PT defenderá reforma política e regulação da mídia como ações prioritárias
Coletiva do presidente do PT Rui Falcão é convocada para partido reafirmar compromisso com reforma política./Foto: Divulgação PT
Agência Brasil
O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, afirmou nesta segunda-feira (27) em entrevista à imprensa em São Paulo, que a reforma política e a regulação dos meios de comunicação serão ações prioritárias defendidas pelo partido no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, reeleita neste domingo (26).
"Sobre a democratização dos meios de comunicação, que não afeta a mídia impressa, mas se dirige aos veículos que são detentores de concessões de serviço público de radiodifusão, a Constituição prevê, em seu Artigo 220, a mais ampla liberdade de expressão de pensamento, que defendemos ferrenhamente. Agora, o mesmo item que trata da comunicação social, proíbe a existência de oligopólios e monopólios na comunicação. Nós do PT vamos continuar insistindo para regulamentar de acordo com a Constituição no que diz respeito a esses artigos. Considero essa uma das mais importantes reformas do Brasil ao lado da reforma política", defendeu.
Falcão lembrou que já existe uma proposta de reforma política feita pela presidenta, com 189 assinaturas, convocando o plebiscito. As questões que estarão no plebiscito, acrescentou, ainda serão objeto de debate.
O presidente do partido também afirmou que o PT não irá determinar quem será o próximo ministro da Fazendo do governo, e nem irá se opor caso alguém de fora do partido seja indicado. O atual titular da pasta, Guido Mantega, deixará o cargo no final do ano, conforme informou a presidenta no decorrer da campanha eleitoral. "O partido não manda no governo e o governo não controla o partido. É natural que a gente seja ouvido. Se for um quadro preparado e leal ao programa de governo e que a maioria do povo brasileiro aprovou, não haveria restrição a isso".
Para ele, a disputa acirrada no segundo turno, com Dilma sendo reeleita com 51,64% dos votos contra 48,36% de Aécio Neves (PSDB), evidenciou um "sentimento de mudança muito forte no país". E admitiu que o PT possa fazer mudanças. "É natural que depois de 12 anos de governo e sendo a gente um partido com muitas propostas e aguerrimento na militância, haja aqui e ali resistência ao partido. Mas o que a eleição mostrou é que a maioria da população brasileira votou com a Dilma e com o PT. É claro que o partido está sempre aberto e vai fazer isso, está se renovando e está se reestruturando", afirmou.
Rui Falcão mostrou-se satisfeito com a vitória nas eleições presidenciais. "Tanto que estou sem voz. A campanha de 1989, que também foi muito disputada, foi uma campanha épica. Essa que fizemos agora foi dramática até o final, mas um drama com final feliz para nós". E negou ainda que o Brasil tenha saído dividido das eleições.
"Não acredito nessa divisão até porque o Brasil é um só e os dois candidatos foram votados no Brasil inteiro", afirmou. "Não vejo necessidade de pacificar o país porque ele não está conflagrado. É natural que nas democracias, nos regimes presidencialistas, o governo dialogue permanentemente com a oposição. E é natural que a oposição se constitua como tal, que fiscalize, que critique, que proponha e que derrote projetos do governo. Esse diálogo vai ser mais exercitado agora, assim que começarem as tratativas políticas para a constituição do novo Parlamento", acrescentou.
Sobre a operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras, afirmou que o partido já se dirigiu ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República para solicitar acesso aos termos da delação premiação. Segundo ele, a intenção é verificar se há alguma delação referente a militantes do partido. "A alusão genérica ao PT atinge a todos nós e é preciso que isso seja personalizado. Se isso existir, e é preciso que haja provas comprovando a participação de qualquer filiado nosso a crimes, o PT tomará as providências previstas no estatuto do partido".
Para o tesoureiro e coordenador financeiro da campanha de Dilma Rousseff, Edinho Silva, a eleição demonstrou a necessidade que o Congresso faça "uma nova regulamentação eleitoral, tornando os elementos mais equânimes na disputa".
Edinho ressaltou ainda que a derrota significativa do partido no estado de São Paulo não se deve a uma desorganização do PT, mas seria resultado das manifestações de junho do ano de 2013 e dos ataques sofridos pelo partido no estado. A criação de uma nova classe média, que teria sido influenciada por setores mais conservadores, seria outro fator que explicaria a derrota do partido em São Paulo. "O que penso é que os setores médios desses bairros – da zona leste da capital paulista, antigo reduto petista – tiveram uma contaminação da opinião pública de setores médios mais tradicionais da cidade de São Paulo".
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