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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

14.5.09

Aprender com a crise e sair mais fortes

Aprender com a crise e sair mais fortes

Uma crise, que não foi gestada aqui, nos atinge profundamente. Por que, como defender-nos dela e que lições tirarmos? Como sair mais fortes dela? A primeira lição é localizar e combater as fragilidades que permitem que uma crise nascida lá fora penetre tão fundo na nossa economia. As vias de indução da crise são duas: o peso do capital financeiro e o do mercado externo na economia.

A desregulamentação levada a cabo pelas políticas neoliberais promoveu uma gigantesca transferência de capitais do setor produtivo ao especulativo, ao mesmo tempo que fez com que a economia dependesse desses capitais, que passaram a ter um poder de veto sobre a economia. As crises neoliberais – incluídas as três do governo FHC – assumiram a forma de ataques especulativos, em que o capital financeiro se vale do papel estratégico que passou a ter, para desequilibrar a economia, para obter ainda mais concessões.

Nesta crise, o capital financeiro foi o canal indutor da crise externa para a economia brasileira. A regulação da sua circulação torna-se obrigatória, para limitar sua capacidade de ação negativa sobre a economia. Da mesma forma que é fundamental subordinar o Banco Central – cuja independência de fato e as taxas de juros reais mais altas do mundo expressam a força o capital financeiro – ao conjunto de prioridades econômicas e sociais do governo.

A fortíssima recessão internacional induziu para nossa economia uma grande retração da demanda externa. Os países participantes dos processos de integração regional sofrem menos a crise, porque diversificaram seu comércio internacional – para a Europa, para a Ásia, para o comercio intrarregional – e expandiram o mercado interno de comercio popular. (O México, que assinou Tratado de Livre Comércio com os EUA e tem com esse país 90% do seu comércio exterior, é a maior vítima da crise, já apelou ao FMI.)

A via para defender-nos dessa vertente é diminuir o peso do mercado externo e das exportações, aumentando o peso do mercado interno de consumo e os intercâmbios regionais, que estão mais ao nosso alcance controlar. Fortalecer o mercado interno de consumo popular associa estreitamente a expansão econômica com a distribuição de renda sobre suas diferentes formas – elevação do poder aquisitivo real dos salários, do nível de emprego formal, entre outras. Nenhum apoio a empresas privadas sem contrapartida indissolúvel de garantia do nível de emprego.

Atuando dessa maneira, estaremos agindo contra as duas mais nefastas conseqüências das políticas neoliberais: a financeirização da economia e a precarização das relações de trabalho. Sair mais fortes da crise significa atuar contra esses efeitos, bloquear a possibilidade de sofrer outras crises como esta ou a sequência de uma crise que deve se prolongar muito lá fora.

Essas medidas, junto a um conjunto de outras, significa, concretamente dar passos claros na direção de um novo modelo econômico e de um projeto de sociedade e de Estado com um perfil muito distinto – na verdade, contraposto – ao neoliberal. Sair fortalecidos da crise – na realidade, poder sair da crise – é sair com um padrão de desenvolvimento distinto, produtivo, distribuidor de renda, integrador, soberano

O neoliberalismo nos levou a esta crise. Pelas bolhas especulativas que se acumularam e finalmente explodiram no centro do capitalismo. Somos vítimas da propagação dessa crise, pelas fragilidades que o neoliberalismo produziu na nossa economia. Sairemos mais fortes, na medida em que sairmos do modelo neoliberal e passemos a construir um modelo pósneoliberal, centrado na esfera social e nos direitos, no lugar do mercado e do ajuste fiscal, fortalecendo a esfera pública em detrimento da esfera mercantil.

Postado por Emir Sader - 12-05-2009, às 15:43

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz