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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

30.4.07

Manifestação das Pastorais Sociais da Diocese de Caxias do Sul no dia 1º de maio

MUDANÇAS QUE ESTÃO ACONTECENDO NO TRABALHO...
O que é a EMENDA 3? [1] Se a Emenda 3 for aprovada, uma nova lei vai impedir os fiscais do Ministério do Trabalho, da Refeita Federal e da Previdência de punir empresas que praticam as seguintes fraudes contra os trabalhadores: - não assinam a Carteira de Trabalho de seus funcionários - obrigam esses funcionários a abrir firma e a emitir nota fiscal, como se eles fossem grandes empresas prestadoras de serviço e não trabalhadores - a empresa não paga o salário se o funcionário não emitir nota fiscal - se o trabalhador acha ruim, é dispensado. O trabalhador que é forçado a se tornar pessoa jurídica (PJ) e a emitir nota fiscal, como se fosse uma empresa, deixa de receber 13º, férias remuneradas, FGTS, vale-transporte, vale refeição, assistência médica e aposentadoria. Além de perder esses direitos, continua recebendo os mesmos salários que tinha antes e é obrigado a bancar do próprio bolso as passagens de ônibus, o almoço e até o INSS, se quiser se aposentar quando ficar mais velho. E todo o mês precisa pagar imposto de renda, impostos para a prefeitura da cidade e ainda pagar salário para um escritório de contabilidade. Isso já acontece em diversas empresas. Trabalhadores de diferentes categorias já fazem isso, porque se não fizerem são demitidos.
Qual é o significado da EMENDA 3? É uma alternativa encontrada por muitos empregadores para burlar a legislação trabalhista, para não pagar os encargos sociais e os direitos trabalhistas. A contratação segue as regras de um contrato comercial e não trabalhista. Muitas vezes, é resultado de um acordo entre o empregador e o trabalhador pessoa jurídica, (que tende a ganhar um pouco mais. Mas quem leva o prejuízo é a sociedade ao comprometer as fontes de financiamento da seguridade social e de outras políticas sociais e, também, o trabalhador que fica sem proteção social. Tendências recentes das relações de emprego no Brasil A tendência de flexibilização das relações trabalhistas[2] é um elemento constitutivo da atual ordem econômica neoliberal. Nessa ordem, a regulação pública é fragilizada e o trabalho tende a ficar mais exposto a uma determinação via mercado, vindo a transformar-se numa mercadoria como qualquer outra. Apesar do novo discurso de gestão de pessoal, os trabalhadores estão submetidos à lógica do capitalismo flexível, em que impera a incerteza, a insegurança e a segmentação (Sennett, 1999). A flexibilização traz, entre outros, os seguintes impactos no mundo do trabalho: 1) os trabalhadores são submetidos a uma permanente tensão, em que as suas competências e capacidade de trabalho são permanentemente colocadas em xeque; 2) o trabalho em ritmo intenso, as múltiplas exigências, combinadas com a cobrança de um novo tipo de comportamento e atitude emocional, provocam a emergência de novas doenças do trabalho (estresse, burnout, pânico, depressão, angústia, ansiedade, hipertensão arterial etc); 3) há uma segmentação cada vez mais nítida entre os que alcançam postos de trabalho; melhor remunerados e os que estão disponíveis no mercado para exercer qualquer atividade; 4) busca-se fragilizar os sindicatos e reduzir o seu papel, assim como o das instituições do Estado, na regulação pública e geral do mercado de trabalho; 5) as negociações tendem a descentralizar-se para o local de trabalho; 6) o processo de racionalização, embutido na política de flexibilização tende, ao contrário do que propagam os seus defensores, a agravar o problema do desemprego ao promover uma distribuição desigual do trabalho; 7) o tempo econômico sobrepõe o tempo social. É a busca incessante por transformar tudo em tempo produtivo, desconsiderando todas as suas implicações na vida pessoal e na estruturação da sociedade contemporânea. A flexibilização fica evidente nas novas formas de 'contratação': a) crescimento da informalidade, que continua crescendo desde os anos 90, especialmente o trabalho sem registro em carteira; b) o avanço progressiva da contratação atípica, que é a contratação por prazo determinado, temporário, em que os trabalhadores/as têm menos direitos; c) a facilidade que o empregador tem em despedir, fazendo que a rotatividade do trabalho seja uma das mais altas no mundo; d) recuo dos direitos trabalhistas e avanço da relação de emprego disfarçada ou simulada na contratação como Pessoa Jurídica, no trabalho estágio, nas coopergatos e nos autônomos proletarizados e; e) a terceirização, que avançou muitíssimo e constitui-se em uma das principais formas de contratação, com uma redução de 50% na remuneração do trabalhador, conforme dados do Sindicato dos Trabalhadores Terceirizados de São Paulo. Na 'organização do tempo’ de trabalho vemos os seguintes fenômenos: 1) a eliminação do dia de descanso no domingo; 2) a modulação da jornada de acordo com as necessidades da empresa, fazendo com que as pessoas fiquem mais a disposição da empresa; 3) a intensificação do trabalho e eliminação dos tempos mortos, com uma sofisticação do mecanismo de controle, o que significa que as pessoas trabalham muito mais; 4) a cada vez mais tênue diferença entre o tempo social (pessoal, da família, do descanso: do não trabalho) e o tempo de trabalho, fazendo que as pessoas precisem levar trabalho para casa. É o tempo econômico subordinando o tempo de vida das pessoas.[3]
Em relação aos mecanismos de 'remuneração': A principal novidade é o avanço da remuneração variável e individualizada, em que as pessoas ganham de acordo com o seu desempenho individual, do grupo e da empresa.
FLEXIBILIZAÇÃO: São alterações nas relações
de emprego que aprofundam,
a insegurança, a diferenciação
social e a precariedade.
Caminhamos para uma sociedade da total precarização na realidade do trabalho? A tendência atual é avançar a precariedade e a insegurança do trabalho. Mas, como a flexibilização é fruto de uma construção social e histórica, ela pode ser alterada. A lógica da flexibilização está combinada com o capitalismo flexível e financeirizado. Acreditar na irreversibilidade da precarização é sepultar a perspectiva da transformação social. Pois, no fundo, o padrão de regulação do trabalho tem relação direta com o tipo de sociedade que se pretende construir. A reversão da lógica atual pressupõe pensar a estruturação de uma sociedade sob outras bases. Necessitaremos ficar atentos para não permitir que ocorra um desmoronamento dos direitos, pois qualquer regulamentação que legitime essa perspectiva é um grande retrocesso, pois significa legalizar uma fraude e fragilizar os direitos, a proteção social e as fontes de financiamento da seguridade social.

ORIGEM DO 1º DE MAIO:

Em 1886, cento e vinte e um anos atrás, em Chicago, Estados Unidos, uma greve pelas 8 horas de trabalho, recheada de muita luta, repressão, mortes e injustiças, entrou para a história.

ESCOLA DE FORMAÇÃO FÉ POLÍTICA E TRABALHO e

PASTORAIS SOCIAIS DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL – RS
[1] Ao aprovar a Lei da Super-Receita (6.272/05), o Congresso também aprovou, de carona, uma emenda à Lei nº 10.593/2002, que regulamenta o trabalho dos fiscais da Receita, da Previdência e do Trabalho. A emenda 3 à Lei n.º 11.457/07 foi rejeitada (vetada) pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. [2] Fonte: www.unisinos.br/ihu, fragmentos da entrevista com José Dari Krein. [3] Além disso, existem dois outros fenômenos. Um é histórico e continua a se reproduzir que é a grande quantidade de horas extras. O Outro foi a diversificação nas formas de organizar os rumos de trabalho, na perspectiva de ajustar a jornada à realidade de cada setor ou empresa e de burlar a legislação dos turnos ininterruptos das 6 h diárias.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz