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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

11.3.09

Campanha da Fraternidade 2009. Um olhar

A Campanha da Fraternidade de 2009, que aqui em Caxias do Sul começou antes do carnaval, nos convida a refletir sobre a violência. Não só aquela “violência cruel e jornalística” como os assaltos, assassinatos, drogas (lícitas e ilícitas), prostituição, inclusive de crianças, mortes no trânsito, trotes em novatos acontecendo em faculdades conceituadas, violência contra a mulher e a criança e outros e que precisarão ter amplo espaço em nossos debates para que possamos entender o porquê estes fatos acontecem e quais os caminhos poderão ser trilhados para sua diminuição.

Precisamos discutir estes assuntos com seriedade e cuidado para que as atitudes não comuns de bestialidade humana que volta e meia aparecem não sejam usadas para generalizar a violência ou as possíveis punições.

Temos também que debater outras formas de violência. Por exemplo, a violência econômica que faz aumentar cada vez mais as desigualdades não por falta de dinheiro, basta vez o que esta acontecendo pelo mundo. Como nos lembra o escritor português José Saramago “como custa tanto arranjar dinheiro numa emergência e, agora, de repente, saltam milhões! Onde estavam? Apareceram para salvar vidas? Não. Apareceram para salvar bancos.” Esta violência econômica existe porque deixamos o “fundamento principal que é a pessoa humana e passamos a ver somente o lucro” (Texto Base CF 2009, 65).

Temos ainda a violência ambiental onde a depredação da natureza com a contaminação do solo, da água do ar cria uma situação de insegurança para todos e como alertam os estudiosos a Terra não suporta mais tanta violência.

A violência cultural que faz com que seja aceito somente uma cultura dominante, quase sempre pasteurizada e consumista fazendo com que não se respeite outras formas de pensar, de demonstrar conhecimentos. Soma-se a isso a violência dos meios de comunicação que muitas vezes distorcem e manipulam os fatos, a violência política da corrupção e de quem não aceita o contrário, a violência religiosa capaz de aprisionar as pessoas numa fé enganadora, machista e reduzida ao culto.

Todas estas e outras tantas formas de violência criam em nós um grande sentimento de medo e a sensação no dizer do escritor uruguaio Eduardo Galeano que vivemos num mundo “enamorado da morte e único mundo possível de se viver onde os horrores praticados são simplesmente chamados de erros”.

Somos chamados a refletir sobre a violência, mas também para contribuirmos na superação destas violências com a “esperança rebelde que rejeita o conformismo e a derrota” (Casaldáliga) através da promoção da paz, de um mundo de justiça. Com o lema “a paz é fruto da justiça” (Is 32,17) somos chamados a avançar para construirmos a paz através de um mundo alicerçado na justiça. Por isso é necessário que ampliemos nosso conceito de justiça. Para contribuir no debate trazemos presente dois conceitos de justiça.

Para o Cardeal Carlo Martini, em seu livro Diálogos noturnos em Jerusalém – Sobre o risco da fé - justiça significa “comprometer-se com os desprotegidos, intervir de forma ativa e ofensiva por uma convivência onde todos vivam em paz.”.

Em seu livro A profecia na Igreja o padre José Comblin nos trás o seguinte: “O conceito de justiça da Bíblia é diferente do conceito habitual dado por nossa sociedade. Hoje, justo é quem respeita os contratos, compra e vende nos preços do mercado. Para os profetas, justiça é libertar os oprimidos, ajudar os necessitados, levantar os pobres. A justiça no sentido moderno prescinde da distinção entre ricos e pobres, entre opressores e oprimidos. Presume que todos os seres humanos são iguais, têm força igual e se respeitam mutuamente nos seus direitos. A Bíblia parte da realidade: a desigualdade entre ricos e pobres. A realidade é que os ricos exploram os pobres. A realidade é que os pobres não têm condições para defender os seus direitos”.

Talvez aqui estejam conceitos um pouco diferentes dos quais somos acostumados a ouvir, mas não tenhamos medo em querer aprofundar este tema e avançar em nossas ações, afinal “a paz e a segurança, mais do que discursos ou conjunto de propostas, deve constituir-se em mentalidade que determine o modo de pensar e de agir de todas as pessoas: deve ser expressão de uma cultura” (Texto Base CF 2009, 242).

O que é justiça? O que é Paz? Porque temos tantos presos sem julgamento e pouquíssimos que nem chegam perto de uma cadeia porque conseguem “privilégios”? Por que a paz é tão difícil de conseguir e tantos interessados que ela não chegue? Por que tantos pobres e tanto dinheiro aparecendo? Por que tantas doenças com a medicina avançando tanto? Por que tanta programação televisiva com forte apelo à violência e ao sexo?

“É vão punir sem superar desigualdades; é ilusão só exigir sem antes dar. Só na justiça encontrarás tranqüilidade; não violência é jeito novo de lutar” (Trecho do Hino da Campanha da Fraternidade 2009).

José Antonio Somensi (Zeca)

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz