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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

24.4.08

Semente de uma terra nova

Marcelo Barros A ONU convida toda humanidade a celebrar o 22 de abril como o “dia da terra”. Trata-se de ajudar as pessoas a tomar consciência dos direitos da Terra, como solo fecundo da comunidade da vida, congregada neste planeta. Para isso, é preciso que se transformem a própria sociedade e as relações entre as pessoas. Ora, os desafios são imensos. Nesta semana, os lavradores recordam o massacre dos lavradores Sem Terra em Eldorado de Carajás (17/04/1996). Ainda nestes dias, fazendeiros de Roraima, fortalecidos pelo Supremo Tribunal Federal que ordenou a suspensão da retirada de brancos da reserva indígena Raposa Terra do Sol, ameaçam ser mais violentos com os índios do que já costumam ser. A CNBB pede ao governo proteção para três bispos, cuja vida está ameaçada, porque defendem os pobres e a terra da Amazônia. O professor José de Souza Martins escreve: “Em um estudo sobre a ocupação das frentes de expansão brasileiras, Darcy Ribeiro diz que o Brasil é representado, no contato com o índio, pelo pior tipo de brasileiro que pode haver, violento e desumano. As populações nativas e caboclas do Brasil profundo não têm mais sorte do que os índios: o Brasil das instituições a elas se apresenta para negar as instituições; a lei se apresenta como escárnio da lei; e não raro as autoridades agem como cúmplices ou omissas em face de violações da lei e do direito que negam o Estado e a própria civilização” (O Estado de S. Paulo, 13/04/2008). Neste final de semana, a Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO) encerrou em Brasília o seu 30º Congresso e reconheceu que se espalha pelo mundo uma nova onda de carestia e falta de alimentos básicos. Nos primeiros meses deste 2008, do Egito às Filipinas, os preços dos gêneros básicos para a alimentação subiram desproporcionalmente. A média do aumento dos preços foi 40%, sendo que alguns alimentos chegaram a ser 126% mais caros do que há apenas um ano (revista Internazionale, 17/04/2008). Isso tem provocado manifestações populares nas ruas das grandes cidades da Ásia e da África, com repressões policiais e mortes em Abdijam, Cairo e outras cidades. Esta crise, diz a FAO, é fruto de causas meteorológicas, como secas em algumas regiões e inundações em outras, ambas provocadas pelo aquecimento global. Entretanto, a causa maior é uma especulação selvagem por parte das Transnacionais. Até pouco tempo, na maior parte do mundo, pequenos lavradores eram responsáveis por 70% ou mais da produção agrícola dos países. Conforme a FAO, de um ano para cá, no Brasil, 23 milhões de terras férteis, antes usadas para a agricultura, foram desviadas para a monocultura de soja para os porcos da Europa ou cana de açúcar para produção de etanol para os automóveis norte-americanos. Isso sem falar em 12 milhões de hectares que os patrões reservam para a especulação imobiliária. A alimentação depende, agora, de Transnacionais interessadas no lucro e não na vida das populações. Existe alimento suficiente para toda a humanidade, mas está estocado para a especulação e o aumento do lucro das Transnacionais e, para elas, pouco importa que morram, cada dia, de fome, milhares e milhares de crianças inocentes e de adultos, vítimas deste sistema iníquo. Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial, lançou um apelo para que se proclame internacionalmente um “new deal” alimentar (o termo se refere ao acordo que o governo norte-americano lançou na época da depressão para assistir às vítimas da fome). Entretanto, este tipo de medida não visa transformar o modelo econômico. Apenas o ajusta para evitar o pior. Graças a Deus, na contramão desta calamidade social, em vários países da América Latina, organizações indígenas estão reorganizando o Estado a partir da terra e da pluralidade cultural. Vários países fizeram novas constituições, nas quais são assegurados os direitos de todos à plena cidadania e o cuidado com a Terra, como mandamento obrigatório. Estas constituições se inspiram na “Carta da Terra” que se encerra com estas palavras: “Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. (...) Isto requer uma mudança na mente e no coração. Pede um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. (...) Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida. * Marcelo Barros é monge benedetino, escritor, assessor de movimentos sociais. Vive em Goias

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz