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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

18.9.14

Por que a mídia escondeu a notícia da redução da fome e da pobreza no Brasil?

Por que a mídia escondeu a notícia da redução da fome e da pobreza no Brasil?

Sob o ponto de vista de um jornalismo comprometido com a busca objetiva dos fatos mais relevantes, essa seria a manchete: "ONU confirma sucesso na redução da fome". Mas o que faz a mídia tradicional do Brasil? Esconde a notícia

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Principais jornais do Brasil trataram com timidez uma das notícias mais relevantes do ano e que será destaque na 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas (Imagem: Pragmatismo Político)

Brasil, Venezuela, Chile, Cuba e México são os países da América Latina que venceram a fome estrutural. Essa informação consta de um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que registra os avanços na luta global contra a insegurança alimentar. Cerca de 805 milhões de pessoas ainda têm que lutar por comida no dia a dia em todo o mundo, e a maioria delas se concentra em regiões afetadas por conflitos ou por condições climáticas adversas. O relatório completo, com 57 páginas em inglês, pode ser obtido no site da entidade.

Os principais jornais brasileiros usam como fonte o resumo distribuído pela FAO, onde se pode ler, por exemplo, que o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a atingir o principal objetivo de desenvolvimento do Milênio e as metas da Cúpula da Alimentação. O documento será um dos destaques da 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas, que se realizará no dia 23 deste mês.

VEJA TAMBÉM: Brasil é referência no combate à desnutrição e à pobreza, diz ONU

Um dos requisitos para o sucesso do programa, segundo o relatório, é a manutenção de políticas de combate direto à fome crônica, sustentadas por medidas colaterais destinadas a criar uma estrutura de atendimento a outras necessidades das parcelas mais carentes da população. No Brasil, o núcleo de ataque ao problema alimentar foi o programa Fome Zero, seguido pelo complexo de medidas agregadas no conjunto das bolsas de apoio ao desenvolvimento humano, a partir de um sistema que assegura disponibilidade, acesso, estabilidade e utilização de meios para manter uma nutrição segura.

Apesar das turbulências políticas que se sucederam em várias partes do mundo e dos efeitos perversos da especulação financeira no processo da globalização – que produziu uma grande crise econômica mundial –, a última década registrou um avanço histórico na luta contra o mais grave flagelo da humanidade – a falta de alimentos suficientes para sustentar a vida.

O principal suporte dos números da FAO vem do desempenho dos países asiáticos e latino-americanos citados no documento, entre os quais se destaca o Brasil.

Notícia envergonhada

Sob o ponto de vista de um jornalismo comprometido com a busca objetiva dos fatos mais relevantes, essa seria a manchete: "ONU confirma sucesso na redução da fome". Numa abordagem jornalística, essa frase representaria a síntese a ser tirada do relatório intitulado "O estado da insegurança alimentar no mundo – 2014", porque os índices declinantes da desnutrição crônica mostram que a fase mais difícil foi ultrapassada, com a superação de barreiras estruturais para a oferta segura de alimentos em grande parte do planeta e a passagem para a etapa seguinte da melhoria da qualidade de vida – a da construção da cidadania.

Mas o que faz a mídia tradicional do Brasil?

O Jornal Nacional, da TV Globo, destinou exatos 37 segundos à notícia – tempo que se dedica diariamente ao boletim meteorológico –, destacando que, "vinte anos atrás, 14,8% dos brasileiros viviam na miséria; agora, esse índice é de menos de 2%". Uma reportagem sobre a causa da morte do ex-jogador de futebol Hideraldo Luiz Bellini – ocorrida em março –, a encefalopatia traumática crônica, doença degenerativa ligada a esportes de contato, mereceu um minuto a mais.

O Estado de S.Paulo foi o jornal que deu maior importância ao documento, com um título em alto de página, na editoria "Metrópole", no qual se lê: "Brasil sai do mapa da fome, afirma ONU".

A Folha de S. Paulo subverte a informação mais importante, num texto de duas colunas de 9 centímetros de altura em que tenta desqualificar o teor do relatório, com o título: "3,4 milhões passam fome no Brasil, diz ONU". Logo abaixo, afirma que "Órgão dirigido por ex-ministro de Lula adota novo cálculo e elogia combate à desnutrição".

O Globo dá uma no cravo, outra na ferradura. "ONU: 800 milhões de pessoas passam fome no mundo", diz o título da reportagem, seguido por uma linha fina onde se lê: "Relatório cita Brasil como destaque positivo; desde 1990, famintos do país caíram de 14,8% para 1,7% da população". O jornal carioca também faz referência ao assunto no material sobre a disputa eleitoral, com texto em que a presidente Dilma Rousseff comemora o anúncio da FAO.

Só para lembrar: a imprensa hegemônica do Brasil sempre se opôs aos programas de redução da miséria, que tiveram, entre seus inspiradores, a ex-primeira-dama Ruth Cardoso e o senador Eduardo Suplicy. Agora que os resultados se consolidam, a notícia fica escondida.

Como diria aquele apresentador da televisão: "É uma vergonha!"


Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa


http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/09/por-que-midia-escondeu-noticia-da-reducao-da-fome-da-pobreza-brasil.html


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz