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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

11.9.13

Chile: 40 anos


10/09/2013

Chile: 40 anos

No dia 4 de setembro de 1970, o Chile elegeu a Salvador Allende, apoiado na aliança socialista-comunista, para ser presidente, por um mandato de seis anos, com um programa socialista. O centro do programa era a nacionalização dos 150 maiores conglomerados econômicos, o que na prática significaria expropriar o eixo fundamental do grande capital nacional e estrangeiro no Chile.

Porém, Allende foi eleito com 36% dos votos, o que obrigava a que fosse referendado pelo Congresso, além de revelar que seu programa radical tinha o apoio de pouco mais de 1/3 dos chilenos apenas. O primeiro problema foi contornado – legalmente – com o apoio da DC no Parlamento, e ao custo de um compromisso pelo qual Allende obedeceria a sequência de promoções previstas nas FFAA chilenas.

O segundo problema nunca seria resolvido. Nas ultimas eleições antes do golpe, já em 1973, a aliança da Unidade Popular chegou a 44% dos votos, com uma subida em relação à votação de 1970, mas que revelava que, já praticamente no meio do mandato, Allende não tinha sequer o apoio da metade dos chilenos.

Havia uma trava a mais: um mecanismo conservador da institucionalidade chilena, pelo qual o Parlamento era eleito no meio do mandato presidencial, quando já havia um certo desgaste do presidente, dificultando mais ainda uma mudança política radical a partir de um processo eleitoral.

A questão da hierarquia militar era considerada pela DC o fulcro último a defender, no marco geral da institucionalidade existente, para impedir que transformações, como as propostas pela UP, fossem levadas adiante. Como sempre acontece nos Estados burgueses, as FFAA eram a reserva última da manutenção da dominação.

A dificuldade da UP de conquistar o apoio da esquerda da DC – que havia feito uma campanha presidencial sumamente progressista com seu candidato Radomiro Tomic – foi a condenação a não conseguir maioria parlamentar e, tão ou mais importante, o apoio da expressiva classe média chilena. Essas duas dificuldades acompanhariam Allende até o golpe, somadas ao cerco institucional – tanto do Parlamento quanto do Judiciário – e do cerco econômico e político internacional, promovido pelo governo de Nixon-Kissinger (este declarou, em reunião na Sala Oval da Casa Branca, com o presidente dos EUA e com Agustin Edwards, o dono do mais importante jornal conservador do Chile, El Mercurio: “Temos que salvar os chilenos da sua própria loucura”).

O governo chileno foi, assim, a tentativa de colocar em prática um programa que, além das travas estruturais do Estado, não detinha maioria na população do Chile. O governo não recuou oficialmente do seu programa socialista, mas só conseguiu a nacionalização do cobre e das telecomunicações, em mãos de empresas estadunidenses. Não dispunha de maioria paramentar para avançar mais.

Quando se iniciou o boicote econômico do grande empresariado, e os trabalhadores tomavam empresas, dando continuidade ao seu funcionamento, a medida era imediatamente questionada pelo Congresso e pelo Judiciário, que impunham a expulsão dos trabalhadores das empresas ocupadas. Conforme o governo não cumpria a decisão, o Parlamento derrubava sucessivamente vários ministros do Interior, mas não se resolviam as ocupações, que seguiam, com o questionamento parlamentar e judicial ao governo.

Conforme os locautes empresariais se multiplicavam, gerando situação generalizada de desabastecimento, a direita passou a mobilizar a movimentos de mulheres soando caçarolas, mobilizações que depois se estenderam à casa de militares fieis a Allende para criar-lhes constrangimentos.

A direita – o Partido Nacional, direita tradicional, aliado à DC – fez uma última tentativa de um golpe branco, buscando conseguir 2/3 do Congresso nas eleições parlamentares do começo de 1973. Conforme a UP conseguiu 44% e inviabilizou essa alternativa, restou o golpe militar.

Em junho houve uma primeira tentativa de golpe, em que testaram também o tipo de reação da esquerda. Os principais dirigentes dos dois partidos – PS e PC – imediatamente buscaram refúgio em embaixadas, revelando que não tinham disposição de resistir a um golpe, facilitando as coisas para que, menos de três meses depois, há exatamente 40 anos, se desse o golpe definitivo, que terminou violentamente com a primeira experiência de construção do socialismo por vias institucionais.


Postado por Emir Sader - 10.09.2013 às 06:13

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz