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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

23.8.07

CAPITALISMO AGRÁRIO

Escrito por Wladimir Pomar 15-Ago-2007
Confundir o modelo do agronegócio com o velho modelo latifundiário é o mesmo que confundir o atual modelo industrial com o velho modelo manufatureiro. Excetuando a alta concentração da propriedade da terra, mudaram os meios de produção e as relações de trabalho. São outros os processos atuais de fertilização do solo, melhoramento de sementes, mecanização da aração, tratos culturais e colheita, combate a pragas, e transporte da produção. Às monoculturas de cana, café, ou gado, foram acrescentados grandes cultivos de soja, milho, laranja, arroz e algodão. Desenvolveram-se, ainda, inúmeras outras culturas, e a pecuária está sendo transformada em criação intensiva. As relações de trabalho também mudaram. Lembremos que, após o fim do trabalho escravo, o latifúndio adotou o sistema híbrido de parceria, arrendamento e aforamento, no qual os camponeses chamavam a si próprios de "agregados". Não possuíam terra, nem recebiam salários. Trabalhavam "de favor" na propriedade do latifundiário, a quem pagavam um terço, ou a metade, do que produziam. Além disso, tinham que trabalhar, em "dias cativos", em serviços de usufruto do latifundiário. Somente por volta dos anos 1940, e apenas em algumas regiões do país, esse trabalho "cativo" passou a ser remunerado em dinheiro. Hoje, o trabalho assalariado é predominante nos latifúndios e nas médias propriedades capitalistas. O modelo do agronegócio, embora ainda possua vínculos de dependência com o capital internacional, que monopoliza o comércio de fertilizantes, sementes, defensivos e as exportações das commodities agrícolas, é visceralmente capitalista, tocado por um setor da classe burguesa, e tem por base o trabalho assalariado. Do mesmo modo que o grande capital avança sobre os pequenos capitais urbanos, incorporando-os e aniquilando-os, o grande capital agrário e agrícola, o agronegócio, avança sobre as demais propriedades agrárias, expropriando-as, para concentrar capitais, rendas e terras. Expulsa os pequenos proprietários rurais, e os transforma em posseiros errantes nas regiões de terras devolutas, ou sem-terra acampados à beira das estradas, ou proletários empregados ou desempregados nas cidades. Nesse sentido, a nova concentração capitalista da terra é muito mais destrutiva da pequena propriedade camponesa do que o "velho latifúndio", ao aliar a truculência deste "velho latifúndio" aos inúmeros mecanismos de expropriação econômica que o capital lhe proporciona.
Wladimir Pomar é escritor e analista político.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz