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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

23.12.16

Vivemos paradoxos incríveis!

Vivemos paradoxos incríveis!

Pedrinho Guareschi*


O que estou pensando?
Como sempre, posto isso apenas como quase um dever de consciência...tenho medo que um dia me cobrem...os mais chegados, com quem interagimos. Partilho humildemente. 
Está cada vez mais difícil responder a certas perguntas que me fazem quase todo dia: O que está acontecendo? Não é possível! Respondo apelando para dois termos, ainda muito precários, para expressar essa situação absurda: perplexidade e pasmo. Vivemos paradoxos incríveis!
Gostaria de refletir aqui sobre dois pontos que me trazem um pouco de luz e paz:


O primeiro: fico feliz ao ver diversas fotos que estão bombando na Internet mostrando uma Dilma sorridente, tranquila, feliz, de bem com a vida. Inclusive aquele vídeo que explodiu na rede em que se pede a ela desculpas (https://goo.gl/jR1Cbt). Merece ver. Concordo. Precisamos pedir desculpas. Interpreto o que aconteceu com ela na dimensão do mistério. E do mistério pascal: alguém precisa morrer para que MUITOS vivam. Sempre foi assim. A redenção de um povo, uma comunidade, não vem de graça. Alguém precisa morrer para que muitos tenham vida. Olhem a história. Lembrando figuras familiares: Tiradentes, Gandhi, Mandela (passei 12 dias no centro da África no mês passado e senti a reverência religiosa das multidões a esse homem martirizado), o próprio Getúlio, e agora essa mulher intrépida, jovem que arriscou a vida para libertar seu povo, caluniada, agredida, odiada (horrível!), mas que desponta inocente, bela, sorridente, feliz... Renasce formosa sobrepujando uma matilha de cães, acusadores sem razões, hipócritas, sepulcros caiados... o mistério (pascal) nos ajuda a entender.


O segundo ponto que arrisco comentar é uma reflexão que me persegue nas últimas semanas: esse fenômeno surpreendente que alguns chamam de "pós-verdade". O Oxford English Dictionary chegou a colocar esse termo como a palavra do ano. Que se pretende significar? Quando não conseguimos "explicar" o fenômeno, damos exemplos: o caso do Brexit da Inglaterra, os colombianos votando contra o acordo de paz com a FARC, os americanos escolhendo Trump... e eu acrescentaria: aqueles deputados esbanjando hipocrisia votando pelo 'impeachment', senadores empedernidos, duros como pedras, onde razões nada valiam, mu(o)ros impenetráveis... Agora se vê quem são! Como entender? Pois aí algo da "pós-verdade": os fatos objetivos de nada servem, apela-se à emoção (ódio?). E o papel fundamental de uma mídia servil, comprometida com a Casa Grande, repetindo notícias interesseiras, até mesmo invenções, meias-verdades bombardeadas e impingidas sobre uma população quase indefesa. E assim constroem-se as "pós-verdades"...



Publicado no perfil pessoal facebook de 

Pedrinho Guareschi, em 20/12/2016.


* Pedrinho Guarechi é graduado em Filosofia, Teologia e Letras; pós-graduado em Sociologia; mestre e doutor em Psicologia Social; pós-doutor em Ciências Sociais em duas universidades (Wisconsin e Cambridge); pós-doutor em Mídia e Política na Università degli studi 'La Sapienza'; professor na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul); seus estudos, pesquisas e experiências focalizam a Psicologia Social com ênfase em mídia, ideologia, representações sociais, ética, comunicação e educação; conferencista internacional.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz