ou você ri ou você chora", disse o ator e humorista Bemvindo Sequeira.

"Na época da ditadura, eu achava que o humor tinha de fazer a cabeça das pessoas. Mas na (editora) Oboré, com o João Guilherme (cientista político e ativista sindical João Guilherme Vargas Netto), havia uma visão de que o humor só se realiza na comunhão ideológica. Neste momento dramático, à espera do que pode acontecer, essa expectativa de comunhão ideológica a pessoa encontra no noticiário, um consenso de reportagens parciais e uma PF cheia de tucanos. Eu fiquei pesando em como combater isso, e só com humor é difícil, temos de ir para a rua também", defendeu a cartunista Laerte.

Os dois humoristas e a cartunista estiveram reunidos na noite de ontem (11) na sede do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, no centro, para o debate "Humor em tempos de cólera", promovido pelo Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé e revista Fórum. O encontro, no mesmo dia em que o Ministério Público de São Paulo solicitou em denúncia a prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por conta de suposta ocultação de patrimônio no caso do apartamento tríplex do Guarujá, acabou por se transformar também em um ato contra a arbitrariedade histórica, que quer incendiar as tensões sociais e políticas que dividem o país neste momento.

Para um auditório cheio, Duvivier sustentou que esse clima de ódio é fomentado. "As pessoas adotam termos de colunistas. O ódio é até industrializado, depois de ser muito fomentado. O ódio à esquerda sempre foi hegemônico no Brasil. Globo e Abril se uniram, não elegeram seu presidente, e agora fomentam o ódio. Eu vejo claramente o ódio de uma classe que não elege mais quem deveria. Essa adesão do paulista ao (Geraldo) Alckmin, mesmo depois que a água acabou (disse, ironizando a crise da água na capital), deve ser porque o paulista prefere viver sem água do que sem carro."

O que seria, portanto, um debate "filosófico" sobre o humor, recheado de piadas e sacadas irônicas, acabou ficando ao sabor da temperatura do dia, graças ao fato histórico e ao mesmo tempo trágico para a democracia no país.

Bemvindo disse que o clima de cólera no pais atravessa a história. "O humor tem o sentido da rebeldia, contra a norma, o que está estabelecido. É o riso no velório. Mas aqui no Brasil sempre vivemos tempos de cólera. O homem sente medo, alegria, tristeza e dor. O amor e ódio são culturais. São elaborados depois. O ódio é um demônio que se alimenta de ódio. Os religiosos só têm a palavra amor. E nós, de esquerda, pregamos o amor como base de uma sociedade justa. Ser cristão ou ateu é uma questão de vaidade. A cólera sempre existiu. Os anarquistas italianos foram expulsos do Brasil (no início do século 20). Também o Getúlio Vargas foi vítima da cólera, que foi comandada por Carlos Lacerda. Isso levou Getúlio ao suicídio."

"Esse pedido de prisão de Lula é um erro tático gigantesco. Vai ser uma cagada. É preciso lembrar que nunca houve um período democrático tão grande, já teria acontecido o golpe se a sociedade não estivesse mobilizada", comentou Duvivier.

Nenhum comentário:


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz