No Rio Grande multilingue de Sartori parece só haver lugar para imigrantes de origem europeia
Segundo o programa de TV desta quarta-feira (15) do candidato José Ivo Sartori (PMDB), a educação no Rio Grande do Sul vai de mal a pior. Só em Caxias vai bem. Lá a educação é uma maravilha. Tudo em Caxias parece ser uma maravilha, segundo a propaganda, graças a Sartori, o gringo simples, humilde e trabalhador, que, supostamente, não tem ideologia, nem preconceitos.
No dia dos professores, o programa anuncia que a valorização dos professores não será restrita a questões salariais (um eufemismo para dizer que as "questões salariais" não serão prioridade?).
Durante o dia, o candidato do PMDB já havia reafirmado, durante entrevistas na RBS, que o salário mínimo regional não será mais tratado como uma política pública ou uma ação de governo. O Estado passará a ser um mediador entre o capital e o trabalho (apesar de já existir uma coisa chamada Justiça trabalhista que, parece, já tem essa atribuição).
O programa do gringo Sartori anuncia um Rio Grande Multilingue para aproveitar a nossa "incrível diversidade cultural". Essa "incrível diversidade cultural" parece se resumir ao mundo oriundo da colonização europeia no RS, especialmente a italiana e a alemã. Propõe que o italiano e o alemão sejam ensinados nestas regiões. E acrescenta, quase como uma carona geográfica, o ensino de espanhol na região da fronteira. Não faz qualquer referência aos outros povos que compõem a população do Rio Grande do Sul, como africanos, indígenas, poloneses, russos, ucranianos, portugueses, e outros.
Simpáticas crianças loiras aparecem saudando Sartori em italiano e alemão. Para expressar a nossa "incrível diversidade cultural", um jovem negro aparece dizendo que quer estudar italiano para ser cozinheiro. Tudo, segundo Sartori, para inserir os jovens numa economia globalizada.
O candidato do PMDB diz que seu partido é o Rio Grande, mas seu programa apresenta o Estado como uma extensão de sua Caxias do Sul. Nasci em Caxias e gosto muito da cidade, mas ela está longe de ser a cara do Rio Grande, que é um somatório de muitas outras cidades e povos, como Passo Fundo, Santa Maria, Nonoai, Iraí, Erechim, Lagoa Vermelha, Coronel Bicaco, Canoas, Pelotas, Alvorada, Rio Grande, Gravataí, São Borja, Carazinho, Camaquã e tantas outras. A íncrível diversidade cultural abriga os "gringos" e alemães" sim, mas abriga muitos outros povos e culturas que, na campanha de Sartori, aparecem, na melhor das hipóteses, como figurantes.
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