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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

15.9.15

Os jornais, o ódio fabricado e a terceirização do ridículo

14/09/2015 - Copyleft 
Laurindo Lalo Leal Filho

Os jornais, o ódio fabricado e a terceirização do ridículo

O país tem poucos jornais. E ainda assim sempre estampam as mesmas e manchetes. A sociedade, que embora passe longe deles, acaba atingida pelo ódio que fabricam


Artigo publicado na edição de setembro de 2015 da Revista do Brasil.
 

Houve época no Brasil em que a oferta diária de jornais passava de uma dezena. 
 
Embora a maioria estivesse alinhada com interesses conservadores, existiam alternativas. 
 
Basta lembrar a Última Hora, de Samuel Wainer, comprometida com a defesa de causas populares.
 
Hoje os jornais são poucos e quase sempre iguais. 
 
É comum vermos em determinados dias fotos e manchetes idênticas estampando suas capas. 
 
Mesmice que acompanha os conteúdos, unificados em linhas editoriais voltadas para fustigar diariamente o governo federal.
 
Mas evitam ultrapassar certa linha de ataques que os levaria ao ridículo. 
 
Afinal tem uma aura de seriedade que precisa ser preservada. 
 
Para escapar dessa encruzilhada abrem espaço para que terceiros digam o que eles gostariam de dizer.
 
Nos editoriais, onde se expressa a "voz do dono" surgem por vezes argumentos ponderados em defesa das instituições democráticas e de respeito aos resultados eleitorais. 
 
É a seriedade oferecida como álibi para dar a leitores radicalizados e personagens opacos os espaços necessários para as suas diatribes contra o governo, os movimentos populares e mesmo as instituições republicanas. 
 
As seções de cartas dos leitores são um espaço muito mais nítido que os editoriais para conhecermos o que pensam os donos do jornal sobre determinado assunto.
 
Alguns só publicam cartas que dizem o que lhes interessa, outros tentam disfarçar com mensagens divergentes, sempre em número e contundência menor que as outras.
 
Nas reportagens a escolha das fontes é primorosa. 
 
Da noite para o dia surgem "lideres" de movimentos cujas origens e sobrevivência são obscuras.
 
Ganham espaços generosos no noticiário porque dizem o que os jornais querem falar mas não têm coragem. 
 
Não voltariam, por exemplo, a acenar com o fantasma do comunismo, mas deixam que seus entrevistados o façam à vontade.
 
Nem fazem a apologia escancarada do impeachment da presidenta, sabedores da sua inconsistência jurídica, mas colocam essa palavra na boca dos seus personagens e fazem questão de destacá-la nas fotos das manifestações conservadoras. 
 
Para não falar dos defensores da "intervenção militar", igualmente abrigados nos jornais por textos e imagens. 
 
O crime contido na mensagem raramente é mencionado.
 
Não vale relativizar tudo isso dizendo que pouca gente lê jornais. 
 
É verdade que as tiragens no Brasil são baixíssimas mas as mensagens impressas vão muito além da leitura do jornal. 
 
Elas reverberam pela internet, onde os sites de noticias que as reproduzem são os mais acessados.
 
Espalham-se pelas emissoras de rádio, tanto nas noticiosas como nas de entretenimento. 
 
As primeiras usando as notícias para a elaboração de suas pautas, indo atrás dos personagens dos jornais, para por no ar vozes até então desconhecidas. 
 
As outras, encaixando entre músicas, receitas e aconselhamentos pessoais a leitura do noticiário impresso, feita de forma sedutora, quase sempre coloquial. 
 
São os chamados comunicadores populares falando para milhões de ouvintes diariamente através do rádio.
 
Na televisão, esse aparelho que mesmo que não queríamos somos obrigados a ver em salas de espera, bares, restaurantes e outros lugares públicos, lá estão os telejornais e seus comentaristas repercutindo aquilo que está estampado nos jornais.
 
Para não falar das bancas nas ruas, onde transeuntes se juntam para ler e, às vezes, comentar as manchetes. 
 
Assim como dos outdoors e dos painéis nos pontos de ônibus e nas TVs dentro deles e dos vagões dos metrôs, mostrando as capas de revistas transformadas em peças de propaganda política fora do período eleitoral.
 
Resultado de tudo isso: a grande maioria da sociedade mesmo passando longe dos jornais impressos é por eles impactada absorvendo o ódio que destilam contra governos e partidos populares, vociferado em manifestações de rua e nas redes sociais. 
 
A linha editorial desses jornais é responsável também pela exacerbação da crise econômica fazendo com que muitas pessoas, mesmo imunes à ela, sintam-se atingidas. 
 
Os agentes econômicos se retraem, a crise se acentua e o país todo sofre as consequências. 



http://cartamaior.com.br/?%2FColuna%2FOs-jornais-o-odio-fabricado-e-a-terceirizacao-do-ridiculo%2F34485 



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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz