A guerra não acabou (por Marino Boeira)
A Presidenta Dilma ganhou apenas a primeira batalha. A guerra continua. Os vencidos do último domingo dificilmente vão se conformar com a nova derrota. É a quarta vez que o projeto neoliberal do PSDB é derrotado e o caminho eleitoral só vai permitir nova tentativa em 2018.
No seu discurso de agradecimento pela reeleição, Dilma protocolarmente fez um apelo à unidade dos grupos políticos que representam os segmentos em que se divide a sociedade brasileira em torno de alguns objetivos comuns.
Isso, porém, não vai ser possível porque os interesses são antagônicos. De um lado está a parcela mais pobre da população que viu melhorar sua vida como nunca tinha acontecido antes durante os 12 anos de governos do PT. Do outro, estão os interesses do grande empresariado nacional ligados aos capitais internacionais, os banqueiros, os latifundiários e uma classe média alienada, tutelada pelos veículos de comunicação e usada como massa de manobra.
A última vez que um grande projeto de governo pretendeu se sobrepor aos interesses legítimos das classes sociais, foi na Alemanha Nazista, quando o nacional-socialismo tentou unir os interesses da grande burguesia com a massa trabalhadora, usando como argumento uma pretensa identificação de todos com a raça ariana. O resultado foi o mais brutal sistema de governo, que afundou a Alemanha e foi responsável pela morte de milhões de pessoas no mundo inteiro.
Embalados pela grande votação que tiveram em São Paulo e na região Sul, o PSDB e seus porta-vozes na mídia vão tentar desestabilizar de todas as maneiras o segundo governo da Presidente Dilma, até porque sabem que daqui a quatro anos terão que se defrontar com Lula como candidato do PT.
A revista Veja deu o tom de que como serão as próximas batalhas ao tentar interferir grosseiramente no processo eleitoral com a denúncia vazia sobre o que ela já chama hoje de "petrolão", tentando estabelecer uma ligação com o tal "mensalão".
Quando Getúlio Vargas se apresentou como candidato a Presidente em 1950, o jornalista Carlos Lacerda que fazia o papel que hoje cabe a Revista Veja, cunhou uma frase que ficou célebre como modelo de incitação ao golpe político. Disse ele: "Não se pode deixar Getúlio ser candidato; se ele for candidato, não pode vencer; se vencer, não pode tomar posse e se tomar posse, deverá ser derrubado".
Os caminhos para tentar desestabilizar o novo governo da Presidente Dilma são muitos e vão desde os apelos à intervenção militar (processo hoje um pouco desacreditado) até o golpe parlamentar, seguindo o modelo do Paraguai, onde uma aliança entre os setores mais reacionários do parlamento, permitiu derrubar o Presidente Lugo, legitimamente eleito, através de um processo de impeachment , feito a toque de caixa.
O certo é que os derrotados do último domingo não vão se conformar em adiar seus sonhos de poder. O respeito à democracia que dizem praticar é um discurso pró- forma. Esses pretensos defensores da democracia são mestres em encontrar argumentos para justificar a quebra da legalidade democrática formal. Em 1964, os que acusavam João Goulart e Leonel Brizola de tramarem contra a democracia, foram os primeiros a apoiar o golpe militar que instaurou a ditadura no País.
Cabe a Presidente Dilma falar diretamente com os segmentos populares que a reelegeram atendendo seus reclamos mais urgentes e buscando esclarecer aos segmentos da classe média que ainda não estiverem totalmente impregnados do ódio irracional contra o PT, que sua adesão ao projeto neoliberal do PSDB atenta contra os valores mais essenciais de toda a população,como o direito de quem vive do seu trabalho à segurança, saúde e educação.
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Marino Boeira é professor universitário.
http://www.sul21.com.br/jornal/a-guerra-nao-acabou-por-marino-boeira/
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