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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

10.10.12

Mensalão gera clima de guerra nas eleições | Ricardo Kotscho

Tal como planejado e esperado pela mídia bem antes do início do julgamento, os petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira, em meio à disputa do segundo turno das eleições de 2012. As decisões finais do STF devem coincidir com os dias que antecedem a abertura das urnas.

Também não por acaso a rima pobre de eleição com mensalão se tornou a principal, se não a única bandeira dos partidos de oposição ao governo federal.

Desde a noite de domingo, quando foram anunciados os resultados em São Paulo, que levaram José Serra, do PSDB, e Fernando Haddad, do PT, para o segundo turno, o candidato tucano deixou bem claro qual seria o foco central da sua estratégia de campanha.

"O PT quer usar a questão nacional para abafar o mensalão. É óbvio que o mensalão estará presente. Ele está presente nos noticiários, está no dia a dia dos debates. Então, por que haveria de estar fora da campanha? De forma nenhuma".

A "questão nacional" a que Serra se refere deve ser certamente a disputa eleitoral para a qual o tucano não trouxe até agora, passadas 72 horas da votação do primeiro turno, qualquer nova proposta para melhorar a vida na cidade da qual quer ser prefeito.

Como já havia feito em 2010, na eleição presidencial que disputou com Dilma Rousseff, quando levantou a questão do aborto, o candidato tucano trás para o debate outro assunto ligado a tabus religiosos que podem mobilizar o eleitorado mais conservador contra o candidato do PT.

Após reunião com Serra, o pastor evangélico Silas Malafaia, o mesmo utilizado pelos tucanos em 2010, líder da Assembléia de Deus Vitória em Cristo, já foi logo avisando que veio a São Paulo para "arrebentar" o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, por conta do "kit gay" atribuído a Haddad, quando era ministro da Educação, que nunca chegou a ser distribuído.

Na mesma hora, num outro ponto da cidade, na sede do PT, enquanto corria o julgamento do mensalão, em encontro com candidatos do partido que disputam a prefeitura de 22 cidades no segundo turno, o ex-presidente Lula reagia aos ataques dos tucanos: "Não queríamos guerra. Mas, já que eles nos chamaram, vamos para a guerra".

Lula pediu aos candidatos que façam comparações entre a ação do seu governo no combate à corrupção com o que fez nesta área o seu antecessor Fernando Henrique Cardoso.

Segundo relatos de participantes do encontro citados pela "Folha", Lula recomendou aos candidatos: "Vamos discutir problemas das cidades. Mas, se formos chamados de mensaleiros, não podemos deixar sem resposta. Vamos debater de cabeça erguida".

Se o julgamento do mensalão foi politizado desde o início, os seus resultados também terão inevitavelmente consequências políticas.

Só não se sabe ainda quais serão, pois, no primeiro turno, o tema também foi utilizado lateralmente pela oposição e, ao contrário do que era previsto por pesquisas "científicas" e analistas "isentos" dos principais veículos de comunicação, o PT saiu das urnas como campeão de votos em todo o país e cresceu no número de prefeituras conquistadas.

Agora, com a condenação do chamado "núcleo político" do PT denunciado no mensalão e bombardeado diuturnamente no noticiário, o tema foi trazido para o centro dos debates. Em clima de guerra, como os dois lados já anunciaram, tudo pode acontecer.

Tanto o julgamento pode abalar as campanhas de candidatos do PT, como também é possível que desperte e leve para as ruas a velha militância petista, a mais aguerrida e numerosa entre os partidos políticos nacionais.

No final da sua mensagem "Ao povo brasileiro", divulgada logo após a sua condenação, o ex-ministro José Dirceu certamente dirigiu-se a estes militantes: "Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou acatar a decisão, mas não me calarei. Continuarei a lutar até provar a minha inocência. Não abandonarei a luta. Não me deixarei abater".

É neste clima beligerante que se dá a campanha do segundo turno em São Paulo, que não deixa muito espaço para a discussão dos nossos graves problemas urbanos, resultado da judicialização da política e da politização do judiciário.

http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2012/10/10/mensalao-gera-clima-de-guerra-nas-eleicoes/

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz