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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

12.7.07

As folhas e as raízes

Escrito por Wladimir Pomar
11-Jul-2007
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Virou lugar comum, em certos setores da esquerda, afirmar que o governo Lula é neoliberal. Seja porque quer construir a hidrelétrica do rio Madeira, seja porque pretende fazer a interligação do rio São Francisco com as bacias do semi-árido nordestino, seja ainda porque continuaria dando prioridade aos grandes grupos econômicos e não à sociedade.
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Haveria vários exemplos desse neoliberalismo. O financiamento ao setor de papel e celulose, "voltado majoritariamente para a exportação", responsável por "desertos verdes" e agravamento da "concentração de terra e renda", seria um deles. O financiamento ao agronegócio, para produção de etanol, "em sistemas de monocultivo da cana", seria outro. A "ausência do debate e da construção de políticas públicas que apóiem a soberania energética do país e sejam baseadas em modelos sustentáveis, na economia camponesa, nas pequenas e médias unidades de produção", seria o determinante. .
Segundo esses setores, para escapar ao neoliberalismo, o governo deveria voltar-se para o atendimento das "demandas históricas da sociedade brasileira, como saneamento básico, moradia popular, agricultura produtora de alimentos para o mercado interno e não de matérias-primas para exportação", e para o financiamento de uma "matriz energética limpa e modernizada". .
Vê-se que eles enxergam as folhas, mas nada sabem sobre as raízes que sustentam as árvores. Falam em neoliberalismo, sem atacar o capitalismo. Parecem não saber que o neoliberalismo é uma solução atual do capitalismo. Para eles, o que está colocado é um simples problema de prioridade, que dependeria, exclusivamente, da vontade do governo. Nada teria a ver com a correlação concreta de forças econômicas e sociais. Nem com o fato do Estado brasileiro ainda ser um Estado capitalista, com seu aparato, há décadas, sob a hegemonia e domínio das forças sociais e políticas capitalistas ou burguesas.
. Não se apercebem que a economia camponesa não é sustentável no atendimento às "demandas históricas" de saneamento, moradia e produção de alimentos para o mercado interno. Para atender a tais "demandas", é preciso que as forças produtivas industriais e agrícolas se desenvolvam numa escala capaz de gerar um excedente de riqueza tal que possa atender tanto a elas quanto à reprodução ampliada da própria produção social. O que demanda, por sua vez, uma infra-estrutura energética, de transportes e de telecomunicações, capaz de permitir tal desenvolvimento. .
Portanto, querem dar à pequena agricultura de alimentos um papel estratégico diferente do que pode ter. Ou seja, querem que o governo substitua o grande capitalismo pelo pequeno capitalismo (é disso que realmente se trata), sem dizer com que forças contaria para isso. Assim é fácil adjetivar e criticar.
. Wladimir Pomar é escritor e analista político.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz