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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

18.8.09

Boal está vivo!

Colunistas| 03/05/2009 | Copyleft
 

DEBATE ABERTO

Boal está vivo!

Boal detestava a mediocridade, o servilismo e o silêncio dos que fingem que não vêem o que se passa. Era um homem direto e franco, sem jamais perder a ternura dos bons. Certamente, depois de morto, será ainda mais reconhecido, na nossa trágica tradição de valorizar mais os mortos do que os vivos.

Canalhas de todo o mundo não fiquem alegres. Boal está vivo! Vocês que torturaram o seu corpo, que infamaram seu trabalho, jamais venceram ou vencerão. Podem causar danos, adiar projetos, mas não conseguirão impedir que exista espaço para gente talentosa e com forte postura ética. Pobres de vocês, que jamais serão conhecidos pela honestidade e pela solidariedade com os demais membros da espécie humana.

É verdade que ele se foi, que não mais o veremos no plano físico, entretanto, ele jamais morrerá no coração de todos os oprimidos da face da Terra. Os seus 78 anos bem vividos foram suficientes para ele dizer a que veio e deixar um legado imortal de um brasileiro, carioca, suburbano, revolucionário e doce como goiabada.

Vocês que nunca o compreenderam e nem fizeram questão de melhor conhecê-lo, não sabem o que perderam. Pessoas como ele não existem em cada esquina. Simples, profundo e companheiro de todos que possuem o espírito livre e a consciência no lugar. Boal jamais foi arrogante como vocês. Nunca disse que sabia mais do que ninguém. Não precisava de marketing pessoal e nem de tietagem comercial.

Sua presença bastava e se impunha por si só, em tudo o que fazia no Brasil e no exterior. Deixou uma legião de admiradores e formou gerações de pessoas interessadas em contribuir para a construção de sociedades mais justas. Sua fama correu mundo, bem como o respeito pelo seu trabalho. Nada pedia pelo que fazia. Recebeu até poucas homenagens, considerando a grandeza de sua intervenção no mundo da vida.

Certamente, depois de morto, será ainda mais reconhecido, na nossa trágica tradição de valorizar mais os mortos do que os vivos. Não importa. Ele era o próprio teatro, e ele continuará a usar suas peças e, sobretudo, seu método e seus infindáveis ensinamentos. Estes retiravam material da alegria de estar vivo e de olhos abertos. É verdade, Boal detestava a mediocridade, o servilismo e o silêncio dos que fingem que não vêem o que se passa. Era um homem direto e franco, sem jamais perder a ternura dos bons.


Luís Carlos Lopes é professor, autor do livro "Culto às Mídias", dentre outros.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz