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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

2.7.12

Panis et circenses | anahifros

Panis et circenses

Image

Outras imagens da ciclofaixa aqui.

Bom, vamos ao resumo da ópera. Ou ao relato da percepção da inauguração, no dia 1º de julho, da tão falada ciclofaixa caxiense, após utilizá-la. Começo deixando claro que esta é a visão de alguém que utiliza diariamente a bicicleta como meio de transporte, e não para lazer. É uma bike simples, mas que me carrega de casa ao trabalho, bem como a mim e meu filho menor à escola. Os motivos de escolher essa forma de locomoção? É viável, está prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é uma energia totalmente limpa, não sofre com impostos, como IPVA, nem custos com combustíveis, portanto, não polui, e ainda faço deste um planeta melhor, dentro da máxima "um carro a menos". Bicicleta é um modal, e deve passar a ser tratada como tal. Sobre a ciclofaixa, que fica muito próximo ao local onde moro e seria extremamente útil em dias de semana, reforço algumas coisas que havia visto antes, também tomando como base a opinião de outros cicloativistas, pontuando o que segue:

- Esquecendo que é ano de eleição, esquecendo que a bicicleta tem sido pauta nacional das mídias de massa, digamos que a intenção da administração e dos vários pais e até mãe da obra tenha sido boa em criar essa via: se é uma faixa de lazer, como divulgado mais tarde, porque foi feita no meio de uma perimetral, via de acesso rápido, sem arborização, e lado a lado com veículos, sabidamente, poluentes? Fotos deixam claro que, enquanto você ou seus filhos pedalam sem poluir, os carros ao seu lado jogam a fumaça nos ciclistas;

- Houve alguns flagrantes de desrespeito, como um motoqueiro que invadiu a toda velocidade a ciclofaixa, percorrendo pelo menos um quilômetro da mesma sem ser parado, pois não havia fiscal de trânsito naquele momento no local. Os próprios fiscais, em motos, acabavam entrando na via, em um momento estavam tão próximos a duas meninas que pedi para diminuírem velocidade e se afastarem delas. Até um ônibus da Visate invadiu a ciclovia, assim como relatos de automóveis. Sim, aqui a questão é de conscientização, e talvez tenha faltado, por parte da prefeitura, entregar folhetos aos motoristas explicando sobre o espaço e a necessidade de respeitar o ciclista. Quem sabe até falar sobre mobilidade urbana e a incapacidade da cidade em receber mais carros. Ficou claro em diversos momentos o perigo a que se está exposto.

- Por que permitir o acesso ao local somente dois domingos por mês? São 24 dias em 365 dias no ano. Fez a conta do que isso significa em uma cidade que não tem espaço para bicicletas?

- A ciclofaixa não é uma obra de mobilidade urbana. Seria se levasse as pessoas de um destino para outro diferente.

- O local é de difícil acesso para quem vem do centro e outros bairros, portanto, será preciso levar as bicicletas de carro para lá (um contrasenso). Ou não ir.

- Nestes 24 dias do ano onde haverá ciclofaixa, será preciso, toda vez, chamar a equipe convocada para a primeira edição, dividida em dois turnos, cerca de 20 pessoas na soma, espalhadas pela via?

- Se houvesse sido planejada e construída uma ciclovia, diferente de uma ciclofaixa, e ao lado esquerdo da pista, não haveria a necessidade de convocar tantas pessoas da administração para os dias de funcionamento. Espaço para construir uma via protegida, há, vide a largura do canteiro central em vários trechos. Não importa se iria demorar mais para ficar pronto, ao menos seria bem feito e longevo, bem como uma ótima alternativa para quem passa todos os dias, ou em vários deles, pela região. Dica: Carlos Barbosa tem uma ciclovia há anos, um ótimo exemplo a ser seguido.

- Para quem anda de bicicleta, de que adianta uma ciclofaixa em um canteiro central, que vai de nada a lugar nenhum, em dois domingos ao mês?

- Escutei dois ciclistas super equipados, com características de esportistas de final de semana, dizendo que não era necessário deixar o trânsito fechado até as 17h, que até as 14h bastaria, o que prova que nem todos que estão sobre uma bicicleta são cicloativistas, ou seja, não se preocupam com a coletividade ou uma cidade melhor, assim como nem todo biólogo é ecologista.

- Um amigo escutou que havia ciclistas reclamando que será necessário fechar um trecho para quem quer treinar, impedindo quem busca o local para passear de acessar alguns deles, ou seja, limitando o acesso de "bicicleteiros comuns".

- Pelo grande número de ciclistas presentes durante todo o dia, ficou claro que a cidade merece mais, e algo melhor. As crianças, principalmente, deveriam pedalar em um ambiente agradável, verde, sem estarem expostas à já mencionada poluição.

- E, por último, que fique claro: reclamar de uma obra não subentende desmerecê-la totalmente ou não gostar da cidade onde se vive. Ao contrário, o que mais se quer é que ela seja cada vez melhor. Para tanto, as ações deveriam ser debatidas com a coletividade, para atender a todos, e não a um pequeno grupo. Há mais de um ano, a Massa Crítica sai da frente da prefeitura, toda última sexta-feira do mês, reunindo, em média, 150 ciclistas. Dizer que não se sabia da existência do movimento e seus integrantes não convence. Aliás, dia 27 de julho tem nova Bicicletada. O que esse grande grupo que mostrar, ao ocupar parte das ruas centrais da cidade, é que o ciclista, seja ele o que usa a bicicleta como meio de transporte, seja ele esportista, tem direito de se locomover por todas as vias do município. Afinal, como dita a máxima do movimento mundial, "Nós não atrapalhamos o trânsito, nós somos o trânsito".

Este talvez não seja meu mais brilhante texto, mas expõe uma necessidade de quem utiliza cotidianamente a bicicleta, um apelo por uma cidade melhor para se viver.

Anahi Fros, jornalista e cicloativista

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz