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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

27.10.10

Folha de S.Paulo vai ao STF para conhecer processo de Dilma na ditadura

Folha de S.Paulo vai ao STF para conhecer processo de Dilma na ditadura

Celso Marcondes 25 de outubro de 2010 às 17:36h

Jornal paulista entra com ação cautelar no STF: quer conhecer antes das eleições o processo que levou Dilma à prisão durante regime militar

A Folha de S.Paulo anunciou na edição deste sábado 23 – pág. A11 – que protocolou uma ação cautelar no Supremo Tribunal Federal (STF) para que tenha acesso ao processo que levou Dilma Rousseff à prisão da ditadura militar em 1970.

Antes, o jornal encaminhou o pedido junto ao Superior Tribunal Militar (STM), mas o órgão suspendeu o julgamento por duas vezes. A Folha recorre agora ao STF porque tem pressa. Ela justifica a urgência dizendo que o conhecimento do caso é “atualidade do interesse público”. Continua: “já que a candidata pode se tornar a próxima presidente”. E arremata: “para os leitores conhecerem o passado de Dilma”.

É estranha esta ação do jornal. Todo Brasil já sabe que Dilma Rousseff ficou presa durante mais de dois anos nas masmorras da ditadura. Que foi barbaramente torturada e que pertencia a uma organização guerrilheira chamada VAR – Palmares. Já lemos inúmeras matérias com declarações de seus ex-companheiros de luta e até de ex-carcereiros.

Todo mundo já sabe também o que foi a ditadura militar no Brasil. E quem defende a democracia e a liberdade deve concluir que não deve ser motivo de desonra ser integrante da lista dos que tiveram coragem de resistir a ela.

As formas e métodos empregados pelos que o fizeram, assim como as organizações e grupos que formaram para o enfrentamento clandestino contra um inimigo de tamanho descomunal podem ser discutidos e criticados. Os caminhos encontrados foram dos mais distintos. É um debate que se trava há 40 anos no País, dezenas de livros foram publicados para avaliar erros e acertos dos que resistiram àqueles tempos bárbaros. Ele poderia ser continuado agora, durante a campanha, sem problemas. Poderíamos, por exemplo, discutir como reagiram aos militares Serra e Dilma, ambos integrantes das resistências ao arbítrio. Felizmente, nenhum dos dois candidatos tem em seu currículo a mancha do adesismo à barbárie.

Porém, o que a Folha insiste em saber agora, na última semana das eleições? Ela quer ler o processo escrito e assinado por militares que apoiaram o golpe de 64 ou juízes a seu serviço. Quer saber o que eles escreveram mais sobre a militância da provável futura presidenta do Brasil. Quer saber de quais ações ela é acusada de participar. Com detalhes.

Com estes dados em mãos, o que faria a Folha? Ela acreditaria no que ler nestes processos? Daria isso como verdade factual e divulgaria para seus leitores? E da Folha, posso supor, iria o assunto para outros jornais, para a tevê, para o rádio e a internet?

E na última semana de campanha – caso o STF responda de imediato a ação cautelar – que manchetes leremos na imprensa?

Já ouvi de amigos um ingênuo, mas compreensível, argumento: “é meu direito saber o que ela fez, não é?”. A eles, e à Folha, eu diria que sim, é seu direito saber o que Dilma fez. Mas não da boca ou dos escritos daqueles que construíram o período mais nefasto da nossa história. Estes deveriam ter sido julgados e condenados pelos crimes de lesa-humanidade que cometeram.

O Manual de Redação da Folha de S.Paulo ensina que o bom jornalista deve apoiar seus escritos em boas e confiáveis fontes. Querer reconstruir o passado de uma candidata à presidência da República com esta base e ainda recorrer ao STF para isso, não cheira nada bem. A alguns dias do pleito, então, nem se fala.

Celso Marcondes

Celso Marcondes é jornalista, editor do site e diretor de Planejamento de CartaCapital. celso@cartacapital.com.br

http://www.cartacapital.com.br/politica/folha-de-s-paulo-vai-ao-stf-para-conhecer-processo-de-dilma-na-ditadura

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz