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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

9.5.08

São Gabriel: relatos de um campo de concentração

Segundo o deputado Dionilso Marcon (PT), o governo Yeda, hoje (08) demonstrou novamente o seu “novo jeito de governar”. Sua marca, segundo o petista, não será o do combate à criminalidade que se alastra no RS, nem mesmo do combate à corrupção em seu governo. Segundo Marcon, a repressão aos movimentos sociais será o seu grande carro chefe. Abaixo está o relato colhido pelos deputados Dionilso Marcon e Adão Pretto que estão junto aos agricultores acampados em São Gabriel que foram violados e humilhados em operação da Brigada Militar. São Gabriel: relatos de um campo de concentração Com a desculpa de cumprir ordens da justiça a governadora determinou a mobilização de um pequeno exército de policiais militares (de 700 a 1200 homens), fortemente armados para revistar o acampamento do MST que fica na Fazenda São Paulo II, área desapropriada em Abril pelo Incra. Como não encontraram o objeto de sua busca "materiais supostamente furtados da fazenda Southal”, o comando da BM, de forma suja, preconceituosa e de total violação dos direitos humanos, humilhou centenas de pessoas em uma histórica e vergonhosa ação da brigada militar em São Gabriel. Inicialmente os policiais proibiram a entrada de pessoas num raio de 4 km da área e se preparou para revistar as famílias. O argumento era revistar para encontrar supostos objetos tirados da Fazenda Southall durante a última ocupação realizada em 14 de Abril. No entanto, como não acharam nada, logo se viu que o objetivo da ação ali era outro: humilhar e violar. Começaram lentamente, rasgaram barraco a barraco de cada agricultor. Após, de forma sórdida, colocaram pás de terra nas panelas com a comida cozida inutilizando dezenas de quilos de arroz e de feijão. O restante da alimentação foi levado pela BM, tornando esse sim, ato criminoso. Um campo de concentração Os agricultores não demonstram nenhum tipo de resistência, no entanto, a BM dividiu os acampados em dois grupos. Os agricultores homens eram obrigados a ficar seminus com as mãos na cabeça. O outro, de mulheres e crianças, foram separados e obrigados a ficar na mesma posição. Durante duas horas essa foi o jeito que os agricultores foram obrigados a ficar até que fossem "identificados". Segundo o deputado Dionilso Marcon (PT), os acampados relataram que ficaram por mais de 8 horas seminus, sem água ou alimentação sem. Também não tiveram acesso a nenhum advogado ou representação de direitos humanos que pudesse testemunhar o prazeroso ato de humilhação patrocinado pelo comando da operação. Veja o que diz a Wikipédia sobre um Campo de concentração: centro de confinamento militar, instalado em área de terreno livre e cercada por telas de arame farpado ou algum outro tipo de barreira, cujo perímetro é permanentemente vigiado. Os campos de concentração são utilizados para a detenção de civis ou militares, geralmente em tempos de guerra. Não integram os sistemas penitenciários, onde são detidas pessoas condenadas por infringir a legislação de um país. São quase sempre instalações provisórias, com capacidade para abrigar grande quantidade de pessoas, normalmente prisioneiros de guerra, que, no melhor dos casos, podem vir a servir como moeda de troca com o inimigo, ou permanecer presas até a resolução do conflito. No terreno são dispostos, organizadamente, barracões para dormitórios, refeitórios, escritórios e finalidades complementares. Em tese, esses centros de confinamento devem obedecer às regras das convenções internacionais, bem como submeter-se à fiscalização de organizações internacionais de defesa de direitos humanos. No entanto, historicamente há registros de exploração de mão-de-obra em regime de escravidão, bem como de extermínio de presos políticos, prisioneiros de guerra e membros de grupos étnicos, por motivos ideológicos, políticos ou militares. O tratamento dado a prisioneiros de guerra, tanto civis quanto militares, nos campos de concentração em tempo de guerra é regulado pela Terceira e Quarta Convenções de Genebra, de 12 de agosto de 1949 [1] Embora normalmente os campos de concentração sejam usados por países em guerra, também há registros de uso de instalações desse tipo para confinamento de dissidentes políticos, por regimes ditatoriais, ou ainda como solução extrema para deter fluxos migratórios. O vôo da arrogância Demonstrando sadismo, os policiais fora além: uma agricultora relata que em um determinado momento da suposta revista, um helicóptero alçou vôo e pairou com suas laminas sobre as crianças e mulheres do acampamento fazendo com que o pó e o vento se misturasse aos pedaços vivos de carne humana que ali estavam. Inesperadamente, a imponente nave soltou de ventre uma enorme bandeira do Rio Grande do Sul sob os corpos já sujos e inertes. Para quem foi esse recado simbólico de arrogância e da prepotência, questiona Marcon? Mais do que isso, será a centelha da tortura física e psicológica dos anos de chumbo que se acendeu novamente em nosso Estado? Incompetência É lamentável que a política de segurança do governo Yeda combata apenas trabalhadores aos e não proteja os cidadãos gaúchos e combata a criminalidade que bate recorde. Porto Alegre é, hoje, a capital nacional do homicídio e mesmo com falta de viaturas, de pessoal e de equipamentos, manda toda a força e suprimentos para reprimir agricultoras e crianças. A forma com que praticaram tamanha brutalidade só pode ser vista nos manuais criados por genocidas que cruzaram rapidamente por nosso planeta num passado não muito recente, mas que deixaram um rastro de morte e de dor. Direitos Humanos O deputado Marcon denunciará o governo Yeda aos organismos internacionais de Direitos Humanos e levará todos os casos de violação de direito a vida praticada pelo Estado gaúcho. Histórico A Brigada Militar cercou o acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em São Gabriel (Fronteira Oeste). O deputado federal Adão Pretto (PT/RS) e o deputado estadual Dionisio Marcon (PT) estavam a três quilômetros do local, presos dentro de uma caminhonete cercada de, pelo menos, 70 fazendeiros locais. Tanto o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, quanto o Ministro da Justiça, Tarso Genro foram acionados, de forma que a Polícia Federal foi encaminhada ao local. Nenhuma segurança foi disponibilizada aos parlamentares conforme havia acordado o chefe da casa Civil, Cezar Busatto. O Ouvidor Agrário Nacional, Desembargador Gercino José da Silva Filho também encaminhou um ofício em caráter de urgência ao juiz da 1° Vara Criminal de São Gabriel, Doutor José Pedro de Oliveira Eckert pedindo a autorização para que o assessor do Incra, Leonardo Melgarejo, o ouvidor agrário do Rio Grande do Sul e o próprio Adão Pretto acompanhem a ação da Brigada Militar. O MST alertou para a possibilidade de mais um conflito ocorrer na região, visto que as ações da Brigada Militar contra os sem terra são marcadas pela violência. Cerca de mil homens, mulheres e crianças estão no acampamento, montado em uma área que já pertence ao Incra e que será destinada à reforma agrária, e não receberam até o momento nenhum aviso oficial da ação ou mandado judicial. O MST condenou a ação da Brigada Militar, que teve o objetivo amedrontar as famílias e até mesmo humilhá-las. Yeda ainda garantiu total liberdade ao subcomandante Paulo Mendes para conduzir questões de conflito social, eximindo-se da responsabilidade que tem como governadora. Os sem terra responsabilizam a Brigada Militar e o governo do Estado por qualquer conflito que venha ocorrer em São Gabriel. Todas as ações da Brigada Militar comandada pelo subcomandante Mendes contra o MST ou qualquer outra organização de trabalhadores têm finalizado em conflito. O último que envolveu o MST foi nas atividades do 8 de Março em Rosário do Sul, quando mais de 50 mulheres ficaram feridas com o ataque a bala de borracha e cavalos promovido pelos policiais.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz