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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

20.2.17

Em tempos de Golpe: uma anticandidatura necessária

Em tempos de Golpe: uma anticandidatura necessária
Sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Em tempos de Golpe: uma anticandidatura necessária

Foto: Reprodução

No último dia 15 (quarta-feira) foi lançada no Senado Federal a anticandidatura da professora Beatriz Vargas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Organizada por coletivos feministas com o apoio de movimentos sociais e organizações de direitos humanos a anticandidatura de Beatriz é uma iniciativa ousada para denunciar a indicação de Alexandre de Moraes ao cargo de ministro, e, ao mesmo tempo, apontar problemas estruturais na composição do Supremo.

Ao lado de questionar a ausência de mulheres nos altos postos das carreiras jurídicas a anticandidatura também retoma uma tradição de luta que, diante do autoritarismo, aponta outras linguagens possíveis para o enfrentamento político, introduz novos significados no debate sobre a presença feminina na arena pública e produz novos tensionamentos sobre as fronteiras do judiciário brasileiro. Trata-se não de uma mera tentativa ortodoxa de criar uma alternativa ao nome de Moraes, mas, de uma criativa e arrojada tomada de posição diante do horror em que se transformaram as indicações ao STF.

Ainda que sobrem à professora Beatriz os requisitos legais e políticos para a ocupação de uma cadeira no Supremo, o principal atributo da iniciativa feminista é expor a desconformidade do processo e indicar possibilidades que contribuam para manter viva a resistência e a oposição à hegemonia medíocre construída pelo Sr. Alexandre de Moraes.

Ao denunciar o padrão rebaixado das escolhas para o STF as feministas evidenciam um desconforto, apontam um desalinhamento e indicam, pela contramão, que este governo não tem nem legitimidade democrática e nem razoabilidade política: é um governo que age sem ética, é anti-republicano e age em função de um golpe complexo e multifacetado.

O acúmulo político gerado por esta mobilização da anticandidatura é evidente. A iniciativa feminista já agitou a escolha e revelou a fraude da indicação feita pelo presidente sem votos. Agora ninguém mais pode dizer: "eu não sabia".

Com firmeza e dignidade – típicas de quem "não tem rabo preso"– Beatriz Vargas (a nossa querida Bia) entrou e saiu do Senado Federal sem fazer acordos espúrios e sem dizer bravatas. Entre flores, aplausos e palavras de ordem Bia caminhou nos corredores do Congresso Nacional falando simples e firme, sem se esconder no juridiquês arrogante, sem reunir nos barcos luxuosos e sem escorregar nos plágios malditos: Bia é uma anticandidata do tamanho que a luta democrática merece.

E assim, em tempos de truculência, seguimos caminhando e aprendendo, pois, relembramos com as feministas que na contramão se faz direito.

Felipe da Silva Freitas, doutorando e mestre em direito pela Universidade de Brasília.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz