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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

12.10.10

Carta Maior - Flávio Aguiar - Maria Rita

Colunistas| 12/10/2010 | Copyleft
 

DEBATE ABERTO

Maria Rita

Maria Rita Kehl afrontou um dos dogmas da direita brasileira, o de que o voto dos pobres deve valer menos do que o dos ricos. Logo que eu soube do acontecido, escrevi para ela dando-lhe os parabéns, e sugerindo que ela pusesse em seu currículo algo como "colunista do Estadão de xx/xx/xxxx até 03/10/2010, demitida por delito de opinião".

Conheci Maria Rita Kehl em 1975, no Jornal Movimento.
Desde então fomos companheiros fiéis de várias aventuras jornalísticas.
Aprendi muito com ela.

Com seu estilo firme e claro de escrever. Com sua coragem de destoar. E de toar também. Com sua maneira autêntica de ser, de escrever, e de ler.
Maria Rita é radical, sem ser sectária. É livre. Desde sempre e para sempre.
Por isso não me surpreendeu que sua presença no Estadão acabasse como acabou: em expulsão.

Afinal, Maria Rita afrontou um dos dogmas da direita brasileira, o de que o voto dos pobres deve, sim, valer menos do que o dos ricos e remediados. Uma pregação que a UDN, a velha ou a neo, faz desde que em 1950 o povo reconduziu Getúlio Vargas ao poder.

E logo onde Maria Rita afrontou esse dogma! No bunker da Família Mesquita!

Imagino a cena: na diretoria (ou direitaria?) alguém se deu conta do que saiu nas páginas sacrossantas. Talvez tenha sido um telefonema de fora. Talvez alguém que tomou conhecimento pela repercussão na internet.

Não importa. Sem perda de tempo, as divisões Panzer foram acionadas contra a jornalista, com ajuda da Luftwaffe. Rajadas de metralhadora caíram sobre ela, e depois vieram as explicações mal enjambradas, querendo banalizar o mal feito. "Troca de colunistas", "coisa normal", "acontece"... etc. Mas a peneira não tapa o holofote: esse é o conceito de liberdade de imprensa e de expressão que a direita tem, e que reserva para o país.

Que vergonha!

Logo que eu soube do acontecido, escrevi para ela dando-lhe os parabéns, e sugerindo que ela pusesse em seu currículo algo como "colunista do Estadão de xx/xx/xxxx até 03/10/2010, demitida por delito de opinião".

Para ela, ficou tudo muito bem. Foi um tropeço. Para o jornal, a empresa, no fim de contas, um papelão. A questão pior, agora, fica para os demais colaboradores e colunistas do jornal – pelo menos para aqueles que não pretendam se pautar pela ordem unida da direita brasileira: o que fazer?

Claro que há questões de contrato, etc. Mas nessa vida tudo é passageiro, exceto o cobrador e o motorneiro.


Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4829

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz