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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

28.8.14

Povo vai bem, mas noticiário o induz a achar que o país vai mal

28/ago/2014, 14h00min

Povo vai bem, mas noticiário o induz a achar que o país vai mal

Helena Sthephanowitiz
Rede Brasil Atual

Na pesquisa Ibope divulgada na terça-feira (26), Dilma Rousseff (PT) subiu dois pontos na espontânea, chegando a 27%. Marina Silva (PSB) teve 18%, e Aécio Neves (PSDB), 12%. A pesquisa espontânea é aquela que reflete melhor a firmeza do voto, porque apenas pergunta em quem o eleitor votará, sem mostrar nenhuma lista de nomes. Responde quem já tende a ter definido o candidato de sua preferência.

Na sondagem estimulada, feita em seguida, mostra-se um disco com as opções de candidatos, e o pesquisado escolhe um dos nomes. Quem só responde diante do disco de opções tem queda por aquele candidato naquele momento da sondagem, mas é mais incerto se a intenção declarada se converterá em voto na urna.

Na simulação de primeiro turno estimulada, segundo o Ibope, Dilma cresce pouco em cima da espontânea. Sobe de 27% para 34% no primeiro turno e para 36% no segundo turno. Nota-se que 34% corresponde a quem avalia o governo da presidenta com bom e ótimo, o que pode representar seu piso de votos, abaixo do qual ela dificilmente cai. Há outros 36% que avaliam seu governo como regular, e pelo menos uma parte destes votará em Dilma, coisa que a pesquisa não captou, mas significa que a campanha da presidenta tem todo este segmento do eleitorado para explorar e crescer. Se apenas um terço de quem avalia o governo como regular, com viés positivo, votar em Dilma, a probabilidade de vitória da presidenta continua alta.

Marina sobe de 18% na espontânea para 29% na estimulada no primeiro turno e para 45% num eventual segundo turno. Seu momento eleitoral é o melhor possível. Mas algo próximo de certeza de votos mesmo ela só tem de cerca de 18% dos pesquisados. Os demais ela ainda precisa convencer o eleitorado a converter em intenção em voto. Marina tem o nome conhecido por ter participado das eleições de 2010 com boa votação, mas não tem propostas bem conhecidas.

É uma faca de dois gumes. Ela pode tanto consolidar votos como perdê-los, quanto mais suas propostas (ou falta delas) forem conhecidas. Uma coisa é simpatia por uma imagem abstrata de novidade, como uma roupa que parece bonita na vitrine de uma loja. Outra coisa é o conhecimento mais profundo da candidata e avaliar o que ela pode fazer de fato nos próximos quatro anos, se vencer. É como experimentar a roupa da vitrine para decidir se compra. Pode não vestir bem no corpo da pessoa como parecia na vitrine.

Dilma sobe de 27% na espontânea para 36% no segundo turno, sempre segundo o Ibope. Marina salta de 18% para 45% na mesma simulação. Dilma sobe só um terço de seus votos firmes na sondagem do princípio ao fim do processo eleitoral. Marina mais do que dobra, subindo uma vez e meia. É improvável que ao longo da campanha eleitoral Dilma conquiste tão poucos novos votos e Marina conquiste tanto sozinha. Seria necessário Dilma fazer tudo errado e Marina tudo certo para isso acontecer.

Aécio é quem está em maiores apuros. Tem 12% de votos firmes na espontânea e 19% na estimulada de primeiro turno, e corre o risco de ver sua candidatura esvaziar-se mais se consolidar a polarização entre Dilma e Marina. Precisa provocar uma difícil reviravolta para voltar ao jogo.

Na prática, mesmo na simulação de segundo turno que é apenas uma sondagem pouco confiável nesta fase da campanha, se for para levar a sério os números do Ibope, o que se pode concluir é que as intenções de votos declaradas em Dilma estão próximas de seu piso, batendo com as avaliações de bom e ótimo de seu governo. As em Marina estão próximas de seu teto. Logo, Dilma tem espaço, e muito, para crescer. Já Marina tem que se esforçar para não cair.

A própria pesquisa mostra a avaliação do governo Dilma subindo. Mostra também uma coisa inusitada. A grande maioria dos brasileiros (76%) diz estar satisfeita com a vida atual que leva. E 43% acham que sua própria situação econômica está boa ou ótima. Só 13% acham que está ruim ou péssima. Outros 68% estão otimistas acreditando que sua própria vida estará melhor em 2015. Quando perguntados sobre a economia do país, a situação se inverte: 30% dizem estar ruim ou péssima, contra 24% dizendo que está boa ou ótima. Mesmo assim, 45% acham que a economia do Brasil estará melhor no ano que vem contra apenas 13% que acham que estará pior.

Como pode o povo se sentir bem economicamente, estar otimista com o futuro e ao mesmo tempo acreditar que a economia "do país" vai mal? Só o efeito do noticiário extremamente negativo sobre a economia, descolado da realidade, explica. Colar as duas realidades é, talvez, o maior desafio da campanha de Dilma. Para alegria de seus correligionários, é relativamente fácil explicar o óbvio: que o Brasil é exatamente o mesmo país onde o povo brasileiro vive, e não o das manchetes alarmistas que mais parece um país estrangeiro, que nada tem a ver com onde vivemos.

Aquela história de votar com a mão no bolso, de acordo com a sensação de bem-estar social, favorece Dilma, mas ainda não está refletida nas intenções de voto, por uma abstrata visão negativa do país propagada no noticiário, como se os brasileiros não vivessem nele. É muito improvável que esse quadro permaneça até o fim das eleições. Esse é o maior desafio da campanha de Marina Silva, além de contradições sobre a tal "nova política", a começar por suposto uso de empresas laranjas, com indícios de caixa dois, para bancar despesas de campanha da chapa Eduardo-Marina, no caso do jatinho.


http://www.sul21.com.br/jornal/povo-vai-bem-mas-noticiario-o-induz-a-achar-que-o-pais-vai-mal/


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz