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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

21.4.08

Socialistas chegam ao poder no Paraguai

20/4/2008 23:10:55

Por Redação, com agências internacionais - de Assunção

Os primeiros resultados parciais da eleição realizada neste domingo no Paraguai revelam a vitória do ex- bispo da Igreja Católica Fernando Lugo, candidato da oposição pela Aliança Patriótica para a Mudança (APC, na sigla em espanhol), com 40,37% dos votos (506.268). No total, foram apuradas 66,8% das mesas eleitorais. A candidata do governista Partido Colorado, Blanca Ovelar, recebeu 31,3% ou 392.538 votos. A diferença entre os dois presidenciáveis superava os 100 mil votos, com sinalização, segundo o Tribunal Superior de Justiça Eleitoral de ampliação desta margem favorável a Lugo.

A vitória de Lugo encerra, após 61 anos, a presença do Partido Colorado no poder, incluindo 35 anos de ditadura militar (1954-1989). Também será a primeira vez, recordam historiadores, em quase 200 anos de história, desde a formação dos partidos políticos após a Guerra do Paraguai, que haverá uma mudança política pacífica sem golpe militar. A posse será no dia 15 de agosto.

'Les quiero mucho'

Quatro horas após o fechamento das urnas, uma multidão comemorava no centro de Assunção, erguendo bandeiras do país, cantando e fazendo batucada. Duas horas e meia após o fechamento das urnas, Lugo fez suas primeiras declarações à imprensa e a seus seguidores, reunidos na sede da sua coligação política, em Assunção. Com a bandeira do Paraguai nos ombros, disse:

- Hoje, podemos afirmar que os pequenos também estão capacitados para vencer. Esse é o Paraguai que eu sonho, de todos os rostos, de todos. Hoje, mais que nunca, esse Lugo, que tem coração, quer dizer a vocês: les quiero mucho - disse Lugo.

Mais tarde, diante de mais de cem jornalistas nacionais e estrangeiros, ele convidou todos os partidos a construir um Paraguai "forte, como já foi um dia". E como já é tradição em suas mensagens, ele falou em Deus.

- Quero pedir ao bom Deus que abençoe esse país (...) com tantos paraguaios que (por falta de oportunidades) vivem em Buenos Aires, Nova Iorque e no Brasil - disse.

A APC foi formada há oito meses e é formada pelo tradicional partido de centro-direita Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) e diferentes movimentos sociais de esquerda. Lugo se define como de centro – "o centro do ponche", costuma dizer, em referência a uma de suas roupas típicas.

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DIRETO DE ASSUNÇÃO

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Paraguai vota contra a oligarquia dos partidos tradicionais

Com a totalidade dos votos para presidente apurados, confirma-se a vitória de Fernando Lugo, novo presidente do Paraguai. A vitória indica a consolidação democrática do país. Festa da Aliança Patriótica para a Mudança reuniu todas as forças políticas em frente ao Panteão dos Heróis, no centro de Assunção.

Clarissa Pont

ASSUNÇÃO - A confirmação da vitória de Fernando Lugo ocorreu por volta das nove horas da noite de domingo, quando os dez pontos percentuais de diferença que separavam a Aliança Patriótica para a Mudança do Partido Colorado indicavam ser inviável uma reviravolta nos resultados. Neste momento, observadores internacionais presentes no Hotel Granado, centro de Assunção, onde Lugo concedeu a primeira coletiva de imprensa como virtual presidente, estavam atentos à contagem de votos transmitida pela televisão.

“O ato eleitoral foi para todos os paraguaios uma forma de expressar o sentimento de mudança. Apesar de termos visto em alguns locais de votação as dificuldades e a estrutura de controle que o Partido Colorado possui, acreditamos que tudo correu bem. É muito importante para o Paraguai a vitória de uma aliança progressista como esta. Para nós estar aqui hoje e fundamental, junto com o povo do Paraguai a quem tanto devemos; os uruguaios, os argentinos e os brasileiros; depois daquela triste guerra. Apoiamos esta aposta da democracia e essa aposta de seguir mudando a direção dos ventos na América Latina”, assinalou a deputada pela Frente Ampla, do Uruguai, Eleonora Bianchi.

O secretário geral do Partido Socialista do Uruguai, Eduardo Fernández, também acredita que a vitória de Fernando Lugo faz parte de um processo continental. “Já acompanhei outra eleição no Paraguai e o Partido Colorado não aparecer como favorito é uma coisa bem estranha. A vontade de mudança do povo paraguaio, pelo que vimos até agora, vai ser confirmada nos resultados finais. O Paraguai entrou no caminho progressista que marca a América Latina já há alguns anos”, avaliou. Neste momento, apenas metade dos votos haviam sido contabilizados, mas a vitória de Lugo já era anunciada. Na Junta de Governo do Partido Colorado, pela primeira vez, não havia festa.

No mesmo hotel, Fernando Lugo concedeu uma coletiva de imprensa na qual foi apresentado como virtual presidente. “Há alguns meses, nenhum de nós sonhava que isso poderia ter acontecido. Um grupo de sonhadores políticos colocou o país em primeiro lugar”, disse. “Muito se falou antes das eleições, se atemorizou as pessoas com notícias de atos de violência, mas agora podemos concluir o contrário. Nunca mais se fará política com base no clientelismo neste país”. Em frente ao hotel, centenas de manifestantes comemoravam e aguardavam Lugo para o discurso que faria em frente ao Panteão dos Heróis, perto dali.

Militante do Movimento Popular Tekojoja, Adolfo González não escondia a felicidade. “Eu sou do interior e, para nós, é muito importante esta mudança. Tenho 65 anos e venho lutando por isso há muito tempo”. Osvaldo Souza, 19 anos, votou pela primeira vez este ano, em Fernando Lugo. “É uma conquista histórica, porque o Paraguai está cansado do continuísmo, de que poucos sejam os donos do país, desta oligarquia que se formou”, declarou o jovem coberto por uma bandeira paraguaia.

Segundo o secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, “estas foram eleições históricas. Apesar das diferenças, os partidos e os movimentos políticos chegaram a um consenso fundamental sobre as regras do jogo que, aqui e no resto da América Latina, constitui um mínimo imprescindível para a construção da democracia”. A missão da OEA presente no Paraguai realizou um comunicado oficial na manhã desta segunda-feira reconhecendo a legitimidade da vitória de Fernando Lugo. Um percentual de 65% do eleitorado compareceu às urnas no domingo.

Primeira dama e Brasil são os temas da imprensa

A imprensa paraguaia tratou, nesta segunda-feira, fundalmentalmente sobre o tema de Itaipú. Segundo o diário de Assunção ABC Color, o presidente Lula teria declarado a jornalistas brasileiros que a revisão do Tratado não está em seus planos. “O Tratado de Itaipú não muda”, teria afirmado Lula ao comentar a vitória de Fernando Lugo. Outro personagem presente na mídia desde ontem é a irmã de Lugo, Mercedes. Na manhã desta segunda-feira a futura primeira dama manifestou interesse em centrar seu trabalho no serviço social e na educação. Para ela, o ensino é a principal condição para o desenvolvimento da cidadania paraguaia.

Fotos de Eduardo Seidl no blog Celeuma. Clique AQUI.

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21.4.08
domingo de festa

"Há alguns meses, nenhum de nós sonhava que isso poderia ter acontecido. Um grupo de sonhadores políticos colocou o país em primeiro lugar"

Paraguai vota contra a oligarquia dos partidos tradicionais






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DIRETO DE ASSUNÇÃO

“Somos todos iguais na República Independente do Paraguai”

No último comício antes das eleições presidenciais, a Aliança Patriótica para a Mudança lotou a Praça das Armas, no centro de Assunção. Favorito nas pesquisas de intenção de voto, o candidato Fernando Lugo proclamou igualdade para todos e afirmou que o povo paraguaio tem de ser protagonista de sua própria história.

Clarissa Pont

ASSUNÇÃO - Em festa que começou às 4 horas da tarde de quinta (17) e só terminou após a meia noite, Fernando Lugo e o candidato a vice-presidente Federico Franco receberam nomes importantes da música latino-americana, como o uruguaio Daniel Viglietti e a argentina Liliana Herrero. Do Brasil, Chico Batera, percursionista de Chico Buarque, esteve em Assunção para apoiar o candidato da Aliança. Mas foi o portenho Victor Heredia que garantiu os momentos de maior emoção. “Todavia Cantamos” foi entoada por todo o público presente.

“Não queremos terminar com a propriedade privada, como dizem por aí. Ao contrário, queremos que todos os paraguaios sejam proprietários de seu pedaço de terra”, disse Franco. O candidato a vice-presidente convidou os trabalhadores do Paraguai a anteciparem as comemorações do 1º de Maio nas urnas: “vamos celebrar o Dia do Trabalhador neste domingo, 20 de abril”. Fernando Lugo, que cantou com Heredia antes de discursar, falou da importância de ver tantas bandeiras e partidos diferentes na manifestação.

As alianças que apóiam a candidatura do ex-bispo são tão múltiplas, e por vezes antagônicas, que sequer no QG de sua campanha é possível obter uma lista com todos os partidos e movimentos que estão sob a insígnia da Aliança Patriótica para a Mudança. Inclusive o Partido Colorado tem setores que estão com Lugo.

Embora os números que indicam a quantidade de pessoas nestas manifestações nem sempre sejam precisos, a organização do evento afirmou que a Aliança reuniu 120 mil pessoas em frente ao Congresso Nacional. Segundo o jornal Ultima Hora, foram 80 mil. O diário de Assunção obteve fotos aéreas do comício de Blanca Ovelar, na quarta-feira, e de Fernando Lugo, no dia seguinte. Comparando as imagens, o jornal afirmou que a Aliança conseguiu reunir o maior número de militantes, mesmo sem dispor da máquina pública para realizar o encontro.

“Sobram apenas três dias aos que seqüestraram a esperança do povo paraguaio”, afirmou Lugo. Às mulheres, às comunidades originárias e aos jovens, ele disse: “Sou simplesmente um companheiro de caminhada com vocês. Sonhem e construam conosco esta nova pátria”.

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Fotos de Eduardo Seidl no blog Celeuma - http://celeuma.blogdrive.com:





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DIRETO DE ASSUNÇÃO

"A desalambrar", o grito de guerra de Daniel Viglietti

"Desalambrar", do espanhol, significa retirar os arames que cercam um território. Canção entoada pelo músico uruguaio e militante tupamaro Daniel Viglietti, foi um dos hinos do comício da Aliança Patriótica para a Mudança, de Fernando Lugo, na noite de quinta-feira. Carta Maior conversou com Viglietti sobre seu apoio à candidatura de Fernando Lugo.

Clarissa Pont

Data: 18/04/2008

ASSUNÇÃO - “O conceito de pátria grande me acompanha desde que nasci. Sou muito uruguaio, mas pertenço a outra pátria, esta onde se pode ser uruguaio, argentino, brasileiro, paraguaio, mexicano. Somos todos parte disso que José Martí chamava de Nuestra America. É isso que me faz estar aqui, que cante no ato de fechamento de campanha de Fernando Lugo”. O uruguaio segue em pé de guerra contra injustiças sociais e a mediocridade que impera na maioria das produções musicais recentes. Segundo Viglietti, “há muitos laços que unem o Paraguai e o Uruguai, não somente o som que rima, mas também laços históricos que vêm de longe. As terras do Paraguai souberam dar refúgio a José Artigas, depois de toda a luta por independência que ele cumpriu”.

Sobre a emoção de cantar “A Desalambrar” esta semana em Assunção, contou que “fiquei sabendo, nos anos 60 através justamente de um sacerdote, que a música é cantada em guarani. O Padre Oliva assinou uma publicação no semanário Marcha, do Uruguai, dizendo que a música era cantada em guarani por comunidades campesinas. Eu gostaria de ouvir”.

Para Viglietti, também a música paraguaia é um elo entre os países. “Eu escutava muita música paraguaia quando criança. Encantava-me a harpa paraguaia, sempre gostei muito de um harpista magistral que teve que viver exilado durante a ditadura, Felix Perez Cardozo. Tive a emoção de conhecer Soledad Barret, uma lutadora contra a ditadura no Paraguai. Eu a conheci, fomos muito amigos, e no Brasil ela foi assassinada naquela terrível história. Tenho uma canção com o nome dela. Tudo isso forma parte desse livro de história que estamos escrevendo os latino-americanos. Ensinaram-nos uma história tão cheia de mentiras e trampas que temos que a reescrever”.

Na ditadura militar paraguaia, Viglietti enfrentou o cárcere em seu país e um exílio de mais de dez anos. No início dos anos 70, com a repressão à guerrilha urbana dos tupamaros , nomes como Alfredo Zitarrosa, Eduardo Galeano e Viglietti sentiram na pele a fúria do governo, tornando-se vítimas de censura, ameaças e prisões. “Tivemos muita solidariedade de fora. Eu sempre me lembro que no lançamento da campanha da Frente Ampla, depois do final da ditadura, nós tivemos apoio do Chico Buarque. Eu estava voltando do exílio em Paris e o Chico me telefonou e perguntou que coisa é essa de Frente Ampla. Eu lhe respondi que, bueno, era uma força progressista, com diferentes setores dentro, que não era algo perfeito, mas era a possibilidade que tínhamos de fazer algo novo”. A prisão de Viglietti culminou em uma campanha encabeçada por gente como o filósofo Jean Paul Sartre, o estadista François Miterrand, o escritor Júlio Cortázar e o arquiteto Oscar Niemeyer. Em 72, Viglietti rumou para o exílio em Paris.

“É muito importante que nossos países, de alguma maneira e jogando dentro dos esquemas democráticos que queremos viver, tenham possibilidade de mudanças políticas, de modificações. Como aconteceu no Brasil, no Uruguai, na Bolívia, no Equador e na Venezuela. Tudo isso na América Latina contra uma tradição que parecia de pedra e que, no final, deu passagem a outras forças de governo. Parece-me que um país que sofreu o que o Paraguai sofreu, com 35 anos de ditadura, em alguma altura da história merece mudanças. Merece oportunidade a outras linhas políticas”, explicou.

Fotos de Eduardo Seidl no blog Celeuma.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz