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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

23.6.13

MOBILIZAÇÃO ASSUMIU TRAÇOS ANTI-DEMOCRÁTICOS

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Em artigo intitulado "Entre democracia e fascismo", Paulo Moreira Leite diz que manifestações assumiram "outra fisionomia"; defesa da extinção dos partidos, bandeira do movimento negro rasgada e até faixas com caráter golpista, pedindo "intervenção militar já", são alguns exemplos; baderna, em sua fase atual, quer travar a democracia, diz o colunista da Istoé

23 DE JUNHO DE 2013 ÀS 10:57

247 - A mobilização hoje nas ruas assumiu outra fisionomia, escreve o jornalista Paulo Moreira Leite, em sua coluna na revista Istoé. "Seus traços anti-democráticos acentuados", diz ele. A defesa pela extinção de partidos políticos, a destruição de uma bandeira do movimento negro e até a defesa de uma intervenção militar são alguns exemplos disso. "O conflito é esse: democracia ou fascismo".

Leia abaixo a íntegra do artigo, publicado no site da Istoé:

Entre democracia e fascismo

O movimento de caráter semi-insurrecional que vemos no país de hoje exige uma reflexão cuidadosa.

Começou como uma luta justíssima pela redução de tarifas de ônibus.

Auxiliada pela postura irredutível das autoridades e pela brutalidade policial, esta mobilização transformou-se numa luta nacional pela democracia.

Se a redução da tarifa foi vitoriosa, a defesa dos direitos democráticos também deu resultado na medida em que o Estado deixou de empregar a violência como método preferencial para impor suas políticas.

Mas hoje a mobilização assumiu outra fisionomia.

Seu traços anti-democráticos acentuados. Até o MPL, entidade que havia organizado o movimento em sua primeira fase, decidiu retirar-se das mobilizações.

Os manifestantes combatem os partidos políticos, que são a forma mais democrática de participação no Estado.

Seu argumento é típico do fascismo: "povo unido não precisa de partido."

Claro que precisa. Não há saída na sociedade moderna. Às vezes, uma pessoa escolhe entrar num partido. Outras vezes, é massa de manobra e nem sabe.

A criação de partidos políticos é a forma democrática de uma sociedade debater e negociar interesses diferentes, que não nascem na política, como se tenta acreditar, mas da própria vida social, das classes sociais.

Em São Paulo, em Brasília, os protestos exibiram faixa com caráter golpista.

"Chega de políticos incompetentes!!! Intervenção Militar Já!!!"

No mesmo movimento, militantes de esquerda, com bandeiras de esquerda, foram forçados a deixar uma passeata na porrada. Uma bandeira do movimento negro foi rasgada.

A baderna cumpre um papel essencial na conjuntura atual. Reforça a sensação de desordem, cria o ambiente favorável a medidas de força – tão convenientes para quem tem precisa desgastar de qualquer maneira um bloco político que ocupa o Planalto após três eleições consecutivas.

A baderna é uma provocação que procura emparedar o governo Dilma criando uma situação sem saída.

Se reprime, é autoritária. Se cruza os braços, é omissa.

Outro efeito é embaralhar a situação política do país, confundir quem fala pela maioria e quem apenas pretende representá-la.

É bom recordar que a maioria escolhe seu governo pelo voto, o critério mais democrático que existe.

Nenhum brasileiro chegou perto do paraíso e todos nós temos reivindicações legítimas que precisam de uma resposta.

Também sabemos das mazelas de um sistema político criado para defender a ordem vigente – e que, com muita dificuldade, através de brechas sempre estreitas, criou benefícios para a maioria.

Olhando para a maioria dos brasileiros, aqueles que foram excluídos da história ao longo de séculos, cabe perguntar, porém: os políticos atuais são incompetentes para quem, mascarados?

Para a empregada doméstica, que emancipou-se das últimas heranças da escravidão?

Para 40 milhões que recebem o bolsa-família?

Para os milhões de jovens pobres que nunca puderam entrar numa faculdade? Para os negros? Quem vive do mínimo?

Ou para quem vai ao mercado de trabalho e encontra um índice de desemprego invejado no resto do mundo?

Mascarados que arrebentam vidraças, incendeiam ônibus e invadem edifícios trabalham contra a ordem democrática, onde os partidos são legítimos, as pessoas têm direitos iguais – e o poder, que emana do povo, não se resolve na arruaça, pelo sangue, mas pelo voto.

É óbvio que a baderna, em sua fase atual, não quer objetivos claros nem reivindicações específicas. Não quer negociações, não quer o funcionamento da democracia. Quer travá-la.

Enquanto não avançar pela violência direta, fará o possível para criar pedidos difusos, que não sejam possíveis de avaliar nem responder.

O objetivo é manter a raiva, a febre, a multidão eletrizada.

É delírio enxergar o que está acontecendo no país como um conflito entre direita e esquerda. É uma luta muito maior, como aprenderam todas as pessoas que vivenciaram e estudaram as trevas de uma ditadura.

A questão colocada é a defesa da democracia, este regime insubstituível para a criação do bem-estar social e do progresso econômico.

O conflito é este: democracia ou fascismo. Não há alternativa no horizonte.

Quem não perceber isso está condenado a travar a luta errada, com métodos errados e chegar a um desfecho errado.


http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/106265/'Mobiliza%C3%A7%C3%A3o-assumiu-tra%C3%A7os-anti-democr%C3%A1ticos'.htm


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz